ARTIGO ORIGINAL
Avaliação qualitativa
das preparações do cardápio de uma unidade de alimentação e nutrição de
Francisco Beltrão/PR
Qualitative evaluation of the menu preparations of a food and nutrition
unit at Francisco Beltrão/PR
Kerley Braga Pereira Bento Casaril
Professora da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Unioeste,
Campus de Francisco Beltrão
Recebido 24 de outubro
de 2017; aceito 15 de dezembro de 2019.
Correspondência: Universidade Estadual
do Oeste do Paraná, Rodovia Vitório Traiano (Contorno
Leste) km 2, Bairro Água Branca, kcasaril@gmail.com
Resumo
Trata-se de um estudo
descritivo e de caráter qualitativo, realizado na Unidade de Alimentação e
Nutrição da Universidade Federal Tecnológica do Paraná, Campus de Francisco
Beltrão/PR. O estudo teve como objetivo avaliar o cardápio oferecido à
comunidade acadêmica, por meio de avaliação qualitativa das preparações de
cardápios (AQPC). Verificou-se a oferta diária de folhosas em 100% dos dias
avaliados. Os cardápios estudados apresentaram monotonia de cores em 40,9% dos
dias analisados, presença de alimentos ricos em enxofre em 33,4%, oferta de
carne gordurosa em 42,4%, de frituras em 27,3% e baixa oferta de frutas em
24,2% dos dias analisados. Houve baixa oferta de doces e frituras em um mesmo
dia (19,0%). O cardápio da Unidade de Alimentação e Nutrição analisado indica a
necessidade de ajuste, para melhorar os aspectos nutricionais e sensoriais das
preparações oferecidas aos clientes e possa ser utilizado como promotor de
saúde.
Palavras-chave: planejamento de
cardápio. avaliação qualitativa. unidade de alimentação e nutrição.
Abstract
This
is a descriptive and of qualitative study, carried out at the Food and
Nutrition Unit of the Federal Technological University of Paraná, Campus of
Francisco Beltrão/PR - Brazil. The objective of this
study was to evaluate the menu offered to the academic community, through the
method of qualitative assessment of menu preparations (AQPC). The leafy
vegetables were present in 100% of the days. The menus studied presented
monotony of color in 40.9% of the days analyzed, presence of foods rich in
sulfur in 33.4%, supply of fatty meat in 42.4%, frying in 27.3% and low supply
of fruits in 24.2% of the days analyzed. There was low supply of sweets and fried
foods in a same day (19.0%). The menu of this Food and Nutrition Unit indicates
the need for adjustment, to improving the nutritional and sensory aspects of
preparations offered and could be used as a health promoter.
Keywords: Menu planning. Qualitative assessment. Food and nutrition unit
A Unidade de
Alimentação e Nutrição (UAN) é uma unidade de trabalho ou órgão de uma empresa,
que tem como finalidade produzir refeições para coletividades, tanto sadias
como enfermas, segundo padrões higiênico-sanitários adequados. Além disso, é
responsável por produzir refeições nutricionalmente equilibradas, bem como,
contribuir para a manutenção ou recuperação da saúde e auxiliar ainda, no
desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis, aliando a satisfação do
cliente com os limites financeiros da instituição [1-5].
O
cardápio é a
descrição de alimentos e de preparações que
compõem as refeições diárias ou de
determinado período. Para atender às necessidades
fisiológicas e sensoriais dos
comensais o cardápio deve respeitar as características
dos clientes e as leias
da nutrição: quantidade, qualidade, variedade e harmonia,
além de conter
alimentos de todos os grupos, texturas equilibradas, alimentos de
acordo com a
sazonalidade e costume da região, adequação ao
mercado de abastecimento e à
capacidade de produção, e que seja seguro do ponto de
vista
higiênico-sanitário, obedecendo às
legislações vigentes [4,6,7].
Quando bem estruturado,
o cardápio pode ser utilizado como ferramenta de educação nutricional [7].
Portanto, o nutricionista precisa estar atendo ao mesmo, a fim de realizar
constantes avaliações para que este mantenha as preparações adequadas à saúde
dos comensais [8].
