ARTIGO
ORIGINAL
Adequação
das temperaturas do arroz de dietas transportadas
Adequacy of rice temperatures of transported diets
Maria Marta Amancio
Amorim*, Priscila Fernandes da Silva**, Daniela Almeida do Amaral***, Adriana
Keller Coelho****
*Nutricionista,
mestre em Ciências de Alimentos, doutora em enfermagem, Professora do Centro
Universitário UNA, **Nutricionista, especialista em Gestão de Unidades de
Alimentação, Centro Universitário UNA, ***Nutricionista, mestre em Fisiologia,
Centro Universitário UNA, ****Nutricionista, mestre em Ciências da Saúde, PUC Barreiro
Recebido 8 de setembro de 2017; aceito 15 de outubro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Maria Marta Amancio Amorim, E-mail: martamorim@hotmail.com; Priscila Fernandes
da Silva: pri.nutrir@hotmail.com; Daniela Almeida do Amaral:
dan.amaral@gmail.com; Adriana Keller Coelho: adrianakeller@terra.com.br
Resumo
Considerando a
necessidade de adequação da temperatura dos alimentos frente à legislação
sanitária e à exigência contratual de uma Unidade de Alimentação e Nutrição, o
presente estudo avaliou a temperatura do arroz de dietas porcionadas
transportadas para um hospital de Belo Horizonte. A pesquisa foi realizada
entre os meses de março e maio de 2013, antes e após implementação
de um plano de ação. Uma amostra do arroz de cada uma das 13 dietas entregues
diariamente foi aferida durante um mês, tendo como referência a temperatura
mínima de 60°C preconizada pela resolução 216/2004 (T1) e a de 65ºC exigida em
contrato (T2). Houve adequação de 9,7% na T1 e 2% na T2. Os problemas
envolvidos nessa inadequação foram identificados por meio de ferramentas
administrativas e sanados, aumentando a temperatura média após nova aferição,
com um ganho de 23,08°C e adequação de 100% e 99% em relação às temperaturas
mínimas de referência. Os profissionais e empresas de refeição coletiva devem
ter um olhar mais técnico e ativo frente aos problemas envolvidos nas
dificuldades de manutenção da temperatura de refeições transportadas.
Palavras-chave: temperatura, arroz,
dietas, contaminação.
Abstract
Considering the need to adapt the food temperature in front of health
legislation and contractual requirements of Food and Nutrition Units, the
present study aimed to evaluate the rice temperature of portioned diets
transported to an hospital at Belo Horizonte/MG,
between March and May 2013, before and after implementation of a specific
action plan. A rice sample of each of the 13 delivered daily diets was measured
for a month, with reference to the minimum temperature of 60 °C recommended in
216/2004, and the 65 °C required by contract, whose initial results indicated
adequacy only 9.7% to 2% of diets, respectively. Given this reality, the
problems involved in this inadequacy have been identified and corrected, which
contributed to a significant increase in temperature after recalibration
reaching a gain of 23.08 °C average temperature and 100% of adequacy in
temperature of all diets after technical intervention, which demonstrates the
importance of professional and collective meal companies have a more technical
and active look with the problems involved in maintenance difficulties of
transported meals temperature.
Key-words: temperature,
rice, diets, contamination.
A demanda pela
terceirização de empresas alimentícias no Brasil aumentou muito nos últimos
anos. Contudo, além de terceirizar, essas instituições nem sempre conseguem
oferecer a estrutura adequada para a produção das refeições no mesmo local onde
serão consumidas, seja por deficiências econômicas,
espaço físico insuficiente, dentre outros motivos. Nesses casos, a Unidade de
Alimentação e Nutrição (UAN) trabalha com o sistema de distribuição
descentralizado, em que as refeições são produzidas em cozinhas industriais
distantes do local onde serão de fato consumidas, o
que caracteriza o sistema de refeições transportadas [1-3]. A distribuição das
refeições transportadas pode ser feita em cubas que são colocadas em um balcão
bufê ou porcionadas em embalagens individuais [3].
