ARTIGO
ORIGINAL
Estado
nutricional de idosos internados na clínica médica de um hospital universitário
Nutritional status of hospitalized elderly in the medical clinic
ward of a university hospital
Caroline Regina Silva
da Silva*, Elisangela de Macedo Maués**, Rozinéia de
Nazaré Alberto Miranda***, Tayana Caroline
Santos****, Elenilce Pereira Carvalho, M.Sc.*****, Fernanda Oliveira
Serrão******
*Acadêmica
do Curso de Graduação em Nutrição. Universidade Federal do Pará, Bolsista
do Projeto de Extensão **Nutricionista, Residência Multiprofissional em Saúde
do Idoso. Hospital Universitário João de Barros Barreto, Universidade Federal
do Pará, ***Docente da Faculdade de Nutrição, Instituto de Ciências da Saúde,
Universidade Federal do Pará, ****Nutricionista do Hospital Universitário João
de Barros Barreto, Universidade Federal do Pará, *****Nutricionista, Preceptora
da Residência Multiprofissional na Saúde do Idoso, Hospital Universitário João
de Barros Barreto, Universidade Federal do Pará, ******Nutricionista,
Pós-Graduanda em Saúde Cardiovascular, Universidade Estadual do Pará
Recebido 23 de junho
de 2018; aceito 15 de dezembro de 2018.
Correspondência: Rozinéia
de Nazaré Alberto Miranda: rozi@ufpa.br; Caroline Regina Silva da Silva:
carolinesilvanutri@gmail.com, Elisangela de Macedo Maués:
elismaues@yahoo.com.br; Tayana Caroline Santos:
tayana.css@gmail.com Elenilce Pereira Carvalho:
epc@ufpa.br; Fernanda Oliveira Serrão: fernandaoliveira.serrao@gmail.com
Resumo
Introdução: O envelhecimento
humano é um processo natural que aponta para a vulnerabilidade da saúde. Objetivo: Avaliar o estado nutricional
de idosos internados em um hospital universitário por meio da Mini Avaliação
Nutricional (MAN). Métodos: Estudo
transversal, prospectivo e descritivo, com a amostra composta por idosos, de
ambos os sexos com idade ≥ 60 anos. Foi utilizado um questionário para
coletar informações sociais e demográficas e a aplicação da MAN como
instrumento avaliativo do estado nutricional. Aplicou-se o teste Qui-quadrado, ANOVA e Correlação de Pearson neste estudo e
para todas as análises foi utilizado o p ≤ 0.05. Resultados: Foram avaliados 115 idosos, com predominância do sexo
feminino (55,6%), em sua maioria aposentados (62,6%) e possuíam baixa
escolaridade. Ao associar as variáveis da MAN com o diagnostico do estado
nutricional obtido pela mesma verificou-se significância estatística entre a
diminuição da ingesta alimentar, perda de peso e risco de desnutrição/desnutrição.
O risco de desnutrição e desnutrição prevaleceu em todas as variáveis
antropométricas. Verificou-se relação positiva e significante entre todas as
variáveis analisadas. Conclusão: A
maioria dos idosos apresentou risco de desnutrição e/ou desnutrição, sendo
importante a aplicação deste instrumento para diagnóstico precoce para que seja
assegurada a saúde integral os idosos hospitalizados.
Palavras-chave: idosos, avaliação
nutricional, estado nutricional.
Abstract
Introduction: Human aging is a natural process that points to health vulnerability. Objective: To assess the nutritional
status of hospitalized elderly in a university hospital through the Mini
Nutritional Assessment (MNA). Methods:
Cross-sectional, prospective and descriptive study with a sample composed by
elderly individuals, of both sexes, aged ≥ 60 years. A questionnaire was
used to collect social and demographic information and MNA was used as an
evaluation tool for nutritional status. Chi-square test, ANOVA and Pearson's
correlation were applied in this study and p ≤ 0.05 was used for all
analyzes. Results: A total of 115
elderly people were assessed, predominantly female (55.6%), mostly retired
(62.6%) and low educational level. When associating the variables of MAN with
this tool’s nutritional status diagnosis it was verified statistical
significance between the decrease of the alimentary intake, loss of weight and
“risk of malnutrition” and “malnutrition”. The risk of malnutrition and
malnutrition prevailed in all anthropometric variables. There was a positive
and significant relationship between all analyzed variables. Conclusion: The majority of the elderly
presented a risk of malnutrition and/or malnutrition. This instrument should be
applied for early diagnosis for the hospitalized elderly patients could be
assured of complete health.
