ARTIGO ORIGINAL
Perfil nutricional e
estado de saúde de idosos fisicamente ativos
Nutritional profile and health status of physically active persons
Antonia Ilka da Cruz Silva*, Liejy Agnes dos Santos Raposo Landim, M.Sc.**
*Acadêmica do curso de
Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA), **Nutricionista,
Mestre em Alimentos e Nutrição/UNIFSA, docente TP da UNIFSA
Recebido 29 de novembro
de 2019; aceito 15 de fevereiro de 2020
Correspondência: Antonia
Ilka da Cruz Silva, Quadra 22, Lote 07, Casa A, Conjunto Raimundo Portela,
Barrio Promorar 64027-060
Antonia Ilka da Cruz Silva:
ilka_2@hotmail.com
Liejy Agnes dos Santos Raposo
Landim: liejyagnes@gmail.com
Resumo
A população brasileira
está sofrendo modificações, com o crescimento do grupo dos idosos longevos, que
vivem 80 anos ou mais. O objetivo desse estudo foi analisar o perfil
nutricional e estado de saúde de idosos fisicamente ativos. Trata-se de um
estudo observacional e transversal. Foi aplicado um questionário sociodemografico e avaliados os parâmetros: índice de massa
corporal, peso e altura, perímetros (braço, muscular do braço, cintura), razão
cintura-quadril, e recordátorio de 24 horas. Os dados
foram analisados por estatística descritiva e analisados no software IBM SPSS
22 for Windows. O sexo feminino era predominante (88,8%), com idade média de 65
anos, e 40,74% dos indivíduos tiveram 5 ou mais filhos. O IMC médio foi de 28,9
kg/m2, e 48,1%da amostra com excesso de peso. Na correlação da idade
e razão cintura-quadril, teve correlações significativas para doenças crônicas
não transmissíveis. Os participantes apresentavam adequação de macronutrientes
e baixa ingestão de cálcio, 51,47% apresentavam hipertensão arterial e 36,84%
diabetes. Concluiu-se que os participantes apresentavam excesso de peso e baixa
ingestão de cálcio, tendo a necessidade de orientação alimentar para a melhoria
da qualidade de vida dessa população.
Palavras-chave: idoso fisicamente
ativo, estado nutricional.
Abstract
The
Brazilian population is undergoing changes, with the growth of the group of
long-lived elderly, who live 80 years or more. The aim of this study was to
analyze the nutritional profile and health status of physically active elderly
people. This is an observational and cross-sectional study. A sociodemographic
questionnaire was applied, and the evaluated parameters were:
body mass index, weight and height, perimeters (arm, arm muscle, waist),
waist-to-hip ratio, and 24-hour recall. The data were analyzed using descriptive
statistics and analyzed using the IBM SPSS 22 for Windows software. The female
gender was predominant (88.8%), with an average age of 65 years, and 40.74% of
the individuals had 5 or more children. The average BMI was 28.9 kg/m2,
and 48.1% of the sample was overweight. In the correlation between age and
waist-to-hip ratio, we observed a significant correlation for chronic
non-communicable diseases. Participants had adequate macronutrients and low
calcium intake, 51.47% had arterial hypertension and 36.84% diabetes. We
concluded that the participants were overweight and had low calcium intake,
with the need for dietary guidance to improve the quality of life of this
population.
Keywords: elderly physically active, nutritional status.
No Brasil, o perfil
demográfico da população vem sofrendo modificações constantes. De acordo com o
Ministério da Saúde (2016), o país possui a quinta maior população idosa do
mundo, com cerca de 28 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Estima-se que,
em 2030, o número de brasileiros com 60 anos ou mais ultrapassará o de crianças
de 0 a 14 anos de idade. Dentre esse público, o grupo que mais expressivamente
cresce é composto por idosos longevos, que vivem 80 anos ou mais [1].
Segundo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 2012, as pessoas com mais de
60 anos de idade correspondiam a 24.85 milhões de indivíduos, ou seja, 12,6% da
população e, em 2060, esse número se elevará para 26.8%. Destaca-se que a maior
parte desses idosos, cerca de 20,94 milhões, vive em áreas urbanas. Atualmente,
só no ano de 2018 já temos 18.062.315 milhões idosos com 60 anos ou mais, com
um índice de envelhecimento de 43.19%. No Nordeste, atualmente, cerca de 12,02%
da população se encontra na terceira idade. No Piauí, cerca de 12,29% são
idosos, com uma projeção de aumento para 31,83% em 2060 [2].
