REVISÃO
Eficácia do uso da Garcinia cambogia
no emagrecimento
Efficacy of Garcinia cambogia in weight loss
Sany do Nascimento Dias
Paes*, Kamila de Oliveira do Nascimento, D.Sc.**
*Pós-graduada em
Fitoterapia, Suplementação e Alimentação Funcional na Prática Clínica, Centro
Universitário de Volta Redonda (UNIFOA), Volta Redonda/RJ, **Docente do Curso
de Nutrição do Centro Universitário de Volta Redonda (UNIFOA), Volta Redonda/RJ
Recebido 26 de abril de
2018; aceito 15 de setembro de 2019
Correspondência: Kamila de Oliveira do
Nascimento, Curso de Nutrição, Centro Universitário de Volta Redonda, Av. Paulo
Erlei Alves Abrantes, 1325 Três Poços 27240-560 Volta
Redonda RJ
Sany do Nascimento Dias
Paes: sanyndp@gmail.com
Kamila de Oliveira do
Nascimento: kamila.nascimento@yahoo.com.br
Resumo
Hoje, 18,9% dos
brasileiros são obesos e 53,8% estão com sobrepeso, de modo que os emagrecedores
são cada vez mais utilizados. A presente pesquisa objetivou analisar a eficácia
da suplementação com Garcinia cambogia, por ação do ácido hidroxicítrico,
para o emagrecimento. O presente artigo é uma revisão em análise de conteúdo
com cunho qualitativo. Os dados coletados foram analisados a partir de uma
revisão integrativa. Verifica-se que os mecanismos de ação do ácido hidroxicítrico no emagrecimento incluem a redução na
biossíntese de ácidos graxos e lipogênese, o aumento da liberação de serotonina
no cérebro provocando sensação de saciedade e a inibição da alfa-amilase
pancreática e alfa-glucosidase intestinal, reduzindo
o metabolismo de carboidratos. Cabe ressaltar que relatos de casos de
toxicidade ainda estão sendo discutidos. Apesar de vários estudos apontarem
para um resultado positivo em supressão do apetite e perda de peso com
suplementação por Garcinia cambogia através do ácido hidroxicítrico,
estes ainda são incompletos e necessitam de pesquisas mais aprofundadas e a
longo prazo que se tornem confiáveis e apontem a dosagem segura e eficaz para
indicação do emagrecimento em seres humanos.
Palavras-chave: ácido hidroxicítrico, fitoterapia, Garcinia
cambogia, obesidade.
Abstract
Today,
18.9% of Brazilians are obese and 53.8% are overweighed, so that the weight
loss resources are increasingly used. The present research aimed to analyze the
efficacy of supplementation with Garcinia cambogia,
through hydroxycitric acid, for weight loss. This
article was an exploratory systematic review, in content analysis with
qualitative nature. The collected data were analyzed from an integrative
review. It turns out that the mechanisms of action of hydroxycitric
acid in slimming include reduction in biosynthesis of fatty acids and
lipogenesis, increases the release of serotonin in the brain causing sensation
of satiety and inhibition of alpha-amylase and alpha-glucosidase bowel,
reducing the metabolism of carbohydrates. It is important to note that reports
of cases of toxicity are still being discussed. Despite several studies
estimate a positive result in suppression of appetite and weight loss with
supplementation by Garcinia cambogia through hydroxycitric acid, these are still incomplete and in need
of further research and in the long term they become trusted and point the safe
and effective dosage for weight loss in humans is indicated.
Key-words: hydroxycitric
acid, Garcinia cambogia, obesity, phytotherapy.
De acordo com a
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica [1], o
estilo de vida moderno é um potente estímulo para a obesidade. A diminuição dos
níveis de atividade física e o aumento da ingestão calórica são os mais fortes
determinantes ambientais. Há um aumento significativo da prevalência da
obesidade em diversas populações do mundo, incluindo o Brasil.