Key-words: elderly,
nutritional assessment, nutritional status.
O envelhecimento é um
processo natural no organismo ocasionando alterações que diminuem a capacidade
do idoso em relação ao meio, aumentando sua vulnerabilidade e o risco de
doenças. O estado nutricional aponta para a importância da nutrição na saúde, o
desacordo entre o consumo e o gasto energético observado nessa faixa etária
pode levar a distúrbios que se não forem ajustados culminarão em quadros de
desnutrição ou obesidade, que são recorrentes nessa fase da vida [1].
A hospitalização é
considerada um fator de risco para esta faixa etária, de modo que apresenta um
alto grau de comprometimento do estado geral, sendo a desnutrição mais
frequentemente observada entre os idosos hospitalizados e associada à maior
incidência de complicações, mortalidades e tempo de internação [2].
A avaliação
nutricional é importante e em alguns momentos considerada difícil de ser
realizada no idoso devido aos diversos fatores, como: alterações na composição
corporal, presença de doenças, variações fisiológicas da própria idade, edema e
modificações na qualidade de vida durante o envelhecimento [3].
A Mini Avaliação
Nutricional (MAN) é um instrumento utilizado na avaliação de triagem de
indivíduos com idade de ≥ 60 anos, composto de 18 questões associadas em
categorias como avaliação antropométrica, avaliação geral (uso de medicamentos
diário, estilo de vida, lesões na pele, mobilidade do idoso e presença de
sinais depressivos e demência), avaliação dietética e terminando com a
avaliação subjetiva (consciência do indivíduo sobre seu estado de saúde e
nutrição) e que associada aos métodos de avaliação nutricional tradicional
oferece um diagnóstico nutricional precoce do estado do idoso hospitalizado
[4]. Diante do exposto o estudo objetivou conhecer o estado nutricional dos
pacientes idosos hospitalizados através da aplicação da MAN para a identificação
precoce de passiveis riscos de desnutrição.
Estudo do tipo
transversal, descritivo e prospectivo, realizado nas enfermarias da clínica
médica, do Hospital Universitário João de Barros Barreto, de acordo com a
demanda espontânea da Instituição. A amostra foi do tipo não probabilístico,
por conveniência, entre os idosos hospitalizados no período de maio de 2016 a
fevereiro de 2017.
Foram incluídos
idosos com idade ≥ 60 anos, de ambos os sexos, que aceitarem participar
do estudo, os quais foram esclarecidos a respeito do estudo e procedimentos de
coleta, por meio da apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) e posterior assinatura do mesmo ou do seu familiar.
Esta pesquisa é parte
de um projeto intitulado “Estado Nutricional, Aceitabilidade da Dieta e Tempo
de Permanência de Idosos Hospitalizados”. O projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa do Hospital Universitário João de Barros Barreto/UFPA,
parecer nº 1.568.091.
Para realizar a
avaliação nutricional foi aplicada, nas primeiras 72 horas de internação aos
idosos a MAN, que é um instrumento que compreende 18 itens agrupados em duas
categorias: triagem e avaliação global, sendo a primeira com seis perguntas,
totalizando 14 pontos e a segunda com 12 questões, com pontuação máxima de 16
pontos. Os pacientes que apresentaram 12 ou mais pontos da triagem nutricional
foram posteriormente retirados e classificados como eutróficos
e os que tiveram pontuação de 17 a 23,5 na avaliação total da MAN, foram
considerados idosos com risco nutricional e os com a pontuação menor que 17
pontos com quadro de desnutrição [5].
O Índice de Massa
Corporal (IMC) foi obtido através das medidas de peso e altura que foram
realizadas em balança e analisador corporal digital científico Wiso Care W721, com medidor de
altura por ultrassom, capacidade para 180 kg e precisão de 100 g. Os pacientes
foram pesados sem sapatos e com roupas leves. A altura foi medida com o
paciente em posição ereta, com os pés juntos, olhar direcionado para um ponto
fixo, sem calçados ou adornos na cabeça [6]. O IMC foi calculado pela fórmula:
Peso (kg) ÷ Altura2 (m) e sua classificação realizada e seguida da atribuição
de pontos de acordo com os valores da MAN: (IMC < 19,0 kg/m²) pontuação 0, (IMC = 19 < a IMC < 21 kg/m²) pontuação de 1, (IMC
= 21 a IMC < 23 kg/m²) pontuação 2 e (IMC ≥ 23 kg/m² pontuação 3.
