ARTIGO
ORIGINAL
Desenvolvimento
e avaliação sensorial da farinha de chuchu (sechium edule) para produção de um
bolo tipo muffin
Development and sensory evaluation of chuchu
flour (sechium edule) for
the production of a muffin cake
Izabel Carolina
Bousfield*, Daniella Regina da Rocha**, Philipe Costa, M.Sc.***,
Priscila Hália Pires dos Santos Oliveira, M.Sc.****
*Nutricionista,
Especialista em Nutrição Funcional; Docente da Associação Educacional Luterana BOM JESUS/IELUSC, **Graduanda do Curso de
Bacharelado em Nutrição da Associação Educacional Luterana BOM JESUS/IELUSC,
***Farmacêutico, Docente da Associação Educacional Luterana BOM JESUS/IELUSC,
****Bioquímica, Docente da Associação Educacional BOM/JESUS IELUSC
Recebido 15 de dezembro
de 2016; aceito 15 de setembro de 2017
Endereço
para correspondência:
Daniella Regina da Rocha, Rua Rudolf Baumer, 190 Vila Nova 89237-120
Joinville SC, E-mail: daniella.rr@hotmail.com, Izabel Carolina Bousfield:
izabelbousfield@hotmail.com; Philipe Costa: philipe.costa@ielusc.br; Priscila
Hália Pires dos Santos Oliveira:
priscila.oliveira@ielusc.br
Resumo
O estudo objetivou
produzir uma farinha a partir do chuchu integral e verificar a aceitabilidade
sensorial dos muffins tradicionais e muffins adicionados de farinha de chuchu,
bem como determinar qual destes se destaca entre as formulações. Foram
elaboradas e analisadas quatro formulações de muffins, sendo MP1 padrão, e as
demais adicionadas à farinha de chuchu nas proporções de 30% (M2); 60% (M3); e
100% (M4), e realizada respectiva análise sensorial com 30 provadores não
treinados utilizando escala hedônica de 9 pontos. Os
dados obtidos foram avaliados por estatísticas descritivas e análise de
variância (ANOVA). A comparação de médias foi realizada pelo teste pós Tukey. A
amostra com adição de 100% farinha de chuchu obteve aceitação maior que a
padrão, principalmente no atributo sabor. Não houve diferenças significativas
entre os atributos aparência, aroma e textura. A elaboração dos produtos permitiu
comprovar que a utilização da farinha integral de chuchu na composição de
muffins foi bem aceita pelos provadores, com boa expectativa de utilização.
Palavras-chave: análise sensorial,
subprodutos, chuchu, vegetais.
Abstract
The study aimed to produce a flour from the
whole chayote and verify the sensorial acceptability of the traditional muffins
and added muffins of chayote flour, as well as to determine which of these
stands out among the formulations. Four formulations of muffins were prepared
and analyzed, being MP1 standard, and the others added to the chayote flour in
proportions of 30% (M2); 60% (M3) and 100% (M4). We performed the sensory
analysis with 30 untrained testers using a hedonic scale of 9 points. The data
were evaluated by descriptive statistics and analysis of variance (ANOVA). The
comparison of means was performed by the Tukey test. The sample with the
addition of 100% chayote flour obtained greater acceptance than the standard,
mainly in the flavor attribute. There were no significant differences between
appearance, aroma and texture attributes. The elaboration of the products
allowed to prove that the use of the integral flour of
chayote in the composition of muffins was well accepted by the tasters, with
good expectation of use.
Key-words: sensory
analysis, by-products, chayote, vegetables.
Uma alimentação não
balanceada causa riscos significativos à saúde humana. Os impasses gerados pela
má nutrição podem ser visto em todo o mundo, como o aumento dos índices de
sobrepeso e obesidade, gerando Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e
consequentemente levando indivíduos a morte [1].
A baixa ingestão de
fibras, vitaminas e minerais é comum na população brasileira em função da baixa
ingesta de frutas e vegetais, e do desperdício dos mesmos [2]. Boa parte de
talos e cascas destes alimentos, são ricos em vitaminas, especialmente A e C,
além de ferro, potássio e outros nutrientes [3].
