ARTIGO
ORIGINAL
Monitoramento
de indicadores de qualidade da terapia nutricional enteral em um hospital
universitário em Belém/PA
Monitoring of quality indicators of enteral nutritional therapy in a
university hospital at Belém/PA
Brenda Luciana Costa
Franco*, Carla Madeira Malheiros Cantanheide*, Carlos
Henrique dos Santos**, Fernando Vinícius Faro Reis, M.Sc.***
*Nutricionista
pela Universidade Escola Superior da Amazônia (Esamaz)
e pós-graduada em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário do Pará
(CESUPA),**Nutricionista, Especialista em Epidemiologia pelo Núcleo de Medicina
Tropical (NMT) da Universidade Federal do Pará Nutricionista Clínico da Seção
de Nutrição e Dietética do Unidade Hospitalar João de
Barros de Barros Barreto do Complexo EBSERH/UFPA, ***Nutricionista Clínico
Chefe da Seção de Nutrição e Dietética do Unidade Hospitalar João de Barros de
Barros Barreto do Complexo EBSERH/UFPA, Professor Adjunto II da Faculdade de
Nutrição da Universidade Federal do Pará
Recebido 20 de maio
de 2017; aceito 15 de outubro de 2018
Correspondência: Brenda Luciana
Costa Franco: brenda.luciana@hotmail.com; Carla Madeira Malheiros Cantanheide: carlacantanheide@gmail.com; Carlos Henrique
dos Santos: chs.nutri@gmail.com; Fernando Vinícius Faro Reis: 76faro@gmail.com
Resumo
O presente estudo
analisou os indicadores de qualidade da terapia nutricional em pacientes
internados em um hospital universitário. Este estudo observacional e
descritivo, de coleta transversal foi realizado no hospital público da cidade
de Belém/PA. Foram incluídos pacientes crianças, adultos e idosos em uso de
terapia nutricional enteral exclusiva. A coleta desses dados foi realizada
através de consulta em prontuários dos pacientes selecionados para a amostra,
considerando-se o período de internação hospitalar entre janeiro a dezembro de
2016. Foram incluídos 32 pacientes, sendo 53,12% do sexo masculino e 46,98% do
sexo feminino. Constatou-se que o indicador de qualidade triagem nutricional e
avaliação nutricional, que tinha como meta 80% dos pacientes, atingiram apenas
33,3% para triagem nutricional e 55,5% para avaliação nutricional. Foi possível
observar dos dez indicadores de qualidade, apenas a reavaliação nutricional
superou a meta (83,3%), sendo este consequência da piora do quadro clínico do
paciente, onde a necessidade de reavaliar se torna de suma importância.
Concluiu-se que a terapia nutricional requer ações de melhoria, para triar os
pacientes de terapia nutricional enteral, monitorizando-os de maneira
rotineira, diminuindo complicações futuras. Essa proposta tem uma importância
fundamental, na intervenção nutricional do paciente hospitalizado de maneira
individualizada.
Palavras-chave: nutrição enteral,
avaliação nutricional e indicadores.
Abstract
The present study analyzed the quality indicators of nutritional therapy
in patients admitted to a university hospital. This observational, descriptive
and cross-sectional study was performed at the public hospital of the city of Belém/PA. Children, adults and elderly patients were
included in exclusive enteral nutritional therapy. The data collection was done
by consulting the medical records of patients selected for the sample,
considering the period of hospital stay between January and December 2016. Thirty-two
patients were included, 53.12% male and 46.98 % female. We verified that the
quality indicator of nutritional screening and nutritional evaluation, which
had 80% of patients, reached only 33.3% for nutritional screening and 55.5% for
nutritional evaluation. It was possible to observe from the ten quality
indicators, only the nutritional reevaluation exceeded the goal (83.3%), being
this consequence of the worsening of the patient's clinical situation, where
the need to reevaluate becomes of paramount importance. We concluded that
nutritional therapy requires improvement actions to screen enteral nutritional
therapy patients, monitoring them routinely, reducing future complications.