As UAN, além de
garantir que esses alimentos cheguem até o cliente no momento da refeição,
desempenham papel fundamental na saúde da população por meio da qualidade do
alimento que produzem [1]. Além de equilibradas nutricionalmente, as refeições
devem passar por um controle higiênico-sanitário rigoroso e no caso das
refeições transportadas esse controle deve ser ainda maior devido à dificuldade
em manter a temperatura adequada durante o tempo gasto entre o porcionamento e
o consumo [4]. Quando o transporte é feito em embalagem individual, o desafio é
ainda maior, visto que após a entrega, perde-se o controle de quanto tempo terá
se passado até que o alimento seja efetivamente consumido.
O controle de
temperatura dos alimentos de no mínimo 60°C, por no máximo 6 horas [5]
contribui para dificultar a sobrevivência e reduzir a multiplicação microbiana
paralisando o metabolismo ou destruindo as células vegetativas dos
micro-organismos, eliminando quase todos patogênicos e a consequente redução do
risco de doenças de origem alimentar [1,6].
Diante das
dificuldades aqui expostas e da importância do controle da temperatura das
refeições transportadas, esse estudo objetivou avaliar a temperatura do arroz
de dietas porcionadas transportadas para um hospital de Belo Horizonte, antes e
após a implementação de um plano de ação específico
para a adequação de suas temperaturas.
Como objeto de
estudo, será avaliado o fornecimento das refeições transportadas para um
hospital de Belo Horizonte, distante a 3 km da cozinha central, cujas refeições
são porcionadas em marmitas de papel alumínio descartáveis (marmitex) de três
divisórias e acondicionadas na caixa térmica de poliuretano HotBox®,
com capacidade de 35 L, transportadas em veículo fechado.
As
dietas fornecidas
são: normal, hipossódica, 1500 kcal, 1500 kcal
hipossódica, 1800 kcal, 1800
kcal hipossódica, 2400 kcal, Insuficiência Renal
Crônica (IRC), vegetariana,
branda, branda hipossódica, pastosa e pastosa
hipossódica. Em geral, as dietas
são compostas por arroz, feijão, prato protéico,
guarnição e três opções de
salada servidas em embalagem plástica separada.
Ao serem entregues no
hospital, as refeições são conferidas por um profissional da contratante por
meio de um check list denominado Acordo de Nível de Fornecimento, avaliando
diferentes critérios: condições sensoriais e higiênicas, pontualidade, agilidade
na solução de problemas, controle microbiológico, adequação de não
conformidades, especificação da dieta e temperatura das refeições.
Para a aferição de
temperatura, um marmitex de cada dieta é escolhida
pelo profissional da contratante aleatoriamente, aferindo a temperatura do
arroz das dietas com o termômetro digital, tipo espeto, marca Hikari t363®
(-10°C a 200°C). A haste é colocada em contato com o arroz por meio de uma
abertura mínima na tampa do marmitex e sem contato direto com o fundo de alumínio.
O profissional fecha ao máximo a abertura, deixa o termômetro em contato com o
arroz até que o valor permaneça estável, sendo registrado no check list. Caso a temperatura
encontrada seja inferior a 65°C, a concessionária é penalizada, diminuindo um
ponto na avaliação do serviço em questão e estas perdas somadas ao final de
cada mês são utilizadas para cálculo do desconto no faturamento.
As temperaturas
aferidas foram retiradas do check list efetuado no mês de março de 2013 e
analisaram-se as médias das temperaturas de todas as dietas servidas ao dia.
Com base nas inadequações das temperaturas foi proposto um plano de ação pela
nutricionista supervisora da UAN, com o objetivo de alterar os procedimentos
operacionais desde a produção à entrega das refeições a fim de adequar a
temperatura das refeições servidas. Utilizou-se a metodologia do Plan-Do-Check-Act (PDCA) [7] com 4 fases: planejamento/observação, delimitação das ações,
monitoramento e avaliação e da metodologia do 5W1H, que permite a visualização
de todas as tarefas a serem executadas. O 5 W
refere-se a: o que (what), quem (who), quando (when), onde (where),
porque (why) e o 1 H a (how), como deve ser feito [7].
Uma nova análise das
temperaturas foi realizada no mês de maio de 2013, levando em consideração a
média das temperaturas por dieta. Os parâmetros utilizados para temperaturas
adequadas do arroz foram os da exigência contratual da UAN – 65°C.
