ARTIGO ORIGINAL
Verificação da
aceitação de cardápios entre pacientes oncológicos e acompanhantes saudáveis na
unidade de serviço de alimentação do Hospital Laureano/PB
Verification of the acceptance of menus between oncological patients and
healthy caregivers in the food service unit of the Laureano Hospital/PB
Eduardo Lopes*, Jakssuel Alves*, Danielly Lima**
*Graduando do curso de
Nutrição, Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), **Orientadora/Professora da
FPB
Recebido 16 de novembro
de 2017; aceito 15 de dezembro de 2019
Correspondência:
eduardosergiolopes@gmail.com
Resumo
Frequentemente,
indivíduos em vigência de quimioterapia e/ou radioterapia apresentam queixas
gastrintestinais, como náuseas, vômitos, mudança no paladar, mucosite, constipação e/ou diarreia, que podem diminuir a
aceitação de cardápio e consequentemente, levar ao comprometimento do estado
nutricional. O presente artigo tem como objetivo verificar a aceitação de
cardápios no Hospital referência em tratamentos oncológicos na Paraíba,
realizando uma comparação de aceitação de cardápios entre pacientes e
acompanhantes, para analisar até que ponto as alterações físicas e metabólicas
das neoplasias modificam essa aceitação. O trabalho caracteriza-se como um
estudo transversal de análise descritiva e aplicação de questionário. O
universo da pesquisa é formado de 26 pacientes oncológicos e 26 acompanhantes.
91% e 84,6% respectivamente estavam satisfeitos com o cardápio oferecido. Não
foi encontrado uma alteração significante quando comparado ao dos
acompanhantes, ficando com uma porcentagem de satisfação equiparada. Deste
modo, a avaliação da aceitabilidade da dieta de forma contínua e abrangente,
principalmente nos casos mais críticos torna-se obrigatória, para que os
fatores que influenciam na satisfação do usuário possam ser detectados e
modificados antes que comprometam seu estado nutricional e fisiopatológico.
Palavras-chave: neoplasias, nutrição,
aceitação de cardápios.
Abstract
Individuals
undergoing chemotherapy and/or radiotherapy often have gastrointestinal
complaints, such as nausea, vomiting, changes in taste, mucositis, constipation
and/or diarrhea, which may decrease the acceptance of the menu and consequently
lead to compromised nutritional status. The aim of this study was to verify the
acceptance of menus in the Reference Hospital in oncological treatments in Paraíba, performing a comparison of menu acceptance between
patients and caregivers, to analyze the extent to which the physical and
metabolic changes of the neoplasias modify this
acceptance. The study is characterized as a cross-sectional study of
descriptive analysis and questionnaire application. The research universe
consists of 26 oncology patients and 26 companions, obtaining, respectively,
91% and 84.6% of acceptation. No significant change was found when compared to
that of the companions, with a percentage of satisfaction matched. Thus, the
assessment of diet acceptability in a continuous and comprehensive manner,
especially in the most critical cases, is mandatory, so that factors that
influence user satisfaction can be detected and modified before they compromise
their nutritional and pathophysiological status.
Keywords:
neoplasms, nutrition, acceptance of menus.
A OMS define
hospital como um elemento organizador de caráter médico-social, cuja
função consiste em assegurar assistência médica completa, curativa e preventiva
a população, e cujos serviços externos se irradiam até a célula familiar
considerada em seu meio; é um centro de medicina e de pesquisa biossocial, nos
quais se insere a terapia nutricional, sob a responsabilidade da Unidade de
Alimentação e Nutrição (UAN) hospitalar.
A UAN pode também ser
considerada um subsistema desempenhando atividades fins ou meios. No primeiro
caso, como atividades fins, podem ser citados os serviços ligados a hospitais e
a centros de saúde, que colaboram diretamente com a consecução do objetivo
final da instituição, pois correspondem a um conjunto de bens e serviços
destinados a prevenir, melhorar e/ou recuperar a população a que atendem.
De acordo com Proença
[1], e que vai de encontro ao estabelecido por Gandra & Gambardella
[2], o objetivo de uma UAN é o fornecimento de uma refeição equilibrada
nutricionalmente, apresentando bom nível de sanidade, e que seja adequada ao
comensal, denominação dada tradicionalmente ao consumidor em alimentação
coletiva. Esta adequação deve ocorrer tanto no sentido da manutenção e/ou
recuperação da saúde do comensal, como visando a auxiliar no desenvolvimento de
hábitos alimentares saudáveis, a educação alimentar e nutricional. Além desses
aspectos ligados à refeição, uma UAN objetiva, ainda, satisfazer o comensal no
que diz respeito ao serviço oferecido. Este item engloba desde o ambiente
físico, incluindo tipo, conveniência e condições de higiene de instalações e
equipamentos disponíveis, até o contato pessoal entre operadores da UAN e
comensais, nos mais diversos momentos.
