ARTIGO
ORIGINAL
Estado
nutricional e fatores de risco em pacientes oncológicos em uma instituição
hospitalar do município de Muriaé/MG
Nutritional status and risk factors in patients with cancer in hospital
at Muriaé/MG
Jennifer Domingos
Pereira*, Danielle Cristina Guimarães da Silva, D.Sc.**
*Nutricionista
pela Faculdade de Minas – FAMINAS Campus Muriaé/MG, **Professora Adjunta de
Nutrição na Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB)
Recebido 3 de fevereiro de 2016; aceito 15 de dezembro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Danielle Cristina Guimarães da Silva, Rua Bahia 280/201. São Sebastião
Barbacena MG, E-mail: daniellenut@hotmail.com; Jennifer Domingos Pereira: jennifer.nutri@yahoo.com.br
Resumo
Em virtude do aumento
de sua incidência e prevalência, o câncer é, atualmente, um problema de saúde
pública mundial. A desnutrição é muito comum no paciente oncológico e se
relaciona com a diminuição da resposta ao tratamento e demais complicações que
pode desencadear. O presente estudo foi do tipo retrospectivo, com o objetivo
de apresentar dados relacionados ao estado nutricional e aos fatores de risco
de pacientes com câncer no sistema gastrointestinal, a partir dos dados
contidos nos prontuários médicos. A coleta de dados foi realizada em 2013, em
todos os prontuários dos pacientes atendidos no ano de 2011, totalizando 136
prontuários. Do grupo estudado, 105 (77%) apresentaram diagnóstico de
desnutrição leve, 20 (15%) diagnóstico de desnutrição moderada e 5 (4%) desnutrição severa, por meio da Avaliação Subjetiva
Global. Um total de 115 pacientes (84,5%) apresentou perda de peso ponderal nos
seis meses anteriores à data de admissão. Verificou-se que muitos pacientes
tiveram diminuição da reserva muscular e adiposa. Os principais fatores de
risco relacionados ao câncer no sistema gastrointestinal encontrados foram o
alcoolismo e tabagismo, sendo que 56 pacientes (41%) faziam uso de bebida
alcoólica e 31 (23%) eram ex-consumidores, e em
relação ao tabagismo, 64 (47%) faziam uso do tabaco e 30 (22%) eram ex-consumidores. Sendo assim, o papel do nutricionista é
fundamental no tratamento a pacientes oncológicos e para recuperação e
manutenção do estado nutricional dos mesmos.
Palavras-chave: desnutrição
proteica, avaliação nutricional, oncologia.
Abstract
Due to its increased incidence and prevalence, cancer is currently a
worldwide public health problem. Malnutrition is very common in cancer patients
and is associated with decreased response to treatment and complications. The
aim of this retrospective study was to associate nutritional status and risk
factors of patients with of gastrointestinal cancer, using data of medical
records. Data collection was conducted in 2013 in all medical records of
patients attended in 2011, totaling 136 records. In the study group, 105 (77%)
were diagnosed with mild malnutrition, 20 (15%) diagnosed with moderate
malnutrition and 5 (4%) severe malnutrition through the Subjective Global
Assessment. A total of 115 patients (84.5%) showed a weight loss in the six
months preceding the date of admission. Many patients have decreased muscle and
adipose reserves. The main risk factors related to gastrointestinal cancer were
alcoholism and smoking: 56 patients (41%) were using alcohol and 31 (23%) were
former customers, and in relation to smoking, 64 (47%) were tobacco users and
30 (22%) were former customers. Thus, the dietitian role is fundamental in the
treatment of cancer patients and for restoring and maintaining the nutritional
status.
Key-words: protein
malnutrition, nutrition assessment, oncology.
O câncer é definido
como uma enfermidade multifatorial, caracterizada pelo crescimento
desorganizado das células e a disseminação de células anormais, que contribuem
a se reproduzir até que formem uma massa de tecido conhecida como tumor [1].
Nas últimas décadas, o Brasil vem sofrendo alterações em seu perfil
populacional graças à urbanização, à industrialização e aos avanços
tecnológicos. Essas mudanças deixaram a população mais exposta a fatores de
risco que mudaram o estado de saúde e doença do brasileiro, acarretando no
aumento da incidência de doenças crônico-degenerativas como o câncer [2].