Os quadros de sobrepeso
ou obesidade são um importante fator de risco para várias doenças crônicas
incluindo diabetes, doenças cardíacas e cânceres, pois no processo de
diferenciação de adipócitos o metabolismo lipídico é controlado por um grupo de
fatores de transcrição, os proliferadores de peroxissoma (PPARs),
que são bem-caracterizados e implicados em doenças metabólicas tais como
obesidade, diabetes e aterosclerose devido ao seu papel na regulação de genes
envolvidos na homeostase de lipídios e glicose [2].
Há três componentes
primários no sistema neuroendócrino envolvidos com a obesidade: o sistema
aferente, que envolve a leptina e outros sinais de saciedade e de apetite de
curto prazo; a unidade de processamento do sistema nervoso central; e o sistema
eferente, um complexo de apetite, saciedade, efetores autonômicos e
termogênicos, que leva ao estoque energético. O balanço energético pode ser alterado
por aumento do consumo calórico, pela diminuição do gasto energético ou por
ambos [1].
Com o objetivo de
perder peso, a procura de medicamentos fitoterápicos por pacientes obesos é
cada vez mais frequente. O uso de fitoterápicos atualmente é frequente entre
pessoas mais jovens até os mais idosos, porém esses medicamentos embora
auxiliem no processo de emagrecimento, requerem também uma alimentação adequada
e a prática de exercícios diariamente [3].
Em pesquisa feita em 4
farmácias de manipulação de grandes redes no município de Ipatinga/MG, para
identificar os emagrecedores mais dispensados no estabelecimento constatou-se
que, em sua grande maioria, as mulheres estão como as que mais solicitam os
emagrecedores, entre 20 a 45 anos de idade, e pode-se notar a prevalência de
fitoterápicos, sintéticos e controlados nas prescrições. Os medicamentos
fitoterápicos emagrecedores citados como os mais dispensados nas farmácias de
manipulação são: Chá verde (Carmellia sinensis), Goji berry, Faseolamina e Hibisco
(Hibiscus Sabdariffa L) e ainda a Garcínia
cambogia que é objeto desse estudo [4].
A Garcinia
cambogia (Gc), também
conhecida como o Tamarindo Malabar, é uma planta de sabor amargo, comumente
usada na Índia e no Sudeste da Ásia e contém ácido hidroxicítrico
(HCA) utilizado para perda e controle de peso [5].
Os conceitos apontados
nesse artigo são baseados a partir das resoluções da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) que através do Consolidado de Normas de
Fitoterápicos (versão V) estabelece como critério obrigatório para o registro
de fitoterápicos a comprovação da sua segurança e eficácia.
O efeito da Gc como emagrecedor tem sido mostrado em estudos diversos,
porém, uma pesquisa sobre sua eficácia é justificada pelo fato dos controversos
resultados obtidos em estudos realizados em humanos até o momento.
Sendo assim, a presente
pesquisa objetivou analisar através de uma revisão bibliográfica a eficácia da
suplementação com Gc, para o emagrecimento. Para tal,
pretendeu-se esclarecer a problemática e prevalência da obesidade atualmente,
definindo e caracterizando a fitoterapia e analisar o efeito emagrecedor do
ácido hidroxicítrico encontrado no fruto da Gc.
O Presente artigo
tratou-se de uma revisão exploratória, em análise de conteúdo com cunho
qualitativo. Os dados coletados foram analisados a partir de uma revisão
integrativa delimitado com critérios de inclusão e exclusão artigos com a base
de dados, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Pubmed, Scielo, Science Direct em artigo original, texto completo,
gratuito, atendendo aos critérios do Qualis/Capes,
realizados em humanos e em ratos, com idiomas português e inglês, não sendo um
fator de exclusão para esse estudo a data de publicação do artigo, visando
entretanto, a coleta de dados relevantes para o presente estudo. Como
descritores foram utilizados os seguintes termos: Ácido hidroxicítrico;
Fitoterapia; Garcinia cambogia,
Obesidade.
A obesidade: problemática
e prevalência
A obesidade pode ser
definida como uma patologia em que se estabelece com o acúmulo excessivo de
gordura corporal em decorrência do balanço energético positivo trazendo agravos
à saúde, refletindo em perda importante na qualidade e no tempo de vida [6]. A
obesidade é um dos relevantes problemas de saúde pública da atualidade [7] e
está incluída entre as metas globais de doenças não-transmissíveis
identificadas pela Organização Mundial da Saúde como um fator de risco para um
conjunto crescente de doenças crônicas [8].
