ARTIGO ORIGINAL
Composição
nutricional e análise sensorial de biscoitos elaborados com a farinha da semente
de abóbora (Cucurbita maxima)
Nutritional composition and sensory analysis of cookies prepared with pumpkin
seed flour (Cucurbita maxima)
Jaqueline Faber*, Daiane
Drescher Cabral**
*Acadêmica
do Curso de Nutrição da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)/RS **Docente do Departamento de Educação Física e Saúde da
Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, Doutoranda em Pediatria e Saúde da Criança
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS
Recebido 24 de junho de
2014; aceito 15 de março de 2016
Endereço
para correspondência:
Jaqueline Faber, Rua Nove de Maio, 600, 96930-000 Candelária RS, E-mail: jaquelinefaber@bol.com.br
Resumo
Objetivo: Avaliar o custo-benefício
do consumo do biscoito da farinha da semente de abóbora como fonte alimentar para
as crianças, avaliando sua aceitabilidade, composição nutricional e seu aproveitamento
integral. Métodos: O público alvo da pesquisa
foi constituído por escolares com idades entre 7 a 14 anos, de ambos os sexos, matriculados
no turno da tarde na Escola Estadual Guia Lopes da cidade de Candelária/RS. A aceitabilidade
sensorial do biscoito foi avaliada por 61 estudantes, utilizando-se escala hedônica
facial de 5 pontos. Resultados: O custo médio de cada porção ficou em R$ 0,10. Os biscoitos
foram bem aceitos, verificou-se que os escolares a maioria adoraram o biscoito ou
somente gostaram, correspondendo a 80% (n = 49). E 37,29% (n = 23) dos alunos não
tiveram críticas sobre a preparação do biscoito. O biscoito possui vitaminas A,
E e D, cálcio e fibras. Conclusão: Observou-se uma boa aceitabilidade do biscoito da farinha
da semente de abóbora, sugerindo que os subprodutos dos alimentos muitas vezes descartados
podem ser de utilidade para um bom prato saudável, nutritivo e de baixo custo.
Palavras-chave: aproveitamento integral
dos alimentos, biscoitos, valor nutritivo, Cucurbita, aceitabilidade.
Abstract
Aim: To evaluate the cost-benefit
of cookies made of pumpkin seeds flour as a food source for children feeding, evaluating
its acceptability, nutritional composition and its full use. Methods: the sample was composed by students
7 to 14 years old, both genders, enrolled in the afternoon shift at the Guia Lopes
State School of Candelária/RS. The cookie’s sensorial acceptability was tested by
61 students, using a scale of 5 points according to the satisfaction degree. Results: The final average cost for each
cookie was R$ 0.10. The cookies were well accepted. It was verified that most of
the students either loved or simply liked the cookies, corresponding to 80% (n =
49). 37.29% (n = 23) of the students did not criticize the cookie’s preparation.
The cookie has vitamins A, E and D, calcium and fibers. Conclusion: The pumpkin flour seed cookies were well accepted, suggesting
that the food’s by-products, which most of the times are discarded, can be used
to make a very healthy, nutritional and low-cost meal.
Key-words: food’s full use,
cookies, nutritional value, acceptability, pumpkin.
As partes dos vegetais
como cascas, folhas, talos e sementes na maioria das vezes são descartados pelos
consumidores e estes subprodutos possuem alto teor de fibras, podendo ser utilizados
na alimentação da população a fim de agregar mais valor nutricional ao alimento
[1].
As
sementes de abóbora
comumente não são aproveitadas. Entretanto, estudos
comprovam que a farinha da semente
de abóbora é benéfica para a saúde. As
contribuições da farinha da semente de abóbora
são muitas. Um estudo experimental, publicado no ano de 2008,
concluiu que a farinha
da semente de abóbora diminui significativamente os
níveis de glicose e triglicerídeos
séricos, interferindo assim no metabolismo humano [2].