Projeções para o ano de 2030 apontam que no mundo, o número de casos novos da
doença oncológica supere os 21,4 milhões e o número de óbitos seja de 13,2
milhões. No Brasil, estimativas apontam para a ocorrência de 576 mil novos
casos no país em 2015 [3].
A desnutrição
proteico-calórica é frequente em pacientes com câncer. A piora do estado
nutricional e funcional se dá por múltiplos fatores, podendo citar como
principais, os efeitos colaterais causados pela quimioterapia e radioterapia, o
catabolismo promovido pelo tumor e complicações dos procedimentos cirúrgicos
[4]. A perda contínua de massa muscular esquelética em pacientes com câncer
está associada tanto à redução da tolerância ao tratamento antineoplásico
quanto à redução da resposta terapêutica, levando ao aumento do número de
internações, complicações infecciosas, mais tempo de permanência hospitalar, qualidade de vida prejudicada e prognóstico de cura desfavorecido
[5].
O tratamento
nutricional ao paciente oncológico deve ser individualizado e inclui a
avaliação nutricional, o cálculo das necessidades nutricionais, a terapia
nutricional e o seguimento ambulatorial, com o objetivo de prevenir ou reverter
o declínio do estado nutricional, assim como evitar a evolução para um quadro
de caquexia, melhorar o balanço nitrogenado, reduzir a proteólise, além de
aumentar a resposta imunológica do paciente [6].
Portanto, como o
câncer vem se destacando pelas elevadas taxas de incidência e prevalência, é de
grande importância estudos que avaliem o estado nutricional e sua relação com
os fatores de risco e qualidade de vida destes pacientes. Neste contexto, o
objetivo deste estudo foi o de apresentar dados relacionados ao estado
nutricional e aos fatores de risco de pacientes com câncer no sistema
gastrointestinal, atendidos no ano de 2011, em uma instituição hospitalar
filantrópica no município de Muriaé/MG.
Trata-se de uma
pesquisa exploratória-descritiva, utilizando o estudo
retrospectivo, realizado em um hospital oncológico no município mineiro de
Muriaé. A coleta de dados foi realizada através dos prontuários dos pacientes
com diagnóstico médico de câncer, segundo a Classificação Internacional de
Doenças (CID-10).
Foram utilizados os
prontuários dos pacientes que foram admitidos no hospital no ano de 2011, com
idade superior ou igual à 20 anos e inferior a 60
anos, ambos os sexos, com diagnóstico de câncer no sistema gastrointestinal,
incluindo câncer de boca, laringe, orofaringe, esôfago, estômago, reto, retossigmóide, cólon, fígado e pâncreas.
As variáveis
analisadas foram: características gerais da amostra como a idade, o sexo e o
grau de instrução, o tipo de câncer, dados antropométricos, avaliação subjetiva
global, diagnóstico nutricional e características comportamentais do grupo como
o tabagismo e o etilismo.
O sexo foi
categorizado em masculino e feminino, a idade, dada em anos completos e
categorizada em períodos de dez anos (20 a 29, 30 a 39, 40 a 49 e 50 a 59 anos)
e o grau de instrução foi determinado em: fundamental
incompleto, fundamental completo, nível médio completo, superior incompleto e
superior completo. O tipo de câncer e sintomas presentes foi registrado de
acordo com o prontuário médico. Em relação a
antropometria, foram coletados os dados de peso corporal, estatura, informações
coletadas por meio do protocolo de avaliação subjetiva global [7] e diagnóstico
do estado nutricional [8]. As características comportamentais foram avaliadas
segundo anamnese inicial nos prontuários e foram categorizadas em: consumidor,
não consumidor e nunca consumiu álcool e fumo.
A amostra inicial
deste estudo foi constituída de 160 prontuários, no entanto 24 prontuários
foram excluídos, pois não continham dados referentes à avaliação nutricional. A
amostra final deste estudo foi de 136 prontuários médicos. Para descrever as
variáveis categóricas foram calculadas as frequências absolutas (n) e relativas
(%) das variáveis estudadas, utilizando-se o Microsoft Office
Excel®2007.
A amostra foi
constituída de 136 prontuários de pacientes com diagnóstico de câncer no
sistema gastrointestinal, sendo a amostra predominantemente do sexo masculino
92 (67%), apresentavam-se na faixa etária entre 50 e 59 anos (n = 80) e quanto
ao grau de instrução, apresentavam o ensino fundamental incompleto (n = 81). A
idade do grupo variou de 31 a 59 anos, sendo a média de 50,2 ± 19,79 anos. A
Tabela I apresenta as características sóciodemográficas
do grupo.