O
processo de
envelhecimento é natural e inevitável, associado à
redução progressiva dos
tecidos ativos e da capacidade funcional, além da
modificação das funções
metabólicas, o que ocorre em células e tecidos. Alguns
sinais ou alterações
desse processo são evidentes, como o branqueamento dos cabelos.
No entanto,
outras alterações relacionadas com a idade contribuem
para o declínio da
funcionalidade, saúde e bem-estar, como alterações
na percepção sensorial,
alterações orais, esofágicas, gástricas,
intestinais, alterações da fome e
saciedade, alterações na composição
corporal e alterações nas funções dos
órgãos que envolvem sistemas [3].
Desta forma, a
população idosa é um grupo etário de grande vulnerabilidade nutricional,
principalmente no que se refere às deficiências nutricionais, devido ao
declínio das funções cognitivas e fisiológicas, que pode levar a um consumo
alimentar inadequado e desencadear alterações metabólicas, afetando
negativamente o metabolismo dos nutrientes, o estado nutricional e,
consequentemente, a qualidade de vida do indivíduo [4]. Essas alterações podem
acarretar repercussões nas condições de saúde e no estado nutricional do idoso.
Tais repercussões podem ter como causa razões fisiológicas, medicamentosas,
diminuição da percepção sensorial, alterações mentais e doenças que possam
reduzir o apetite [5].
O aumento progressivo
da população idosa ocorre concomitante ao aumento das doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) no país, em especial, hipertensão, diabetes mellitus
(DM), obesidade, doenças de colunas ou costas, artrite ou reumatismo, bronquite
ou asmas, depressão. Dentre os maiores fatores de risco para desenvolvimento
das DCNT, encontram-se o uso nocivo do álcool, consumo de tabaco e alimentação
inadequada. Estudos mostram que muitas DCNT, como a obesidade e o DM, são
altamente prevalentes, inclusive em idosos, e podem ser prevenidas por hábitos
de vida saudáveis: alimentação equilibrada, prática regular de atividade
física, abolição do cigarro e de bebidas alcoólicas. Além disso, outros
aspectos como crenças, práticas culturais, gênero, idade, estado de integração
social, grau de mobilidade física, situação econômica e estado de saúde também
podem influenciar tanto na qualidade de vida quanto no desenvolvimento dessas
enfermidades [6-8].
O crescimento
progressivo do número de idosos e a prevalência de DCNT trazem um desafio para
os profissionais de saúde. O nutricionista exerce um papel fundamental na
melhoria da qualidade de vida desse grupo populacional. O consumo alimentar e a
necessidade nutricional dos idosos é um ponto relevante, para que o plano
alimentar desenvolvido para eles atenda às exigências do perfil demográfico e
epidemiológico do país. Nessa perspectiva, este estudo tem como objetivo
avaliar o perfil nutricional e o estado de saúde de idosos fisicamente ativos.
O estudo se caracteriza
como observacional e transversal. A população amostral participante da pesquisa
foi de 50 idosos. Destes, 27 participou diretamente da pesquisa, no Centro
Comunitário, localizado na zona sul de Teresina/PI. Esse centro tem parceria
com a “Fundação Viver com Dignidade”, que desenvolve projetos sociais com um
grupo de idosos. Os indivíduos que aceitaram participar assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Eles foram conduzidos a responder os
questionários de pesquisa. Considerando os critérios de inclusão/exclusão,
foram excluídos os indivíduos que não aceitaram assinar o TCLE e aqueles que
foram portadores de doenças consultivas ou doenças crônicas não tratadas
(câncer, HIV, diabetes descompensado, hipertensão descompensada), com sequelas
de acidente vascular cerebral, dependência para realizar atividade física ou
outra que pudessem impedir a coleta dos dados.
