ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
física, química e antimicrobiana da Kombucha Probiótico (Medusomyces gisevii lindau) e análise
comparativa com outros probióticos comercializados no
Brasil
Physical, chemical and antimicrobial evaluation of probiotic Kombucha (Medusomyces gisevii lindau) and comparative
analysis with other probiotics marketed in Brazil
Silvana Ballmann Cardoso*, Izabel Carolina Busfield**,
Edeltraut Steiner***, Tania Regina de Oliveira Rosa, M.Sc.****
*Acadêmica
do Curso de Nutrição da Faculdade Bom Jesus/IELUSC, **Nutricionista e
Especialista em Nutrição Funcional, Docente do Curso de Graduação em Nutrição
da Faculdade Bom Jesus/IELUSC, ***Nutricionista Egressa do Curso de Nutrição da
Faculdade Bom Jesus/IELUSC, ****Mestre em Ciências Farmacêuticas, Docente do
Curso de Graduação em Nutrição da Faculdade Bom Jesus/IELUSC
Recebido 13 de
dezembro de 2016; aceito 15 de dezembro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Tania Regina de Oliveira Rosa, Associação Educacional Luterana
Bom Jesus/IELUSC Rua Mafra, 84 Saguaçu
89221-665 Joinville SC, E-mail: taniarprof@gmail.com; Silvana Ballmann Cardoso: plimata027@hotmail.com; Izabel Carolina Busfield: izabel.bousfield@ielusc.br; Edeltraut
Steiner: traudy54@gmail.com
Resumo
Objetivo: Analisar as
propriedades físicas-químicas e atividade antimicrobiana da Kombucha
(Medusomyces gisevii lindau) e comparação com leite fermentado. Métodos: Trata-se de um trabalho
experimental observacional e analítico. Foram realizados determinações de pH, Acidez titulável,
Carboidratos, Proteínas, Peso específico e Cinzas. Para a avaliação da
atividade antimicrobiana foram utilizadas espécies de patógenos, semeados sobre
meio de cultura específico, cultivados em estufa bacteriológica. As amostras
preparadas com a bebida fermentada pelo Kombuchá (Medusomyces gisevii lindau) foram numeradas da seguinte forma: K1 para a
fermentação com chá preto (Caméllia sinensis), K2 para a fermentação em água e K3 para o
leite fermentado. Resultados: O pH foi K1 = 2,2, da amostra K2 = 2,0 e K3 = 2,65. A acidez titulável apresentou valores de K1 = 0,33% para K2 = 0,21%
e K3 = 0,30%. Total de carboidratos K1 = 0,0761 mg/5ml,
K2 = 0,0748 g/5ml e K3 = 0,0764 mg/5ml. Total de proteínas na amostra K1=1,74 mg/5ml, K2=1,49 mg/5ml e K3=2,65 mg/5ml. O peso específico
de K1 = 1,03g, K = 1,03 g e K3 = 1,06 g. Total de cinzas encontrado em K1 =
4,20 mg/5ml e K2 = 4,58 mg/ml, além de minerais como
zinco e magnésio. Não houve crescimento de patógenos nas placas contendo as
amostras. Conclusão: A bebida
fermentada por Kombuchá apresenta resultados
satisfatórios nas análises físico-químicas quando comparadas ao leite
fermentado comercializado, também demonstra atividade biológica e antimicrobiana.
Palavras-chave: kombuchá,
fermentação, avaliação físico-química, atividade antimicrobiana.
Abstract
Purpose: To analyze
the physical-chemical properties and antimicrobial activity of Kombucha (Medusomyces gisevii lindau) in comparison
to fermented milk. Methods: This is
an observational and analytical experimental work. We determined pH, Titratable Acidity, Carbohydrates, Proteins, Specific
Weight and Ash. For the evaluation of the antimicrobial activity we used
pathogen strain, seeded on a Petri dish, grown in a bacteriological stove.
Samples were prepared with Kombucha (Medusomyces gisevii lindau) fermented beverages, numbered as follows: K1
for fermentation with black tea (Camellia
sinensis), K2 for fermentation in water and K3
for fermented milk. Results: The pH
was K1 = 2.2, K2 = 2.0 and K3 = 2.65. The titrable
acidity presented values of K1 = 0.33% for K2 = 0.21% and K3 = 0.30%. Total
carbohydrate K1 = 0.00761 mg/5ml, K2 = 0.00748 g/5ml and K3 = 0.00764 mg/5ml.