A análise estatística
dos dados foi realizada no software Graphpad Prism 3.02®. Para a comparação das
temperaturas entre as dietas utilizou-se a Análise de Variância, seguida de pós teste de Tukey, sendo consideradas significativas as
diferenças de p < 0,05 [8].
A temperatura média
das dietas antes da intervenção variou entre 42,7°C e 54,8°C. A análise de
variância e o pós teste de Tukey demonstraram
diferenças significativas entre a dieta normal e as dietas 1800 kcal, IRC,
branda, pastosa e pastosa hipossódica (Figura 1).
1 = Normal; 2 =
Hipossódica; 3 = 1500 kcal; 4 = 1500 kcal hipossódica; 5 = 1800 kcal; 6 = 1800
kcal hipossódica; 7 2400
kcal; 8 = IRC; 9 = Vegetariana; 10 = Branda; 11 = Branda Hipossódica; 12 =
Pastosa; 13 = Pastosa Hipossódica; *Diferença significativa p < 0,01 entre
as temperaturas das dietas 1x8; 1x10 e 1x12; **Diferença significativa p <
0,05 entre as temperaturas das dietas 1x5 e 1x13.
Figura
1 - Temperaturas médias do arroz das dietas de
um hospital de grande porte, antes da intervenção, Belo Horizonte/MG.
A seguir
apresentam-se as 4 fases do PDCA.
1ª
fase: Planejamento
Na observação de todo
o processo produtivo envolvido na produção do arroz até a expedição, transporte
e entrega das refeições, foram levados em consideração os seguintes pontos:
Elaborou-se um plano
de ação a fim de sanar os possíveis problemas que contribuíam para a perda de
temperatura das preparações (Quadro 1).
Quadro
1 - Plano de ação baseado nas inadequações de
temperatura após análise do PDCA. (ver PDF em anexo)
2ª
fase: Execução
Das medidas propostas
no plano de ação, vale ressaltar que o transporte do marmitex dentro de cubas
acondicionadas nos Hot Box® foi a que surtiu efeito positivo no alcance da
temperatura adequada das refeições. Para se chegar a essa solução, foi realizado
um teste comparando a temperatura do arroz fora e dentro da cuba (Quadro 2):
Quadro
2 - Teste de temperatura do arroz porcionado em
marmitex dentro e fora da cuba de aço inoxidável.
3ª e 4ª
fases: Avaliação e Monitoramento
Após implementação das ações, um novo levantamento das
temperaturas durante a entrega das refeições foi realizado para constatar se as
mudanças foram de fato efetivas. Das 179 dietas aferidas no mês de maio, a
temperatura média das dietas após a intervenção variou entre 67°C e 69,2°C. A
análise de variância e o pós teste de Tukey não
demonstraram diferenças significativas entre os tipos de dietas avaliadas
(Figura 2).
1 = Normal; 2 =
Hipossódica; 3 = 1500 kcal; 4 = 1500 kcal hipossódica; 5 = 1800 kcal; 6 = 1800
kcal hipossódica; 7 = 2400 kcal; 8 = IRC; 9 = Vegetariana; 10 = Branda; 11 =
Branda Hipossódica; 12 = Pastosa; 13 = Pastosa Hipossódica.
Figura
2 - Temperaturas médias do arroz das dietas de
um hospital de grande porte, depois da intervenção, Belo Horizonte/MG.
A análise comparativa
das temperaturas antes e após a intervenção apresentou diferenças
significativas em todas as semanas avaliadas (Figura 3).
***Diferença
significativa (P < 0,001) entre as temperaturas antes e após a intervenção
nas semanas 1, 2, 3, e 4.
Figura
3 - Temperaturas médias das dietas antes (AI) e
depois da intervenção (DI) nas 4 semanas de avaliação.
No total foram
aferidas a temperatura do arroz de 144 dietas e destas, apenas 14 apresentaram
temperatura ≥ 60°C e 3 apresentaram temperatura ≥
65°C, o que corresponde a apenas 9,7% e 2% respectivamente do total de dietas.
A temperatura da grande maioria das dietas durante o período aferido ficou
abaixo da recomendação da RDC 216 (60°C) e da exigência contratual da UAN em
questão (65°C). Não houve nenhum dia em que todas as dietas aferidas alcançaram
adequação.