As coletas de dados
ocorreram no período de maio a junho de 2019. Para determinação do perfil
nutricional e o estado de saúde de idosos fisicamente ativos, os dados foram
analisados através de ferramenta de coleta, um questionário que contempla código
de identificação com desígnio de sigilo e o anonimato do entrevistado. As
questões abordaram as características sóciodemográficas
e as condições gerais de saúde dos idosos, além de ficha para avaliação
antropométrica, incluindo Índice de Massa corporal (IMC), peso e estatura,
dobra tricipital, perímetros (braço, músculo do braço), Perímetro da cintura e
Razão cintura-quadril (C/Q). Estas informações foram aferidas por meio de
balança digital, adipômetro e fita métrica
inextensível. Para a realização da coleta de dados, os participantes foram
orientados antecipadamente a utilizar roupas leves no dia da coleta e a retirar
itens pesados [3,5].
Além desses procedimentos, foi realizada
a avaliação da ingestão dietética por meio de registros de 24 horas. Os
alimentos foram determinados de acordo com o questionário de frequência
alimentar, desenvolvido para idosos. Assim, permite a análise do consumo e pode
ser intercalado, de acordo com a disponibilidade do voluntário no dia de
entrevista. Para análise estatística, utilizou-se o programa SPSS VERÃO 18.0. O
estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa, por meio da Plataforma
Brasil, seguindo a resolução do 466/2012, como o respectivo número do parecer:
3.222.902. A pesquisa de campo foi permitida por meio do Termo de Consentimento
Institucional (TCI), concedido pela gestora responsável da “Fundação Viver com
Dignidade”, de Teresina/PI.
O envelhecimento pode
ser considerado primário ou secundário. O envelhecimento primário é natural e
ocorre por meio de um conjunto de variações previsíveis que são determinadas
pelo processo de envelhecimento em pessoas longevas, trazendo consigo a perda
do desenvolvimento funcional e insuficiência. O envelhecimento secundário ou
patológico consiste em alterações ou processo alheio, por meio do qual o
envelhecimento fisiológico é influenciado por doenças, maus hábitos,
sedentarismo e tabagismo, levando à situação de incapacidade de manutenção ou
funcionamento dos órgãos, o que dificulta a realização das atividades de vida
diária [9]. Durante o envelhecimento humano, o organismo passa por
transformações fisiológicas e naturais ao processo de envelhecimento,
tornando-se, assim, mais frágil e suscetível ao desenvolvimento de distúrbios
nutricionais. O organismo sofre alterações anatômicas, funcionais, bioquímicas
e psicológicas, que repercutem sobre as condições de saúde e nutrição. Dessa
forma, esse processo natural diminui o funcionamento do organismo e aumenta
vulnerabilidade a doenças [10].
Tabela I - Descrição das
características gerais do grupo de idosos da “Fundação Viver com Dignidade”, de
Teresina/PI, 2019.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2019.
A amostra possui idade
média de 65 ± 5,3 anos, peso médio de 64 kg e altura média de 1,52 m.
Observa-se também o IMC médio de 28,9 kg/m2 e a percentagem de 48,1%
dos 27 entrevistados classificados com excesso de peso. Há prevalência de
excesso de peso e doenças cardiovasculares no grupo, resultados esses que
estimulam a discussão de estratégias de promoção da saúde. Nas últimas décadas,
houve uma mudança do padrão alimentar, observando-se a substituição do consumo
de alimentos in natura (arroz, feijão e farinha de mandioca) por alimentos
industrializados, altamente processados e ultraprocessados,
como pães, refrigerantes, biscoitos, carnes processadas, embutidos e refeições
prontas. Ressalta-se, ainda, um aumento na ingestão de açúcar, sódio, gordura
saturada e trans, e a diminuição do consumo de
fibras, tornando este um padrão alimentar de risco para deficiências
nutricionais, excesso de peso e doenças crônicas, decorrentes da má alimentação
[11].
A Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa (PNSI) afirma que os órgãos e instituições do Ministério
da Saúde devem promover a formação ou reabilitação de projetos de atividades de
acordo com as diretrizes, o que abrange a promoção do envelhecimento ativo e
saudável, atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa, incentivando
ações intersetoriais, promovendo recursos capazes de garantir a qualidade da
atenção à saúde da pessoa idosa [12].
Tabela II - Descrições de
dados sóciodemográficos/Sexo do grupo de idosos, da
“Fundação Viver com Dignidade”, de Teresina/PI, 2019.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2019.