A abóbora Cucurbita máxima, popularmente conhecida
como moranga, pertence à família cucurbitaceae.
A abóbora é bastante consumida em todo o mundo, é nativa das Américas e cultivada
em grande escala em regiões tropicais e no Brasil [3]. A semente da abóbora é rica
em fibras, sendo fonte natural de proteínas e fitoesteróis [4].
A
semente de abóbora constitui
substâncias esteróides e pode estar associada à
redução do colesterol total, redução
de alguns tipos de câncer e a melhora da função
imune [5].
A semente de abóbora possui
também ação anti-helmíntica, devido a um componente presente na semente chamado
de cucurbitacina, por apresentar ação vermífuga é utilizada em muitos países [5].
A semente Cucurbita máxima contém baixos teores de
açúcares livres e amido e possui grande quantidades de minerais, como magnésio,
potássio e ferro e outras substâncias desconhecidas, também são ricas em ácidos
graxos mono e poliinsaturados e vitaminas E e do complexo
B [6].
As sementes de abóboras
são ricas em proteínas, lipídios e fibras, possuem compostos bioativos, tais como
ácidos graxos essenciais, tocoferóis, carotenóides, compostos fenólicos, fitoesteróis,
curcubitacinas, cianetos, inibidores de tripsina e saponinas [6]. A semente de abóbora
apresenta cerca de 40% de ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados, os principais
são o ácido graxo oleico e linoleico [7].
A atividade anti-inflamatória
das fibras alimentares da abóbora pode estar associada às cucurbitacinas, à alteração
do equilíbrio das bactérias benéficas, potencialmente patógenas no intestino, ao
aumento na produção do butirato e às substâncias antioxidantes das sementes [8].
As sementes da abóbora
são ricas em ácidos graxos essenciais, incluindo os ácidos linoleico e linolênico,
carotenos, luteína, gama e tocoferóis, fitoesteróis e selênio, que possuem propriedades
antioxidantes [8].
A semente de abóbora pode
conter fatores antinutricionais ou tóxicos como cianetos, polifenóis, inibidores
da tripsina e atividade hemaglutinante, porém os tratamentos térmicos provocam considerável
redução dos níveis dessas substâncias, tornando as sementes apropriadas para o consumo
humano [9].
O consumo de compostos
fenólicos por seres humanos é de aproximadamente 1g por dia, podendo variar conforme
os hábitos alimentares dos indivíduos. Somente com um consumo acima de 455 g dia
da farinha da semente de abóbora, poderia causar riscos à saúde por doses elevadas
de polifenóis, portanto as farinhas da semente de abóbora podem ser utilizadas como
fonte nutricional alternativa ou complementar [3].
O objetivo do presente
trabalho foi avaliar o custo-benefício do consumo da farinha da semente de abóbora
como fonte alimentar para os escolares, avaliando sua aceitabilidade, composição
nutricional e seu aproveitamento integral.
Trata-se de um estudo
de natureza quantitativa, com delineamento transversal e pré-experimental. A amostra
foi do tipo acidental ou de conveniência. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Santa Cruz do Sul, que emitiu parecer
favorável no 396,438 e CAEE 19101013.8.0000.5343.
Em posse da autorização
da coordenação, a acadêmica responsável visitou a escola e explicou a direção o
objetivo do trabalho, bem como os métodos que utilizaria para realizá-lo. Após o
aceite da direção da escola foi-se agendado um dia para ser aplicado o teste de
aceitabilidade. Mês da aplicação do teste de aceitabilidade na Escola estadual Guia
Lopes foi em Setembro de 2013. Participaram da pesquisa os alunos que estiveram
presentes e entregaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado
pelos pais e/ou responsáveis.
Obtenção
da matéria prima e confecção dos biscoitos
A semente de abóbora foi
adquirida em uma casa de produtos naturais do município de Santa Cruz do Sul e os
demais ingredientes em um mercado local do município de Candelária.