Tabela
I - Descrição da amostra segundo características
sociodemográficas, Muriaé/MG, Brasil, 2011.
Foram encontrados 10
tipos diferentes de câncer nesta população avaliada, dentre eles, 2,94%
apresentaram o diagnóstico de câncer de boca, 26,47% câncer de esôfago, 16,91%
câncer de estômago, 7,35% câncer de laringe, 2,2% câncer de orofaringe, 6,62%
câncer de pâncreas, 1,47% câncer de fígado, 16,18% câncer de reto, 2,2% câncer
de retossigmóide e 17,64% câncer de cólon, como pode
ser observado no Gráfico 1.
Gráfico
1 – Descrição da amostra segundo localização do
tumor, Muriaé/MG, Brasil, 2011.
Quanto ao estado
nutricional dos pacientes, foi analisado por meio da Avaliação Subjetiva
Global, o Índice de Massa Corporal (IMC), percentual de perda de peso, o
diagnóstico nutricional e a reserva adiposa e reserva muscular do grupo. Um
total de 77 pacientes (56,62%) apresentaram IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m². Do
restante, 29 (21,33%) apresentaram IMC abaixo de 18,5 kg/m². Em relação à perda
de peso, apenas 21 pacientes (15,44%) não perderam peso durante os 6 meses anteriores à data de admissão. Um total de 47
pacientes (34,56%) apresentou perda de peso menor que 10% e 41 (30,15%) tiveram
perda de peso de 10 a 19%. Um total de 105 pacientes (77,21%) apresentaram
diagnóstico de desnutrição Leve, 20 pacientes (14,7%) diagnóstico de
desnutrição moderada, 5 pacientes (3,68%)
apresentaram-se com desnutrição severa, 4 pacientes (2,94%) apresentaram-se em
risco nutricional e 2 (1,47%) diagnóstico de obesidade. As reservas adiposa e
muscular dos pacientes foram classificadas de acordo com o grau de diminuição
das mesmas, apenas 25 pacientes (18,38%) não tiveram diminuição de gordura
corporal e massa muscular, sendo que 51 pacientes (37,5%) apresentaram
diminuição severa (Tabela II).
Tabela
II –
Descrição da amostra segundo estado
nutricional, Muriaé/MG, Brasil, 2011.
Dos pacientes
estudados, muitos apresentaram alguns sintomas relacionados ao câncer no
sistema gastrointestinal, como disfagia, mucosite, sialorreia, náuseas, vômitos, distensão abdominal,
diarreia, constipação, edema, ascite e xerostomia. Os prontuários dos pacientes
foram avaliados quanto à presença ou ausência desses sintomas. Os resultados
podem ser observados no Gráfico 2.
Gráfico
2 – Distribuição dos indivíduos quanto à
presença de sintomas, Muriaé/MG, Brasil, 2011.
Em relação ao
alcoolismo e tabagismo, 41,18% dos pacientes eram consumidores de bebida
alcoólica e 47,06 faziam uso do tabaco. Um total de 22,79% dos pacientes
estudados eram ex-consumidores
de bebida alcoólica e 22,06% eram ex-tabagistas.
Segundo os prontuários médicos, 27,21% dos pacientes nunca consumiram bebida
alcoólica e 23,53% nunca fizeram uso do tabaco. Alguns prontuários não
continham informações sobre alcoolismo e tabagismo, representando 8,82% e
7,35%, respectivamente.
Foi possível
verificar que na data de admissão, quase todos os pacientes relataram
diminuição na ingestão alimentar nos últimos meses. Essa diminuição era
classificada como diminuição leve, moderada ou severa. A tabela III apresenta
os dados referentes ao alcoolismo, tabagismo e mudança na ingestão alimentar do
grupo.
Tabela
III
– Descrição da amostra quanto ao
alcoolismo, tabagismo e mudança na ingestão alimentar, Muriaé/MG, Brasil, 2011.
