ARTIGO ORIGINAL
Análise sensorial de suplementos nutricionais
artesanais utilizados como alternativa terapêutica para idosos desnutridos
Sensory
analysis of artisanal nutritional supplements used as a therapeutic alternative
for malnourished elderly
Mateus
Camara Dias*, Renata Costa Fortes**
*Curso de Nutrição, Instituto de Ciências da Saúde,
Universidade Paulista (UNIP), Campus Brasília/DF, **Curso de Nutrição UNIP,
Programa de Mestrado Profissional em Ciências para a Saúde, Escola Superior de
Ciências da Saúde (ESCS), Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde
(FEPECS)
Recebido
2 de maio de 2018; aceito 15 de abril de 2019
Correspondência: Profa
Dra Renata Costa Fortes, Coordenação de Nutrição,
SGAS Quadra 913, s/nº Conjunto B Asa Sul 70390-130 Brasília-DF, E-mail:
fortes.rc@gmail.com; Mateus Camara
Dias:mateusdias96nt@gmail.com
Resumo
Introdução: A senescência vem
acompanhada de diversas alterações fisiológicas acarretando em decréscimo do
estado nutricional. Fórmulas artesanais e economicamente viáveis são de grande
importância para o restabelecimento da saúde dessa população. Métodos: Estudo do tipo experimental e
analítico realizado no Laboratório de Técnica e Dietética de uma universidade
privada do Distrito Federal, entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018. A
primeira etapa do estudo consistiu na elaboração de três fórmulas artesanais
(I, II e III) com alimentos naturais e adequadas nutricionalmente, a segunda
etapa foi feita a análise sensorial das fórmulas artesanais; a terceira etapa
foi feita o cálculo comparativo das fórmulas artesanais com as industrializadas
existentes no mercado. Resultados: A
fórmula III (leite integral zero lactose, cacau em pó, banana prata, farelo de
aveia, pasta de amendoim e clara de ovo) obteve melhor aceitação em todos os parâmetros
avaliados 8,44 ± 0,86, seguido da fórmula II (mandioca, beterraba, banana,
aveia, melaço de cana, clara de ovo e arginina) 8,18 ± 0,74, em relação ao
custo; a fórmula I (maltodextrina, clara de ovo,
beterraba, óleo de canola, farinha de chia e glutamina) foi a menos onerosa e a
fórmula III foi a mais onerosa, no entanto, todas foram economicamente viáveis
quando comparadas as fórmulas industrializadas. Conclusão: O índice de aceitação das três fórmulas foi favorável,
sendo a que possuiu o maior índice de aceitação em todos os parâmetros foi a
III, assim como, em relação aos custos, todos apresentaram um valor reduzido em
comparação as industrializadas.
Palavras-chave: desnutrição,
suplementos nutricionais, terapia nutricional.
Abstract
Introduction:
Senescence is accompanied by several physiological changes leading to a
decrease in nutritional status. Artisanal and economically viable formulas are
of great importance for the restoration of the health of this population. Methods: Experimental and analytical
study carried out at the Technical and Dietetic Laboratory of a private
university of the Federal District between December 2017 and January 2018. The
first stage of the study consisted of the elaboration of three artisanal
formulas (I, II and III ) with natural foods and nutritionally adequate, the
second step was the sensorial analysis of the formulas; the third step was the
comparative calculation of the artisanal and industrialized formulas. Results: The formula III (zero lactose
milk, cocoa powder, silver banana, oat bran, peanut paste and egg white) was
better accepted in all parameters, evaluated 8.44 ± 0.86 followed by formula II
(cassava, beet, banana, oats, cane molasses, egg white and arginine) 8.18 ±
0.74, in relation to the cost; formula I (maltodextrin, egg white, beet, canola
oil, chia flour and glutamine) was the least expensive and formula III was the
most costly, however, all were economically viable when compared to the
industrialized formulas. Conclusion:
The acceptance index of the three formulas was favorable, being the one that
had the highest acceptance index in all parameters was the III, as well as, in
relation to the costs all presented a reduced value in comparison to the
industrialized ones.
Key-words: malnutrition,
dietary supplements, nutrition therapy.
O
processo de senescência é fisiologicamente natural, ocorrendo alterações
celulares como aumento do estresse oxidativo, redução da massa magra, redução
da capacidade funcional e redução da absorção dos nutrientes. Dentre as
principais alterações observadas que corroboram com a pior da qualidade de vida
do idoso, destacam-se a redução da dentição, o comprometimento do trato
gastrointestinal e o isolamento social [1].