De acordo com o estudo
da National Health and
Nutrition Examination Survey (NCHS) 2015-2016 [9], a prevalência de obesidade
entre os adultos dos EUA foi de 39,8% e de 18,5% entre os jovens. Sendo a
prevalência de obesidade maior entre os adultos entre 40 e 59 anos do que entre
os adultos de 20 a 39 anos, em geral, tanto em homens como em mulheres. Entre
os jovens, a prevalência de obesidade entre os indivíduos com idade entre 2-5
anos foi menor em comparação com as crianças mais velhas, e este padrão foi
observado em meninos e meninas. No geral, de 1999 a 2000 até 2015-2016,
observou-se uma tendência significativamente crescente na obesidade em adultos
e jovens.
A recomendação de
Ministério da saúde para efetiva vigilância do estado nutricional em nível
populacional, recomenda-se o uso do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC)
por sua facilidade de mensuração e por ser uma medida não invasiva e de baixo
custo. Para se estimar o IMC usa-se relação entre o peso (em kg) dividido pela
altura2 (em metros) [10].
O aumento da massa
corporal em forma de tecido gordo, ocorre devido ao avanço tecnológico trazendo
a redução de movimentos corporais e ao maior consumo de fast-food
e comidas industrializada nas dietas propiciando o desenvolvimento de doenças,
como a hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias [11].
O que se confirma pelo
Ministério da Saúde [12] que em entrevista a 53.210 pessoas maiores de 18 anos
através do sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças
crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL) concluiu que os hábitos dos
brasileiros na última década impactaram no crescimento da obesidade em 60% e
aumento prevalência de diabetes e hipertensão em 61,8% e 14,2% respectivamente
na última década. Hoje,18,9% dos brasileiros são obesos e 53,8% estão com
sobrepeso.
A obesidade vai além da
herança genética, é multifatorial pois envolve fatores sociais, familiares,
biológicos e emocionais que interagem entre si necessitando de abordagem
interdisciplinar para sua compreensão, diagnóstico e tratamento de sobrepeso e
obesidade que é de extrema importância, já que reduzir entre 5 a 7% do peso
corporal já se refletem em diminuição do risco de diabetes, redução da pressão
sanguínea e ainda na melhora do perfil lipídico [13].
Neste cenário de
obesidade, um problema de Saúde Pública, os alimentos termogênicos que são
frequentemente usados como emagrecedores naturais, sendo associados a uma dieta
equilibrada e exercícios físicos, poderiam auxiliar no controle da obesidade e,
consequentemente, na prevenção do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) [14].
A má alimentação, a
correria do dia a dia e o aumento do tamanho das porções dos alimentos
facilitam a ocorrência da obesidade, a tendência natural para o excesso de
peso, a facilidade com que se encontram alimentos calóricos, os hábitos
familiares, pois mais do que pela herança genética, a obesidade está
diretamente relacionada a fatores ambientais, sociais e comportamentais [13].
Fitoterapia
Fitoterapia é a
terapêutica que através de plantas medicinais por variadas composições farmacêuticas,
sem o uso de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. Já
fitoterápico é definido pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 26/14 como
o produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias isoladas,
com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo medicamento
fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples, quando o
ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou composto, quando
o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal [15].
No Brasil são escassos
os estudos que exploram o grau de utilização das plantas como medicamentos,
apesar de ser tradicional seu uso. Nota-se, contudo, o interesse de
profissionais de diversas áreas em aliar a tecnologia moderna ao saber popular,
pensando em uma política de assistencial eficiente em saúde, acessível,
humanizada e independente da tecnologia farmacêutica [16].
Existem variadas opções
de fitoterápicos para o tratamento coadjuvante da obesidade, contudo, com
escassas evidências. São classificados como fitoterápico de efeito antiobesidade pela Agência de Vigilância Sanitária como:
termogênicos, disabsortivos, sacietógenos
e ansiolíticos [17].