Ao observar as
características da amostra deste estudo, verificou-se que houve predomínio do
gênero masculino (n = 92). Quanto à localização do tumor, verificou-se que 26%
dos pacientes tinham o diagnóstico de câncer de esôfago. Também foi constatado
que 18% da amostra estudada apresentava diagnóstico de
câncer de cólon, sendo o segundo tumor com maior prevalência na pesquisa. O
terceiro tumor de maior prevalência da amostra foi o câncer de estômago, tendo
em vista que 17% dos indivíduos estudados apresentavam esse diagnóstico. Dados
do Instituto Nacional do Câncer [6] confirmam esses achados, ao determinarem
que os cânceres de esôfago, cólon e estômago estão entre os cinco tumores mais
frequentes no país. Hallal et al. [9] realizaram uma pesquisa com 200 indivíduos adultos, de
ambos os sexos, que buscou analisar a mortalidade por câncer no estado do Rio
Grande do Sul. As localizações mais frequentes do tumor foram esôfago,
estômago, cólon, pulmão e próstata nos homens, e estômago, mama, cólon, pulmão
e colo de útero nas mulheres.
Segundo os
prontuários médicos do grupo estudado, por meio do cálculo do IMC da amostra
estudada, 21,33% dos pacientes apresentaram desnutrição e 56,62% apresentaram-se
eutróficos. Barão e Forones
[10] realizaram um estudo com pacientes com câncer no sistema gastrointestinal.
Foi calculado e analisado o IMC de cada paciente. De acordo com os resultados,
o percentual de desnutridos foi de 18% e o diagnóstico de maior prevalência foi
o de eutrofia.
De acordo com a
avaliação subjetiva global, houve maior frequência de desnutrição, sendo que
105 pacientes (77,21%) foram classificados com desnutrição leve e 20 (14,7%)
com desnutrição moderada. Ulsenheimer et al. [11] avaliaram o estado nutricional
de pacientes oncológicos hospitalizados ou em tratamento ambulatorial e
constataram que 50% do grupo apresentavam desnutrição leve ou grave. Dufau [12] realizou um estudo com pacientes oncológicos
hospitalizados, dos quais 59% foram classificados com risco de desnutrição ou
desnutrição leve e 17% classificados com desnutrição severa.
Toscano et al. [13] em seu trabalho de revisão
descreve sobre as reais necessidades energéticas e protéicas
em pacientes oncológicos. Mostra que são comuns alterações no metabolismo de
proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais nestes pacientes, onde
a nutrição se torna um desafio maior.
Outro fator relevante
para a pesquisa e que deve ser considerado é a alteração de peso. Segundo Dias et al. [14] a avaliação da perda de peso
dos pacientes tem grande importância, tendo em vista que pode acontecer do
paciente apresentar-se eutrófico, no entanto, a
diminuição de peso pode demonstrar risco de desnutrição. Dos prontuários
analisados neste estudo, foi possível verificar que 115 pacientes (84,56%)
apresentaram perda de peso nos seis meses anteriores à data de admissão, sendo
que 47 pacientes tiveram perda de peso abaixo de 10%, 41 pacientes tiveram
perda de peso entre 10 e 19%, 22 pacientes entre 20 e 29%, 3 pacientes entre 30
e 39% e 2 igual ou superior a 40%. Segundo Whitman [15]
pacientes oncológicos com perda ponderal maior que 10% do peso corporal,
têm menor sobrevida do que aqueles com o mesmo tipo e estágio da doença, que se
mantêm eutróficos e não tiveram perda de peso ou
apresentaram perda ponderal menor que 10%. Segura et al. [16] realizaram um estudo com o objetivo de determinar a
desnutrição em pacientes com diagnóstico de câncer. Foi verificado que 48,2%
tiveram perda de peso no último mês, 30,6% não tiveram alterações de peso e
21,2% apresentaram aumento de peso.
Um total de 111
pacientes (81,62%) apresentou diminuição da reserva adiposa e muscular durante
os seis meses anteriores à data de admissão, sendo dividida em diminuição leve,
moderada e severa, sendo que a maior prevalência foi de diminuição severa e
diminuição moderada, apresentada por 51 pacientes (37,5%), e 39 pacientes
(28,68%) respectivamente. A gordura constitui cerca de 90% das reservas dos
indivíduos saudáveis e a perda da reserva adiposa é um dos sinais do estado
caquético caracterizado pela perda de tecido muscular [17]. Uma grande parte da
perda de peso em pacientes oncológicos é proveniente do tecido adiposo, sendo
utilizado para suprir a demanda metabólica do hospedeiro, devido à presença do
tumor, podendo ocorrer a perda de peso involuntária do
indivíduo [6].