The specific amount of K1 = 1.03 g, K =: 1.03 g and K3 = 1, K2 = 1.49 mg/5ml
and K3 = 2.65 mg/5 ml, 06 g. The fixed mineral residue found in K1 = 4.20
mg/5ml and K2 = 4.58 mg/ml, and contain minerals such as zinc and magnesium.
There was no growth of the pathogens analyzed. Conclusion: The beverage fermented by Kombucha
presented satisfactory results in the physical-chemical analyzes when compared
to the commercialized fermented milk, and demonstrates antimicrobial and
biological activity.
Key-words: Kombucha, fermentation, physical-chemical evaluation,
antimicrobial activity.
A alimentação é uma
necessidade básica para os seres vivos, além de ser um direito, é ainda uma
atividade cultural. Através da alimentação se suprem não apenas necessidades
nutricionais e fisiológicas, sendo também um ato social, pois proporciona o
convívio em sociedade [1]. Alguns alimentos além de fornecerem nutrientes
básicos, apresentam componentes com potenciais tanto de promoção de saúde
quanto tratamento de doenças [2,3].
Nos últimos anos tem
se fortalecido a ideia da relação entre os alimentos e a saúde, apregoado há
milênios pelos orientais e traduzidos nos chamados alimentos funcionais, que
apesar aparência com o alimento convencional, consumido como parte de uma
alimentação normal, porém é capaz de produzir efeitos metabólicos ou
fisiológicos desejáveis na manutenção da saúde [4].
Os alimentos
funcionais estão classificados conforme seus compostos bioativos
e probióticos. São consideradas substâncias bioativas, os carotenóides, os fitoesteróis, os flavonóides, os
fosfolipídios, os organossulfurados, polifenóis, entre outras. Os probióticos
são micro-organismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano
intestinal produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo [5].
As bactérias do
intestino metabolizam vários substratos através do processo de fermentação
formam produtos finais como ácidos graxos de cadeia curta (acetato, butirato, propionato) e gases,
que contribuem de forma positiva para o atendimento das necessidades
energéticas do hospedeiro, a microbiota gastrointestinal humana é fundamental
para nutrição e saúde, ainda tem a capacidade de modular o sistema imunológico
[6].
Quando a microbiota
intestinal está em equilíbrio, ou seja, em eubiose,
impede que micro-organismos com potencias patogênicos exerçam seus efeitos
prejudiciais. Porém, o desiquilíbrio da microbiota caracteriza uma disbiose. Os probióticos
influenciam de forma benéfica a microbiota intestinal humana [7].
Kombucha é uma bebida
terapêutica consumida em todo o mundo conhecida pela capacidade de promoção da
saúde, produzida através de uma simbiose de espécies de leveduras, fungos e
bactérias (Medusomyces gisevii lindau) na fermentação de chá adoçado [8]. Durante a
fermentação os probióticos presentes na Kombucha metabolizam ácidos: láctico, málico, tartárico, malónico, oxálico, succínico,
pirúvico, usnico; além de açúcares, tais como
sacarose, glicose e frutose; algumas vitaminas do complexo B: B1, B2, B6, B12,
e C, 14 aminoácidos, aminas biogênicas, purinas, pigmentos, lípidos,
proteínas, etanol, minerais, entre outros [9,10].
As catequinas
presentes no chá são conhecidos pela atividade antioxidante e anticancerígena, anti-aterosclerose,
anti-inflamatória e anti-diabetes, e estes compostos
podem ser modificados pela fermentação da Kombucha.
Os compostos encontrados no chá preto como a cafeína, teofilina e teobromina
são capazes de estimular o crescimento da matriz de celulose ou SCOBY (for symbiotic colony of bacteria
and yeast) [11].
Muitos benefícios
para a saúde são atribuídos ao uso do Kombucha devido
à capacidade de detoxificação, melhora da digestão e
promoção de efeitos positivos sobre o sistema imunológico, endócrinocrino,
cardiovascular, gastrointestinal, urogenital entre outros [6]
como na prevenção e tratamento do câncer, gota, cefaléia,
reumatismo, problemas de envelhecimento, demonstrando efeitos terapêuticos
satisfatórios no tratamento de doenças metabólicas e crônicas [12].
Com base na possível
capacidade de alimento funcional da Kombucha o
presente estudo teve como objetivos analisar as propriedades físicas, determinar
as características químicas, investigar a atividade antimicrobiana da Kombucha probiótico (Medusomyces gisevii lindau), análise comparativa com um tipo de leite
fermentado comercializado e produzido no Brasil.