This proposal has a fundamental importance in the nutritional intervention of
hospitalized patients in an individualized way.
Key-words: enteral
nutrition, nutritional assessment and indicators.
O suporte nutricional
artificial é considerado uma medida terapêutica primária na prevenção de deteriorização metabólica e perda de massa corporal magra
com o objetivo de melhorar o prognóstico de pacientes críticos [1].
A terapia nutricional
enteral (TNE) compreende um conjunto de procedimentos terapêuticos que fornecem
alimento diretamente no trato gastrointestinal (TGI) evitando a cavidade oral.
É indicada para pacientes que inaptos a manterem a ingestão oral de nutrientes
(pelo menos 70% da necessidade diária) e que possuem o TGI total ou
parcialmente funcionante, tendo como objetivo de
suprir as necessidades de substratos e energia [2-5].
A
qualidade da
terapia de nutrição enteral depende da boa
execução dos procedimentos
necessários ao seu funcionamento. As etapas determinantes
incluem a avaliação
inicial do paciente, indicação da nutrição
enteral, seleção da via de acesso,
prescrição correta da dieta, ratificação da
necessidade do procedimento;
seleção, fabricação,
dispensação e preparação dos produtos
necessários bem como
a administração dos mesmos; e por fim a
monitorização e reavaliação do paciente,
corrigindo as eventuais intercorrências que podem ocorrer durante
o processo
[4].
Segunda a RDC 63 de 6 de julho 2000 a Garantia da Qualidade tem como objetivo
assegurar que os produtos e serviços estejam dentro dos padrões de qualidade
exigidos e que sejam realizadas auditorias da qualidade para avaliar
regularmente o sistema e oferecer subsídios para a implementação de ações
corretivas, de modo a assegurar um processo de melhoria contínua [6].
A comunicação
eficiente e a padronização das etapas na terapia de nutrição enteral é um
mecanismo de controlar os riscos envolvidos nessa terapia, reduzindo os mesmos
e garantindo a segurança dos indivíduos que dela necessitam. Esta padronização
não deve limitar a atuação dos profissionais e sim permitir adaptações de
acordo às necessidades inerentes de cada um daqueles que necessitam, fornecendo
uma atenção individualizada às necessidades dos mesmos promovendo segurança a
todos os pacientes conforme suas demandas e permitindo evolução clínica
satisfatória. Neste processo é necessária a revisão constante das etapas
envolvidas nesta terapêutica [4].
A gestão de qualidade
na assistência à saúde almeja ações de prevenção de agravos e aprimoramento dos
resultados de melhora a partir de análises seriadas das terapêuticas
empregadas. Os indicadores de qualidade (IQ) são ferramentas usadas para
avaliação da efetividade da qualidade da terapia de nutrição enteral
possibilitando a identificação de parâmetros da monitorização e resultados que
conduzem a um melhor atendimento na assistência nutricional e melhora clínica
progressiva [7].
Deste modo, aplicar
os indicadores de qualidade na terapia de nutrição enteral é uma forma de
propiciar melhora na qualidade da assistência, pois estes expressam em números a
atenção nutricional e a atuação da equipe multidisciplinar envolvida no
processo. Assim, cumprir as metas estabelecidas pelos indicadores de qualidade
em TNE auxilia em melhores resultados na recuperação nutricional e clínica dos
pacientes, além de minimizar complicações, melhorando o prognóstico [8].
Um indicador não é
uma medida direta da qualidade. É um instrumento que identifica ou dirige a
atenção para assuntos específicos de resultados dentro de uma organização de
saúde e que devem ser revisados [9].