Se avaliarmos o
número de dietas adequadas em relação ao número de vezes em que essa dieta foi
aferida, o maior índice de adequação foi a normal com 45%, seguida da branda
hipossódica com 14%, 1800 kcal hipossódica com 11%,
IRC com 9%, seguidas das dietas de 1500 kcal e pastosa hipossódica, com 8% cada
uma. As demais não alcançaram adequação de temperatura em nenhum dia. A
temperatura média da dieta normal foi a que mais se aproximou dos valores de
referência (57,28°C), o que pode ser explicado pelo fato dessa dieta ser a de
maior volume na unidade, fazendo com que o arroz estivesse sempre em grandes
quantidades nas cubas de porcionamento e na espera dentro do pass through.
Segundo a lei de
resfriamento de Newton, a perda de calor de um corpo é proporcional à diferença
de temperatura entre o corpo e seus arredores, logo, após algum tempo, o
alimento atinge o equilíbrio térmico com o ambiente [9]. Dessa forma,
naturalmente o alimento quente tende a perder temperatura para o meio, que é
menos quente.
Além disso, o balcão
de dieta normal ficava mais afastado das portas de entrada, em um ambiente cuja
circulação de ar era bem menor se comparada à área de porcionamento das dietas
especiais. Sendo assim, as dietas especiais ficavam mais expostas a um meio
cuja mobilidade era maior devido à corrente de ar, o que torna mais rápidas as
trocas térmicas entre o produto e o meio em contato com o mesmo [9]. Por esse
motivo, manter o alimento aquecido e um ambiente não muito frio ou com corrente
de ar é essencial para a manutenção da temperatura.
Outro fator que
interfere no resfriamento de um corpo é a superfície exposta. As dietas
especiais eram colocadas em cubas bem menores, ou seja, o volume de arroz era
menor. Quanto maior for a superfície de contato entre
o corpo e o meio externo (ambiente), maior será a rapidez de resfriamento [9].
Além disso, as cubas de arroz das dietas especiais eram rasas e não ficavam em
contato com a água quente do balcão térmico, prejudicando a condução de calor
pela água do equipamento. Apenas o vapor da água não era suficiente para manter
a temperatura do alimento, visto que sólidos são melhores condutores que
líquidos e líquidos são melhores condutores que gases [10].
Temperaturas abaixo
dos 60°C dificultam a manutenção da qualidade higiênico-sanitária dos alimentos
e contribuem para a multiplicação bacteriana, a qual, em geral, ocorre mais
rapidamente na temperatura ambiente [5].
Nos dias 06, 17 e 19
de março, as temperaturas médias por dia foram as menores,
39,85°C, 36,6°C e 35,83 °C respectivamente. Nesses dias não houve aferição de
temperatura das dietas normais, o que comprova que por serem as mais adequadas,
sua ausência no cálculo da média diminui expressivamente o resultado.
A realidade
apresentada nesse estudo, cuja inadequação foi de 90,3% considerando o mínimo
de 60°C e 98% para temperatura ≥ 65°C, é pior do que a encontrada em
outros estudos [4,11]. Ambos avaliaram o transporte de refeições e a
inadequação de temperatura do arroz, sendo 20% e 33% respectivamente. No
entanto, na UAN analisada por Marinho et al. [4] o arroz
era colocado em banho-maria após ser entregue, o que possibilitava temperaturas
maiores que 60°C no meio da distribuição, o que não é possível no transporte de
refeições já porcionadas em marmitex.
Ressalta-se a
importância de monitorar a temperatura dos alimentos de forma separada, como a
realizada no presente estudo. Faé e Freitas [12] analisaram a temperatura de
preparações servidas em um restaurante comercial e os dados do arroz foram
compilados juntamente com outras preparações à base de milho, por dez dias
durante a distribuição. A temperatura ficou inferior a 60ºC em 43% das
aferições. Costa [13] avaliou o arroz juntamente com outros cereais e
tubérculos, em refeição transportada para um centro hospitalar. Essas
preparações apresentaram temperaturas inferiores a 65°C em 65,4% das refeições.