Foram utilizados 415 g
de grãos in natura da semente de abóbora.
A farinha foi desenvolvida de forma caseira, seguindo todas as normas de higienização.
As sementes foram lavadas em água corrente e higienizadas, deixando-as de molho
em água sanitária (2 colheres de sopa de água sanitária
para 2 litros de água, durante o período de 15 minutos), após as mesmas foram lavadas
novamente em água corrente. Foram secas ao natural durante 1
dia e após colocadas no forno elétrico para completar a secagem, e então, deixadas
até dourarem. Após as sementes esfriarem, as mesmas foram trituradas no liquidificador,
peneiradas e reservadas. Conseguinte, juntou-se os demais
ingredientes. A Figura 1 corresponde ao fluxograma de obtenção da farinha da semente
de abóbora.
Figura 1 – Fluxograma do desenvolvimento da farinha da semente
de abóbora
Para a elaboração dos
biscoitos foram utilizados os seguintes ingredientes: 465 g de farinha de semente
de abóbora (5 xícaras de chá), 1 ovo de galinha (50 g),
60 g de margarina (6 colheres de sopa), 162 g de açúcar mascavo (1,5 xícaras de
chá), 228 g de açúcar refinado (1 xícara de chá), 10 gotas de baunilha, 5 g de bicabornato
(1 colher de chá), 5 g de sal (1 colher de chá), 300 g de farinha de trigo (2,5
xícaras de chá) e água até dar ponto.
Após a farinha estar reservada,
bateu-se o ovo com a margarina até formar um creme, acrescentou-se a farinha da
semente de abóbora, açúcar mascavo, açúcar refinado, baunilha, bicabornato, sal
e farinha de trigo, misturando todos os ingredientes até obter-se uma massa homogênea,
acrescentando água quando necessário. Após, foram moldados os biscoitos e colocou-se
para assar em uma assadeira previamente untada. Tempo de forno 20 minutos, à 120oC, rendimento 110 porções.
Análise
sensorial
No dia anterior ao teste
de aceitabilidade a pesquisadora elaborou os biscoitos no laboratório de Técnica
Dietética da Universidade de Santa Cruz do Sul e após concluídos,
os mesmos foram guardados em potes de plástico, bem fechados, para que continuassem
íntegros.
Cada biscoito foi avaliado
por 61 alunos na faixa etária de 7 a 14 anos, 5o, 6o e 7o
série respectivamente. Os escolares foram orientados a não omitirem opiniões sobre
a preparação no momento da degustação, para isso os participantes foram acompanhados
pela pesquisadora para que não houvesse influência sobre as respostas.
O teste de aceitabilidade
foi feito através da escala hedônica facial estruturada de 5
pontos. Este método avalia por desenhos, que expressam o quanto gostou ou desgostou
da amostra (Figura 2). Este teste é recomendado para análise de produtos destinados
ao consumo infantil. Após a degustação dos biscoitos cada aluno individualmente
assinalou o desenho que expressava sua aceitabilidade. A análise sensorial do biscoito
foi realizada em sala de aula no período da tarde.
Fonte: [16].
Figura 2 - Escala hedônica facial de avaliação usada para
o teste de aceitação.
Os dados obtidos foram
analisados no programa Microsoft Excel for Windows versão 2007. As turmas de 5 série, 6 série e 7 séria foram analisadas separadamente, e
a análise descritiva utilizada foi a média e os dados numéricos expressos foi em
percentual.
Os biscoitos foram avaliados
por 61 alunos, em três diferentes turmas, verificou-se que a grande maioria adorou
o biscoito ou somente gostaram, correspondendo a 80% (n = 49). O custo unitário
de cada biscoito ficou em R$ 0,10. Os resultados demostraram que é possível aliar
o baixo custo de uma preparação a uma qualidade nutricional adequada, visto que
o biscoito de semente de abóbora contém vitaminas A, E e
D, cálcio e fibras.