Quanto aos sintomas
apresentados pelos pacientes, os mais presentes neste estudo foram náuseas,
vômitos, diarreia e edema. Sialorreia, constipação e
ascite foram os sintomas menos frequentes nesta amostra. Ballatori
e Roila [18] estudaram o impacto das náuseas e
vômitos na qualidade de vida em pacientes com câncer. Segundo eles estes
sintomas são os mais angustiantes para o paciente, sendo as náuseas o principal
evento adverso à quimioterapia, e os vômitos ocupariam o terceiro lugar no
ranking, ficando atrás somente de dor.
Os pacientes
oncológicos apresentam sinais e sintomas como náuseas, vômitos, alterações do
paladar, fraqueza, xerostomia. Esse quadro deve ser levado em consideração,
tendo em vista que leva à menor ingestão de alimentos e na medida em que o
quadro clínico é agravado prejudica a qualidade de vida do paciente [19].
No Brasil, o câncer
gástrico representa importante causa de óbito e se coloca entre as cinco localizações
mais comuns de mortes e casos novos de câncer, em ambos os sexos. O álcool é um
dos principais fatores de risco por lesar a mucosa gástrica. O álcool possui
papel fundamental na carcinogênese, principalmente
nos cânceres de boca, faringe, laringe, esôfago e estômago, tendo em vista q
ele tem efeito maior nos tecidos expostos diretamente durante o consumo e
também por agir conjuntamente com o tabaco [20]. Foi verificado neste estudo
que a maioria dos pacientes eram consumidores ou ex-consumidores de álcool e tabaco. Um total 41,18% faziam
uso de bebida alcoólica e 22,79% eram ex-consumidores.
Em relação ao tabagismo, 47,06% pacientes eram consumidores e 22,06% ex-consumidores.
Magalhães et al. [21] relacionaram o tabagismo e o
etilismo entre um grupo de pacientes com câncer gástrico e outro grupo de
pacientes sem diagnóstico de neoplasia. Observou-se que os pacientes com câncer
fumaram e usaram bebidas alcoólicas por período maior que os pacientes sem
neoplasia.
Em relação à ingestão
alimentar, verificou-se que na data de admissão, 76,46% da amostra estudada
relataram diminuição na ingestão alimentar nos últimos 6
meses. Um total de 22,79% apresentaram diminuição leve da
ingestão alimentar, 30,88% apresentaram diminuição moderada e 22,79%
diminuição severa. A alimentação merece atenção especial em qualquer fase da
vida, sendo um fator essencial à sobrevivência do ser humano. Os pacientes com
câncer no sistema gastrointestinal relatam ter uma capacidade diminuída de se
alimentarem. Isso é explicado pelo fato de a digestão e esvaziamento gástrico
se tornarem mais vagarosos, como resultado da diminuição de secreções
digestivas, atrofia da mucosa gastrointestinal e atrofia gástrica muscular. São
sugeridas alimentações pequenas e frequentes, com ênfase nas alimentações da
manhã [22].
Dias et al. [14] avaliaram os prejuízos
nutricionais causados em pacientes com câncer. Foi possível verificar que a
diminuição na ingestão alimentar ocorreu em 50% dos pacientes analisados,
independentemente se esses pacientes apresentavam, ou não, sintomas
gastrointestinais. A alteração do paladar foi apresentada em 6% dos pacientes e
a alteração na consistência alimentar foi observada em 25% dos pacientes
estudados.
A partir dos
resultados obtidos conclui-se que a população avaliada apresentou elevada
prevalência de desnutrição, associada à grande perda de peso ponderal,
diminuição da ingestão alimentar, diminuição de reserva
muscular e reserva adiposa. A desnutrição acomete com frequência pacientes com
câncer no sistema gastrointestinal e pode contribuir para uma diminuição da
resposta ao tratamento, podendo trazer maiores complicações para os pacientes.
Os principais fatores
de risco relacionados ao câncer no sistema gastrointestinal encontrados na
amostra estudada foram o alcoolismo e tabagismo. A maior parte dos pacientes
relatou serem consumidores ou ex-consumidores de
álcool e tabaco. Senso assim, o trabalho do nutricionista é fundamental no
tratamento a pacientes oncológicos e para recuperação e manutenção do estado
nutricional dos mesmos.