ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
das conformidades de rotulagem de alimentos processados expostos para venda ao
consumidor
Assessment of conformities of labeling of processed food exposed for sale
Aline Alves
Montenegro Freitas*, Claudia Maria Tomás Melo**
*Tecnóloga
em Alimentos, pós-graduada em Vigilância Sanitária e Qualidade dos Alimentos e
Controle de Qualidade em Processo Alimentícios, **Engenheira Química, docente
do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Campus Uberlândia
Recebido 14 de
janeiro de 2017; aceito 15 de março de 2017.
Endereço
para correspondência:
Aline Alves Montenegro Freitas, Rua Armando Tucci, 1565/203 Santa Mônica
38408-256 Uberlândia MG, E-mail: alimentconsultoria@gmail.com; Claudia Maria
Tomás Melo: claudiamelo@iftm.edu.br
Resumo
Este trabalho teve
por objetivo analisar os rótulos de diferentes alimentos comparando-os com a
legislação brasileira vigente de rotulagem. A pesquisa de avaliação das
conformidades de rótulos dos alimentos foi realizada na cidade de
Uberlândia/MG, e, além do objetivo de verificar as conformidades e não
conformidades em relação à rotulagem de produtos dispostos no mercado, foi meta da pesquisa buscar legislação brasileira
referente à rotulagem de alimentos com base em legislações do Ministério da
Saúde e fiscalizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Foram analisados trinta rótulos de diferentes produtos e marcas, verificando e
comparando as informações contidas nos rótulos dos alimentos com principais
legislações em vigência. Verificou-se que dos trinta alimentos 95,4% estavam em
conformidade entre os itens avaliados. Através da pesquisa realizada,
conclui-se que uma pequena porcentagem (4,6%) dos itens avaliados sobre rotulagem
de alimentos não estão inclusos nas embalagens.
Palavras-chave: fiscalização,
legislação, rótulo.
Abstract
The objective of this work was to analyze labels of different foods,
comparing them with the current Brazilian labeling legislation. The research to
evaluate the conformity of food labels was carried out in the city of Uberlândia/MG, and, in addition to the objective of
verifying compliance and nonconformities in relation to the labeling of
products on the market, it was the objective of the study was to seek Brazilian
legislation regarding labeling of food based on legislation of the Ministry of
Health and supervised by the National Health Surveillance Agency (ANVISA).
Thirty labels of different products and brands were analyzed, verifying and
comparing the information contained in food labels with the main current
legislations. It was verified that of the thirty foods 95.4% were in conformity
between the evaluated items. WE concluded that a small
percentage (4.6%) of the evaluated items on food labeling are not
included in the packages.
Key-words: supervision,
legislation, label.
Rotulagem, de acordo
com a RDC nº 259 de 20 de setembro de 2002 [1] é “Toda inscrição ou legenda,
imagem ou toda matéria descritiva ou gráfica, escrita, impressa, estampada,
gravada, gravada em relevo ou litografada ou colada sobre a embalagem do
alimento”. Existem ferramentas legais que padronizam a rotulagem dos alimentos
e garantem ao consumidor o seu direito ao acesso de informações relativas a este
[2].
O rótulo dos
alimentos é uma forma de comunicação entre os alimentos e os consumidores,
sendo assim a rotulagem nutricional uma ferramenta de extrema importância, pois
contém as informações necessárias sobre os produtos, de acordo com a RDC 259/2002
[1]: Denominação de venda do alimento; Lista de ingredientes; Conteúdos
líquidos; Identificação da origem; Nome ou razão social e endereço do
importador, no caso de alimentos importados; Identificação do lote; Prazo de
validade; Instruções sobre o preparo e uso do alimento, quando necessário.
Outras legislações
regulamentam a obrigatoriedade das informações para intolerantes a alguma
substância, como glúten – Lei 10.674/2003 [3] e principais alimentos que causam
alergias alimentares – RDC 26/2015 [4]. Comparando as legislações sobre
rotulagem nutricional, observam-se muitas falhas e falta de informações que são
relevantes para os consumidores, portanto há necessidade de mais estudos sobre
este tópico visando proporcionar uma melhor adequação dos rótulos [5].