As farinhas ricas em fibras
estão sendo utilizadas na fabricação de produtos de panificação e massas, ampliando
a oferta de produtos com alto teor de fibra, tanto para consumidores sadios, como
para aqueles que têm alguma patologia [10]. A semente da abóbora apresenta alto
teor de fibras alimentares, sendo boa fonte proteica e apresenta alto percentual
de óleos poliinsaturados [11].
Conforme a Dietary reference intakes for energy (DRIS)
a recomendação para a ingestão de fibras para crianças do sexo masculino com idades
entre 9 a 13 anos é de 31 g e do sexo feminino 26 g na dieta [12].
O cálculo da informação
nutricional elaborado pela pesquisadora foi conforme os rótulos dos produtos e da
tabela de composição química de alimentos [13]
Composição
nutricional
Tabela I – Valor nutricional dos biscoitos da farinha da
semente de abóbora (porção de 16 g – 1 unidade).
(*)Valores diários de
referência com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kj. Seus valores diários
podem ser maiores ou menores, dependendo de suas necessidades energéticas; contém
glúten.
O valor nutricional do
biscoito da farinha da semente de abóbora está descrito Tabela I. O custo total
da receita ficou em R$ 11,58, com rendimento de 110 biscoitos em formatos de coração,
urso e borboleta. O custo unitário de cada biscoito ficou em R$ 0,10. Sendo possível
adequar a qualidade nutricional com uma preparação de baixo custo, uma vez que as
sementes de abóbora normalmente não são utilizadas na culinária brasileira, sendo
as mesmas descartadas.
Cerqueira et al. [2] analisaram as sementes de abóbora
Cucurbita pepo L, verificaram que as sementes continham aproximadamente 38% de proteína,
37% de carboidrato, 35% de óleo, sendo este composto de 78% de ácidos graxos insaturados
em amostras de 100g.
Moura et al.
[1] estudaram biscoitos com semente
de abóbora em três diferentes frações
(semente de abóbora integral, fração retida
na peneira e fração peneirada), e verificaram que
não apresentaram diferenças significativas
entre si em teores de proteínas, lipídios e cinzas,
porém a fração peneirada apresentou
menor teor de fibras. Comparado com os biscoitos de farinha de trigo,
os biscoitos
da semente de abóbora apresentaram altos teores de
proteínas, lipídios e cinzas.
Devendo-se ao alto conteúdo proteico encontrado na semente de 25
a 31%, podendo
variar de acordo com a espécie. E o maior teor de
lipídios está relacionada à grande quantidade de ácido graxo poliinsaturado
(ácido linoléico) encontrado na semente.
Figura 3 – Aceitabilidade do biscoito da semente de abóbora.
Em relação ao paladar
dos alunos, verificou-se que a grande maioria adorou o biscoito ou somente gostou,
correspondendo a 80%. A posição indiferente, não gostei e detestei
representou a minoria (Figura 3).
Na indústria de alimentos
a análise sensorial é essencial, pois contribui para a determinação da qualidade
de um alimento ou do novo produto elaborado, pois informa se o consumidor aprovará
ou não [14].
Uma alimentação aceita
e nutritiva favorece a adesão do aluno na escola, melhorando assim seu desenvolvimento
em sala de aula e promovendo a formação de bons hábitos alimentares [15].
Figura 4 – Características mais apreciadas pelos escolares.
A Figura 4 demonstra as
características mais aceitas pelos alunos que mais gostaram no biscoito, sendo o
formato, correspondendo 25,42% (n = 16) e alunos gostaram de tudo no biscoito 20,34%
(n = 12), todos os aspectos favoráveis conforme aceitação sensorial. Respectivamente
a a média da aceitação ficou entre os seguintes itens:
gosto, sabor, crocante e gosto-formato. Nas demais categorias houve aceitação menor
que 3%. Não souberam responder também foi a minoria 1,69%
(n = 1).
