EDITORIAL
Atualidades da vitamina C e dos antioxidantes
Jean-Louis Peytavin
As vitaminas, como os antibióticos, a anestesia ou as
vacinas, fazem parte dessas inovações que comprovam que, apesar de tudo, é
melhor viver agora que na idade média. O escorbuto, por exemplo, devido à
deficiência da vitamina C, é uma doença que desapareceu e um exemplo
constantemente citado quando se trata de progresso na civilização. Até que
exageramos demais os benefícios desta vitamina, consumida como complemento ou
conservador alimentar.
Mas, que a vitamina C pode faltar, é sempre verdade, e não
apenas em idosos desnutridos ou crianças anêmicas. Alguns casos recentes,
descritos na literatura, mostram que o escorbuto não é tão raro, e poderia ser
a explicação de algumas síndromes hemorrágicas ou outros. O que falta é pensar
no escorbuto e fazer as dosagens de vitamina C no sangue, o que exige
precauções particulares em razão da destruição rápida desta vitamina. Mas o
escorbuto se manifesta quando a ingestão de vitamina C é extremamente baixa (5
a 7 mg por dia), enquanto a ingestão média é de 70
mg/dia. Contudo alguns casos são descobertos de vez em quando, em pessoas que
comem exclusivamente alimentos tipo fast food, ou crianças que se alimentam somente
de leite.
De outro lado, o consumo voluntariamente exagerado não traz
benefícios: as vitaminas C e E foram muito tempo
usadas pelos atletas em razão de benefícios supostos sobre a endurance. Estudo
recente (2014) [1] em duplo cego, não somente mostrou nenhum diferença de performance entre o grupo vitaminado e o grupo controle,
mas, ao contrário do esperado, um melhor desempenho energético muscular no
segundo grupo. Outros antioxidantes como o resveratrol também não têm efeito
significativo no treinamento esportivo, pelo menos em idosos [2]. Sabemos ainda
poucas coisas sobre o verdadeiro papel dos antioxidantes...
Mas nosso assunto em destaque nesta edição de Nutrição
Brasil é o sal, que mais que nunca está na atualidade: apresentamos 3 artigos sobre o tema, com pontos de vista bem diferentes.
O primeiro mostra a persistente incompreensão dos pacientes quando o assunto é
entender a rotulagem dos alimentos e a carga em sal; o segundo confirma a
quantidade exagerada de sal na alimentação de pacientes hipertensos; e o
terceiro destaca a maior presença de sal nos produtos diet e light
em relação aos análogos convencionais.
Referências