ARTIGO
ORIGINAL
Efeito
da ingestão de chocolate no desejo por doces e sintomas característicos da
síndrome da tensão pré-menstrual
Chocolate intake effect on craving for sweets and
characteristic symptoms of premenstrual syndrome
Neiva Santos Souza*, Nayara
Dantas Massunaga*, Hannah Médici Scielzo*, Renata Alves Carnauba*, Ana Beatriz
Baptistella*, Valéria Paschoal*, Andreia Naves*, Natália Marques*, Gabriel de
Carvalho*, Daniela Fojo Seixas Chaves**
*VP Research Institute, Sao Paulo, SP, Brazil, **Department
of Food and Experimental Nutrition, School of Pharmaceutical Sciences of
the University of Sao Paulo, Sao Paulo/SP
Recebido 20 de
fevereiro de 2017; aceito 15 de setembro de 2017
Endereço
par correspondencia:
Neiva Santos Souza, VP Research Institute, Rua Carlos Petit, 287 Vila Mariana
04110-000 São Paulo SP, E-mail: neiva.souza@vponline.com.b; Nayara D.
Massunaga: nayara@vponline.com.br; Hannah Médici Scielzo: hannahms@gmail.com;
Renata Alves Carnauba: renata.alves@vponline.com.br; Ana Beatriz Baptistella:
consultoriacientifica@vponline.com.br; Valéria Paschoal:
valeria.paschoal@vponline.com.br; Andreia Naves: andreia.naves@vponline.com.br;
Natália Marques: natalia.marques@vponline.com.br; Gabriel de Carvalho:
gpcinter@hotmail.com; Daniela Fojo Seixas Chaves: dseixas@yahoo.com
Resumo
As alterações
hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual podem refletir mudanças no
comportamento alimentar, que estão associados com o desejo de comer alimentos
altamente palatáveis. Embora não haja uma relação causal clara, existe uma
associação entre o desejo excessivo de chocolate e as mudanças hormonais do
ciclo menstrual. Examinamos o efeito dos consumos de chocolate de leite e
chocolate com maior teor de cacau (50%) adicionado de fibras no desejo por doces
e sintomas de síndrome de tensão pré-menstrual em 19 participantes. Este estudo
experimental aberto durou 2 ciclos menstruais,
incluindo fase de controle (fase I) com ingestão de chocolate de leite (50
g/dia) e fase de intervenção (fase II) com o consumo de chocolate 50% cacau com
fibras adicionadas (50 g/dia) durante a fase lútea de cada ciclo. Os sintomas
de síndrome de tensão pré-menstrual foram classificados por escala validada. A
intervenção com de chocolate 50% cacau com fibras adicionadas, comparada com o
baseline e controle com chocolate ao leite, mostrou uma redução nos sintomas
físicos (p = 0,0206), e tanto os períodos de intervenção como os de controle
mostraram mudanças nos padrões alimentares (p = 0,0012), como redução do desejo
por doces, chocolates entre outros.
Palavras-chave: síndrome de tensão
pré-menstrual, síndrome pré-menstrual, cacau, chocolate, compulsão alimentar,
serotonina.
Abstract
The hormonal changes that occur during the menstrual cycle may reflect
changes in eating behavior, which are associated with the desire to eat highly
palatable food. Although there is no clear causal relationship, there is an
association between the excessive desire for chocolate and menstrual cycle
hormonal changes. We examined the effect of the consumptions of milk chocolate
and chocolate with higher cocoa content (50%) added fibers on the desire for
sweets and premenstrual tension syndrome symptoms in 19 participants. This open
label study lasted 2 menstrual cycles, including control phase with milk chocolate
intake (50 g/day) and intervention phase with the consumption of 50% cocoa
chocolate with added fibers (50 g/day) during the luteal phase of each cycle.
The premenstrual tension syndrome symptoms rated by validated scale. The
intervention with 50% cocoa chocolate 50% with added fibers, comparing to
baseline and control, showed a reduction in physical symptoms (p= 0.0206), and
both the intervention and the control periods showed changes in eating patterns
(p= 0.0012), such reduction of desire for sweets, chocolates among others.
Key-words: premenstrual
tension syndrome, premenstrual syndrome, cocoa, chocolate, binge eating,
serotonin.