Rodrigues et al. [16] avaliaram as características químicas,
cor, volume específico e aceitabilidade de biscoitos elaborados com diferentes níveis
de farelo de mandioca desidratado. Foram elaborados cinco formulações
de biscoitos com concentrações de farelo de mandioca 0% (BP), 2% (BF2), 4%
(BF4), 6% (BF6) e 8% (BF8). O biscoito BF8 apresentou alto teor de fibras 108,10%
em relação ao BP. Foram 50 provadores não treinados que participaram do teste sensorial
de escala hedônica de 9 pontos. Conforme os resultados
os biscoitos apresentaram boa aceitação em relação aparência, sabor e textura. Os
autores concluíram que os biscoitos elaborados com farelo de mandioca desidratado
fazem parte de um produto com bom potencial nutricional e boa aceitabilidade.
Piovesana e Bueno [17]
elaboraram a avaliaram a aceitabilidade de biscoitos enriquecidos com aveia e farinha
de bagaço de uva. Utilizaram três formulações diferentes, percentuais de substituição
de 30, 40 e 50 % da farinha de trigo por farinha integral de aveia e de farinha
de bagaço de uva. Foram 80 provadores não treinados que analisaram a aceitabilidade,
foi utilizado a escala hedônica de 9 pontos. Os resultados
demonstraram que os biscoitos apresentaram propriedades sensoriais aceitáveis e
as formulações não se diferenciaram entre sim em relação a
crocância e impressão global. Concluindo que é possível utilizar matérias primas
de baixo valor agregado, para ser disponibilizado em novas opções de produtos saudáveis.
Foram utilizadas três
dimensões diferentes de formato do biscoito em forma urso, coração e borboleta,
com o propósito de serem mais atrativos para os olhares dos escolares e assim saboreá-los
de uma forma mais divertida.
Figura 5 – Características menos apreciadas pelos alunos.
A Figura 5 demonstra que
37,39% (n = 23) dos alunos não tiveram críticas sobre a preparação do biscoito.
Foi possível observar que a média do que os escolares menos gostaram no biscoito
foi a textura atribuída como dura.
Para um alimento a textura
é um essencial atributo físico, dando satisfação ao consumidor, também auxilia no
exercício mastigatório. Há influências das percepções táteis, podendo interferir
no prazer de comer. Assim como o som que os alimentos proporcionam pela mordida
ou mastigação completam a percepção da textura e fazem parte da satisfação do comer,
sendo exemplos os biscoitos, chocolates ou maçã [18].
Carneiro et al. [19] avaliaram através de métodos sensoriais
e instrumentais, parâmetros de textura de barras de chocolate ao leite de três marcas
comerciais. As análises foram aplicadas em 30 provadores pré-selecionados (2 repetições) e no final 11 provadores (4 repetições). O teor
de gordura das amostras A,B e C conforme o fabricante,
foi de 7,1;7,6 e 7,9%, respectivamente. Na amostra A apontaram dureza e mais fraturabilidade,
a amostra B apresentou maior adesividade em relação as
demais amostras. As amostras B e C apresentaram no quesito espalhatabilidade diferenças
significativas, sendo diferentes da amostra A. Os resultados do atributo dureza
demonstraram que houve diferenças entre as amostras. Concluíram que o teor de gordura
presente na formulação conforme o fabricante, afeta as características sensoriais
de textura do chocolate, de acordo com o processo de fabricação e formulação.
Tangkanakul et al., citado por Santangelo [20], estudou
o efeitos da adição de diferentes tipos de fibras à farinha de trigo durante a elaboração
de pães, cascas de vagem vermelhas, farelo de arroz, casca de soja, sementes de
sésamo branco aos níveis de 30% e substituiu aos níveis de até 70% para a elaboração
de cookies por outras fontes de fibras como coco, cascas de soja, gérmen de trigo
e semente de girassol. Concluíram que os pães elaborados com diferentes tipos de
fibras apresentaram diminuições de volume, mas foi evidenciado aspectos como densidade
e dureza nos produtos. Foi verificado nos cookies que as fibras auxiliaram no fator
expansão e diminuíram a densidade.