Indicadores de
qualidade estão adquirindo importância em muitos países. São instrumentos de
medida que detecta tanto a presença de um acontecimento ou fenômeno como sua
intensidade. Empregados corretamente permitirão analisar e quantificar o que se
faz e como se desenvolve a assistência e quais aspectos deve ser melhorado ou
modificado [10].
Nesse contexto, os
indicadores são instrumentos auxiliares que possibilitam a criação de
estratégias que aumentem a eficiência da assistência nutricional. Estes são
aplicados em instituições com o intuito de garantir a eficiência nas rotinas
hospitalares, com redução dos gastos e maior aptidão de análise de processos,
além de possibilitarem melhores resultados clínicos e de qualidade de vida para
os usuários. Portanto, os Indicadores de Qualidade em Terapia nutricional
constituem contribuições inovadoras, que vêm ao encontro das boas práticas em
terapia nutricional, auxiliando tanto profissionais individualmente como
equipes multidisciplinares na busca da excelência [10].
A qualidade e os
resultados da terapia nutricional podem ser medidos, principalmente por meio de
protocolos específicos e indicadores de efetividade, monitoramento de efeitos
adversos, satisfação, melhora qualidade de vida melhora da relação
custo-efetividade [11]. Neste sentido, instituir e monitorar sistematicamente
os indicadores de qualidade da terapia nutricional é fundamental para que a
Instituição reduza desperdício, aperfeiçoe os recursos, racionalize custos e
satisfaça as necessidades nutricionais dos pacientes reduzindo o tempo de
permanência hospitalar destes.
Este trabalho teve o
objetivo de analisar os indicadores de qualidade da terapia nutricional em
pacientes internados em um hospital universitário.
Trata-se de um estudo
do tipo observacional, retrospectivo, descritivo de coleta transversal, em que
inicialmente o paciente ou responsável foi convidado a participar da pesquisa
por meio de uma Carta Convite, com prazo de espera de trinta dias, e por três
ligações telefônicas, que foram registradas no prontuário do paciente, sendo
informado sobre o estudo e solicitada colaboração dos mesmos por meio de aceite
e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Em seguida, foram
anotados dados de todos os pacientes de ambos os sexos, de qualquer faixa
etária e em qualquer condição clínica, em uso de terapia nutricional enteral
via oral e via sonda com posicionamento nasogástrico
ou nasoenteral e via gastrostomia
ou jejunostomia.
A coleta desses dados
foi realizada através de consulta em prontuários dos pacientes selecionados
para a amostra, considerando-se o período de internação hospitalar entre
janeiro a dezembro de 2016. Do qual foi utilizado um formulário abrangendo os
seguintes itens na ordem: iniciais do paciente, clínica, enfermaria, leito,
matrícula do paciente, data da admissão, diagnóstico da doença e os seguintes
aspectos da terapia nutricional: realização de triagem nutricional, avaliação
nutricional e estimativa das necessidades calórico-proteicas, previamente ao
início da terapia nutricional; indicação da terapia nutricional; elaboração de
prescrição dietética; adequação das necessidades calórico-proteicas em até 72h
após o início da terapia nutricional; evolução em prontuário do acompanhamento
clínico-nutricional; reavaliação nutricional semanal dos pacientes; e
continuidade da terapia nutricional por, no mínimo, sete dias. Para a obtenção
de um indicador de qualidade considerou-se os seguintes componentes: Nome;
Objetivo; Cálculo; Unidade de Medida; Método de Coleta; Periodicidade; Meta;
Responsável pela Coleta e Responsável pela Tomada de Decisão. Os indicadores de
qualidade da terapia nutricional utilizados neste estudo encontram-se descritos
no quadro 1.
O projeto de
monitoramento do IQ foi aprovado pelo comitê de ética do hospital em 08 de
dezembro de 2014, através do parecer nº 907.56.