A cultura brasileira
ainda desconhece métodos para o aproveitamento integral dos alimentos, bem
quanto sua importância, gerando o desperdício dos produtos de origem vegetal in
natura durante os processos de distribuição e comercialização, em virtude da
perda de qualidade, do processo de preparação para o transporte ou venda. Nessa
cadeia não é considerado o desperdício que acontece no âmbito doméstico, já que
folhas, cascas e talos de hortícolas são desprezados, devido aos tabus
alimentares ou ignorância de sua utilidade como alimento [4].
A população
desconhece os benefícios que os vegetais podem trazer quando consumidos
integralmente. Estes podem ajudar na prevenção dos problemas citados acima, e
também na reposição de vitaminas. É necessário que as políticas públicas
enfatizem meios educativos, para que a população perceba o valor nutritivo que
possui estes alimentos que são diariamente jogados no lixo [5].
Em 2004 o Conselho
Nacional do SESI iniciou em todos os estados brasileiros o Programa Cozinha
Brasil, que tem como seu principal objetivo, a melhoria do estado nutricional
da população através da conscientização das perdas e do desperdício de
alimentos [6].
Muitas pesquisas vêm
sendo realizadas no sentido de minimizar perdas e garantindo a qualidade e bons
preços. Como o Brasil é um grande produtor agrícola, muitas técnicas têm sido
aprimoradas com a intenção de prevenir grandes perdas, sendo na maioria das
vezes por apodrecimento [7], ou pelos processos de distribuição e
comercialização, incluindo a perda da qualidade durante o procedimento de
preparação para o transporte ou venda [4].
O desperdício
alimentar começa no campo, sendo excessiva umidade do solo, calor, ataque de
microrganismos, e pragas, além de embalagens impróprias que levam à
deterioração precoce dos alimentos, sendo que o mesmo contribui para a
diminuição dos recursos nutricionais oferecidos à grande parte das famílias
brasileiras, sendo este fator agravante na população carente [8]. Parte superior do formulário
Estudos diversos
estão surgindo para a introdução de matérias-primas como as cascas de frutas e
vegetais, em diversificadas preparações culinárias, como bolos, quibes e sucos
[9], com boa aceitação sensorial, sendo que os mesmos colaboram para a
diminuição dos gastos com alimentação e contribuem para o enriquecimento nutricional
dos produtos através da adição de fibras, vitaminas e minerais, que muitas
vezes se encontram concentrados nas cascas e folhas [10].
O chuchu (Sechium
edule) provém da família das cucurbitáceas. Têm sua origem no México e América
central [11], sendo que o mesmo possui vários nutrientes como o potássio (126 mg/100 g), fósforo (17,7 mg/100 g), magnésio (7,2 mg/100 g)
e vitamina C (10,6 mg/100 g) [12]. É uma hortaliça muito popular na culinária
de diversas culturas, por possuir um sabor ameno, rico em fibras e pobre em
calorias, sendo considerada fonte de vitaminas A e C [13].
A casca apesar de
geralmente não ser consumida, apresenta quantidades significativas de proteínas
(3%), vitamina C (6,89%, ferro (2,93%), cálcio (1,44%) e
potássio (3,08%) [5], destacando-se ainda elevadas quantidades de fibra
alimentar (2,56%), quando comparada ao fruto (1,3 g/100 g). Neste
aspecto, o consumo integral do chuchu demonstra grande potencial nutritivo,
evitando o desperdício e aumentando o aproveitamento de nutrientes que estariam
perdidos [14].
A alimentação
alternativa combina a utilização de alimentos tradicionais e não tradicionais, ricos em vitaminas e minerais na dieta
brasileira. Uma alternativa seria a utilização integral do chuchu, em forma de
farinha, com o objetivo de fornecer uma dieta de baixo custo, rica em vitaminas
e minerais, acessível a população menos favorecidas
[15].
O chuchu integral
caracteriza-se por ser um alimento rico em fibras (1,9 g), sendo que o efeito
das fibras dietéticas tem sido amplamente investigado, principalmente a fibra
solúvel, que possui propriedades hipocolesterolêmicas. A recomendação de consumo
gira em torno de 3 a 15 g/dia, contribuindo para redução de níveis de
colesterol e glicose sanguínea [16].