A Circunferência do
Braço (CB) foi verificada utilizando-se fita métrica inelástica com precisão de
1 milímetro. Para tanto, o avaliado permaneceu de pé e
o braço dominante foi flexionado, formando ângulo de 90 graus. Em seguida, foi
marcado o ponto médio entre o acrômio e o olecrano solicitando, após, que o
braço ficasse relaxado e a palma da mão voltada para a parte interna do corpo,
a fita métrica contornou o braço no ponto demarcado, e a medida realizada sem
exercer pressão sobre o braço. Através da CB classificou-se o estado
nutricional segundo a tabela de percentis da NHANES III adequada pela equação CB
(%) = CB obtida (mm) x 100/CB percentis 50, e classificada segundo Blackburn e
Thornton [7].
A Circunferência da
Panturrilha (CP) foi aferida com o indivíduo sentado e a perna relaxada,
formando um ângulo de 90° com o joelho e o tornozelo, ao redor da maior
proeminência da musculatura da panturrilha, sem que haja contração do músculo.
Valores inferiores a 31 cm indicam perda de massa muscular [8].
Foram coletadas ainda
informações sócias e demográficas dos pacientes, descritos a seguir: idade (separadas
por faixas etárias), sexo, ocupação, escolaridade e tempo de internação,
através de um questionário próprio estruturado.
Os dados gerados pela
pesquisa foram compilados e armazenados em um banco de dados no programa
Microsoft Office Excel (2013). Para a análise estatística das amostras
utilizou-se o programa Bioestat 5.3. Realizou-se
estatística descritiva, por meio da média e desvio padrão e as categorias por
proporções e seus intervalos de confiança de 95%. Foi utilizado o teste Qui-quadrado para associação entre o estado nutricional e
as variáveis da triagem nutricional e para verificar as diferenças de médias
foi realizada a análise de variância (ANOVA). Empregou-se o teste de Correlação
Linear de Pearson para correlacionar as variáveis antropométricas, ingestão
alimentar e pontuação total da MAN. Para ambas analises foi utilizado o nível
de significância de p ≤ 0,05.
A amostra foi
constituída por 115 pacientes idosos. Predominância do sexo feminino (55,6%). A
maioria dos idosos (62,6%) já encontravam-se
aposentados e distribuído igualmente entre as faixas etárias de 60 a 79 anos.
Prevalência com menor nível de escolaridade encontrava-se nos idosos longevos (≥
80 anos) com média de (4,8 ± 3,6). O tempo de internação médio foi maior nos
idosos mais jovens (60 e 69 anos), com valores entre (23,62 ± 10,6) seguida em
ordem decrescente com o avançar da idade (Tabela I).
Tabela
I - Perfil sociodemográfico
dos idosos internados em um Hospital Universitário em Belém/PA, 2016/17.
DP = Desvio Padrão
Foi encontrado
associação estatisticamente significativa entre a diminuição da
ingestão alimentar e os pacientes que apresentaram risco de
desnutrição/desnutrição (p = 0,0017), assim como para a perda de peso (p =
0,0001), entretanto problemas neuropsicológicos (p = 0,2378) e estresse
psicológico (p = 0,0761) não apresentaram associação significativa com risco de
desenvolver desnutrição em idosos (Tabela II).
Tabela
II -
Associação das variáveis da triagem
nutricional com o diagnóstico obtido pela MAN em idosos internados em um
Hospital Universitário em Belém/PA, 2016/17.
Na antropometria o
menor valor de IMC encontrou-se em pacientes desnutridos, com média (IC 95% de
19,18 kgm²), sendo estatisticamente representativo, assim como a CB (IC 95% de
22,26 cm) e a CP com (IC 95% de 26,87 cm), respectivamente, conforme a tabela
III.
Tabela
III
- Média das variáveis antropométricas
obtidas através da MAN, em idosos internados em um Hospital Universitário em
Belém/PA, 2016/17.
IMC = Índice de Massa
Corporal; CB = Circunferência do Braço; CP = Circunferência da panturrilha.
Teste de ANOVA
No teste de correlação
de Pearson verificou-se correlação positiva e estatisticamente significante
entre todas variáveis analisadas. Destacando-se porem uma correlação forte
entre o IMC versus CB (r: 0,87955) e
o IMC e a ingestão alimentar (r: 0,8032). Quanto à pontuação total da MAN
destaca-se a correlação fraca com a ingestão alimentar (r: 0,2332), seguido de
uma crescente correlação moderada com a CB e a CP, conforme tabela IV.