Existe
uma correlação proporcional entre o baixo peso e a renda, ou seja, quanto menor
a renda do indivíduo maior a taxa de baixo peso. Isso se deve à dificuldade em
poder comprar uma dieta que contenha todos os nutrientes e energia necessários
para uma nutrição adequada, muitas vezes levando à desnutrição, sendo
necessário o uso de suplementos industrializados para recuperar o peso adequado
[2].
A
desnutrição, na população idosa, é bastante prevalente e constitui um agravante
para a saúde, sendo necessário o uso de suplementos industrializados, em sua
maioria, onerosos e inacessíveis, porém, imprescindíveis para a recuperação do
peso e da autonomia do paciente. Outra opção de suplementação é a artesanal (ou
caseira) elaborada com alimentos naturais e que requer higienização, sabor e
textura adequados para uma ingestão contínua e, ao mesmo tempo, com todos os
nutrientes necessários para recuperação do estado nutricional [3].
A
análise sensorial tem por objetivo predizer possíveis inadequações na qualidade
do produto no que diz respeito aos parâmetros organolépticos, como, cor, sabor,
aroma, textura e aparência, avaliando as notas atribuídas a cada uma das
características e podendo fazer alterações antes que o produto saia em
circulação para venda [4].
O
presente estudo tem por objetivo efetuar a análise sensorial de fórmulas
nutricionais artesanais a serem utilizadas como alternativas terapêuticas para
idosos desnutridos.
Este
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da
Universidade Paulista (UNIP), Campus Indianópolis-SP, sob o parecer número
118077/2017 e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) número
78339117.9.0000.5512.
Tratou-se
de um estudo experimental analítico realizado no Laboratório de Técnica em
Dietética da UNIP, Campus Brasília-DF, no período de dezembro de 2017 a janeiro
de 2018. Foram elaboradas e, posteriormente, analisadas três fórmulas de
suplementos orais artesanais identificadas como “I”, “II” e “III” (Quadro I). A
escolha dos alimentos que foram utilizados nas fórmulas foi feita com o
objetivo de obter uma preparação hipercalórica e hiperproteica,
visando atender ao público idoso, principalmente desnutrido.
Quadro I – Ingredientes das fórmulas artesanais.
Para
o preparo das três fórmulas primeiramente foi feita a higienização dos
utensílios e equipamentos utilizados, além do manipulador, conforme as
orientações do Manual de Boas Práticas RDC n° 216.
Na
elaboração da fórmula I, o ovo foi cozido e a gema foi retirada, pois só
utilizou a clara na preparação. A beterraba foi descascada e triturada no
liquidificador para obter o suco, foi utilizado o próprio medidor da glutamina,
depois os demais ingredientes foram também colocados no liquidificador (Philips
Walita) para homogeneização, posteriormente a mistura
obtida foi peneirada.
Na
fórmula II, a mandioca e os ovos foram cozidos, novamente só foi utilizada a
clara na preparação. A beterraba foi descascada e triturada no liquidificador,
a arginina foi utilizada na forma de sachê onde foi colocado juntamente com os
demais ingredientes e a água, após ter uma mistura homogênea de todos os
ingredientes foi peneirado.
Na
realização da fórmula III, foi cozido o ovo e apenas utilizou a clara. Após a
preparação da clara do ovo, a mesma foi adicionada no liquidificador aos demais
ingredientes. Esta preparação não passou pela peneira.
Todas
as preparações seguiram o quantitativo descrito no Quadro II.
Quadro II – Descritivo do quantitativo de cada ingrediente utilizado na elaboração
das fórmulas artesanais.
As
análises sensoriais foram realizadas no Laboratório de Técnica e Dietética da
UNIP de forma individualizada. Os voluntários receberam três amostras em um
copo plástico branco, contendo 100 ml de cada amostra, codificado com o número
aleatório de 3 dígitos. Os participantes foram instruídos de como avaliar a
amostra, em relação a aparência, sabor, textura e cor. As amostras I, II e III
foram dispostas da esquerda para a direita, após a degustação de cada amostra
os participantes bebiam 100 ml de água para retirar os resíduos no paladar e
não interferir na outra amostra. Após cada degustação, cada indivíduo respondeu
um questionário de escala hedônica.