Pesquisadores constataram
através de um estudo que a farinha de semente de abóbora apresentou relevante teor
de fibras, lipídios e proteínas, indicando o potencial da farinha como fonte de
fibra e sua capacidade em atuar aumentando o peso e volume fecal, promovendo a laxação
[11].
Gastaldon et al. [21] analisaram a aceitabilidade de
dois tipos de empadas (não integral e integral), em crianças em fase escolar. Para
a análise sensorial utilizaram a escala hedônica facial de 5
pontos, e concluíram que não houve diferença significativa entre a aceitação dos
dois tipos de empadas e verificaram que as crianças na fase escolar possuem boa
aceitação em relação aos produtos integrais.
Godoy et al. [22], avaliaram a aceitação de caldos
e canjas elaborados com a farinha aromáticas desenvolvidas a partir de carcaças
de peixes defumados (Tilápia do Nilo, Carpa e Pacu), na aplicação da merenda escolar.
Foram analisadas por 40 provadores numa escala hedônica de 9
pontos, considerados quesitos como aroma, sabor, cor, textura, aparência e aceitação
geral. De acordo com os resultados não houve diferenças significativas na aceitação
geral dos produtos. Os caldos tiveram excelente aceitação, e a canja elaborada com
a carcaça de pacu apresentou menor aceitabilidade quando comparadas a outras canjas.
Concluíram que as farinhas aromáticas podem ser utilizadas no enriquecimento de
produtos para o consumo escolar, melhorando assim a qualidade das refeições.
É importante que a alimentação
do escolar apresente constantemente alimentos fora do costume de consumo da criança,
como forma de introduzir alimentos diferentes do seu dia a dia, para que o escolar
tenha ciência da educação alimentar e possa assim identificar a qualidade nutricional
de diferentes alimentos [23].
O aluno bem alimentado
apresenta um melhor aproveitamento escolar, desenvolve defesas orgânicas para a
manutenção da saúde e atinge equilíbrio necessário para seu crescimento. A variedade,
a inter-relação entre os nutrientes e outros componentes dos alimentos devem contemplar
as necessidades nutricionais da fase escolar a fim de obter uma vida adulta saudável
[23].
Verificou-se que a grande
maioria adorou o biscoito ou somente gostou, correspondendo a 80% (n = 49). A posição
indiferente 10% (n = 6), não gostei 8% (n = 5) e detestei representou a minoria
1,69% (n = 1). O custo unitário de cada biscoito ficou em R$ 0,10. Os resultados
demonstraram que o biscoito elaborado a partir da farinha da semente de abóbora
teve uma boa aceitação entre os escolares, sendo possível com o aproveitamento integral
aliar ao baixo custo da preparação a uma qualidade nutricional adequada, visto que
o biscoito da semente de abóbora contém vitaminas A, E e
D, cálcio e fibras.
As
sementes de abóbora
são boas fontes de fibras, possuem alto teor de ácidos
graxos insaturados, proteínas,
vitaminas, minerais e antioxidantes. As sementes de abóbora
possuem efeito laxativo,
promovendo a redução da glicemia e
diminuição dos triglicerídeos e colesterol
sanguíneo.
Além de ter ação anti-helmíntica e
apresentar ação vermífuga.
Devido ao desconhecimento
da população sobre estes benefícios, a farinha da semente de abóbora pode se tornar
uma alternativa para introdução em preparações, tornando-as mais nutritivas, pois
é um produto de fácil aquisição e baixo custo, sendo quase sempre descartado. Aliado
a todas as qualidades já descritas, ressalta-se que a mesma é rica em nutrientes
e poderia fazer parte da alimentação da criança, especialmente na fase escolar.