ARTIGO ORIGINAL
Avaliação do estado
nutricional e anemia ferropriva em crianças de 3 a 10 anos atendidas em uma
unidade básica de saúde no município de Portel/PA
Assessment of nutritional status and iron deficiency anemia in 3 to 10 years old children at a basic health unit of Portel/PA
Rozinéia de Nazaré Alberto
Miranda, D.Sc*, Camila Corrêa Bandeira**, Patricia
Rodrigues Portugal***, Bruno Rafael Batista Ataide****
*Docente da Faculdade
de Nutrição, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Pará,
**Bacharel em Nutrição, UFPA, ***Mestranda em Oncologia e
Ciências Médicas, UFPA, ****Especialista em Atenção à
Saúde Mental, Universidade Estadual do Pará
Recebido 19 de abril de
2019; aceito 10 de setembro de 2019.
Correspondência: Rozinéia
de Nazaré Alberto Miranda, UFPA, Faculdade de Nutrição, Cidade Universitária
Prof. José da Silveira Neto, Campus Profissional III, Complexo Saúde, Rua
Augusto Corrêa, 01 Guamá Belém PA
Rozinéia de Nazaré Alberto
Miranda: rozi@ufpa.br
Camila Corrêa Bandeira:
camilacb1020@gmail.com
Patricia Rodrigues Portugal:
patriciarodriguesportugal@gmail.com
Bruno Rafael Batista Ataide: brunoataide8@hotmail.com
Resumo
A anemia ferropriva é
uma das carências nutricionais predominantes ao redor do mundo e a repercussão
a curto e longo prazo de uma alimentação inadequada nas crianças tem favorecido
um estado nutricional inadequado. Objetivou-se conhecer o estado nutricional e
a presença de anemia ferropriva em crianças de 3 a 10 anos atendidas em uma
Unidade Básica de Saúde no município de Portel/Pará. Estudo descritivo,
transversal, realizado a partir da aplicação de um questionário para obtenção
de dados antropométricos e hematológicos. O estudo revelou que 92,9% das
crianças apresentaram-se eutróficas para o índice Peso
para Idade (P/I) e 89,4% para Estatura para idade (E/I). Quanto ao IMC/I 82,4%
apresentaram eutrofia e 12,4% risco de sobrepeso, sem
diferença significativa estatística entre os sexos. Nas variáveis
hematológicas, constatou-se 42,9% das crianças apresentaram hemoglobina abaixo
dos valores de normalidade. No teste de correlação de Pearson entre hemoglobina
e hematócrito com os índices antropométricos apenas a hemoglobina se
correlacionou significativamente exceto para o índice E/I. Analisando VCM, HCM
e CHCM das crianças com hemoglobina baixa 84,9% destas crianças apresentaram
anemia ferropriva. A pesquisa mostrou prevalência de anemia ferropriva em
crianças, evidenciando a importância do acompanhamento nutricional e alimentar
nos primeiros anos de vida, como forma de prevenção de deficiências
nutricionais subclínicas.
Palavras-chave: anemia ferropriva,
estado nutricional, antropometria.
Abstract
Iron
deficiency anemia is one of the most prevalent nutritional deficiencies around
the world and the short and long-term repercussions of inadequate nutrition in
children have favored an inadequate nutritional status. The aim of this study
was to determine the nutritional status and the presence of iron deficiency
anemia in children aged 3 to 10 years attending a Basic Health Unit in the city
of Portel/Pará. This descriptive and cross-sectional
study was performed through the application of a questionnaire to obtain
anthropometric and hematological data. The study revealed that 92.9% of the
children were eutrophic for the W/A index and 89.4% for the H/A. Regarding
BMI/A, 82.4% presented eutrophy and 12.4% risk of
overweight, with no statistically significant difference between the sexes. In
hematological variables, 42.9% of the children had hemoglobin below normal
values. In the Pearson correlation test between hemoglobin and hematocrit with
the anthropometric indices only hemoglobin correlated significantly except for
the H/A index. Analyzing VCM, HCM and CHCM of children with low hemoglobin,
84.9% of these children presented iron deficiency anemia. The study showed the
prevalence of iron deficiency anemia in children, evidencing the importance of
nutritional and food monitoring in the first years of life, as a way of
preventing subclinical nutritional deficiencies.