A síndrome da tensão
pré-menstrual (STPM) é definida como um grupo de sintomas emocionais, com ou
sem sintomas físicos, que ocorre de forma cíclica durante a fase lútea do ciclo
menstrual e cessa no início ou nos primeiros dias da menstruação [1,2]. Os
sintomas podem apresentar caráter e manifestações variáveis e podem incluir
irritabilidade, ansiedade, depressão, mastalgia, dor de cabeça, inchaço, falta
de concentração e alterações no padrão de sono. Reporta-se que 20 a 32% da
população feminina na pré-menopausa e 30-40% da população feminina em idade
reprodutiva apresentam a STPM, comprometendo diretamente o relacionamento
interpessoal e o desempenho profissional [2-4].
Além dos sintomas
acima citados, as variações hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual
também podem refletir em alterações no comportamento alimentar. Estudos
reportam que a fase lútea do ciclo menstrual está associada com o desejo
exagerado por alimentos e distúrbios alimentares. Hipotetiza-se que os níveis
baixos de estrogênio e mais elevados de progesterona durante essa fase do ciclo
menstrual sejam os principais desencadeadores do desejo exagerado por
alimentos. Suportando tal afirmação, estudos referem associação entre compulsão
alimentar e baixos níveis de estrogênio/altos níveis de progesterona da fase
lútea do ciclo menstrual [5,6].
O chocolate é
considerado um dos alimentos que estão associados a episódios de desejo
exagerado e compulsão alimentar [7]. Apesar de não
apresentar relação de causalidade evidente, há uma associação entre o desejo
exagerado por chocolate e as variações hormonais do ciclo menstrual [6-9].
Sugere-se que o cacau e seus produtos derivados, como o chocolate, podem
desempenhar ação benéfica em alguns sintomas da STPM por serem capazes de
inibir a ativação da enzima idoleamina 2,3-dioxidase (IDO) e, desta forma,
aumentar a biodisponibilidade da serotonina. Assim, acredita-se que esse efeito
poderia ser um dos responsáveis pela eficácia do cacau na melhora do humor
[10-13].
O presente estudo
teve como objetivo avaliar o efeito do consumo de chocolate ao leite e de
chocolate com maior teor de cacau (50%) e adicionado de fibras sobre o desejo
por doces e sintomas da STPM em mulheres que apresentam essa síndrome. Nossa
hipótese de estudo é a de que o chocolate com maior teor de cacau e adicionado
de fibras poderia exercer um maior efeito benéfico, em comparação ao chocolate
ao leite, nas crises compulsivas e saciedade.
O estudo foi
realizado no estado de São Paulo, com duração total de 6
meses (entre novembro de 2014 e maio de 2015). O projeto de pesquisa foi aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa (COEP) da Universidade
Cruzeiro do Sul, sendo registrado sob o protocolo n° CEP 174/2014.
Participantes
O critério de
inclusão foi a presença de sintomas característicos da
STPM classificados por escala, estabelecido através de questionário validado (The Premenstrual Tension Syndrome Observer
Rating Scale revised - PMTS-OR) [14] (Anexo 1 - versão traduzida para
português). Escalas de avaliação de sintomas da STPM são amplamente adotadas
como critério de inclusão e/ou medidas de resultados em ensaios clínicos que
envolvem tratamentos de STPM [15]. O PTMS-OR é uma versão revisada e atualizada
das escalas validada Premenstrual Tension
Syndrome Observer Rating Scale (PTMS-O) e Premenstrual Tension Syndrome Scale Self Rating Scale (PMTS-SR),
que têm por objetivo identificar sintomas específicos do ciclo menstrual,
especialmente para a fase lútea tardia [14].
Os critérios de não
inclusão foram a ausência de pontuação no questionário
PTMS-OR, presença de obesidade, anorexia, bulimia ou alergia alimentar a algum
componente do chocolate a ser administrado como intervenção ou placebo.
Adotou-se, ainda, como critério de não inclusão a utilização de suplementos
proteicos a base de BCAA (branched chain amino acids), whey protein e
precursores ou inibidores da recaptação de serotonina, devido à possível
interferência destes no metabolismo da serotonina [16-18] e, consequentemente,
no controle da ingestão alimentar [19].