Os dados concernentes
à distribuição dos pacientes segundo o gênero, faixa etária, tipo de terapia
nutricional e condição clínica serão apresentados de forma tabular, enquanto
que os indicadores de qualidade serão apresentados de forma geral e
estratificados em terapia nutricional oral, terapia nutricional enteral,
discriminando-se esta última em sistema de administração aberto e fechado. O
teste do Qui-Quadrado foi utilizado para analisar as
diferentes entre as diferentes categorias do estudo.
Quadro
1 - Indicadores de qualidade da terapia
nutricional.
Fonte: Adaptado de Waitzberg [10].
O presente estudo
abrangeu uma amostra de 32 pacientes em uso (TNE), sendo 53,12% de gênero
masculino e 46,98% de gênero feminino, com faixa etária entre < 10 e > 60
anos. As características dos gêneros e faixa etária encontram-se alistados na
Tabela I.
Tabela
I - Distribuição dos pacientes em terapia
nutricional enteral de um hospital universitário segundo o gênero e faixa
etária. Belém/PA 2016.
Constatou-se que o
indicador de qualidade triagem nutricional e avaliação nutricional, que tinha
como meta 80% dos pacientes, atingiram apenas 33,3% para Triagem Nutricional e
55,5% para avaliação nutricional (Gráfico 1).
Gráfico
1 - Indicadores de triagem e avaliação
nutricional comparada à meta em um hospital universitário. Belém/PA, 2016.
A meta 90% esperada
para os indicadores indicação nutricional, estimativa das necessidades,
adequação calórica e adequação proteica, não foram atingidas. Os valores
registrados para cada um deles foram: 72,5% receberam indicação, 50% receberam
as necessidades nutricionais adequadas, 22,2% alcançaram a adequação calórica e
33,3% alcançaram a adequação proteica (Gráfico 2).
Gráfico
2 - Indicadores de indicação, estimativa das
necessidades, adequação calórica e adequação proteica em um hospital universitário.
Belém/PA, 2016.
Notou-se que o
indicador de qualidade que avalia a prescrição dietética e evolução
nutricional, teve como meta avaliar 100% dos pacientes, mas apenas 66,6%
receberam prescrição dietética e 72,2 tiveram evolução nutricional em seus
prontuários (Gráfico 3).
Gráfico
3 - Indicadores de prescrição dietética e
evolução nutricional em um hospital universitário. Belém/PA, 2016.
Conclui-se que a meta
80% previsto para indicador de qualidade que avalia a duração da terapia e
reavaliação nutricional, alcançou o esperado. Os valores de cada um foram:
61,1% duração da terapia e 83,3% reavaliação nutricional, respectivamente
(Gráfico 4).
Gráfico
4 - Indicadores de duração da terapia e
reavaliação nutricional em um hospital universitário. Belém/PA, 2016.
Foi possível observar
neste presente estudo que dos dez indicadores de qualidade, apenas a
reavaliação nutricional superou a meta (83,3%), sendo este consequência da
piora do quadro clínico do paciente, onde a necessidade de reavaliar se torna
de suma importância. A triagem nutricional obteve um percentual de 33,3%,
indicando a incompatibilidade de monitoramento ao paciente pela equipe
multidisciplinar de terapia nutricional, o déficit da triagem nutricional,
dificulta a intervenção precoce, levando grande número de pacientes internados
ao quadro de desnutrição, agravando seu estado clínico.
Sabe-se que todos os
pacientes hospitalizados devem passar por uma triagem nutricional para
definição da complexidade do cuidado nutricional que irão receber. Deve ser um
procedimento rápido, executado pela equipe de saúde que realiza a admissão.
Embora existam várias ferramentas de triagem nutricional disponíveis, ainda não
há um consenso sobre qual é a mais recomendada para a triagem de pacientes
hospitalizados [12].
A avaliação
nutricional foi definida pela Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e
Enteral (American Society
of Parenteral and Enteral Nutrition – ASPEN) como uma abordagem abrangente do
diagnóstico nutricional que utiliza uma combinação de histórico médico sobre
nutrição e medicação, exame físico, medidas antropométricas e dados
laboratoriais [12].