Com a finalidade de
ajudar o nutricionista na elaboração e avaliação de um cardápio adequado do
ponto de vista nutricional e sensorial, o método de Avaliação Qualitativa das
Preparações do Cardápio (AQPC) permite analisar qualitativamente a composição
de diferentes tipos de cardápios [4,9,10] e busca preencher a lacuna existente
quando a análise é apenas quantitativa [11. Este método avalia “a composição
das preparações, suas cores, as técnicas de preparo empregadas, as repetições
no cardápio, as combinações, os tipos e os percentuais de ofertas (frutas,
folhosos, tipos de carnes) e as características dos alimentos” [4]
Diante do exposto, o
presente estudo teve como objetivo avaliar o cardápio da Unidade de Alimentação
e Nutrição oferecido à comunidade acadêmica da Universidade Federal Tecnológica
do Paraná, Campus de Francisco Beltrão, segundo o método AQPC.
O
trabalho trata-se de
um estudo de caso, descritivo e de caráter qualitativo. Foram
analisados os
cardápios da Unidade de Alimentação e
Nutrição que produz e distribui alimentação
para a comunidade acadêmica da Universidade Federal
Tecnológica do Paraná,
Campus de Francisco Beltrão/PR. Foram analisados os
cardápios do almoço
ofertados em dias úteis de segunda-feira a sexta-feira no
período de 03 de
março a 15 de setembro de 2017, totalizando ao final, 132 dias.
As características do
padrão de atendimento da UAN estudada eram cardápios médio ou trivial fino,
modalidade de distribuição de autosserviço, com número de refeições servidas de
aproximadamente 400.
A metodologia aplicada
foi o método AQPC - Análise Qualitativa das Preparações do Cardápio, segundo os
critérios elaborados por Veiros [9], que permite
analisar as seguintes variáveis do cardápio: as técnicas de cocção, a oferta de
folhosos e de conservas na salada, a combinação de cores nas saladas e de todas
as preparações do cardápio, o número de preparações com alimentos ricos em
enxofre (oferta de duas ou mais preparações ricas em enxofre, excluindo o
feijão), a oferta de frutas e de doces como sobremesa, a combinação de doces e
frituras no mesmo cardápio, a oferta de frituras, a classificação do cardápio
em pouca ou muita quantidade de gordura de acordo com o teor de gordura dos
alimentos das preparações, principalmente as carnes, ou pela técnica de preparo
(fritura).
Para realizar a análise
das preparações ricas em enxofre foram considerados e contabilizados como
alimentos flatulentos sulfurados: abacate, acelga, aipo, alho, amendoim, batata
doce, brócolis, castanha, cebola, couve, couve-de-bruxelas, couve-flor,
ervilha, gengibre, goiaba, jaca, lentilha, maçã, melancia, melão, milho,
mostarda, nabo, nozes, ovo, pepino, rabanete, repolho e uva [4]. Os cardápios
que apresentaram dois ou mais alimentos citados acima foram considerados com
alto teor de enxofre. O feijão, presente diariamente nas refeições, não foi
considerado nesta análise.
Monotonia de cores foi
considerada quando três ou mais alimentos com cores iguais estavam presentes em
um mesmo dia. Considerou-se como carnes gordurosas aquelas em que a gordura
excedia 50,0% do total energético [4,12].
As variações diárias,
por semana e, posteriormente, por meses foram agrupadas e avaliadas. Em
sequência reuniu-se todos os meses em uma única avaliação. Os dados foram
tabulados em relação ao número total de dias de cardápios analisados. Os
resultados sugeriram percentuais indicativos da qualidade nutricional do
cardápio.
O cardápio oferecido na
UAN era composto de um prato principal (uma carne e uma preparação
vegetariana), uma guarnição, arroz (branco e integral), feijão (carioca ou
preto), salada cozida, salada crua e salada de verduras folhosa (geralmente
alface lisa ou alface crespa ou almeirão), sobremesa (fruta ou doce) e bebida
(suco de fruta concentrado, suco de polpa de fruta congelada ou suco de fruta).
No início do mês de março a bebida ofertada era suco de fruta concentrado, em
forma de néctar. Ao final do mês de março a UAN, passou a ofertar suco de polpa
de frutas congelado. E no mês de agosto passou a ofertar suco de fruta. Este
dado não foi computado no trabalho por não estar presente em todos os meses e,
também, por não ter havido o controle dos sabores.