As legislações foram
criadas para que sejam cumpridas e fiscalizadas. É dever das empresas atender
às leis que regem sobre Rotulagem dos Alimentos e é dever dos órgãos
fiscalizadores fiscalizar as empresas e produtos distribuídos, ou seja, cumprir
as legislações em vigência [1]. A ausência de alguns itens pode levar o
consumidor ao erro na hora da compra, portanto, cabe aos órgãos competentes
fazer a fiscalização e as indústrias se adequarem para que o consumidor seja
corretamente informado quanto à origem, composição do produto e segurança do
alimento [6]. Mesmo com a gama de órgãos reguladores, ainda são encontrados
produtos com rótulos em não conformidade com as exigências das legislações.
Este fato pode ser devido à falta de rigor dos órgãos competentes na
fiscalização destes produtos, ou pelo mix de variedade de produtos encontrados,
o que dificulta a constante verificação e análise da conformidade da rotulagem
dos produtos [7].
O presente trabalho
teve como objetivo avaliar as conformidades de rótulos de alguns alimentos
vendidos em setores da cidade de Uberlândia/MG e aprofundar os conhecimentos
sobre legislação brasileira referente à rotulagem de alimentos com base em
legislações do Ministério da Saúde e fiscalizados pela ANVISA.
Material
e métodos
Foram analisados
trinta rótulos de diferentes marcas de alimentos. Os alimentos objeto do estudo
eram comercializados em supermercados, fabricas e lojas de produtos naturais na
cidade de Uberlândia/MG. Foi elaborado e aplicado um check-list com os
principais tópicos abordados pelas legislações sobre rotulagem de alimentos.
As principais
legislações sobre rotulagem nutricional pesquisada para elaboração do
check-list foram:
De acordo com os
rótulos dos produtos analisados (Quadro 1),
verificou-se que 95,4% estavam em conformidade entre os itens avaliados, ou
seja, os rótulos não continham 4,6% das informações obrigatórias exigidas pelas
legislações vigentes, conforme Figura 1.
Quadro
1 - Produtos avaliados.
Observando a
rotulagem de alimentos embalados, os itens avaliados em não conformidades
foram: Rótulos sem lote ou data de fabricação; ausência da
declaração "Colorido Artificialmente”; informações e interpretação
errônea ou engano do consumidor; Prazo de validade; ausência dos principais
alimentos que causam alergias alimentares, dados do fabricante.
Conforme a Resolução
RDC n° 259/2002 [1], deve constar nos rótulos as informações obrigatórias: a
identificação de origem do produto através do nome (razão social) do fabricante
ou produtor ou fracionador ou titular (proprietário) da marca; o endereço
completo; país de origem e município e o número de registro ou código de
identificação do estabelecimento fabricante junto ao órgão competente. Além
disso, este deve ser utilizado para identificar a origem às expressões:
“fabricado em...”, “produto ...” ou “indústria ...”.
S = Si; N = Não, NA = Não
Aplica.
Figura
1 - Resultado da análise dos rótulos de 30
alimentos pesquisados em Uberlândia/MG.
Com relação à
informação relativa à medida caseira, apenas um produto não a informou, e,
segundo a RDC n°. 359, DE 23 de dezembro de 2003 [16], essa informação deve ser
declarada.
No estudo de Smith e
Almeida-Muradian [5], analisando vários tipos de rótulos, foi observado que
26,9% dos rótulos analisados apresentaram erros em relação à informação
nutricional, valor bastante superior aos obtidos nesta pesquisa, mostrando que
de forma geral as indústrias tem se preocupado mais em atender as legislações.
Verificou-se através
da pesquisa realizada que uma pequena porcentagem (4,6 %) dos itens avaliados
sobre rotulagem de alimentos não estão inclusos nas embalagens, havendo
necessidade de maior fiscalização e exigência do consumidor para que as
empresas sigam com rigor as legislações pertinentes à fabricação e disposição
de seus produtos no mercado.
Instituto Federal do
Triângulo Mineiro, Campus Uberlândia.