Entende-se por
qualidade, o grau de utilidade esperado ou adquirido de qualquer coisa,
verificável através da forma e dos elementos constitutivos do mesmo e pelo
resultado do seu uso. A palavra "qualidade" tem um conceito subjetivo
que está relacionada com as percepções, necessidades e resultados em cada
indivíduo. Diversos fatores, como a cultura, modelos mentais, tipo
de produto ou serviço prestado, necessidades e expectativas
influenciam diretamente a percepção da qualidade, sendo assim, temos diversos
fatores que podem influenciar nessa percepção de qualidade, desde ao fato da
enfermidade em si que altera a palatabilidade até as preferências por
determinados alimentos.
Diversos fatores estão
envolvidos na gênese da desnutrição entre pacientes com câncer, com destaque
para os efeitos colaterais produzidos pela terapêutica escolhida para o
tratamento da doença. Frequentemente, indivíduos em vigência de quimioterapia
e/ou radioterapia apresentam queixas gastrintestinais, como náuseas, vômitos,
mudança no paladar, mucosite, constipação e/ou
diarreia, que podem diminuir a aceitação de cardápio e consequentemente, levar
ao comprometimento do estado nutricional.
O câncer é uma
enfermidade que se caracteriza pelo crescimento desordenado de células que
podem invadir tecidos e órgãos adjacentes e/ou espalhar-se para outras regiões
do corpo [3]. Muitos fatores influenciam o desenvolvimento do câncer, que podem
ser externos, como o meio ambiente, hábitos ou costumes próprios de um ambiente
social e cultural, ou internos, resultante de eventos que geram mutações
sucessivas no material genético das células, processo que pode ocorrer ao longo
de décadas, em múltiplos estágios [4]
A desnutrição
preexistente e a resposta ao trauma cirúrgico são os principais fatores
negativos para a evolução pós-operatória do paciente oncológico. A desnutrição
pré-operatória, aliada à doença maligna, ao trauma cirúrgico e à resposta
metabólica pós-operatória, pode resultar em várias complicações. Entre essas,
destacam-se as infecciosas, como a pneumonia e a sepse, e as não infecciosas,
como as fístulas. Soma-se a isso a internação hospitalar prolongada, que
aumenta os custos e o mal-estar dos pacientes.
O presente artigo tem
como objetivo verificar a aceitação de cardápios no Hospital referência em
tratamentos oncológicos na Paraíba, realizando uma comparação entre pacientes e
acompanhantes, para analisar até que ponto as alterações físicas e metabólicas
das neoplasias modificam essa aceitação.
O hospital Napoleão
Laureano é referência em oncologia, possuindo divisões de áreas, sendo: lado A
e B, enfermarias, apartamentos e pediatria, possuindo no total 142 leitos.
Temos a divisão também na parte da UAN, divididos em: primeiro fogão cozinha
para o lado A e B, correspondente ao SUS, segundo fogão cozinha para os
apartamentos e diretoria, sendo distribuídas por copeiras, que ficam em outro
setor, denominado copa um.
Para montagem dos cardápios
do Hospital Laureano, considera-se: tipo de paciente; preferências alimentares;
recomendações nutricionais para população atendida; disponibilidade e
habilidades de mão de obra; disponibilidade local de alimentos; sistema de
produção e distribuição; equipamentos disponíveis.
Público atendido pelo
Setor de nutrição e dietética do hospital Napoleão Laureano:
O presente trabalho
caracteriza-se como um estudo transversal de análise descritiva. O universo da
pesquisa foi formado de 26 pacientes oncológicos e 26 acompanhantes do Hospital
Napoleão Laureano em João Pessoa/PB. A pesquisa foi realizada entre os meses de
maio e junho de 2017, nos dias 26 de maio e 2 de junho, escolhidos
aleatoriamente.
O local foi selecionado
de forma cômoda para compor a amostra. Os participantes do estudo presentes no
hospital serão abordados pelo pesquisador de forma aleatória ou por indicação
do profissional responsável.
A população foi
composta por indivíduos de 18 a 60 anos de idade que estejam internos e seus
respectivos acompanhantes no Hospital Laureano, de forma que totalize 52
participantes. Por não existir questionário previamente construído e validado
para o estudo a respeito desse tema, foi construído um questionário com 6
questões que busquem coletar as variáveis de aceitabilidade da alimentação
servida no hospital.