Não havia opção de
carne, contudo havia sempre uma preparação à base de proteína de soja (PTS)
destinada às pessoas vegetarianas ou veganas, ou mesmo para pessoas que não
gostasse da preparação à base de carne.
Os resultados do método
AQPC podem ser visualizados na Tabela I. Esta tabela apresenta o resultado da
análise feita da salada, da combinação das cores, da presença de alimentos
ricos em enxofre, da oferta de frutas e doces, a combinação de doces e
frituras, do aparecimento de frituras nas preparações e da oferta de carne
gordurosa.
Observa-se que foram
analisados um total de 132 cardápios durante a pesquisa. Os dados apontam que o
cardápio ofertado na UAN busca oferecer, diariamente folhosos na salada, ou
seja, em 100% (n = 132) dos dias esse tipo de preparação esteve presente na
forma de alface lisa, alface crespa, almeirão ou combinação de dois ou mais
desses alimentos. Nos estudos de Passos [18] a oferta de folhosos também foi
alta 94,2% (n = 98). Semelhantemente, os estudos de Veiros
e Proença [10] também encontraram alta frequência na oferta de folhosos, ou
seja, 82,6% (n = 90).
Tabela I - Análise dos
cardápios segundo o método de Análise Qualitativa das Preparações do Cardápio –
APQC da Unidade de Alimentação e Nutrição da Universidade Federal Tecnológica
do Paraná, Campus de Francisco Beltrão/PR.
A oferta de folhosos (4
a 5 porções/dia) é importante por ser fonte de fibras, que desempenham um papel
fundamental na dieta [13]. Alguns estudos demonstraram que a ingestão adequada
de fibra pode ser um fator protetor contra o risco de câncer de cólon e reto
[14,15], e também
fundamental para a regulação normal
do intestino [14]. Outra importância da fibra na dieta é
que a sua alta
ingestão está associada à redução
dos lipídios sanguíneos [16]. Uma ingestão
elevada de fibras reduz o risco de problemas cardiovasculares, de
alguns tipos
de câncer, controla a pressão sanguínea e a
glicemia, reduz o colesterol e a
obesidade [17].
A oferta de alimento em
conserva como forma de salada (n = 0) ou guarnição (n = 9) foi de 6,81% e
ocorreu, principalmente quando da oferta de creme de milho ou de ervilha pela
praticidade e pela não necessidade de pré-preparo. Nos estudos realizados por
Passos [18] a presença de alimentos enlatados foi de 16,3% sendo
especificamente, milho, ervilha e seleta de legumes.
O consumo de alimentos
em conserva é preocupante pela alta quantidade de sódio Presente nesses
alimentos. A ingestão de sódio está relacionada à elevação dos níveis
pressóricos e, assim ao desenvolvimento da hipertensão arterial que é um dos
principais fatores de risco para desenvolvimento de acidente vascular cerebral
e de infarto do miocárdio [19-21].
Ao elaborar um cardápio
um dos fatores a ser observado é a combinação das cores para evitar a
monotonia. O cuidado de combinar e diversificar as cores, além de garantir a
ingestão de diferentes nutrientes e promover a saúde, atrai o público, que fica
mais estimulado a consumir os alimentos e torna a refeição mais prazerosa
[10,18]. As hortaliças devem apresentar cores vivas e sem partes danificadas e
arrumadas de forma harmônica. Quando a combinação de formas, cores, texturas, a
limpidez e a viscosidade são agradáveis aos olhos do comensal, ele apresenta
uma reação positiva, abrindo o seu apetite e aumentando a salivação [22].
Os
cardápios analisados
apresentaram combinação não adequada das cores. Em
40,9% (n = 54) dos dias
analisados havia semelhança de cores entre as
preparações. Nos estudos de
Passos [18], os cardápios analisados apresentaram
combinação não adequada das
cores em 58,6% (n = 61). Os cardápios avaliados por São
José [23] também
apresentaram 50,98% de monotonia de cores entre as
preparações do cardápio, que
podem estar associadas a desajustes no planejamento do cardápio
ou a
modificações realizadas no dia da execução
das preparações, devido à ausência
de certos gêneros alimentícios. Segundo Passos [18] a
monotonia de cores
prejudica a escolha dos alimentos pelo comensal, que fica desestimulado
a se
alimentar e pode chegar a procurar outro estabelecimento.