Em razão dos
conhecidos efeitos fisiológicos exercidos pela fibra alimentar solúvel e
insolúvel conjuntamente com os nutrientes existentes em casas, talos e
sementes, aliados à crescente necessidade de desenvolver tecnologias para
aproveitamento de subprodutos industriais [17], o objetivo do presente estudo
foi produzir uma farinha de chuchu integral e subsequentemente um bolo tipo
muffin, e o teste de aceitação dentre uma determinada população. Foram feitas
análises microbiológicas e sensoriais para avaliação e aceitação do produto.
Aquisição
da matéria-prima
Os chuchus (Sechium
edule), assim como os outros ingredientes empregados na formulação dos muffins,
foram adquiridos em comercio local da cidade de Joinville/SC.
Elaboração
da farinha
No laboratório de
Técnica e Dietética da Instituição da Associação Educacional Luterana Bom
Jesus/IELUSC, os chuchus foram higienizados em água corrente potável,
sanitizados em solução de hipoclorito de sódio a 100 ppm,
por 20 min, e novamente higienizados em água. Em seguida os mesmos foram
ralados e espremido em voal, foram então colocadas uniformemente em formas
retangulares, em seguida foram submetidos à secagem em estufa em temperatura de
65ºC por 48 horas [18]. Logo após a secagem na estufa (Sterlyfeer®, Brasil) o
chuchu foi triturado em liquidificador domestico (Philco®, Brasil) ate obtenção
da farinha.
Formulação
dos muffins
Foram elaboradas
quatro formulações de muffin: MP1: muffin padrão (0% de farinha de chuchu e
100% de farinha de trigo) e as demais adicionadas 30% (M2), 50% (M3) e 100%
(M4) respectivamente de farinha de chuchu, conforme tabela I.
Estas porcentagens
foram definidas através de testes sensoriais preliminares realizados com o
produto, pela pesquisadora. Além das porcentagens de farinha de chuchu, os
ingredientes utilizados nas formulações foram: os ovos, leite UHT integral,
óleo de soja refinado, sacarose comercial, damasco seco e cacau em pó. A
pesagem de todos os ingredientes foi realizada em uma balança digital
(Filizola®, Brasil) com precisão de 0,1 g e capacidade máxima de 15 kg.
Tabela
I – Matérias primas dos muffins com diferentes
percentuais de farinha de chuchu.
Considerando: MP1
(padrão), M1 (FT + FC na concentração de 30%), M2 (FT + FC na concentração de
50%) e M3 (FC na concentração de 100%).
Técnica
de preparo dos muffins
Primeiramente todos os ingredientes foram
pesados. Ovos, óleo de soja refinado, leite UHT e a sacarose comercial foram
transferidos para uma batedeira doméstica (Mondial®, Brasil), e misturados ate
formar um creme homogêneo. Em seguida, adicionou-se a farinha de trigo, a
farinha de chuchu e o cacau em pó, previamente homogeneizados. Acrescentaram-se
o leite e o fermento químico. A massa preparada foi colocada em formas de
muffin de 8 cm, e levada ao forno (Fischer®, Brasil),
durante 25 minutos, com temperatura média de 200ºC. Após o forneamento os
muffins foram embalados em filme plástico e armazenados em local seco e
ventilado para subsequente análise microbiológica, após resultados negativos de
contaminação prosseguiu-se a analise sensorial (de acordo com a Figura 1).
Figura
1 – Fluxograma geral da fabricação dos muffins.
Análise
microbiológica
Os muffins foram
avaliados quanto à qualidade microbiológica, com a finalidade de garantir a
segurança alimentar para os participantes da analise sensorial. Para verificação
da presença de bactérias, foram utilizados meios indicativos e diferenciais
para Salmonella e shigella (Ágar Salmonella-Shigella) e ágar Mac Conkey para
crescimento de Escherichia coli. Quanto à presença de fungos e bolores, foi
utilizado para verificação de crescimento o meio ágar de sangue de carneiro,
pois este proporciona condições favoráveis para o crescimento da maioria dos
microorganismos.
Análise
sensorial
Participaram da análise sensorial
uma equipe não treinada de 30 provadores, constituídos por estudantes
universitários do curso de graduação e docentes. As amostras de aproximadamente
15 g, codificadas com algarismos de três dígitos [19].
Para realizar os
testes, os provadores receberam juntamente com as amostras, impressos dos testes
e copo descartável de 60 ml com água filtrada à temperatura ambiente, para
ingestão entre a degustação de um muffin e outro, para limpeza do palato a fim
de assegurar a percepção adequada dos aspectos sensoriais. Cada prova foi feita
individualmente, sendo que o provador foi orientado pelas pesquisadoras para o
preenchimento das respostas. A análise sensorial foi realizada em cabines
individualizadas situadas na Associação Educacional Luterana
Bom Jesus/IELUSC.