Tabela
IV -
Correlação das variáveis antropométricas,
ingestão alimentar e pontuação total da MAN, em idosos internados em um
Hospital Universitário em Belém/PA, 2016/17.
Correlação de Pearson
(r)
Em estudo realizado
por Storti et al. [9] foi
identificado uma distribuição por gênero diferente da encontrado no presente
estudo, sendo o sexo masculino mais prevalente (60,7%) do que o feminino
(39,3%), em contrapartida, Silveira et
al. [10] constatou que 55,5% das internações de idosos no país, têm
prevalência o sexo feminino corroborando com os achados neste estudo. Segundo
dados do IBGE [11], a população de idosos no país vem crescendo nos últimos
anos, sendo constatado que a mulher idosa se encontra como maioria da população
que compõe esta faixa etária no país.
A maior prevalência
de internações também foi encontrada por Storti et al. [9] em idosos na faixa de idade
entre 60 a 69 anos, (n = 34 e 40,5% dos casos de hospitalização), assim como na
pesquisa feita por Motta e Silva [12] foi também possível observar um
percentual maior de idosos hospitalizados nesta mesma faixa corroborando com os
achados encontrado nesta pesquisa.
A MAN apresenta-se
como um indicador importante para a detecção de risco nutricional em idosos. No
estudo de Dias et al. [13] foi possível observar a
correlação da MAN com outros parâmetros analisados no estado nutricional
(antropométricos, laboratoriais e hematológicos) confirmando então sua
sensibilidade.
Os achados
encontrados pela triagem da MAN e a associação de suas variáveis com a
desnutrição encontrada nos pacientes idosos apresentam-se em conformidade com o
estudo de Mahan Escott-Stump
& Raymond [14] que associa possíveis comprometimentos, como as perdas
sensoriais que podem levar a disgeusia e hiposmia com o decorrer do envelhecimento, a saúde oral do
idoso como um fator importante também a ser observado, pois a perda dentária
comum ao envelhecimento dificulta a mastigação do idoso. Consequentemente,
estes fatores podem contribuir para a diminuição da ingestão alimentar de
idosos e a perda de peso dos mesmos.
Observa-se que na
fase idosa a perda de apetite e a baixa ingestão de alimentos é influenciada
também por fatores fisiológicos e patológicos, que em conjunto contribuem para
levar os idosos a apresentarem riscos de desnutrição, provocando assim perdas
no estado nutricional e de saúde de pacientes, como relata o estudo de Souza et al. [15] e Dias et
al. [13] observaram uma correlação importante na classificação da MAN e a
ingestão alimentar identificando que a ingestão alimentar apresentou valores
energéticos abaixo do recomendado em pacientes classificados como desnutridos
ou em risco de desnutrição.
De acordo com Abreu
[16], um dos sistemas mais comprometidos com o envelhecimento é o sistema
digestório, que gradativamente ao longo dos anos vai apresentando alterações
que diminuem os processos mecânicos e químicos da ingestão, digestão e absorção
dos alimentos, ocasionando graves problemas de saúde ao idoso devido aos riscos
nutricionais por ele apresentado. Melo et al. [17]
citaram ser a desnutrição um problema comum dentre os idosos hospitalizados,
sendo encontrando em cerca de 50% destes, havendo uma relação significativa,
como observado no estudo em questão.
Ao longo dos anos a
redução de autonomia física nos idosos torna-se maior, dependendo de maiores
cuidados. A relação entre a mobilidade e o envelhecimento é um fator muito
importante na qualidade de vida da pessoa idosa e no presente estudo foram
encontradas alterações a essa capacidade, assim como consta no estudo de
Fischer [18] que descreveu as consequências do processo de envelhecimento e
suas perdas de capacidade motora e funcional. Isto provoca grandes impactos e
afetam além da capacidade de locomoção, a participação social, podendo
acarretar em isolamento e exclusão desses indivíduos.
A aplicação da MAN
representa um bom indicador para identificar riscos de desenvolver complicações
atribuídas à desnutrição [19]. No trabalho de Araújo [20] a utilização da MAN
foi apenas usada como primeira triagem para avaliar a presença do risco
nutricional, a fim de subsidiar o uso da dietoterapia
mais rápido no ambiente hospitalar.