As refeições
disponibilizadas pelo Hospital são iguais para pacientes e acompanhantes, porém
o modo de servir que se diferencia, sendo uma colocada pela copeira de acordo
com o gosto do paciente em recipientes específicos e levada até o leito; já os
acompanhantes o modelo oferecido é self-service.
Os dados coletados
foram avaliados através de análise descritivos, com o uso do programa SPSS
(versão 22:0), apresentando resultados em forma de tabelas.
Os participantes da
pesquisa foram tratados com todo o rigor atual em pesquisa conforme estabelece
a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde.
Cada participante foi abordado individualmente e esclarecido a respeito do
objetivo da pesquisa, após isso foi convidado a responder ao questionário,
respeitando seu sigilo, e em local reservado, por fim assinou o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aceitando participar da pesquisa.
A tabela I apresenta os
resultados da coleta de dados a respeito da alimentação servida no Hospital
Napoleão Laureano. Quando não é descrito
o valor de significância de algum grau de satisfação (Satisfeito – Pouco
satisfeito – Insatisfeito – Não sabe dizer) é porque ele não obteve resultados
significantes.
Tabela I - Aceitação do
almoço e jantar entre pacientes e acompanhantes quanto ao sabor.
Quanto aos resultados
da análise descritiva dos dados obtidos dos pacientes, foi detectado os
seguintes resultados. A respeito do sabor dos alimentos servidos, dentro de um
universo de 26 questionários respondidos, 21 pessoas estavam satisfeitas, 4
pouco satisfeitas e 1 insatisfeito, o que corresponde a uma porcentagem de
80,8%, 15,4% e 3,8% respectivamente. Não foi observado valor significativo da
resposta não sabe dizer.
Quanto aos
acompanhantes foram 26 questionários respondidos, sendo 21 pessoas satisfeitas
e 5 pouco satisfeitas, correspondendo a uma porcentagem de 80,8% e 19,2
respectivamente. Não foi observado valor significativo de respostas à
insatisfeito ou não sabe responder.
Tabela II - Aceitação do
almoço e jantar entre pacientes e acompanhantes quanto à quantidade.
No quesito quantidade,
dentre os 26 questionários respondidos, os 26 pacientes estavam satisfeitos,
representando a porcentagem 100% de satisfação.
Sobre a quantidade da
comida servida aos acompanhantes, se era suficiente ou não, 24 estavam
satisfeitos e apenas 2 pouco satisfeito, equivalente à 92,3% e 7,7%.
Tabela III - Aceitação do
almoço e jantar entre pacientes e acompanhantes quanto à apresentação.
Na questão apresentação
do prato, dos 26 questionários respondidos, todos os 26 relataram satisfeito,
contabilizando a porcentagem de 100%.
Os acompanhantes 23
estavam satisfeitos, 2 pouco satisfeito e apenas 1 insatisfeito, demonstrando
uma porcentagem de 88,5%, 7,7% e 3,8 respectivamente.
Tabela IV - Aceitação do
almoço e jantar entre pacientes e acompanhantes quanto á diversidade.
Sobre a diversidade da
refeição servida, 21 pacientes estavam satisfeitos, 4 pouco satisfeitos e 1
insatisfeito, correspondendo a 80,8%, 15,4% e 3,8% respectivamente.
Quando questionado
sobre a diversidade da comida servida, foi obtido que 20 acompanhantes estavam
satisfeitos, 5 pouco satisfeito e apenas 1 insatisfeito, levando a 76,9%, 19,2
e 3,8% respectivamente.
Tabela V - Aceitação do
almoço e jantar entre pacientes e acompanhantes quanto à temperatura.
Sobre a temperatura
apresentada, 23 pacientes estavam satisfeitos e 3 pouco insatisfeito,
representando 88,5% e 11,5% respectivamente, já os acompanhantes entrevistados,
21 responderam estar satisfeito, 2 pouco satisfeito e 3 insatisfeitos, dentro
da porcentagem de 80,8%, 7,7% e 11,5%.
Tabela VI - Atendimento da
copeira no almoço e jantar entre pacientes e acompanhantes.
O atendimento da
copeira foi o último questionamento feito, 25 disseram estar satisfeitos e 1
insatisfeito, correspondendo à 96,2% e 3,8% respectivamente, perante os
acompanhantes, foi obtido que 23 estavam satisfeitos, 1 pouco satisfeito e 2
insatisfeitos, o que equivale a uma porcentagem de 88,5, 3,8% e 7,7%
respectivamente.