Para o teste afetivo
foi utilizada escala hedônica estruturada de 9 pontos,
variando de 1 a 9 pontos: 1 - desgostei muitíssimo e 9 - gostei muitíssimo
[20], avaliando a aceitação global e os atributos aparência, cor, sabor,
textura, aroma e aceitação global.
Índice
de aceitabilidade (IA)
O cálculo do IA das
formulações foi realizado para se obter a porcentagem que tem como objetivo
obter a aceitação do produto pelos consumidores. Para o produto ser bem aceito,
o valor mínimo de IA deve ser de 70%. Seguindo a fórmula: IA (%) = A x 100/B (A
= nota média obtida para o produto; B = nota máxima dada ao produto) [20].
Análise
estatística
Os dados foram
analisados com auxilio do software GraphPad Prism,
versão 5, através da analise de variância (ANOVA), sendo que a comparação de
médias foi realizada pelo teste de médias pós Tukey, avaliados com nível de
confiança de 95% (p ≤ 0,05).
Questões
éticas
Este trabalho foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/IELUSC, com parecer nº1. 824.768.
Foram atendidos os
princípios éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, em consonância com a
Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466 de 12 de dezembro de 2012.
Para efeito de
exclusão na participação da análise sensorial, foram considerados os seguintes
fatores: possuir alergia a algum ingrediente utilizado na elaboração do muffin
ou não entregar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado ao
final da avaliação sensorial.
Rendimento
da farinha de chuchu em porcentagem
O chuchu foi
utilizado integralmente (casca e polpa) sendo que depois da secagem de estufa,
obteve-se um rendimento de 3,2%.
Em um estudo sobre o
rendimento da farinha de talos de vegetais folhosos, os pesquisadores obtiveram
rendimento de 5,4% de farinha de talo de couve. O mesmo estudo analisou o
rendimento dos talos de espinafre, obtendo 3,8% de farinha de talo de espinafre.
O baixo rendimento destas farinhas de vegetais e legumes se dá pelo alto teor
de umidade destes legumes, vegetais e folhosos in natura [20].
Análise
microbiológica
Em relação à
qualidade microbiológica dos muffins, os resultados podem ser observados na
tabela II constatando-se ausência de Salmonella sp.
Shigella, Escherichia coli e contagem de bolores e fungo, o que indica que o
produto foi cuidadosamente preparado e armazenado.
Tabela
II -
Avaliação da qualidade microbiológica dos
muffins à base de farinha de chuchu.
Nos padrões
microbiológicos para produtos de panificação como bolos, tortas, doces,
salgados, entre outros, há possibilidade de constar o crescimento de Salmonella
sp. No presente estudo, a determinação de bolores e
fungos, Salmonella sp, Shigella e Escherichia coli
visou a obtenção de informações sobre as condições higiênico-sanitárias
utilizadas durante o processamento do produto, garantindo a segurança alimentar
para a análise sensorial dos muffins à base de farinha de chuchu.
Análise
sensorial
Na Tabela III pode-se
verificar o resultado da avaliação sensorial das formulações de muffin padrão e
acrescidas de farinha de chuchu.
Tabela
III
– Médias e Desvio Padrão (DP) e
percentuais de aceitabilidade (IA) dos atributos sensoriais (Aparência, cor,
sabor, textura, aroma e aceitação global) nos testes realizados para as
formulações de muffin padrão e adicionados farinha de chuchu, (30, 50 e 100%).
Letras diferentes na
linha indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05); DP:
desvio padrão da média; MP1: padrão; M2: 30% de farinha de chuchu; M3: 50% de
farinha de chuchu; M4: 100% de farinha de chuchu.
Não houve diferenças
significativas (p > 0,05) entre as formulações para os atributos aroma,
textura e cor. Resultados similares em estudo com bolo de chocolate com
diferentes teores de farinha de yacon e inulina, concluíram que não houve
diferença significativa entre os produtos com relação à preferência nos
atributos cor e textura, embora a aparência tenha sofrido influência das
características tecnológicas da massa enriquecida [21].