Garcinia cambogia:
origem, classificação e mecanismos de ação
Gc é fruto de uma planta
nativa da Ásia pertencente à família Guttiferáceas
(Clusiáceas), com uso tradicional de conservação e
aromatização [18]. A fruta fresca de Gc é suculenta,
do tamanho de uma laranja, com uma pele fina e sulcos verticais profundos
formando lobos contundentes [19] (Figura 1).
Figura 1 - Fruto de Garcinia cambogia. Fonte: Semwal et al. [20].
A Gc
é o maior gênero da família Clusiaceae, com 390
espécies distribuídos principalmente na Ásia tropical, Polinésia e África. Sua
árvore chega a até 12 m de altura, com folhas escuras, verdes, brilhantes, a florece no verão e a frutifica durante a estação chuvosa. O
fruto ovoide com cerca de 5 cm de diâmetro amarelo, laranja ou vermelho quando
maduro e tem 6 a 8 sementes, quanto à fitoquímica de Gc, há a presença de alcalóides, flavonóides, compostos fenólicos, saponinas, taninos,
carboidratos, proteínas, algumas xantonas, benzofenonas
e orgânicos e amino. Os ácidos foram isolados de várias partes da planta que
apesar de ser mais popular para controle de peso, está também relacionado à
efeitos antiinflamatório, antidiabético,
antioxidante, antimicrobiano, anti-úlcera e hepatoprotectores [20].
A casca seca da Gc foi amplamente utilizada durante séculos ao longo do
Sudeste Ásia como conservante de alimentos, agente aromatizante e carminativo, e agora é popularmente usado como ingrediente
de suplementos dietéticos para perda de peso nos países desenvolvidos [21].
A Gc
como medicamento de alto valor terapêutico para várias doenças sendo empregada
na medicina tradicional para tratamento de hepatite, laringite e infecção bucal
[22].
O princípio ativo da Gc, o ácido-hidroxicítrico (AHC),
encontra-se na casca do fruto, é usado no tratamento da obesidade pela ação hipolipemiante, através da inibição de enzima ATP-citrato liase, que cliva o citrato em acetilCoA
em oxaloacetato
e síntese de lipídios a partir de
carboidratos ou lipogênese. Dessa forma, a
concentração de carboidratos aumenta
com consequente síntese de glicogênio que é
sinalizador cerebral da supressão
do apetite. Outro fator que reduz essa sinalização
é à redução na deposição de
gordura que leva a aumento na oxidação de ácidos
graxos e, consequentemente o
aumento na produção de corpos cetônicos [18].
A perda de peso pelo
HCA, faz-se pela inibição competitiva da enzima adenosina trifosfatase-citrato-liase, e ainda como responsável por aumentar a liberação ou
disponibilidade de serotonina no cérebro, levando a supressão do apetite.
Outros mecanismos de perda de peso postulados incluem a inibição da
alfa-amilase pancreática e da alfa-glucosidase
intestinal, levando a uma redução no metabolismo de carboidratos [23].
Entretanto, cabe
destacar que um aumento no número de relatos de hepatoxicidade
ocorreu com o uso da Gc, que passou a ser mais
utilizada após a proibição do uso de alguns medicamentos utilizados para
emagrecer, como as anfetaminas. No Brasil, uma reação adversa grave da Gc foi considerada possível. Foi notificada no NOTIVISA,
banco de dados de reações adversas da Anvisa, relato de paciente que com o uso
de Gc, teve infecção na garganta, pneumonia,
hemorragia e aplasia medular, seguida de óbito [24].
Ácido-hidroxicítrico
O ácido (-) hidroxicítrico (HCA) é descrito como: [ácido (1S,2S)-1,2-di-hidróxi-propano-1,2,3-tri-carboxílico] como
constituinte majoritário de GcDesr. (Guttiferae), distribuindo-se principalmente nas cascas do
fruto em uma concentração de 10-30 %, sendo um potente inibidor da enzima
ATP-citrato-liase, catalisadora da lise do citrato extramitocondrial
em oxaloacetato e acetil-CoA,
assim, a limitação de acetil-CoA disponível causaria
redução na biossíntese de ácidos graxos e lipogênse,
com atividade hipocolesterolêmica, redução de peso, promoção de glicogênese e
gliconeogênese [25] (Figura 2).