Key-words: iron deficiency
anemia, nutritional status, anthropometry
A alimentação infantil
é um assunto que nos últimos anos tem estimulado um grande interesse em várias
áreas do conhecimento, visto que envolve diversos aspectos além dos nutricionais.
As repercussões a curto e longo prazo de uma alimentação inadequada tem
favorecido a busca por um melhor entendimento de como o hábito alimentar é
construído e assim, incitar a atenção das pessoas para a enorme relevância dos
hábitos alimentares nos primeiros anos de vida [1].
As crianças se
caracterizam como um grupo de grande fragilidade devido ao crescimento
acelerado e à imaturidade imunológica e fisiológica. A nutrição apropriada nos
primeiros anos de vida é a base para o crescimento e desenvolvimento saudáveis.
O consumo inadequado de nutrientes pode prejudicar o estado nutricional e
acarretar carências ou excessos nutricionais. As doenças carências ampliam a
predisposição das crianças a infecções, além de poder comprometer o
amadurecimento do sistema nervoso, visual, mental e intelectual. No Brasil, as
deficiências de ferro e vitamina A são as carências que mais se destacam e
configuram um problema de saúde pública [2].
A anemia ferropriva é
uma das carências nutricionais predominantes ao redor do mundo, pode ocorrer
devido a perda sanguínea crônica, ingestão ou
absorção de ferro reduzida, perdas urinárias e aumento do volume sanguíneo. Na
anemia por deficiência de ferro (ADF) ocorre diminuição da quantidade de ferro
no plasma sanguíneo. Há uma depleção no local de armazenamento de ferro dentro
dos macrófagos, portanto, estes não podem provê-lo para o plasma. Em
consequência disso, a concentração plasmática do mineral reduz a níveis que
restringem a eritropoese. Os grupos atingidos com maior
frequência são crianças menores de 5 anos, lactentes e mulheres em idade fértil
[3].
Estudos epidemiológicos
estimam que 20% a 25% das crianças no mundo possuem anemia por deficiência de
ferro. No presente momento, constam-se que o avanço da doença pode estar
associado a alguns fatores socioeconômicos como a baixa renda da família da
criança, muitas pessoas compartilhando a mesma casa e a baixa escolaridade dos
pais [4]. A ocorrência de anemia advém de múltiplos fatores, sendo eles,
biológicos, ambientais, socioeconômicos, de origem alimentar e nutricional,
assim como de problemas de saúde. Contudo, nota-se que a prevalência da ADF no
período da infância está relacionada com o fato da criança necessitar de altas
quantidades de ferro para auxiliar em seu crescimento e desenvolvimento
acelerados e não atingir essas necessidades devido a dietas pobres em ferro
heme [5].
O diagnóstico da anemia
pode ser feito através de exames clínicos e laboratoriais. Exames como
hemograma, saturação de transferrina e ferritina
sérica, verificação dos níveis de piridoxina, vitamina B12 e ácido fólico, além
de investigações de perdas sanguíneas, assim como doenças de base como lúpus e
anemia falciforme podem ser indícios da presença de anemia [6].
Quando
o diagnóstico de
deficiência de ferro e anemia é confirmado, uma das
orientações é ampliar a
ingestão de ferro através da alimentação,
já que é uma opção de baixo custo e
não acarreta efeitos colaterais. Por meio da dieta, são
ofertados dois tipos de
ferro: o ferro heme ou orgânico que é originário de fontes
animais e o ferro não
heme ou inorgânico que provém de alimentos de origem
vegetal. Entretanto, o
ferro de origem animal é absorvido em maior quantidade se
comparado ao de
origem vegetal [7].
O aleitamento materno
exclusivo fornece um baixo conteúdo de ferro, contudo, a quantidade ofertada,
supre todas as necessidades do lactente que nasceu a termo, sendo suficiente
durante os primeiros seis meses de vida. Passado esse período, estudos
constatam uma baixa proporção nos índices de ferro em crianças que permanecem
apenas com o leite materno como fonte alimentar. Em vista disso, se torna
necessário a inserção de ferro através de alimentos complementares ricos no
mineral [8].