O
questionário foi feito utilizando uma escala hedônica de nove pontos, sendo
eles: 1 – Desgostei extremamente, 2 - Desgostei muito, 3 – Desgostei
moderadamente, 4 – Desgostei ligeiramente, 5 – Indiferente, 6 – Gostei
ligeiramente, 7- Gostei moderadamente, 8 – Gostei muito, 9 – Gostei
extremamente.
A
análise dos dados coletados foi realizada pelo software Microsoft Excel 2010,
por meio de planilhas de bancos de dados. Os resultados foram apresentados por
meio de estatística descritiva simples. O índice de aceitação das amostras foi
calculado utilizando a seguinte expressão matemática:
IA
% = X*100/N (1)
Onde:
X = média de cada amostra; N = nota máxima, de cada amostra, dada pelos provadores;
IA = índice de aceitação.
Para
análise das fórmulas artesanais, de acordo com a escala hedônica, considerou-se
a seguinte classificação: entre 1 e 4 = rejeição; 5 = indiferença; entre 6 e 9
= aceitação.
Os
voluntários que participaram da análise sensorial eram saudáveis, de ambos os
sexos, acima de 18 anos, e que não possuíam nenhum vínculo com a universidade.
Foi dado previamente um questionário de alergia e intolerância alimentar
aqueles que marcaram sim para qualquer alimento foram excluídos. Após a
degustação de todas as amostras, julgaram o grau de satisfação em relação a
aparência, cor, sabor, textura e aceitação global.
Os
indivíduos que atenderam aos critérios de inclusão e concordaram em participar
voluntariamente da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE após informações e esclarecimentos detalhados dos objetivos
e procedimentos do estudo em questão.
O
estudo foi conduzido com a participação de 50 voluntários saudáveis com média
de idade 25,4 ± 4,03 anos, sendo todos provadores não treinados e do sexo
masculino 100% (n = 50).
Ao
analisar os atributos sabor e textura, a fórmula I obteve um índice de
aceitação de 91% (n = 44), indiferença 3% (n = 2) e rejeição 6% (n = 4), já a
fórmula II obteve 100% (n = 50) de aceitação em ambos os atributos. A fórmula
III apresentou 99% (n = 49) de aceitação no sabor e apenas 1% de rejeição (n =
1), na avaliação da textura 95% (n = 46) gostaram e 4%, (n = 3) indiferente e
apenas 1% de rejeição (Tabela I).
Tabela I – Avaliação do índice de aceitação das fórmulas artesanais.
Fórmula
I (Maltodextrina, clara de ovo, beterraba, óleo de
canola, farinha de chia e glutamina); Fórmula II (Mandioca, beterraba, banana,
aveia, melaço de cana, clara de ovo e arginina); Fórmula III (Leite integral
zero lactose, cacau em pó, banana prata, farelo de aveia, pasta de amendoim e
clara de ovo); entre 9 a 6 = aceitação, 5 = indiferença 1 e 4 = rejeição,
respectivamente.
A
fórmula III obteve o maior índice de aceitação no atributo aparência, com 100%
(n = 50) e a de menor índice foi a fórmula I, com 94% (n = 47). Já, a fórmula
que obteve maior índice de rejeição em todos os parâmetros avaliados foi a
fórmula I, com 12% (n = 13).
Nas
características nutricionais das fórmulas artesanais, a fórmula que apresentou
uma maior quantidade de calorias em 100 g, foi a fórmula II 128,8 kcal, a
fórmula que obteve maior teor de proteínas foi a formula III 7,2 g, e a fórmula
que obteve maior quantidade de carboidrato foi a fórmula II 24 g, a fórmula I
obteve menor teor de calorias 52 kcal em 100 g de produto (Quadro III).
Quadro III – Tabela nutricional das fórmulas nutricionais artesanais.
Fórmula
I (Maltodextrina, clara de ovo, beterraba, óleo de
canola, farinha de chia e glutamina); Fórmula II (Mandioca, beterraba, banana,
aveia, melaço de cana, clara de ovo e arginina); Fórmula III (Leite integral
zero lactose, cacau em pó, banana prata, farelo de aveia, pasta de amendoim e
clara de ovo).
Ao
fazer a comparação entre os preços, das fórmulas artesanais, com as
industrializadas, foi observado uma grande diferença entre os preços, fórmula 1
industrializada em 200 ml apresentou R$ 22,70, já a fórmula I artesanal em 200
ml apresentou R$ 5,25. A fórmula artesanal que teve maior valor, foi a fórmula
III R$ 6,20 e a fórmula industrializada que teve maior valor foi a fórmula III
R$53,58 reais. Todas as fórmulas artesanais apresentaram valor reduzido em
comparação as industrializadas, cerca de R$ 100 de diferença calculando a soma
das três fórmulas (Quadro IV).