Fonte: Klein Junior
(2010).
Figura 2 - Ácido-hidroxicítrico
O ácido hidroxicítrico (HCA) pode estar isolado na forma livre,
como sal mineral ou como lactona (HCAL),
encontrando-se disponível no mercado na forma de seus vários sais, como cálcio,
magnésio e potássio e suas misturas. HCA ocorre em espécies bacterianas,
podendo ser fonte alternativa para HCA natural, ser sintetizado, usando-se ácido
cítrico como material de partida, pois esse sofre desidratação para formar
ácido aconítico, que forma ácido hidroxicítrico via
oxidação. Além do controle de peso, o HCA possui resultados hipolipidêmicos,
antidiabéticos, anti-inflamatório, anticancerígeno, anti-helmíntico, anti-colinesterase e atividades anti-úlcera
hepatoprotectoras em modelos in vitro e in vivo [20].
Vários fabricantes
empregaram diferentes procedimentos para preparar sais de HCA com melhores
biodisponibilidade como o Sal de cálcio/potássio de HCA extraído de Gc, comercialmente conhecido como Super CitriMax®
(HCA-SX). As estimativas quantitativas mostram que o HCA-SX consiste em 95% de
cálcio / potássio-HCA fornecendo 60% de ácido hidroxicítrico
[26].
Os resultados inconsistentes
sobre os efeitos da HCA em humanos devem-se às diferenças na sua composição e
interferem em sua biodisponibilidade com variação de menos de 50 a 100% com o
HCA comercializado em forma de Na+ sal, Ca²+ sal, K+
sal, Mg²+ sal, Ca²+/K+ duplo sal e Mg²+/K+ duplo sal. A eficácia do HCA por via
oral com as características estruturais de um novo sal de HCA (HCA-SX ou Super CitriMax®) de Ca²+/K+ o tornam mais biodisponível
e juntamente com influências sinérgicas de Ca²+ e K+, podem melhorar
significativamente os efeitos terapêuticos do HCA no controle da obesidade,
pois os íons Ca²+ estão envolvidos no controle de peso, aumentando o
metabolismo lipídico, aumentando a termogênese e aumentando a densidade óssea,
o K+, por outro lado, aumenta a energia, reduz a hipertensão, aumenta a força
muscular e regula as arritmias [27].
Estudo
feito para
avaliar a toxicidade do HCA concluiu que a segurança da
utilização do HCA ainda
é objeto de debate entre pesquisadores, e que muitos
profissionais da área da
saúde afirmam que o HCA não tem ação
efetiva no tratamento da obesidade,
principalmente quando utilizado em longo prazo sendo então,
sugerida a
necessidade de estudos mais detalhados, não apenas sobre sua
toxicidade, mas
também sobre sua real ação terapêutica para
auxiliar na redução e/ou manutenção
do peso [28].
Eficácia do uso da Garcinia cambogia no
emagrecimento
Estão apresentados na
Tabela I, os achados sobre o efeito emagrecedor do ácido hidroxicítrico
encontrado no fruto da Gc.
Tabela I - Achados sobre o
efeito emagrecedor do ácido hidroxicítrico encontrado
no fruto da Garcinia cambogia.
Em ensaio controlado
randomizado para avaliar a eficácia de Gc para perda
de peso corporal de indivíduos humanos com excesso de peso, usou-se composto de
ervas (1500 mg de ácido hidroxicítrico por dia) ou
placebo, e em ambos os grupos foram prescritos uma dieta de alta energia e
baixa energia por período de 12 semanas. Em ambos os grupos se perdeu uma
quantidade significativa de peso durante o período de tratamento, concluindo-se
que a Gc não conseguiu produzir significados perda de
peso e perda de massa gorda além da observada com placebo [29].