O trabalho
experimental observacional e analítico foi realizado através da avaliação
físico-química e antimicrobiana da bebida fermentada por Kombucha.
Realizou-se no Laboratório de Química, Bioquímica, Bromatologia
e Tecnologia de Alimentos, da Faculdade de Nutrição da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc em
Joinville/SC.
Para a obtenção da
amostra K1, foi produzida a bebida probiótica de chá
preto (Camelia sinensis)
preparado com metodologia baseada no experimento de Fu et al. [13]. Para obtenção da amostra K1 (Teste 1)
foi realizada da seguinte forma: Foi misturada 2 litros de água filtrada, 16 g
de chá preto da marca Leão Fuze®, 200 g açúcar
refinado da marca Da Barra®, levando-se ao fogo até atingir a temperatura de
100°C, e mantendo fervura por 10 minutos. Após esfriar á temperatura ambiente
foi adicionada 100 ml do líquido pronto de Kombucha e
o SCOBY cobrindo-se com pano de algodão, incubados a temperatura ambiente em
torno de 25oC, ao abrigo da luz por 10 dias. Para
obtenção da amostra K1 para o Teste 2 foi filtrada o
líquido em peneira de nylon e acondicionado em recipiente de vidro emeticamente fechado e mantido sob refrigeração a 4ºC por 7
dias.
A amostra K2
cultivada em água seguiu a metodologia empírica. Para a obtenção da amostra K2,
foi produzida a bebida fermentada de água e Kombucha.
A preparação da amostra K2 foi realizada da seguinte forma: foi misturada água
filtrada em temperatura ambiente, 200 g de açúcar refinado da marca Da Barra®,
foi adicionado 100 ml do líquido pronto de Kombucha
fermentado em água e o SCOBY de origem doméstica, cobrindo-se com pano de
algodão e incubados a temperatura ambiente em torno de 25oC,
ao abrigo da luz durante 30 dias para realização do Teste 1 e 37 dias para o
Teste 2.
Para a amostra K3 foi
escolhido um tipo de leite fermentado com alegação de probiótico
de marca comercialmente vendida em supermercados.
Para a avaliação
físico-química foi realizado os seguintes procedimentos em triplicata segundo
os métodos físico-químicos para análise de alimentos do Instituto Adolfo Lutz
(1985): pH (pHmetro
digital), acidez titulável expressa em % de ácido
cítrico (IAL, 1985), carboidratos pelo Método de Benedict, proteínas pelo
Método de Biureto, peso específico obtido
aplicando-se a fórmula d = m/v, resíduo mineral fixo (cinzas) pelo método de
incineração em mufla a 550oC.
Para a determinação
da atividade antimicrobiana foram empregados os seguintes micro-organismos: Staphylococcus aureus ATCC 6538, Salmonella sp ATCC 4598, E. coli ATCC
3328, Shigella
ATCC 12022 e o fungo Candida albicans
10231. Após as bactérias serem semeadas, foi medido com auxilio de pipeta
graduada estéril 1 ml da amostra K1 sendo aplicados
sobre o ágar, para a amostra K2 e K3 utilizou-se o mesmo procedimento. As
placas foram incubadas, invertidas, à temperatura de 35ºC ± 2°C por 48 ± 1 horas.
Todos os dados
obtidos dos diferentes experimentos foram plotados em programas estatísticos
apropriados. Os dados serão tabulados mediante o Microsoft®
Excel Office 2010.
As determinações
físico-químicas realizadas com as amostras estão expostas Tabela I. Para a
determinação do pH, obteve-se para a amostra K1 o pH
2,2, para a amostra K2 o pH 2,0 para a amostra K3 o pH 3,1.Conforme resultados
obtidos para a acidez expostos na tabela I, os valores de acidez titulável encontrados foram de 0,33% para K1, 0,21% para K2
e 0,30% para K3. Verificou-se a presença de pouco carboidrato em todas as
amostras analisadas. Sendo que K1 0,0761 g/5 ml, K2 0,0748 g/5ml,
K3 0,0764 g/5ml.
Tabela
I - Resultados para determinação das
características físico-químicas.
Após os devidos
cálculos, a amostra K1 apresentou 1,74 mg/5ml de
proteínas, a amostra K2 apresentou 1,49 mg/5ml de proteína e a amostra K3
apresentou 2,65 mg/5ml. Os resultados encontrados para o resíduo mineral fixo
foi de 4,2 g/5ml para a amostra K1 e 4,58 g/5mL para a
K2, também foi observada a presença de Cloreto (Cl) Zinco (Zn) e Magnésio (Mg)
não sendo possível a quantificação. O peso específico médio encontrado foi de
K1 = 1,3 g/ml, para K2 = 1,3 g/ml e K3 = 1,6 g/ml.