Um total de 19 participantes (sexo
feminino, com idade entre 18 a 35 anos, residentes no estado de São Paulo) foi
recrutado por meio de divulgação da pesquisa em mídias sociais para avaliação
de elegibilidade. Após a seleção pelos critérios anteriormente mencionados,
todas as participantes recrutadas foram incluídas no estudo, sendo orientadas a
manterem os seus hábitos dietéticos normais até o início do estudo (Figura 1).
Figura
1 - Fluxograma do progresso das participantes
através das fases do estudo.
Procedimentos
O estudo teve
delineamento experimental aberto, com duração de intervenção de 2 ciclos menstruais, divididos em: 1) Fase I – controle com
chocolate ao leite; e 2) Fase II - intervenção com chocolate 50% cacau. O
questionário PTMS-OR foi autoadministrado a todas as voluntárias
individualmente no primeiro encontro (baseline), em que foram orientadas a
relatarem os sintomas e a sua respectiva pontuação (gravidade) considerando o
período pré-menstrual, direcionando para a inclusão ou não inclusão no estudo
(Figura 1).
No questionário
PTMS-OR são avaliados dez domínios de sintomas: irritabilidade/hostilidade;
tensão; eficiência; disforia; mau humor; coordenação motora; funcionamento
mental/cognitivo; hábitos alimentares; atividade sexual; e prejuízo em sintomas
físicos e sociais. A classificação de tais domínios por gravidade é realizada
por pontuação, que varia de 0 a 4 em oito domínios e 0 a 2 em dois domínios,
sendo a pontuação máxima o total de 36 pontos [14].
As escalas para STPM
têm o intuito de serem aplicadas e concluídas durante a fase folicular e a fase
lútea do mesmo ciclo, nas quais baixas pontuações indicam nenhum sintoma ou
sintomas leves, e pontuações mais altas indicam sintomas graves [20]. Sendo
assim, o questionário foi, então, aplicado novamente em cada ciclo menstrual
(tanto na fase controle quanto na fase intervenção), primeiramente no dia
correspondente à metade do ciclo (início da fase lútea/ovulação) e novamente no
dia correspondente ao primeiro dia da menstruação (início da fase folicular)
para a análise da variação da pontuação (gravidade) da escala dos sintomas
característicos da STPM, sendo este um parâmetro para a discussão dos
resultados. A Figura 2 ilustra o delineamento experimental do estudo.
Figura
2 - Delineamento experimental do estudo.
Na Fase I todas as
participantes receberam, durante a fase lútea, uma dose diária de chocolate
industrializado (ao leite, com 25% de cacau, isento de xilitol e polidextrose)
de 2 tabletes de 25g cada (50 g/dia), sendo a primeira
dose no dia da ovulação (pré) e a última dose no 1 dia do ciclo menstrual
(pós), totalizando 14 dias. Na Fase II todas as participantes receberam,
durante a fase lútea, uma dose diária de chocolate industrializado (com 50% de
cacau, acrescido de xilitol e polidextrose, isento de lactose e açúcar) de 2 tabletes de 25 g cada (50 g/dia), sendo a primeira dose no
dia da ovulação (pré) e a última dose no 1 dia do ciclo menstrual (pós),
totalizando 14 dias. A aplicação do questionário PTMS nos períodos pré e pós,
nas fases I e II, teve o intuito de avaliar a variação da pontuação dos
sintomas da STPM na fase lútea, que inclui o período pré-menstrual, em que
geralmente estes sintomas são mais pronunciados [20].
Os sintomas aferidos
no questionário PTMS foram estratificados por tipos de STPM de acordo com
Abraham [21] para análise estatística, com o intuito de verificar o tipo de
STPM que melhor responderia ao consumo de chocolate. Abraham [21] caracteriza a
STPM em 4 subtipos: STPM-A é o subgrupo mais comum,
que consiste em sintomas que indicam alterações comportamentais e emocionais;
STPM-H, o segundo subgrupo mais comum, associado a sintomas físicos; STPM-C,
relacionada a alterações em padrões alimentares, especialmente; e STPM-D, que
caracteriza a forma mais grave e menos frequente de STPM.