Em estudo duplo-cego
controlado por placebo, com Oitenta e nove mulheres, por 12 semanas seguindo
uma dieta de 1200 kcal, com a dosagem ingerida de 400 mg de cápsulas de entre 30 a 60 min antes das refeições para uma
dose total de 2,4 g/dia (1,2 g/dia de HCA) havendo em ambos os grupos perda de
peso corporal, sendo o grupo ativo o que obteve uma redução significativamente
maior, na comparação da média diária de ingestão houve uma tendência a ser
menor durante o tratamento ativo em comparação ao placebo porém sem apresentar
diferença significativa [30].
Ao analisar o extrato
de Gc contendo ácido hidroxicítrico
(HCA), em diferentes dosagens, para suprimir o acúmulo de gordura corporal no
desenvolvimento de ratos machos Zucker obesos, de 6 semanas, por 92 ou 93 dias,
houve supressão da ingestão e o ganho de peso corporal gradual, com duração
experimental prolongada nos ratos alimentados com maior dosagem de HCA, que
pode suprimir síntese de ácidos graxos, impedindo assim a lipogênese e
acumulação de gordura no epidídima, através da
diminuição atividade de ATP-citrato liase. A
ineficácia de dosagens mais baixas de HCA dietético contra a acumulação de
gordura, é atribuída ao metabolismo características únicas dos ratos Zucker
obesos, que parecem ser insensíveis ao tratamento com HCA nos níveis habituais
de dieta devido à atividade elevada de lipoproteína lipase que contribui para
aumentar a lipogênese. Os efeitos colaterais apontados em exame histopatológico
no experimento não foram totalmente esclarecidos [21].
Em estudo humanos,
examinou a eficácia de doses ótimas de HCA-SX sozinho e em combinação com cromo
ligado à niacina (NBC) e Gymnema sylvestra, o extrato (GSE), administrados com o
estômago vazio em 30 voluntários, segundo o estudo, a biodisponibilidade do
HCA-SX é aumentada em os indivíduos em jejum com intervalo de pelo menos 30-60
min antes do consumo de alimentos, sendo demonstrando nesse estudo que tanto o
HCA-SX sozinho quanto combinado com NBC e GSE houve resultados significativos
de redução do peso corporal, IMC, LDL, triglicerídeos, colesterol total e
leptina sérica bem como aumentos significativos nos HDL, níveis de serotonina e
excreção de gordura urinária metabolitos. A dosagem diária estabelecida de
HCA-SX foi de 4,667 mg (60% de HCA fornecendo 2,800 mg de HCA por dia) [31].
Ao investigar as
mudanças nos níveis de hormônios sexuais séricos em indivíduos com excesso de
peso, com análise do hormônio sexual (testosterona, estrona
e estradiol) níveis em amostras de soro do nosso ensaio anterior duplo-cego
controlado por placebo, em que seres humanos com excesso de peso foram expostos
ao extrato de Gc por 12 semanas com um comprimido de
270 mg contendo 185,25 mg de extrato de Gc como
ingrediente ativo, a dose do extrato foi de 1667,3 mg, contendo 1000 mg de HCA
que demonstrou ser eficaz na prevenção da gordura visceral acumulação em seres
humanos e não afetou os níveis de testosterona no soro. Em indivíduos do sexo
feminino tratados com extrato de Gc, a testosterona
sérica tendeu a aumentar, mas não significativamente, assim como não afetou
significativamente níveis séricos de estrona e
estradiol. O estudo em questão é continuidade de um anterior feito em ratos, e
os autores afirma que altas doses de extrato de Gc em
estudos com animais causam efeitos adversos os efeitos testiculares e os
resultados de estudos com animais podem não ser aplicáveis aos seres humanos
[32].
Estudo com oitenta e
seis voluntários para determinar a eficácia de extrato de folhas Glycine max (EGML) ou extrato de Gc (GCE) na suplementação, em indivíduos com excesso de
peso, para alterar composição corporal, colesterol plasmático, lipídios, adipocitoquina ou antioxidantes, com a rotina ingestão de
alimentos e atividade física mantidas ao longo do curso do estudo os indivíduos
consumiram quatro cápsulas contendo EGML (2000 mg/dia) e oito cápsulas contendo
GCE (2000 mg/dia; 60% ácido hidroxicítrico); por 10
semanas. Nenhum efeito adverso grave foi relatado, e não houve diferenças
significativas no peso corporal, índice de massa corporal (IMC) e relação
cintura-quadril (WHR) após 10 semanas de suplementação com EGML ou GCE
comparado ao placebo [2].