Os participantes da pesquisa
predominaram em 88,8% no sexo feminino e 11,1% no sexo masculino. Os resultados
mostram que a maioria dos participantes cursou o ensino fundamental, com o
percentual de 66,6%, e o mesmo percentual de indivíduos encontra-se em um
casamento ou morando junto com companheiro(a). Todos tiveram filhos, sendo que
a maioria teve cinco filhos ou mais (40,74% > 5 filhos). Todos têm acesso à
água e à rede de esgoto, e 100% tem água encanada. Os eletrodomésticos que
predominaram foram televisão, fogão a gás e geladeira, sendo presente na casa
de 100% dos participantes, havendo destaque para a presença de micro-ondas em
37,03%.
A qualidade de vida
está relacionada ao bem-estar, à autoestima e a uma série de fatores como a
autonomia funcional, padrão socioeconômico, estado emocional, convívio social,
atividade intelectual, autocuidado, estrutura familiar, saúde, princípios
culturais, éticos e religiosos. O estilo de vida do idoso precisa ser
considerado para o desenvolvimento de programas voltados para a promoção da
saúde, pois, a partir do reconhecimento das necessidades subjetivas e coletivas
dos indivíduos, será possível direcionar o cuidado em saúde, a fim de melhorar
a qualidade de vida durante o processo de envelhecimento [13].
Tabela III - Descrição do
estado de saúde do grupo de idosos da “Fundação Viver com Dignidade”, de
Teresina/PI, 2019.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2019.
Os idosos participantes
da pesquisa apresentaram doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e
hipertensão arterial, e predisposição para doenças cardiovasculares. Desse
modo, entende-se que as alterações nutricionais podem contribuir e/ou
exacerbarem as DCNT e as agudas, seja de origem física ou mental. Contudo, a
evolução das DCNT pode ser minimizada por meio de uma alimentação saudável,
rica, por exemplo, em compostos bioativos presentes em alimentos funcionais.
Por outro lado, as várias mudanças decorrentes do processo de envelhecimento
podem ser atenuadas com uma alimentação adequada e balanceada, uma vez que a
nutrição adequada se encontra entre os principais fatores capazes de
condicionar a qualidade de vida e a longevidade [4,5].
O estilo e hábitos de
vida são fatores influentes na predisposição de DCNT. Nesse aspecto, os
participantes do estudo revelaram-se ativos, com alta taxa de não fumantes
(70,37%), o que diminui o risco de doenças respiratórias. Os idosos do presente
estudo participam de um grupo que desenvolve atividades para a melhoria da
qualidade de vida na terceira idade. Dentre as atividades, realizam atividade
física diariamente, melhorando seu e bem-estar e seu convívio social.
Considerando a predominância do sexo feminino, as mulheres realizam atividades
cotidianas em seus domicílios, como sair para fazer compras e preparar suas
alimentações.
O exercício físico
ajuda os usuários na diminuição da prevalência de doenças crônicas como a
obesidade e possivelmente na melhoria da função em diversas atividades,
aumentando a qualidade de vida e combatendo o sedentarismo. Nesse sentido, contribui
para a manutenção da aptidão física do idoso, tanto na saúde fisiológica,
patológica e na capacidade funcional, trazendo ganhos na qualidade física,
cognitiva e possibilitando a independência pessoal. A prática de exercício para
o idoso vai depender do estado nutricional. A manutenção da prática de
atividade física traz benefícios à saúde, mesmo na fase tardia da vida. A sua
realização regular proporciona a diminuição do estresse e de sensações
desagradáveis, como ansiedade, irritabilidade e depressão, sendo procurada mais
para se obter melhoria da saúde do que a boa forma física [14].
Tabela IV - Caracterização do
estado nutricional e valor dos macro e micronutrientes
da dieta do grupo de idosos da “Fundação Viver com Dignidade”, de Teresina/PI,
2019.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2019.
O Índice de Massa
Corporal (IMC) dos participantes evidenciou que 48,1% dos idosos estão com
excesso peso. Quanto aos hábitos alimentares, no critério de compra de
alimentos, a maioria dos idosos (47,89%) compra semanalmente sua alimentação e
eles próprios preparam as refeições. Sobre as refeições diárias, todos os
idosos informaram tomar café da manhã e almoçar, e somente 57,89% dos mesmos
consomem o lanche da tarde e a ceia. Estudos mostram que a população tem
substituído refeições por lanches. No entanto, a frequência de consumo de
alimentos como iogurtes, sorvetes, refrigerantes, sucos/refrescos/sucos em pó
reconstituídos, bebidas lácteas, biscoitos, embutidos, sanduíches, salgados e
salgadinhos industrializados diminui com a idade.