Quadro IV - Valores comparativos entre fórmulas artesanais e industrializadas.
Fórmula
industrializada I (água, maltodextrina, caseinato de sódio, caseinato de
cálcio, óleo de peixe, L-arginina, Trigilicerio de
cadeia media, óleo de milho, lecitina de soja, polidimetilsiloxano,
espessante carragena, edulcorante); Fórmula
industrializada II (Maltodextrina, caseinato de potássio, sacarose, gordura de leite,
triglicerídeos de cadeia media, óleo de milho, lecitina de soja, complexo de
minerais e vitaminas); Fórmula industrializada III (água, matodextrina,
proteína isolada de soja, óleo de canola, triglicerídeo de cadeia média,
citrato de potássio, fosfato tricálcico, mono e diglicerideos, polidimetilsiloxano,
lecitina de soja, estabilizante carragena, corante
urucum).
Os
alimentos utilizados nas fórmulas têm por finalidade promover o aumento da
densidade calórica em uma refeição com um pequeno volume, visto que foi feito
com o objetivo de apresentar uma boa palatabilidade e, em consequência, uma
aceitação favorável.
Existem
poucos estudos que avaliam as características organolépticas dos suplementos
artesanais, porém, um estudo conduzido por Jansen et al. [5] analisou o teor de cinzas e
de nutrientes nas fórmulas artesanais e constatou que a suplementação artesanal
foi capaz de conter todos os macros e micronutrientes necessários, possuindo
assim um teor de nutrientes adequado tanto quanto o das fórmulas
industrializadas.
A
fórmula III apresentou melhor aceitabilidade em todos os parâmetros
organolépticos avaliados. Isto pode ser devido ao sabor do cacau, o que remete
ao cérebro a lembrança do chocolate, explicando parcialmente a preferência
cultural dos provadores [6]. Em relação à textura, obteve-se uma viscosidade
mais grossa em comparação as outras duas fórmulas que ficaram mais líquidas. Os
suplementos artesanais se tornam uma ótima opção para pacientes com
determinadas doenças que não conseguem arcar com os custos, muitas vezes
onerosos, das fórmulas industrializadas.
Garófolo, Alves e Rezende [7]
conduziram um estudo no qual foram elaborados suplementos orais artesanais para
pacientes com câncer A análise físico química revelou uma excelente composição
nutricional e a análise sensorial indicou um alto grau de aceitação de todos os
suplementos avaliados.
Franca
et al. [8] ao compararem as fórmulas
industrializadas com as fórmulas artesanais, por meio de uma revisão de
literatura, constataram uma tendência maior a aceitação das fórmulas
industrializadas em relação ao sabor. Outra desvantagem apresentada nas fórmulas
artesanais, foi que há uma alteração na composição dos alimentos, devido a
sazonalidade, estoque e processamento do alimento, com isso, causando uma
redução dos micronutrientes e macronutrientes. Foi observado nessa revisão que
houve uma tendência maior dos artigos para a escolha da fórmula
industrializada, pois a mesma, é de fácil preparação, reduz as complicações
decorrentes da doença e possui perda reduzida dos micronutrientes [9].
Uma
das fontes de carboidratos utilizadas no estudo foi a maltodextrina.
A maltodextrina é um amido hidrolisado, ou seja, não
requer ação de enzimas digestivas para hidrólise e absorção dos açúcares. No
entanto, por ser um nutriente hidrolisado, é capaz de promover um aumento mais
rápido da glicemia quando comparado aos carboidratos complexos. Para minimizar
esse efeito, utilizou-se a aveia, uma fibra alimentar solúvel, que auxilia no
aumento do tempo de esvaziamento gástrico, promovendo lentidão na absorção de
glicose, dentre outros efeitos metabólicos benéficos e promissores [10].
A
glutamina - aminoácido condicionalmente essencial - atua, dentre outras
funções, como substrato energético para os enterócitos, visto que promove
alongamentos das vilosidades intestinais e auxilia na sua multiplicação devido
à alta taxa de replicação celular [11]. Ao ser adicionada junto com os demais
ingredientes da formulação não proporcionou sabor residual. Suplementos que
contem aminoácidos, geralmente tem uma tendência maior a apresentar o sabor
amargo, piorando a aceitabilidade, no entanto a utilização da glutamina na
fórmula, não alterou as características organolépticas.