Os efeitos antiobesidade do extrato de Gc(HCA)
como inibição da diferenciação de
adipócitos, a redução da síntese de
ácido graxo (lipogênese) e acumulação de
gordura epidídima
se dão através da redução da atividade de ATP-citrato-liaso.
O ácido hidroxicítrico natural (HCA) de Gc é um potente supressor natural de apetite na regulação
do peso corporal ao controlar centros de fome no cérebro, envolvido no
mecanismo de ação da grelina [33].
O efeito do ácido hidroxicítrico (HCA) sobre os genes que codificam
receptores de serotonina aumenta a secreção deste hormônio, intensificando a
sensação de saciedade e, consequentemente, reduzindo a ingestão alimentar [28].
Em revisão de
literatura analisou-se a ação do ácido hidroxicítrico
da G. cambogia quanto às ações hipolipidêmica,
antioxidante, anti-úlcera, antimicrobiana, diurética,
na fertilidade, supressora de apetite, antiobesidade
e toxicidade. Em relação aos efeitos de supressão de apetite e antiobesidade, 20 estudos analisados tiveram resultados
positivos e 9 com resultados negativos. O estudo relata o papel da Gc/HCA em estimular a oxidação da gordura, aumentando a
liberação de serotonina no córtex cerebral e normalização dos perfis lipídicos
em humanos, mecanismo que pode interagir com medicamentos inibidores seletivos
da receptação da serotonina (ISRS ou SSRI). Quanto à toxicidade do ácido hidroxicítrico (HCA) na maioria dos artigos revisados não foi
confirmada e poucos casos relatados de toxicidade foram relacionados à dosagem
ou associação com outras substâncias. O estudo aponta o fato de que muitos
suplementos são uma combinação de diferentes ingredientes ativos em vez de Gc somente, o que sugere a necessidade de avaliar a
qualidade, eficácia e segurança desses produtos [20].
Em análise detalhada de
relatórios e da atividade potencial de extratos e frações de plantas
medicinais, a Gc mostrou excelentes efeitos anti-obesidade, particularmente em termos de inibição de
lipase in vitro, supressão do apetite, inibição de adipócitos diferenciação e
adipogênese, regulação do metabolismo lipídico e ativação termogênica [34].
Conclui-se que os
mecanismos de ação do ácido hidroxicítrico no
emagrecimento são apontados pela literatura como a redução na biossíntese de
ácidos graxos e lipogênese reduzindo o peso corporal de massa gorda, também,
pela inibição da alfa-amilase pancreática e da alfa-glucosidase
intestinal, levando a uma redução no metabolismo de carboidratos, e ainda
também pela supressão do apetite. Esse processo de aumento da liberação ou
disponibilidade de serotonina no cérebro provoca a sensação de saciedade, o que
possivelmente justifique relatos por reações adversas por interações
medicamentosas.
Com relação a
toxicidade da Gc ainda existem discussões, embora não
sendo confirmada na maioria dos artigos revisados, foram relatados casos de
toxicidade relacionados à dosagem ou associada com outras substâncias.
Constata-se que apesar
de vários estudos apontarem para um resultado positivo em supressão do apetite
e da perda de peso com suplementação por Gc através
do ácido hidroxicítrico, ainda são incompletos e
necessitam de pesquisas mais aprofundadas e de longo prazo que se tornem
confiáveis e apontem uma dosagem segura e eficaz para indicação do
emagrecimento em seres humanos. Além disso, os estudos analisados na presente
pesquisa adotam uma janela muito ampla (de 1000 mg/dia a 4500 mg/dia) para
recomendação de Gc visando um efeito emagrecedor,
além de serem administrados em alguns estudos em associação à outras
substâncias, não tendo, portanto, um consenso sobre a dosagem ideal.