O Serviço de Nutrição e
Dietética analisado serve em média 300 refeições diariamente no período do
almoço e jantar, esse número varia conforme entrada e saída dos pacientes.
A terapia nutricional
pode ajudar os pacientes com câncer a obter os nutrientes necessários para
manter o vigor e o peso corporal, impedir a perda de tecido corporal, construir
novos tecidos e combater infecções. As recomendações nutricionais para
pacientes com câncer são designadas para ajudá-los a enfrentar os efeitos da
doença e seu tratamento. Alguns tratamentos são mais eficazes, se o paciente
estiver bem nutrido e obtendo calorias e proteínas suficientes na dieta.
Pessoas que se alimentam bem durante o tratamento podem ser capazes de tolerar
doses mais altas de certos medicamentos. Os objetivos da terapia nutricional
para pacientes em tratamento antineoplásico e em processo de restabelecimento
são: impedir ou corrigir a desnutrição; prevenir a perda de músculo, ossos,
sangue e demais componentes da massa magra corporal; auxiliar o paciente a
tolerar o tratamento; reduzir os efeitos adversos relacionados à nutrição e
suas complicações; manter o vigor e a energia; prover habilidade para combater
infecções; auxiliar no restabelecimento e na cura; manter ou melhorar a
qualidade de vida.
Quanto o tocante da
aceitação de cardápios por pacientes oncológicos, os fármacos afetam a
capacidade de sentir o sabor ou o aroma dos alimentos, em específicos os
antineoplásicos, carboplatina, cisplatina, dactinomicina, fluorouracil,
interferon alfa-2a, metotrexato, oxaliplatina. Os
fármacos podem causar alteração no paladar (disgeusia),
redução da acuidade do paladar (hipogeusia) ou gosto
ruim após a ingestão, anorexia, ulceração, diarreia; todos eles podem afetar a
ingestão de alimentos. Os mecanismos pelos quais os fármacos alteram os
sentidos químicos não são bem-compreendidos. Eles podem alterar a renovação das
células gustativas ou interferir nos mecanismos de transdução dessas mesmas
células; ou eles podem alterar os neurotransmissores que processam a informação
química sensorial.
Fármacos
antineoplásicos usados na quimioterapia do câncer afetam as células que se
reproduzem com rapidez, incluindo as das mucosas. A inflamação das mucosas, ou mucosites, ocorre e manifesta-se como estomatites
(inflamação na boca), glossites (inflamação na língua), ou quelites
(inflamação e rachaduras nos lábios). A mucosite pode
ser extremamente dolorosa ao ponto de impedir que pacientes consigam comer ou
até mesmo beber [5].
Dessa forma, investigar
os impactos desses sintomas sobre a ingestão alimentar torna-se indispensável
para planejar uma intervenção nutricional precoce e mais efetiva entre
indivíduos hospitalizados e portadores da doença. Uma ingestão alimentar
inadequada também contribui para desnutrição no ambiente hospitalar.
A redução da ingestão
alimentar é frequentemente relatada entre os pacientes hospitalizados, fato
esse que pode estar relacionado à doença, a mudanças de hábitos alimentares e à
insatisfação com as preparações oferecidas. A avaliação do consumo alimentar
entre pacientes com câncer deve ser uma rotina, pois a alimentação é parte
importante da terapêutica, não apenas por seus aspectos nutricionais, mas
também por sua dimensão simbólica e subjetiva. Apesar da preocupação com o
aspecto nutricional do paciente hospitalizado, tem-se dado pouca atenção para a
aceitação da dieta hospitalar. Especificamente entre pacientes adultos com
câncer, são escassos os estudos que avaliam a ingestão alimentar em relação ao
estado nutricional.
O cardápio do hospital
deve ser elaborado de acordo com a preferência dos pacientes, focando na
variedade, qualidade e sabor, com um ambiente hospitalar agradável, bem como
atenção da equipe de saúde [6]. O planejamento adequado dos cardápios e a forma
de apresentação das refeições são fundamentais para a boa aceitação da dieta
[7,8]. A boa qualidade sensorial é o ponto chave para que um alimento seja
consumido e, são muitos os fatores sensoriais que interferem na aceitação da
dieta, dentre eles: a aparência (cor, textura, tamanho, forma); o aroma (ranço,
floral, pungente); o sabor (doce, salgado, amargo); a temperatura (quente,
frio); características da textura oral (duro, viscoso) [9,10].