A partir da aplicação
do questionário PTMS-OR, o qual avaliou a gravidade dos sintomas de STPM dos
sujeitos do estudo, foi possível verificar que alguns sintomas foram reduzidos
após a fase intervenção, sendo observada significância estatística em condições
que envolvem alterações físicas (STPM-H) e em padrões alimentares (STPM-C)
(Tabela I).
Tabela
I - Média da pontuação dos sintomas da STPM pelo
questionário PTMS-OR, de acordo com os tipos de STPM, nas fases controle e
intervenção, pré- e pós-chocolate ao leite e 50% cacau.
*diferença
estatisticamente significante. a: p=0.0206; b:
p=0.0012; c: p=0.0012.
No grupo de sintomas
STPM-A, observou-se redução na ansiedade/tensão após a fase de intervenção (1.3
vs. 3.1; chocolate 50% cacau vs baseline, p = 0,0511).
Neste grupo de sintomas, constatou-se a redução de irritabilidade/hostilidade e
instabilidade afetiva após a fase de intervenção, no entanto, sem diferença
estatisticamente significante em relação ao baseline. Para complementar, não
foi encontrada diferença estatisticamente significante entre as fases baseline
e controle, bem como entre as fases controle e intervenção.
O grupo de sintomas
STPM-H também apresentaram redução (1.4 vs. 3.3;
chocolate 50% cacau vs baseline, p = 0,0206). Ao compararmos os resultados
obtidos no baseline e controle, e controle e intervenção, não foi verificada
diferença estatisticamente significante entre as fases.
Em relação ao grupo
de sintomas STPM-C, foi possível constatar redução na média de pontuação do
item hábitos alimentares após a fase intervenção (0.4 vs. 1.7; chocolate 50%
cacau vs. baseline, p = 0,0012). Também notou-se a
redução no item em questão após a fase controle (0.4 vs. 1.7; chocolate ao
leite, 25% cacau vs. baseline, p = 0,0012).
Os sintomas STPM-D –
como humor depressivo, opressão e dificuldade de concentração – foram reduzidos após a
fase de intervenção, porém sem diferença.
A STPM é uma das
principais queixas ginecológicas [22]. Estudos epidemiológicos reportam que 5 a
8% de mulheres em idade reprodutiva possuem sintomas da STPM de forma moderada
a severa, que interferem em sua qualidade de vida. Também é sugerido que mais
de 20% de mulheres em idade fértil possuem sintomas da STPM que não devem ser
ignorados no âmbito clínico, devido a sua gravidade [23,24].
Alguns sintomas podem
ser justificados pelas alterações hormonais decorrentes do ciclo menstrual, que
é dividido em 3 fases: folicular, ovulatória e lútea
[25].
Na primeira fase,
hormônios gonadotrópicos da hipófise anterior fazem com que folículos comecem a
crescer nos ovários. Em seguida, aproximadamente na metade do ciclo, um destes
folículos é amadurecido, determinando a ovulação. Após a fase ovulatória,
inicia-se a fase lútea, em que o corpo lúteo passa a secretar estrógeno e progesterona.
Na ausência da fecundação, este composto é degenerado, acompanhando a redução
dos níveis de estrógeno e progesterona. Com este declínio hormonal ocorrem a
menstruação e o início de um novo ciclo [25].
A modulação do
neurotransmissor serotonina é realizada, em partes, pelos hormônios esteroides
sexuais, como o estrógeno. Desta forma, a queda de estrógeno no final do ciclo
menstrual é associada à redução de serotonina neste período, fato que justifica
os sintomas de ansiedade/tensão, irritabilidade e instabilidade afetiva, como
observado no presente estudo [26].
Após a fase II
(período pós-chocolate 50% cacau), verificou-se que sintomas do grupo STPM-A
foram reduzidos, sendo apenas estatisticamente significante a redução do item
ansiedade/tensão. Alguns estudos apontam que o consumo de fitoquímicos
presentes no cacau pode auxiliar na redução da sintomatologia associada ao
declínio de serotonina, que pode ser observado no período da STPM [27,28].
Um estudo
experimental, realizado em modelo animal, mostrou que a administração de massa
de cacau por 2 semanas foi correlacionada com o
aumento na concentração de serotonina no cérebro [29]. Wang et al. [30] reforçam que o cacau desempenha este papel em aumentar
serotonina devido à sua concentração de teobromina.