Abreu et al. [1] avaliaram a temperatura de refeições
transportadas em marmitex no ato da entrega, porém, o arroz foi aferido
juntamente com o feijão, os quais compunham o prato base do estudo. Os
resultados foram insatisfatórios, visto que o feijão é uma preparação com maior
quantidade de líquido e geralmente com maior facilidade de manutenção da
temperatura que o arroz. Apenas 16,4% dos 36 pratos-base tiveram a temperatura
acima de 60°C.
Fases
do PDCA
1ª
fase: Planejamento
Diante dessa
realidade e das necessidades de adequação da UAN em questão, empregou-se a
ferramenta de qualidade PDCA, como estratégia, a fim de sanar o problema, facilitando
a tomada de decisões e o alcance de metas. No contexto da melhoria contínua
[14] a inadequação da temperatura foi a base do PDCA
elaborado na UAN em questão, uma vez que esta representa um dos pontos de maior
impacto sobre a segurança alimentar, a satisfação do cliente e na perda de
faturamento da concessionária. Foi determinado um responsável por cada
atividade, com prazo para execução, em geral de curto prazo, devido à urgência
na adequação da temperatura das preparações. Em geral, não se tratava de metas
difíceis, sendo a mais demorada a compra de mais
equipamento, visto que requeria investimento relativamente alto, mas que após
ser analisado, apresentava uma boa relação custo e benefício. Os problemas
estavam relacionados, em sua maioria, ao operacional, mas também envolvia a
dinâmica do cliente e o patrimônio da UAN.
2ª
fase: Execução
Após identificação
dos problemas e execução das ações descritas no plano de ação, os procedimentos
adequados foram implantados e monitorados diariamente através de supervisão
diária da produção à entrega das refeições. Apesar do marmitex solto dentro do pass through atingir uma temperatura
maior, a cuba mantinha a temperatura do marmitex por mais tempo. Sendo assim,
manter os marmitexs em cubas dentro do pass
through, do porcionamento até o horário de saída para entrega, fez com que
a temperatura final se mantivesse adequada.
Inicialmente, a
temperatura média geral das dietas por dia era de 44,91°C. Após o trabalho
realizado na UAN com foco nos problemas operacionais e de logística das
entregas que contribuíam direta ou indiretamente para tal inadequação, a média
geral das dietas por dia passou para 67,99°C, ou seja, 23,08°C a mais, o que
corresponde a 51,39% de aumento.
3ª e 4ª
fases: Avaliação e Monitoramento
Todas as temperaturas
ficaram maiores que a referência legal de 60°C e 2
ficaram menores que 65°C, conforme exigido no contrato, o que representa 100% e
99% de adequação, ao contrário da média inicialmente encontrada antes da
intervenção – 9,7% e 2%. A temperatura média semanal variou entre 35,8°C e
42,3°C antes da intervenção (AI) e de 67,5°C a 68,7°C depois da intervenção
(DI).
A inadequação da
temperatura de preparações transportadas é uma realidade a ser enfrentada pelas
empresas de refeição coletiva, que pode ser combatida por meio do monitoramento
das atividades operacionais frente ao processo produtivo, passando pelo
transporte até a entrega final do produto. Prova disso, foi o aumento de
23,08°C na temperatura média geral do arroz no período analisado e adequação de
100% considerando a temperatura mínima de 60°C e 99% a mínima de 65°C.
O trabalho a ser
desenvolvido pela equipe técnica nas UAN é mais efetivo quando aliado os
conhecimentos de nutrição às ferramentas administrativas comumente utilizadas
na resolução de problemas, aplicadas em empresas de segmentos diversos, como
por exemplo, o PDCA e 5W1H.
Identificar a raiz do
problema é um bom início para alcançar a adequação da temperatura das
preparações, visto que se trata de uma tarefa difícil, que envolve inúmeros
procedimentos e pessoas, conforme demonstrado pelos estudos aqui citados. Junto
a isso, ter embasamento técnico para convencer as concessionárias a investir na
unidade, de modo a proporcionar estrutura adequada à produção dos alimentos, é
imprescindível para o alcance de resultados positivos.
Embora a adequação da
temperatura seja uma exigência legal, naturalmente a ser trabalhada na UAN,
vale ressaltar que o mercado de refeições coletivas está cada dia mais
competitivo e o perfil dos clientes está mais exigente, com uma fiscalização
mais atuante, o que exige das empresas maior atenção às questões da segurança
alimentar.