Hiesmayr [11] comprovou em seus
resultados que a baixa ingestão alimentar é o maior fator de risco independente
para mortalidade hospitalar.
Diante de todas as
dificuldades que são impostas aos pacientes oncológicos, devido a utilização de
fármacos que alteram a sensibilidade deles perante ao
alimento, em nosso estudo, a ideia principal era descobrirmos se os pacientes
mesmo com as previstas alterações, se estariam satisfeitos com o cardápio
oferecido pelo Hospital. Ao avaliar os fatores intrínsecos e extrínsecos que
mais interferiram aceitabilidade da dieta hospitalar, constatou-se que o sabor,
a diversidade e a temperatura inadequada foram os fatores intrínsecos que mais
contribuíram de forma negativa para a aceitação das refeições (Tabelas I, IV e
V).
Kondrup [12] argumenta ainda
que outros aspectos interferem na aceitação de uma refeição, desde a recepção
da matéria-prima até a distribuição das preparações, que envolvem o ambiente
onde se faz a refeição e o acompanhamento do consumo alimentar. Destaca ainda
que aspectos nutricionais e políticas voltadas para a melhoria da qualidade da
assistência alimentar são importantes, no entanto os aspectos culturais
relacionados à alimentação devem ser priorizados para aumentar o consumo
alimentar dos pacientes.
Em relação aos aspectos
sensoriais e ambientais, constatou-se que a temperatura foi o aspecto que
influenciou negativamente a aceitação da dieta. Uma razoável explicação se
restringe ao fato que os carros de distribuição não são térmicos. A distância e
o grande número de leitos/copeira são outros fatores que podem ter contribuído
para que o alimento servido não tenha alcançado a temperatura ideal a todos
pacientes.
Os quesitos
apresentação e quantidade das refeições, apresentaram 100% de satisfação, tendo
alguns relatos de elogios quanto a esses critérios de avaliações.
Quanto às informações
colhidas sobre atendimento das copeiras, 96,2% dos pacientes consideraram
importante a apresentação pessoal e acrescentaram que as
mesmas representam uma fonte de apoio, segurança e solidariedade no
momento da alimentação.
Foram idealizados dois
pontos para realização da pesquisa: primeiro saber se tinha alguma queixa a
respeito da alimentação do Hospital Napoleão Laureano e o segundo ponto, no
tocante aos pacientes que, apesar da probabilidade de estarem com a
sensibilidade do paladar alterada, o que de fato acontece, não foi encontrada
uma alteração significante quando comparado ao dos acompanhantes, ficando com
uma porcentagem de satisfação equiparada, demonstrando resultados satisfatórios
em nossa pesquisa. A qualidade do serviço de alimentação tem o papel de
apresentar boas qualidades alimentares a fim de estimular o paladar do paciente
oncológico, que, devido ao uso de diversos tipos de medicamentos acaba tendo
seu estado nutricional prejudicado.
O acréscimo de sal na
refeição também é um fator destacado pelos pacientes para tornar a alimentação
mais apetecível. O sal é realçador de sabor, o qual
pode ser substituído por ervas aromáticas, bem como aumenta o leque de
diversidade deixando-a mais atrativas as refeições, a fim de melhorar a
aceitação. É importante, ainda, o questionamento da equipe de saúde aos
pacientes sobre suas preferências alimentares, bem como sugestões e
reclamações, a fim de tornar o serviço melhor, evitando a redução da
alimentação, com consequente risco de desnutrição nesses pacientes.
Apresentação e
quantidade das refeições servidas obtiveram satisfação total entre os
pacientes, e receberam elogios quanto a esses quesitos.
Diante do supracitado,
medidas como o controle da temperatura na distribuição dos alimentos tornam-se
essenciais para melhorar a aceitação alimentar, suprindo melhor as necessidades
dos pacientes, resultando no aumento da satisfação dos mesmos e reduzindo o
tempo de hospitalização.
Os resultados obtidos
nesse trabalho reforçam a importância da avaliação e do acompanhamento
nutricional na prática clínica, assim como o monitoramento da ingestão
alimentar entre pacientes com câncer, indivíduos vulneráveis a desnutrição.
Nesse sentido, as técnicas dietéticas e a gastronomia hospitalar são essenciais
para elaboração de cardápios nutritivos e que estimulem a ingestão dietética do
paciente.
Deste modo, a avaliação
da aceitabilidade da dieta de forma contínua e abrangente, principalmente nos
casos mais críticos, torna-se obrigatória, para que os fatores que influenciam
na satisfação do usuário possam ser detectados e modificados antes que
comprometam seu estado nutricional e fisiopatológico.