A teobromina, por sua
vez, é relatada como um potente antioxidante e, em conjunto com os outros
compostos bioativos encontrados no cacau, potencializa o seu efeito benéfico na
saúde. Ainda, os fitoquímicos do cacau inibem a ativação da IDO, predispondo ao
aumento da disponibilidade de serotonina, para que suas funções fisiológicas
sejam exercidas de forma eficaz [31].
Outra suposição que
envolve o efeito do cacau na melhora do grupo de sintomas STPM-A refere-se ao
teor de magnésio no alimento referido. O magnésio é um cofator importante para
as reações que envolvem a biogênese de serotonina, e, portanto, o seu consumo é
sugerido como benéfico por contribuir com a elevação dos níveis deste
neurotransmissor [32].
É importante
considerar que os benefícios do consumo de chocolate são proporcionais ao teor
de cacau do produto. Como observado no presente estudo, o consumo de chocolate
com baixo teor de cacau não exerceu efeito positivo em relação à redução do
grupo de sintomas STPM-A em comparação aos resultados observados na fase de
intervenção.
O grupo de sintomas
STPM-H - especialmente a retenção hídrica e dor - são comuns durante a fase
pré-menstrual [33]. Estes sintomas também são decorrentes das variações
hormonais, em conjunto com a inflamação - também relatada como fisiológica
durante este período [34,35].
No presente estudo, o
consumo de chocolate 50% cacau foi capaz de reduzir o grupo de sintomas STPM-H
de forma estatisticamente significante em relação ao baseline. Este resultado
pode ser justificado pelo efeito anti-inflamatório e antioxidante dos compostos
bioativos presentes no cacau [31].
Com base em buscas
atuais sobre o assunto, não foi possível encontrar estudos que comprovem o
efeito anti-inflamatório e antioxidante do cacau em casos de STPM, entretanto,
essa atuação já é bem elucidada em outras condições inflamatórias como
dislipidemias, hipertensão arterial e resistência à insulina. Com isso,
sugere-se que estas importantes funções possam ser estendidas para casos de
STPM [30,36,37]. Também é importante enfatizar que a
qualidade nutricional do chocolate ofertado é determinante para que estes
resultados sejam positivos. Neste critério, a quantidade de açúcar em
chocolates com baixo teor de cacau deve ser considerada, uma vez que esse
perfil pode aumentar a inflamação, causando efeitos potencialmente prejudiciais
[38].
Constatou-se a
melhora do item compulsão alimentar do grupo de sintomas STPM-C após a
administração de chocolate ao leite 25% cacau e chocolate 50% cacau. Este resultado
reforça a discussão anterior, referente ao papel dos compostos bioativos do
cacau na biogênese da serotonina. Entretanto, a análise de médias dos grupos
identificou que os resultados obtidos no grupo controle e intervenção foram
iguais, e, portanto, sugere-se que esta variável não é dependente da
concentração de compostos bioativos do alimento.
Embora não tenha
ocorrido diferença entre os grupos controle e intervenção, é válido ressaltar
que o consumo de chocolate com maior teor de cacau é mais benéfico à saúde,
devido à concentração elevada de compostos bioativos e redução no teor de
açúcar.
Anexo 1
The Premenstrual Tension Syndrome Observer Rating
Scale revised (PMTS-OR)
versão
traduzida para português
Nome:__________________________________________________
Avaliador:
__________________
Data: _____________ Dia do ciclo:
_____________
Circule a pontuação
que melhor descreve o modo como você se sente no período pré-menstrual:
1.
Humor Depressivo (0-4)
(Humor depressivo,
estado afetivo negativo, disforia)
0. Nenhuma mudança.
1. Sentimento de
tristeza.
2. Depressão leve e
humor instável.
3. Humor marcadamente
depressivo; choro ocasional; sentimentos de solidão.
4. Sentimento
depressivo grave, persistente e óbvio.
2.
Ansiedade / tensão (0-4)
(Tensão, ansiedade,
inquietação, nervosismo, preocupação, incapacidade de relaxar)
0. Nenhuma mudança.
1. Incerto,
ocasional.
2. Leve. Tensão
ocasional.
3. Moderado. Tensão,
nervosismo, incapacidade de relaxar. Inquietação evidente.