De acordo com os
resultados obtidos por meio de Recordatório 24 horas, os macronutrientes
presentes nas dietas dos participantes apresentam adequação entre os valores de
referência, de acordo com as recomendações das DRIs,
o que não corresponde ao que foi constatado por meio do Índice de Massa
Corporal. Os dados também indicaram inadequação na ingestão de cálcio por todos
os participantes da pesquisa, pois se encontram abaixo do remendado, tendo em
média 532,2 mg, enquanto o recomendado são 1.200 mg.
A análise dos
micronutrientes também seguiu as recomendações das DRIS para homens e mulheres
com idade de 51 a 70 anos. Desse modo, os valores de Adequate
Intake (AI), ou seja, Ingestão Adequada, utilizados
na pesquisa foram: Cálcio (1200 mg para ambos os sexos), Potássio (1,7 g para
ambos os sexos), Sódio (1.3g para ambos os sexos). Com base em pesquisas, entre
a população brasileira houve um aumento no número de pessoas que buscam uma
alimentação saudável, com menos gordura, porém, a ingestão de sal é alta no
Brasil [15].
Segundo a última
Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009, a ingestão diária de sódio
acima do limite tolerável de 2.300 mg chegou a 80,4% entre os homens e 62,2%
entre as mulheres. Os dados revelam que, no grupo etário de 60 anos ou mais, o
cálcio também é um nutriente pelo qual mais de 80% dos idosos não conseguem
atingir a recomendação de consumo [2]. De acordo com os resultados do presente
estudo, ainda há baixa oferta de cálcio no consumo alimentar dessa população,
apresentando inadequação desse micronutriente.
Tabela V - Descrição do
estado nutricional pelo parâmetro de Dobra Cutânea Tricipital (DCT), Perímetro
do Braço (PB) e Perímetro do músculo do braço do grupo de idosos da “Fundação
Viver com Dignidade”, de Teresina/PI, 2019.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2019.
Considerando a possível
correlação entre as variáveis apresentadas na tabela acima e a idade dos
participantes, constatou-se que a única a apresentar correlação significativa
foi a C/Q, na qual foi observada uma correlação negativa (ou seja, à medida que
a idade aumenta, o valor do C/Q diminui na amostra estudada). As demais
correlações não apresentaram significância.
As pesquisas com seres
humanos são realizadas por meio de métodos para a elaboração de análise. O
método mais usado para realização da avaliação do estado nutricional de idosos
são as medidas antropométricas, que se apresentam como as mais adotadas em
estudos clínicos e populacionais. O Índice de Massa Corporal (IMC) fornece
informações físicas dos indivíduos, possibilitando a classificação em graus de
nutrição e tendo correlação com indicadores de morbimortalidade. A razão
cintura-quadril (RCQ), o perímetro muscular do braço (PMB) e a circunferência
da cintura são os indicadores antropométricos mais recomendados para análise do
perfil lipídico em ambos os sexos, sendo possível o diagnóstico para fatores de
risco de doenças [17].
O envelhecimento está
associado a mudanças fisiológicas que envolvem a redução da capacidade
funcional e alterações no Índice de Massa Corporal, levando ao acúmulo
gradativo de gordura corporal e à perda de massa muscular, refletindo no estado
nutricional dos indivíduos, trazendo consigo a prevalência para risco de
doenças metabólicas e cardiovasculares. Nesse sentido, trata-se de uma mudança
esperada para a idade.
Concluiu-se que, apesar
de a amostra deste estudo consistir em idosos ativos, praticantes de atividade
física regularmente, verificou-se a necessidade de adequação do perfil
nutricional, pois os resultados apontam um quadro de excesso de peso, mesmo
havendo prevalência de ingestão adequada de macronutrientes, mas com carência
de ingestão de minerais. Em contrapartida, é valido ressaltar que, por serem
idosos com predominância do sexo feminino, ocorrem alterações fisiológicas, tornando-se
tolerável o excesso de peso na terceira idade, aumentando a necessidade de
orientação alimentar para a melhoria da qualidade de vida dessa população.