Das quatro amostras
no presente estudo contendo diferentes formulações de farinha de chuchu, a
amostra que obteve maiores médias em relação a
aparência foi a formulação MP1 (8,20 ± 0,88), provavelmente devido à farinha de
trigo que permite melhor expansão e sustentação da massa pelo glúten. No
quesito cor a maior prevalência foi para a formulação M2 (8,0 ± 1,31), sendo
que a cor é um dos principais atributos sensoriais e está associada a muitos
aspectos da vida humana, ligadas à visão, influenciando decisões, incluindo as
que envolvem os alimentos. Quando este quesito tem boa aceitabilidade, as
outras características sensoriais têm suas dimensões diminuídas [22].
Em relação ao sabor,
a formulação que se destacou foi a M4 (8,13 ± 1,3) esta contendo 100% de
farinha chuchu apresentando diferença estatística (p < 0,05). Existem
opiniões contraditórias a respeito das características que mais influenciam a
qualidade e aceitabilidade dos alimentos. O sabor é um fator importante e de
grande ponderação, na escolha de um alimento [23]. Este atributo não era
esperado no muffin de farinha de chuchu. Provavelmente seus compostos fenólicos
e sápicos não apresentaram grande expressão, como em outros vegetais. Além
disso, a adição de chocolate, pode com certeza ter mascarado qualquer composto
amargo. Em um estudo de Silva et al. [24] com
aproveitamento integral de casca de abóbora na composição de um bolo, resultado
semelhante foi verificado.
Para o bolo com
composição 100% de farinha de chuchu, a textura também apresentou nota que
demonstra ótimo critério de aceitação (7,82 ± 1,41). Este efeito pode ser
explicado, pela higroscopicidade nas fibras presentes na farinha de chuchu, que
aumenta a absorção de água permitindo que se utilize somente a mesma em todo
bolo, com excelente padrão de textura, não havendo necessidade de acrescentar
outro tipo de farinha. Anzaldúa-Morales [25] relata que os consumidores estão
cada vez mais conscientes da textura de novos produtos, sendo esse seu atrativo
aliado a novos sabores e propriedades sensoriais, fato observado nesta
pesquisa.
O atributo aroma é
uma característica sensorial positiva para provocar uma aceitação sensorial
concordante [26]. Este atributo não teve significância relativa entre as
médias.
No atributo aceitação
global as formulações que apresentaram maiores notas foram constatadas para M2
(8,16 ± 1,23) e M4 (8,30 ± 1,05). Todas as formulações apresentaram IA maior que
70% em todos os atributos. Produtos com IA acima de 70% podem ser considerados
com boa aceitação sensorial [27].
A elevada
aceitabilidade dos muffins adicionados farinha de chuchu, como podemos
identificar na figura 2 pode contribuir de forma favorável para a inserção de
novos produtos provindos de aproveitamento integral dos alimentos e sendo
assim, reduzir o desperdício de partes não convencionais de legumes e vegetais,
utilizando os talos, cascas e folhas. Nestas partes descartadas são centrados
grandes teores de fibras, contribuindo na prevenção de doenças crônicas não
transmissíveis [28].
Figura 2 – Aceitabilidade dos muffins em diferentes
proporções de farinha de chuchu, em relação a escala
hedônica.
Segundo Law [29],
informações sobre o aproveitamento de subprodutos da indústria de alimentos é
limitadas, mas buscar o aproveitamento de subprodutos industriais é de extremo
interesse, pois alia o aspecto econômico e ambiental à produção de alimentos de
abrangida qualidade nutricional destinado ao consumo humano. Estas fontes
significativas de fibra alimentar podem e necessitam ser conhecidas e
exploradas, seja pela população – desde que devidamente orientada – seja por
profissionais da saúde e indústria que precisam conhecer melhor este potencial.
Neste trabalho
verificou-se que é possível elaborar bolos com farinha integral de chuchu,
sendo que seu aproveitamento mostra potencial oportunidade para servir como
matéria prima alimentar. Quanto ao aspecto econômico, aproveitar integralmente
um alimento, reduz desperdício e resíduos orgânicos. Portanto, em função dos
bons resultados obtidos no projeto, acredita-se ser possível a substituição
parcial da farinha de trigo por esta matéria-prima na formulação aqui
apresentada, sem que haja perdas da qualidade sensorial do produto.