Tabela
II -
Resultados dos experimentos para
determinação das características antimicrobianas.
O sinal + significa
presença de crescimento e o sinal negativo ausência de crescimento.
As análises
antimicrobianas conforme expostas na tabela II foram realizadas em duplicata e
mostram que não houve crescimento microbiano nas amostras analisadas no
primeiro teste realizado com amostras de K1 com 10 dias de fermentação, K2 com
30 dias de fermentação. No segundo teste houve discreto crescimento microbiano
especialmente de Candida albicans, com
baixo crescimento na amostra K2, moderado crescimento na amostra K1 e K3. O
crescimento de Salmonella
e E. coli foi
muito baixo em todas amostras no segundo teste.
As analises de pH mostram que houve variação em relação a bebidas
fermentadas com leite, esta variação pode ser devido aos diferentes
micro-organismos utilizados. No estudo realizado por Fu et al. [14] que utilizando uma mistura de ervas na fermentação de sua
amostra foram encontrados valores de pH 2,75. O estudo de Iličić et al. [15] que analisaram a densidade calórica do Kombucha fermentada a base de leite registrou o pH 3,21. Burkert et al. [16] em seu
trabalho teve o pH 4,6 ajustado para a realização de teste sensorial sendo o
valor mais adequado. Para Mendes [17] o pH médio
inicial do leite fermentado por Lactobacillus fermentum foi de 4,58; enquanto que para o leite
fermentado por Lactobacillus rhamnosus, o
pH foi 4,63. Já no estudo realizado por Kopper [18]
no desenvolvimento de uma bebida fermentada mista da farinha de bocaiúva e extrato hidrossolúvel
de soja adicionada de Lactobacillus acidophilus,
observou-se uma redução no pH variando entre 4,44 a 3,78, mantendo-se próximo
do pH 4,5 que é desejável pois além de prevenir o crescimento de
micro-organismos patogênicos confere um sabor mais suave ao produto final.
Os resultados obtidos
acidez titulável neste estudo, foram parecidos com os
resultados encontrados no estudo de Iličić et al. [15] que encontraram
o valor de ácido láctico 0,04% e ácidos totais 0,29% nas amostras de Kombucha fermentado no chá preto. No trabalho de Kempka et al. [19] que
testaram uma bebida láctea fermentada com pêssego, os autores observaram que a
partir do 14º dia de fermentação a bebida apresentou uma acidez 0,9% de ácido
lático. Mendes [17] constatou em seu estudo que todas as amostras de leites
fermentados apresentaram valores de acidez titulável
inferiores a 0,60%, mantendo-se dentro valor mínimo oficial estabelecido pela
legislação brasileira para leites fermentados [20].
Os valores de
carboidratos foram mais baixos quando comparados aos dados de Vieira [21] que
analisou uma bebida a base de quinoa real encontrou
um valor de carboidrato de 5,47 g/100ml, 4,7 g/100ml
no leite integral, 5 g/100ml para a bebida de aveia, a bebida de soja 3,7
g/100ml e a de arroz 15,5 g/100ml. No estudo de Ataìdes
[22] encontrou um valor de 19,17 g/100 ml em amostras de extrato hidrossolúvel
de arroz sendo um pouco superior ao anterior. Com este resultado pode-se
perceber que as bactérias probióticas presentes tanto
nas bebidas fermentadas com Kombucha, como o leite
fermentado, consumiram grande parte do carboidrato existente no produto.
As quantidades de
proteína encontrada foram superiores quando comparadas ao estudo realizado por
Prado [24] que desenvolveu uma bebida probiótica não
láctea a base de água de coco e encontrou valores de proteínas de 3,7 mg/l representando valores baixos de proteínas. Porém, os
resultados obtidos foram muito semelhantes aos observados por Ribeiro et al. [25] que estudou uma bebida láctea
fermentada formulada com Camellia sinensis na
qual os valores de proteína encontrados foram 3,27 e 4,27 (g 100 g-1).
Nas bebidas lácteas analisadas por Thamer e Penna
[23] os percentuais de proteínas estiveram entre 1,93 % e 2,46%, sendo assim
apropriados os resultados da amostra K3.
Os valores obtidos
para as cinzas totais estão abaixo dos encontrados no chá verde (Camellia sinensis (L.)
estudados por Silva et al. [26] que indicaram valores entre
4,59% e 7%. Nas análises de Ribeiro et al.