Sendo assim, os dados
de estudos indicam que a quantidade apropriada de ferro na alimentação
complementar é atingida apenas com a ingestão de alimentos de origem animal em
quantidades consideráveis ou através de alimentos enriquecidos com o mineral. A
grande dificuldade encontrada é que, em países em desenvolvimento como o
Brasil, alimentos ricos em ferro como carnes, peixes e fígado, não são ingeridos
em porções suficientes por crianças menores de dois anos. Portanto, um método
para prover o aporte necessário de ferro à criança é promover o consumo de
alimentos fortificados com ferro ou a suplementação medicamentosa do
micronutriente [8].
Diante do exposto, a
presente pesquisa objetiva conhecer o estado nutricional e a presença de anemia
ferropriva em crianças de 3 a 10 anos atendidas em uma Unidade Básica de Saúde
no município de Portel/Pará.
Tratou-se de um estudo
descritivo e transversal, realizado no município de Portel/PA, no período de 30
de novembro a 14 de dezembro de 2012. A amostra foi composta por 170 crianças,
na qual foram incluídos aqueles com idade entre 3 a 10 anos de ambos os sexos,
que após a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos
seus respectivos responsáveis, autorizaram a participação dos menores na
pesquisa. Foram excluídos deste estudo os participantes os quais os
responsáveis não assinaram o TCLE, que não tiveram condições de realizar a
avaliação nutricional ou coleta sanguínea e as crianças que não se enquadravam
na faixa etária estipulada.
Esta pesquisa faz parte
de um projeto denominado “Marcadores Epidemiológicos em Saúde no Arquipélago do
Marajó - Edital FAPESPA023/2009”, aprovado no Comitê de Ética do Centro de
Hemoterapia e Hematologia do Pará, Fundação HEMOPA, parecer Nº
0003.0.324.000-10, em 14/07/2010.
A coleta dos dados
antropométricos foi realizada na Unidade de Saúde do referido município. Para
aferição das medidas antropométricas, utilizou-se balança digital de plataforma
da marca EKS 8994, com capacidade de 180 kg e graduação de peso de 100 gramas,
a estatura foi aferida por meio de um estadiômetro
portátil WCS com capacidade máxima de 200 cm de altura e precisão de
1 mm. As crianças foram medidas em decúbito dorsal em superfície lisa e o valor
registrado em centímetros. Foram usadas como referência as curvas de
crescimento da OMS. A classificação das crianças segundo o índice estatura/idade,
peso/idade e IMC/idade foi expressa em escore z e adotaram-se os pontos de
corte déficit estatural (≤-2 escores Z), eutrofia (>-2 escores z) e magreza (≤-2).
Para análise do perfil
hematológico das crianças, realizou-se a coleta sanguínea, estando às mesmas em
jejum. As amostras foram analisadas in loco, com participação direta da equipe
do Laboratório de Análises clínicas (LAC), da Universidade Federal do Pará
(UFPA). Para análises hematológicas utilizou-se o aparelho ABX Micros 60 analysers (Horiba-ABX,
Montpellier, France), no qual avaliou-se hemoglobina, hematócrito, VCM, HCM e
CHCM.
Os valores de
referência de normalidade para hemoglobina em crianças de 2 a 6 anos foi de
11,5-13,5 g/dl e de crianças na faixa de 6 a 10 anos de 11,5-15,5 g/dl. O
intervalo de normalidade para hematócrito em crianças de 2 a 6 anos foi de
34-40% e para crianças entre 6 e 10 anos de 35-45%. A referência de VCM para
crianças de 2 a 6 anos foi de 75-87 fl e para
crianças de 6-10 anos de 77-95 fl. Quanto ao HCM, seus valores normais para
crianças de 2 a 6 anos foi de 24-30 pg e para
crianças de 6 a 10 anos de 25-33 pg. Em relação ao CHCM, seu valor de
referência para crianças de 2 a 6 anos foi de 31-37 g/dl, sendo o mesmo valor
padrão para crianças de 6 a 10 anos de idade [9].