No presente estudo,
outro item analisado foi a presença de alimentos ricos em enxofre, excluindo o
feijão, já que ele é um prato típico e diário no cardápio do brasileiro. Foi
classificado como cardápio rico em alimentos em enxofre quando havia duas ou
mais preparações como fonte deste mineral diariamente. A quantidade de
alimentos sulfurados foi 33,4% (n = 44), sendo encontrados especialmente em
saladas compostas por acelga, cebola, repolho, pepino. Nos cardápios analisados
por Passos [18] e Veiros e Proença [10] a presença de
alimentos ricos em enxofre foi bem mais alta 57,7% (n = 60) e 65,1% (n = 71),
respectivamente. Resende e Quintão (2016) observaram valores bem menores 23,08%
(n = 24). O enxofre em excesso causa desconforto abdominal nos comensais pela
presença de compostos sulfurados que produzem gases [24,25].
Em relação às
sobremesas, observou-se baixa oferta de frutas (24,2% (n = 32). Este resultado
é semelhante aos observado por Veiros e Proença [10]
que observaram 33,9% para oferta de frutas e 66,1% para doces como sobremesa.
Dados diferentes foram encontrados no estudo realizado por Passos [18] onde
observou mais oferta de frutas, 54,8% (n = 57). Nos estudos de Ramos et al. [6]
a fruta esteve presente diariamente no cardápio.
A ingestão diária de
frutas é importante para reduzir o risco de doenças crônicas, tais como doenças
cardiovasculares, diabetes e cânceres [20,25]. O Relatório Mundial de Saúde em
2003 relatou que as doenças crônicas não transmissíveis estavam entre as dez
primeiras causas de mortalidade na população acima de 15 anos [25].
A oferta de frituras
nos cardápios analisados foi de 27,3% (n = 36), sendo 20,5% (n = 27) de
preparações de carnes e 9,8% (n = 9) de guarnições fritas. Nos estudos de
Passos [18] a oferta de alimentos fritos foi de 22,1% (n=23), sendo 11,5% (n =
12) de preparações de carnes e 10,6% (n = 11) de guarnições fritas. Veiros e Proença [10] verificaram o dobro da oferta de
alimentos fritos, ou seja, 49,5% (n = 54), e pode ser devido à maior
disponibilidade de fritadeiras que de outros equipamentos.
O método de cocção em
imersão da fritura altera as gorduras durante o seu aquecimento em altas
temperaturas. Ocorre hidrólise do glicerol formando a acroleína,
substância cancerígena que provoca irritação na mucosa gástrica. Esta hidrólise
ocorre quando há liberação de uma fumaça densa e branca conhecida como ponto de
fumaça. Por isso, deve-se evitar a reutilização dos óleos por mais de duas
vezes ou sempre que o óleo apresentar ponto de fumaça [12]. Na UAN estudada, o
óleo é sempre descartado.
A quantidade de carne
gordurosa oferecida nos cardápios analisados foi de 42,4% (n = 56), sendo
considerada elevada quando comparada aos resultados obtidos nos estudos de
Passos [18] e Veiros e Proença [10] que obtiveram
37,5% (n = 39) e 15,6% (n = 17), respectivamente. No presente estudo foram
considerados gordurosos os seguintes tipos de carne: bisteca suína, pernil
suíno, coxa e sobrecoxa de frango com pele. Outras carnes ofertadas na UAN
consideradas magras foram coxão mole, coxão duro, filé de bagre e filé de peito
de frango. A constatação se a carne é gordurosa ou magra se baseou pela Tabela
Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) [26] e pela observação das carnes
(presença de capas de gorduras visíveis).
Foi analisada ainda a
frequência da combinação de doce e fritura que no presente estudou foi de 19,0%
(n = 25). Verificou-se que a combinação foi semelhante aos estudos de Veiros e Proença [10] 21,1% (n = 23) e um pouco maior que
os dados encontrados nos estudos de Passos [18] 12,5% (n = 13),
A quantidade de açúcar
simples e de gordura saturada estão intimamente relacionadas ao desenvolvimento
de aterosclerose [21,28,29]. Nas últimas três décadas, a exceção da África,
houve um aumento extraordinário do consumo de gordura no mundo todo, sendo os
maiores aumentos encontrados na América do Norte e Europa. O alto consumo de
gordura está associado ao aumento do nível de colesterol sanguíneo e ao maior
risco de incidência coronária e aórtica [27].