[25] o resíduo mineral fixo estive entre 0,63 e 0,66 (g.100 g-1)
independentemente da concentração do chá ou tempo de fermentação, valores
semelhantes aos encontrados por Iličić et al. [15] onde foi utilizada Kombucha
na fermentação de lactose e demonstrou valores de cinzas entre 0,57% e 0,68%,
representando valores mais aproximados ao do presente estudo. Lima et al. [27] descrevem que C. sinensis é
capaz acumular minerais, alguns deles essenciais para a saúde humana, tais como
K, Mg, Mn, Ca, Zn, Cr, Ni, além de Se. As análises
realizados no presente estudo foram encontrados minerais Zn, Mg além de Cl.
Os resultados
encontrados nos valores médios de peso específico estão de acordo com Luna Lara
[28] que analisou leites fermentados, encontrando valores entre 1,27 g/ml e
1,43 g/ml. Ao comparar o resultado das amostras em relação à água destilada,
cujo peso específico é de 1 g/ml a 25ºC percebe-se que as amostras analisadas
demonstram uma densidade superior a da água. Com a densidade é possível
verificar se houve a adulteração nos produtos com a adição de água e
substâncias dissolvidas dentro das amostras, ou seja, presença de contaminantes
[29,30].
Os resultados da
atividade antimicrobiana são semelhantes aos encontrados por Sousa e Espósito
[31] que analisaram diferentes açúcares na preparação da Kombucha.
Os ácidos produzidos através da fermentação especialmente da sacarose funcionam
como um composto com expressivos valores de ação antibacteriana, confirmando os
estudos de Dufresne e Farnworth
[10] que demonstram a atividade antimicrobiana contra a Helicobacter pylori, Escherichia coli, Staphylococcus aureus
relacionadas principalmente ao ácido acético produzido durante a fermentação.
Conforme o estudo de Jayabalan, Marimuthu, Swaminathan [9] a Kombucha
demonstrou eficácia antimicrobiana contra Salmonella choleraesuis Serotipo
Typhimurium, Staphylococcus aureus e Escherichia Coli, podendo ainda inibir o crescimento de outros
patógenos, incluindo Vibrio parahaemolytica
e inativar o vírus da febre aftosa in vitro [14].
Na ocasião das
análises do Teste 1 dos estudos microbiológicos foram
observadas que durante o tempo de incubação das amostras em estufa, não houve
crescimento microbiano e toda a parte líquida evaporou, no Teste 2 houve
crescimento de Cândida albicans nas três amostras sobre toda a superfície da
placa, porém, nas placas com E.coli e Salmonella houve crescimento em apenas uma pequena parte, na
placa contendo Shigella
não houve nenhum tipo de crescimento.
A alimentação é vital
a todo ser vivo, pois através dela serão fornecidos os nutrientes necessários à
vida e também a manutenção e recuperação da saúde. Para que haja aproveitamento
é imprescindível a saúde intestinal, pois além de ser
responsável por todo o processo de digestão ainda constitui fator importante na
síntese e liberação de vitaminas, minerais, hormônios, substancias benéficas
que melhoram do sistema imunológico. A microbiota intestinal contribui
significativamente para o equilíbrio da saúde do hospedeiro, pois pode promover
o controle contra patógenos através da competição. Nota-se que é crescente os
problemas de saúde relacionados a alimentação,
tornando-se fundamental observar o alimento com um olhar mais cuidadoso dando a
ele a devida importância. Conhecer um alimento, seus componentes e seu
potencial terapêutico, pode ser o início de uma relação de respeito, como já
apregoava Hipócrates (“que seu alimento seja remédio, e seu remédio seja seu
alimento”).
Após análise dos
dados encontrados, conclui-se que a bebida fermentada pela Kombuchá
(Medusomyces gisevii lindau) tanto o chá preto como em água possuem atividade
antimicrobiana contra Staphylococcus aureus, Salmonella sp,
E. coli , Streptococcus sp, além de inibir o crescimento de bolores e leveduras.
Constatou-se também a presença de minerais importantes para a saúde como zinco
e magnésio, além de proteínas e baixos valores de carboidratos evidenciando a
atividade biológica da Kombuchá. A Kombuchá apresenta resultados positivos quando comparados
ao leite fermentado comercializado, sendo de baixo custo e fácil preparação.
Os resultados
encontrados são promissores e sugerem novos estudos para melhor elucidação de
seus compostos e substâncias para que benefícios conhecidos pelos orientais há milênios contribuam para a saúde na atualidade.