Os dados foram
analisados no programa Epi info 7, o tratamento
estatístico foi realizado no programa BioEstat 5.3
[10], no qual utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov,
para verificação da normalidade dos dados. O teste Qui-quadrado
foi utilizado para comparar as variáveis, correlacionou-se as variáveis
antropométricas e hematológicas através do teste de correlação de Pearson.
Das 170 crianças
avaliadas, observou-se que a maior porcentagem (43%) pertence à faixa etária de
6-10 anos, Gráfico 1.
Gráfico 1 - Estratificação
por idade de crianças atendidas em uma Unidade Básica de Saúde do município de
Portel/Pará.
Na
Tabela I houve
predominância do estado de adequação em
relação às variáveis pesquisadas,
não havendo
diferença estatística significativa entre os grupos.
Tabela I – Classificação do
estado nutricional através de parâmetros antropométricos de crianças atendidas
em uma Unidade Básica de Saúde do município de Portel/Pará.
*Peso para idade;
**Índice de massa corporal para idade; ***Estatura para idade; Teste estatístico
Qui-quadrado.
Na Tabela II
encontrou-se 42,9% das crianças com a hemoglobina abaixo do valor de
normalidade, caracterizando algum tipo de anemia. Em relação aos parâmetros hematimétricos (CHCM, HCM e VCM) houve predomínio de valores
baixos, em conformidade com os valores de normalidade. Não constatou-se
diferença significativa entre os grupos.
Tabela II - Parâmetros
hematológicos de crianças atendidas em uma Unidade Básica de Saúde do município
de Portel/Pará.
Hb = hemoglobina; Ht = hematócrito; CHCM = concentração de hemoglobina
corpuscular média; HCM = hemoglobina corpuscular média; VCM = volume
corpuscular médio; Teste estatístico Qui-quadrado.
Na Tabela III, quando
realizada a correlação de Pearson das variáveis antropométricas com a
hemoglobina e o hematócrito, verificou-se que apenas a hemoglobina apresentou
uma forte correlação com o IMC/I e moderada para P/I.
Tabela III - Correlação entre
parâmetros Antropométricos e Hematológicos de crianças atendidas em uma Unidade
Básica de Saúde do município de Portel/Pará.
P/I = peso para idade;
IMC/I = índice de massa corporal para idade; E/I = estatura para idade; r =
Coeficiente de Pearson.
Foi identificado que
42,9% do total de crianças estavam com baixa taxa de hemoglobina, denotando
algum tipo de anemia. Deste percentual, foi analisada a quantidade de crianças
que apresentaram VCM, HCM e CHCM baixos, e verificou-se que 84,9% destas
crianças apresentaram anemia ferropriva.
Tabela IV - Identificação de
anemia ferropriva a partir de índices hematimétricos
em crianças atendidas em uma Unidade Básica de Saúde do município de Portel/
PA.
VCM = volume corpuscular
médio; HCM = hemoglobina corpuscular média; CHCM = concentração de hemoglobina
corpuscular média.
A faixa etária é um dos
aspectos mais importantes a se considerar na anemia ferropriva em crianças,
pôde-se perceber que a maior parcela da amostra da pesquisa encontra-se no
intervalo dos 3 aos 8 anos de idade. Dentre as doenças nutricionais, a considerada
em todo mundo a mais prevalente é a anemia, sobretudo em crianças, porque é
nesta fase de vida que ocorre uma velocidade de crescimento aumentada e
desenvolvimento acelerado da mesma, e consequentemente ela necessita de um
maior aporte de ferro, que se não for suprido pode ocasionar ADF [11].
De acordo com os dados
da Tabela I, as crianças que participaram da pesquisa apresentaram-se no geral,
em estado de adequação para P/I e E/I e IMC/I. Entretanto, 4,1% da população
estão com baixo P/I e 3,5% em estado de magreza para IMC/I, resultado que se
aproxima do encontrado em um estudo realizado por Miglioli
et al. [12], que detectou 2,6% de baixo peso para a idade na população
de crianças de municípios de Pernambuco e 1,5% em estado de magreza para IMC/I.
Ainda neste parâmetro, destaca-se que 12,4% da amostra apresenta risco de
sobrepeso, 1,2% de sobrepeso e 0,6% de obesidade. O que demonstra que a
porcentagem da população que está ganhando peso prevaleceu sobre população em
estado de magreza (3,5%).