A
beterraba possui em sua composição nitrato e, consequentemente, nitrito por
meio da redução da molécula de nitrato ao nitrito no organismo humano, o que
auxilia na produção de oxido nítrico na parede endotelial. Sendo assim, a
beterraba constitui um coadjuvante na redução da pressão arterial, visto que o
óxido nítrico promove dilatação dos vasos sanguíneos [12].
Como
fonte de ácidos graxos, utilizou-se o óleo de canola devido ao maior teor de
ômega 3 [13] em comparação aos demais óleos vegetais, com isso enriquecendo o
valor nutricional da fórmula, com propriedades anti-inflamatória. A pasta de
amendoim proporciona melhor palatabilidade aos produtos, além de possuir
compostos antioxidantes [14] auxiliando na redução do stress oxidativo causado
pela senescência.
Há
uma tendência maior da perda de massa muscular no público
idoso, pensando nessa
característica a proteína adicionada às
fórmulas foi majoritariamente o ovo,
pois possui um excelente perfil de aminoácidos e por ter um
baixo custo e um
bom acesso a todos. Evidência científica aponta que a
utilização do ovo na
alimentação pós exercício físico
é capaz de promover um aumento da síntese de
proteína,
com redução da perda de massa muscular [15].
A
mandioca foi usada como alternativa para a maltodextrina,
pois este alimento necessita da hidrólise enzimática, promovendo redução da
liberação de glicose para a corrente sanguínea, constituindo uma boa
alternativa de carboidrato para idosos que possuem intolerância à glicose,
resistência periférica à insulina e diabetes mellitus [16]. Foi observado
também que ao comparar a fórmula I com a fórmula II em relação ao sabor, a
fórmula II obteve mais aceitação, podendo ser devido ao gosto residual da maltodextrina.
O
leite utilizado na fórmula III teve como principal função o enriquecimento da
fórmula com as proteínas específicas do leite (alto valor biológico) capazes de
melhora a composição corporal por estimularem a síntese proteica,
principalmente o leite integral [17]. A utilização do leite zero lactose foi
devido à redução da enzima lactase comumente presente na senescência, então,
evitando possíveis efeitos colaterais advindos da intolerância à lactose [18].
O
cacau tem por principal função auxiliar na palatabilidade por lembrar o sabor
do chocolate, o mesmo possui teobromina e polifenois
que são capazes de reduzir a pressão arterial [19]. Foi adicionado a fórmula a
banana prata, pois está, tem a capacidade de auxiliar na produção de triptofano
e por ser rica em potássio, promovendo natriurese com
consequência auxiliando na redução da pressão arterial além de seus efeitos
como fibra solúvel, ou seja, pectina presente no albedo [20].
A
arginina tem por função primária estimular a enzima oxido nítrico sintetase, tendo um efeito sinérgico ao da beterraba. Logo,
a arginina é um potente aminoácido vasodilatador dada à produção de óxido
nítrico, além de atuar como cicatrizante em feridas e lesões por pressão muito
comuns na população idosa devido ao grande número de quedas e doenças
incapacitantes que requerem restrição ao leito e/ou cadeira de rodas [21].
Cabe
mencionar que constitui limitação do presente estudo o fato de que os
voluntários eram saudáveis e adultos jovens, tendo em vista que as fórmulas
foram elaboradas visando atender à população idosa que não possui condições
financeiras para a aquisição de produtos industrializados, principalmente
desnutrida. Entretanto, esse viés não inviabiliza o estudo, uma vez que as
formulações constituem alternativas terapêuticas para as diversas situações
clínicas e faixas etárias, excetuado os casos de alergia e/ou intolerância a
algum dos componentes das fórmulas, podendo, nesse sentido, substituir por
outros alimentos devidamente indicados pelo profissional nutricionista.
O
índice de aceitação das três fórmulas foi favorável, sendo a que possuiu o
maior IA em todos os parâmetros foi a fórmula III. Em relação aos custos, todas
as fórmulas apresentaram um valor reduzido em comparação aos produtos
industrializados. A aceitabilidade da suplementação é de suma importância,
visto que a mesma corrobora para o ganho de peso, particularmente de massa
magra, devido ao aporte de proteínas de alto valor biológico. Porém, devido à
escassez de estudos direcionados à análise sensorial de formulações artesanais,
estudos adicionais são necessários, principalmente no intuito de atender à
população idosa de baixa renda e desnutrida e/ou com risco nutricional.