No presente estudo
mostra que a avaliação nutricional atingiu 55,5% da meta, que tinha como
proposto 80%, consequentemente, apenas 50% dos pacientes atingiram as
necessidades nutricionais, ou seja, havia paciente desnutrindo, mesmo recebendo
terapia.
Em outro estudo
realizado no Brasil com 4.000 pacientes internados, com diagnóstico primário de
câncer ou infecção, identificaram que 6,1% faziam uso de nutrição enteral, e
que destes, 10,1% estavam em desnutrição [13]. A importância dos procedimentos
de triagem e avaliação nutricional também é reconhecida pelo Ministério da
Saúde. Este tornou obrigatória a implantação de protocolos para pacientes
internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Deve-se
identificar os pacientes desnutridos ou em risco nas primeiras 24 horas, assim
como as necessidades nutricionais específicas de cada paciente, de acordo com
sua condição clínica, e introduzir precocemente a oferta calórico-proteica e
suplementação dos nutrientes específicos necessários [12].
Observou-se no
presente estudo piora dos resultados. 66,6% receberam prescrição dietética,
72,2% tiveram evolução nutricional, ambos com meta 100%, isto propôs resultados
inferiores a meta de 90% da adequação VET/NET (22,2%)
e VPT/NPT (33,3%), visto que não há mudança na composição da dieta pelo
profissional responsável, ao longo do TN e/ou quadro clínico do paciente.
A indicação da
terapia nutricional enteral e a prescrição dietética devem estabelecer o melhor
tipo de fórmula, sua composição em termos de macro e micronutrientes, de acordo
com as características e necessidades de cada paciente. Deve haver respaldo na
literatura científica e/ou protocolos institucionais previamente estabelecidos
[12].
A capacidade de
fornecer suporte nutricional adequado em pacientes criticamente doentes é
muitas vezes dificultada por distúrbios da motilidade gastrointestinal e
complicações durante a alimentação enteral. Algumas intercorrências podem levar
à suspensão temporária ou permanente da nutrição enteral, impossibilitar a
infusão plena da dieta e expor o paciente à desnutrição hospitalar por déficit
calórico-proteico. As interrupções de rotina como banho, fisioterapia e
procedimentos de enfermagem são muitas vezes responsáveis pelo maior número de
pausas na nutrição, entretanto os procedimentos e exames são ainda os maiores
causadores dessas interrupções, sendo a extubação a
principal causa isolada. A frequência da estimativa das necessidades de energia
e proteína em pacientes com TN pode guiar a prescrição nutricional e prevenir
complicações associadas à hiperalimentação e algumas
importantes desordens metabólicas [12,13].
Estudo conduzido por
Rosa (2014) avaliou 95 pacientes na UTI adulto, com 18 anos ou mais, de ambos
os sexos do hospital universitário Maria Aparecida Pedrossian
de Campo Grande, onde 68,42% dos pacientes (n=65) tiveram suas necessidades
energéticas calculadas/estimadas, Entretanto, o número de pacientes avaliados
ainda foi aquém do proposto como meta pelo indicador (> 80%). Neste estudo
nenhum paciente foi submetido à triagem nutricional na UTI, o que pode ser
atribuído ao fato de todos os pacientes serem provenientes de outras clínicas e
estarem institucionalizados há mais de 72 horas. 68,42% dos pacientes receberam
avaliação nutricional (n=65). Por outro lado, apenas 20,00% (n=19) dos
pacientes foram submetidos à reavaliação nutricional. 66,32% dos pacientes
tiveram a terapia nutricional indicada conforme diretrizes, mas o número de não
conformidades (33,68%) foi bastante superior à meta proposta (<13,5%) [12].