Soares e Mussoi [21] ao avaliarem o estado nutricional encontrado
através da MAN em idosos hospitalizados no interior do Rio Grande do Sul
verificaram que a avaliação de escore de 36 pacientes (40,4%) precisou ser
interrompida por mostrarem resultados acima de 12 pontos, sendo considerados
mediante a avaliação como pacientes normais. Seguindo
a aplicação do questionário ao restante dos pacientes que apresentaram
pontuações menores e consequentemente risco de desnutrição ou desnutrido, esta
forma de avaliação de escore foi realizada também no presente artigo.
Segundo a
classificação do IMC observou-se valores predominantes para presença de riscos
de desnutrição e desnutrição através da MAN no estudo em questão, assim como
encontrado no estudo de Dalpiaz et
al. [22], que encontrou entre idosos avaliados pelo IMC um percentual de 48,4%
de pacientes que no momento da admissão já apresentavam risco de desnutrição ou
desnutrição.
Fidelix et al. [23] observaram que a prevalência de desnutrição em idosos
hospitalizados identificados através da MAN variou de 2% a 80%, sendo o IMC
acima da média bastante representativa em toda a sua pesquisa. Segundo Ferreira
et al. [19] na aplicação da MAN foi possível
classificar o estado nutricional por meio do IMC encontrando resultado
semelhante ao estudo em questão: desnutridos 6 (25%), 13 (54,2%) em risco de
desnutrição, 1 (4,2%) sem risco nutricional e 4 (16,7%) normais.
Nos estudos de Paz et al. [24] 54,1% dos idosos apresentaram
valores que apontaram para desnutrição através da mensuração da CB, medida esta
que identifica a presença da desnutrição. Este resultado encontrado pode ser
justificado por diminuição de massa muscular e gordura, assim como por meios
dietéticos e funcionais do próprio envelhecimento.
O resultado
encontrado nesse estudo mostra a prevalência de pacientes com a CB diminuída,
que foi estatisticamente significativa, tanto em pacientes com riscos de
desnutrição como nos desnutridos, medida que serve como indicador de reservas
proteicas e calóricas. Resultado semelhante ao encontrado no estudo de Mercadenti et al. [25] , no
qual 41,1% dos pacientes apresentaram desnutrição segundo a CB.
A CP é um marcador de
desnutrição utilizado para avaliar o estoque proteico, sendo considerada mais
sensível para identificação de massa muscular em idosos [26]. Indivíduos que
possuem a medida da CP abaixo de 31 cm são considerados desnutridos [27].
O presente estudo em
sua maioria apresentou idosos com valores da CP inferiores ao mínimo para ser
considerado eutrófico. Resultados contrários foram
encontrados no estudo de Colemberge e Conde [28] e de
Segalla e Spinelli [29], onde a média da CP estava adequada, com valores médios
de 36,7 cm para homens e 34,8 cm para mulheres. Entretanto o trabalho de
Peixoto et al. [30], ao analisarem a mesma
variável e sua associação com a massa muscular de indivíduos hospitalizados,
observou uma correlação positiva da CP com a massa muscular, com valores de
(Beta= 0,740, r² = 0,548, p = 0,0001) e a Força de preensão manual (Beta=
0,383, r² = 0,147, p = 0,0001) se correlacionando diretamente com a CP.
Neste estudo foi
encontrada uma correlação positiva entre todas as variáveis da MAN e sua
pontuação total na aplicação do teste estatístico. Resultado semelhante foi
encontrado no estudo de Valença e Andrade [31], ao correlacionar a depressão em
idosos hospitalizados com a desnutrição utilizando a MAN como instrumento de
coleta destes dados. Verificou-se correlação positiva entre depressão e desnutrição
(r = 0,526; p = <0,05), ou seja, quanto maior o estado de depressão do idoso
maior a prevalência de desnutrição. Mostrando resultados parecidos ao do
presente estudo.
A principal limitação
observada neste estudo, em função da faixa etária, foi que algumas perguntas
feitas na 1ª parte da triagem foram respondidas por acompanhantes, no entanto,
destaca-se que o objetivo do estudo foi atingido.
Os resultados
apontaram riscos significativos para o risco de desnutrição e desnutrição em
idosos hospitalizados com correlações positivas entre todas as variáveis da MAN
permitindo identificar precocemente idosos em risco nutricional. Por fim, ainda
destaca-se a importância de uma maior atenção dos profissionais da área da
saúde a esta faixa etária, sendo importante assegurar um estado nutricional
adequado evitando com isso longos períodos de internação e aumento do custo ao
sistema de saúde.