4. Grave.
Constantemente tensa, ansiosa e chateada.
3.
Instabilidade afetiva (0-4)
(Ciente de se sentir
mal-humorada ou emotiva, oscilações espontâneas de humor, choro ocasional, sensação
de solidão, mau humor óbvio e persistente)
0. Nenhuma mudança.
1. Incerto,
ocasional.
2. Leve. Mau humor
ocasional.
3. Moderado. Ciente
de se sentir mal-humorada.
4. Grave, persistente
e óbvia.
4.
Irritabilidade / Hostilidade (0-4)
(Irritabilidade,
hostilidade, atitude negativa, crítica, sarcástica, sentimento de raiva,
impaciência, gritos e gritando outros)
0. Nenhuma mudança.
1. Incerto,
ocasional.
2. Leve. Explosões de
raiva ocasionais e comportamento hostil.
3. Moderado. Comportamento
irritável evidente. Explosões frequentes.
4. Grave. Afeta a
maioria das relações interpessoais.
5.
Redução do interesse em atividades cotidianas (0-4)
(Redução de
atividades sociais e interações com a família, em casa, no trabalho, na escola,
etc)
0. Nenhuma mudança.
1. Incerto,
ocasional.
2. Evita atividade
social de forma leve.
3. Redução moderada,
mas marcadamente em relação à atividade social, perceptível principalmente em
casa e com a família.
4. Grave. Prejuízo
acentuado da maioria das interações sociais, incluindo no trabalho ou na
escola. Retirada, isolamento.
6.
Dificuldade de concentração (0-4)
(Concentração ruim,
esquecimento, distração, confusão, baixa capacidade de julgamento)
0. Nenhuma mudança.
1. Incerto,
ocasional.
2. Leve. Esquecimento
leve e distração.
3. Moderado.
Desempenho prejudicado pela falta de concentração, desorganização cognitiva,
esquecimento, etc.
4. Grave. Acentuada
diminuição da capacidade cognitiva, baixa capacidade de julgamento, levando a
decisões lamentáveis.
7.
Redução de Energia (0-4)
(Eficiência diminuída, se sente facilmente fatigada)
0. Nenhuma mudança.
1. Incerto,
ocasional.
2. Leve. Algo reduz
sua eficiência.
3. Moderado. Sente
fadiga facilmente, fica muito menos ativa do que de costume.
4. Grave. Fadiga
provoca grave interferência em seu rendimento.
8.
Hábitos Alimentares (0-2)
0. Nenhuma mudança.
1. Leve aumento na
ingestão de alimentos, mudanças no padrão alimentar, horários irregulares,
principalmente lanches e doces.
2. Óbvio, com marcado
aumento na ingestão alimentar. Desejos incontroláveis por doces, chocolates,
etc.
9.
Hábitos de sono (0-2)
0. Nenhuma mudança.
1. Mudança leve, mas
consistente, no padrão de sono.
[ ] Dificuldade em adormecer ou manter o sono.
[ ] Necessidade de dormir mais.
2. Marcadas mudança
nos padrões de sono.
[ ] Dificuldade em adormecer ou manter o sono.
[ ] Necessidade de dormir mais.
10.
Oprimido (0-4)
0. Nenhuma mudança.
1. Incerto, ocasional
2. Sensação suave de
"muito a fazer", mas de enfrentamento.
3. Sentimento
moderado de opressão, sobrecarregada, incapaz de fazer algumas tarefas.
4. Sentindo-se
completamente sobrecarregada de trabalho ou em casa. Incapaz de iniciar as
atividades por não saber por onde começar.
11. Sintomas
físicos (0-4)
(Seios doloridos ou
sensíveis, inchaço no abdômen, nas mamas, nos tornozelos ou dedos; retenção de
líquidos; ganho de peso; dores de cabeça, dor lombar, etc.)
0. Ausência de
sintomas físicos.
1. Incerto, ocasional
2. Leve. Alguns sintomas,
com aumento da conscientização sobre as mudanças corporais.
3. Moderado. Mudanças
óbvias e reclamações.
4. Grave. Os sintomas
físicos são incapacitantes. Dor e desconforto. Alta retenção de água e inchaço.
Ganho de peso acima de 2,2kg, aproximadamente.