Em outro estudo foram
avaliados 208 pacientes internados no hospital regional da Asa Norte do
Distrito Federal, com idade média de 52,0 ± 17,7 anos. Ao final dos três meses,
observou-se que a triagem nutricional atingiu a meta
de referência com 87,7%, os indicadores que apresentaram resultados inferiores
à meta, apesar da melhora observada durante o estudo foram: jejum digestório
(37,5%) e perda de proteínas viscerais (37,5%). Houve manutenção do nível de
excelência para processos como aplicação de IMC e registro da estimativa das
necessidades nutricionais (100%) [13].
Diante dos baixos
níveis de IQ observados neste presente estudo, vale ressaltar a necessidade de
avaliação constante da qualidade da terapia nutricional, visando ações
corretivas a não conformidades, buscando melhorias efetivas ao processo,
garantindo um suporte nutricional com qualidade aos pacientes que dele
necessitam.
Fatos podem explicar
os resultados encontrados após a aplicação dos indicadores de qualidade, visto
que as condutas podem variar entre os profissionais e nem sempre atender aos
requisitos pré-fixados pelas diretrizes. O ideal, é que se repita mensalmente a
avaliação dos indicadores [12].
Estudos demonstram
que a aplicação dos indicadores de qualidade da terapia nutricional é uma nova
perspectiva de avaliação da assistência prestada, pois o seguimento de
protocolo de conduta permite identificar e adotar estratégias frente aos
processos que necessitam melhorias [13].
A Sociedade
Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE) faz menção à criação de no
mínimo cinco protocolos, os quais: 1) Protocolo para avaliação dos pacientes e
identificação daqueles com déficits ou em risco nutricional; 2) Protocolo para
aquisição de insumos, materiais e equipamentos para TN, salientando a segurança
e custo-efetividade; 3) Protocolo de intervenção nutricional de acordo com as alterações
observadas e a condição clínica dos pacientes; 4) Protocolo para administração
da TN; 5) Protocolo para condutas na vigência de eventos adversos/complicações.
No sentido de minimizar os prejuízos à terapia nutricional, os protocolos de
alimentação têm sido associados ao aumento de benefícios e redução potencial de
complicações da terapia nutricional na assistência intensiva ao paciente. Dessa
forma, além de instituir protocolos, é importante proporcionar uma formação em
serviço e educação continuada com participação de todos os profissionais que se
envolvam em algum momento ao processo de suporte nutricional, além de
professores e residentes. Além disso, os protocolos não são documentos
estáticos e seu conteúdo precisa ser revisado e atualizado regularmente para
garantir que permaneçam baseados em evidências atuais e aplicáveis ao ambiente
local [12].
De acordo com os
indicadores, pode-se observar que os pacientes não são avaliados nutricionalmente e receberam o volume de dieta enteral
menor do que o prescrito pelo profissional responsável. Levando-se em
consideração as dificuldades existentes, o aporte proteico e calórico para
esses pacientes não consegue alcançar suas necessidades nessas condições
clínicas. Portanto, a terapia nutricional é ineficaz, ineficiente, inefetiva e os pacientes que fazem a terapia não atingem a
meta. Podem ser realizadas ações de melhoria para tentar aumentar a triagem
nutricional nos pacientes de terapia nutricional enteral, sendo monitorizados de
maneira rotineira, diminuindo assim complicações futuras e até levar o paciente
a óbito. Essa proposta tem uma importância fundamental na avaliação nutricional
do paciente adequada para cada individuo e patologia. Os resultados sugerem a
necessidade de buscar soluções práticas a fim de evitar a ausência de
administração do volume inadequado de dieta enteral, possibilitando assim a
manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente hospitalizado.
Aos nutricionistas e
demais profissionais do Hospital João Barros Barreto pelo auxílio no
fornecimento de informações relevantes, ao nosso Orientador que foi fundamental
com sua experiência e sabedoria, nós repassando seu conhecimento e apoio, para
conseguimos alcançar nosso objetivo desejado.