O objetivo de cocção
das carnes é reduzir a presença de microrganismos, coagular as proteínas,
abrandar o tecido conjuntivo para torná-las mais macias, saborosas e digeríveis
[25,39]. Os métodos de cocção foram divididos em calor seco (assar, grelhar e
fritar), calor úmido (fervura e cocção a vapor) e calor misto (ensopar e
guisar). O calor seco utiliza o ar e/ou óleo como meio de cocção. Neste método,
os nutrientes, as substâncias sensoriais e elementos solúveis são concentrados
no alimento, exaltando o seu sabor e odor [254. O calor úmido utiliza o meio
aquoso em seus diferentes estados com o objetivo de hidratar o alimento e
abrandar as fibras [12]. Para evitar perdas de nutrientes por dissolução de
substâncias hidrossolúveis, recomenda-se a quantidade mínima de água e menor
tempo de cocção. Já o calor misto, usa ambos os métodos: o calor seco em
gordura para concentrar o suco da carne e o calor úmido para dissolver
substâncias [24].
A Figura 1 mostra os
diferentes métodos de cocção empregados para preparar as carnes em cada mês do
cardápio. Nos meses de março a julho houve predominância do método de ensopar,
sendo: março 40,9% (n = 9); abril 41,2% (n = 9); maio 40,9% (n = 9); junho
35,0% (n = 7); julho 38,1% (n = 8); respectivamente em cada mês. No mês de
agosto, a técnica mais empregada foi grelhar, com 33,3% (n = 7) e, em setembro
foi fritar e ensopar, ambos com, 33,3% (n = 3). Observa-se no gráfico que as
técnicas de fervura, cocção a vapor e guisar não foram empregadas para o
preparo das carnes.
Figura 1 - Métodos de cocção
empregados no preparo do prato principal da Unidade de Alimentação e Nutrição
da Universidade Federal Tecnológica do Paraná, Campus de Francisco Beltrão/PR.
Na Figura 2, são
apresentados os métodos de cocção que apresentaram maior predominância nos
cardápios analisados durante o estudo. As técnicas empregadas em ordem
decrescente foram assar 17,4% (n = 23); fritar 22,0% (n = 29); grelhar 23,5% (n
= 31) e ensopar 37,1% (n = 49). Alguns exemplos de técnicas de preparo
empregadas nas preparações foram: assar (frango e peixe), fritar (frango e
peixe à milanesa), grelhar (frango, bisteca suína) e ensopar (estrogonofe de
frango e de carne bovina).
Somando-se os métodos,
o calor seco prevaleceu (62,9%), seguido do calor misto (37,1%). Um dos fatores
da predominância de utilização dessas técnicas se deve a boa aceitação pelos
comensais e a utilização de técnicas de preparos que sejam feitas de modo mais
saudável.
Figura 2 - Predominância dos
métodos de cocção empregados no preparo do prato principal da Unidade de
Alimentação e Nutrição da Universidade Federal Tecnológica do Paraná, Campus de
Francisco Beltrão/PR.
Uma Unidade de
Alimentação e Nutrição deve se preocupar com a saúde do comensal como um todo,
buscando, através do cardápio ofertado, melhorar a saúde da sua clientela [4].
Segundo Prado, Nicoletti e Faria [30] o consumo de alimentos saudáveis está associado
à redução de doenças crônicas não transmissíveis.
Os resultados da
avaliação do cardápio indicam alta oferta de hortaliças diariamente na UAN, o
que é considerado um ponto positivo. Contudo, a monotonia de cores, a expressiva
presença de alimentos ricos em enxofre, a alta oferta de carne gordurosa, de
frituras e baixa oferta de frutas apontam a necessidade de ajuste dos
cardápios, para melhorar os aspectos nutricionais e sensoriais das preparações
oferecidas aos clientes.
Em relação às técnicas
de preparo das carnes o método de calor seco, prevaleceu no cardápio, seguido
do calor misto. O método AQPC é um ótimo instrumento na elaboração de cardápio
e permite ao nutricionista detectar falhas e definir soluções a serem implementadas
na revisão e adequação dos cardápios, de forma a considerar as exigências
nutricionais que garantam a manutenção da saúde dos indivíduos e a satisfatória
oferta de nutrientes relevantes que possibilitem a melhoria no serviço
oferecido.