Pesquisas relatam que o
fato de a nossa sociedade estar passando por uma transição nutricional,
influencia diretamente na modificação dos hábitos alimentares da população, que
associado a mudanças socioeconômicas promovem cada vez mais o consumo de produtos
extremamente calóricos e pobres em nutrientes como o ferro, necessários para o
nosso organismo. E este excesso de peso é prejudicial, ainda mais por ser em
crianças, visto que pode desencadear diversos problemas de saúde como
hipertensão, diabetes, problemas respiratórios e outros em idade precoce
[11,12].
Em relação aos
parâmetros hematológicos (Tabela II e IV), estudos realizados por Nishida et al. [13] em escolas públicas de Maringá/PR,
detectaram prevalência da ADF em 39,3% de sua amostra. Demonstrando que a
anemia ferropriva é a mais prevalente dentre as anemias em crianças menores,
sendo ainda hoje, um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. Estudos
reportam que este tipo de anemia resulta da combinação de múltiplos fatores
(biológicos, sociais e econômicos) [14]. A dieta representa papel fundamental
no desenvolvimento da anemia ferropriva, sendo a causa mais comum à deficiência
de ferro dietético segundo a WHO [15].
Segundo Sperandio et al. [16] em seu estudo não foi
observado diferença estatística entre os gêneros para anemia, 55% em meninos e
42,3% em menina, semelhante aos resultados encontrados da pesquisa.
A Tabela III demonstra
que houve uma correlação moderada e significativamente forte entre os valores
de hemoglobina com P/I (p = 0,032; r = 0,632) e IMC/I (p = 0,002; r = 0,881),
respectivamente. Apesar de peso e IMC se encontrarem adequados na maior parte
da população estudada, houve um percentual de crianças (42,9%) com baixa
hemoglobina no sangue, o que está diretamente relacionado com a ingestão de
ferro na alimentação destas crianças. De acordo com Zuffo
et al. [17] em seu estudo no município de Capitão/ RS, os hábitos
alimentares inadequados, qualidade e quantidade dos alimentos presentes na
dieta da criança são componentes associados aos baixos níveis de ferro, e por
consequência, redução de hemoglobina produzida no organismo. Oliveira et al.
[18] ressaltam que a introdução tardia de alimentos ricos em ferro também
contribui para o desenvolvimento da ADF e Menezes et al. [19] referem
que esses fatores somados ao rápido crescimento da criança, e portanto rápidas
modificações em seu peso e IMC, colaboram para o surgimento da deficiência do
mineral e sua evolução para a anemia ferropriva.
Através da Tabela IV, é
possível verificar que dentre as anemias encontradas na população de estudo, o
maior percentual (84,9%) recaiu sobre a anemia por deficiência de ferro. Assim
como na pesquisa de Silva e Parisi [20] realizada em
Tupanciretã/RS, que constatou maior frequência de anemia microcítica e hipocrômica em sua amostra. Este mesmo estudo também
corrobora com o fato de os casos de anemia estar distribuídos igualmente entre
os sexos.
Estudos referem que a
análise do valor de hemoglobina é amplamente utilizada para o diagnóstico de
anemia, apesar de não detectar de forma precoce as variações no metabolismo do
ferro, uma vez que a anemia ferropriva representa a fase mais avançada da
deficiência do mineral no organismo. Mas unindo a observação dos valores de
hemoglobina com os de VCM e HCM, por exemplo, temos parâmetros mais sólidos
para a identificação da ADF [19].
Foi encontrada
predominância de estado de eutrofia e/ou adequação
quanto as variáveis P/I, IMC/I e E/I. A anemia por deficiência de ferro prevaleceu
nas crianças, independente do sexo, em detrimento de outros tipos de anemias.
Estes achados estão
relacionados com inúmeros fatores, principalmente com uma dieta que consiste em
baixas quantidades do mineral afetando consideravelmente os níveis de
hemoglobina no sangue, demostrado pela correlação moderada da hemoglobina com o
P/I e forte com IMC/I.
Esses resultados
reforçam para o acompanhamento do estado nutricional nos primeiros anos de
vida, assim como o planejamento de estratégias de educação alimentar e
nutricional para este grupo etário.