ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
das atividades diárias, hábitos alimentares e perfil antropométrico em
adolescentes de uma escola pública de um município mineiro
Evaluation of daily activities, food habits and anthropometric profile
in adolescents of a public school in a Minas Gerais
city
Thayná Vieira Sigilião*, Ana Amélia Fideles
Amaro*, Ana Cláudia Morito Neves*, Rosane de Souza
Coelho*, Karina Costa Geraldeli*, Danielle Cristina
Guimarães da Silva**
*Graduandas
em Nutrição pela Unifaminas, Campus Muriaé/MG,
**Docente do Curso de Nutrição da Universidade Federal do Oeste da Bahia, UFOB
Recebido 13 de abril
de 2017; aceito 15 de dezembro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Thayná Vieira Sigilião, Rua
São Geraldo 19 Dornelas, Muriaé MG. E-mail: thaynavi@gmail.com; Ana Amélia Fideles Amaro: anafideles09@hotmail.com; Ana Cláudia Morito Neves: anamorito19@gmail.com; Rosane de Souza
Coelho: rosecoelhorsc@hotmail.com; Karina Costa Geraldeli:
karinageraldelii@hotmail.com; Danielle Cristina Guimarães da Silva: daniellenut@hotmail.com
Resumo
O presente estudo foi
realizado em 2016 com o objetivo de avaliar possíveis associações entre as
atividades diárias, hábitos alimentares e perfil antropométrico de adolescentes
de uma escola pública. Participaram do estudo 82 adolescentes, com idade entre
12 e 14 anos, que responderam a um questionário estruturado e realizaram
avaliação antropométrica. Consideraram-se inativos os adolescentes que
praticavam menos de 150 minutos/semana de atividade física, e sedentários os
que dedicavam período de tempo de tela igual ou superior a quatro horas por
dia. Observou-se que, 26,8% dos adolescentes passavam mais de quatro horas
expostos à telas, havendo prevalência de adolescentes
classificados como adequado (75,6%) seguido por 15,9% com sobrepeso e 8,5% com obesidade,
porém, não houve associação estatística significativa entre o estado
nutricional e o tempo de tela (p = 0,343), e em relação à atividade física
houve associação estatística apenas entre o sexo e atividade física no lazer (p
< 0,01), considerando o sexo masculino mais ativo. Dos 64 adolescentes (78%)
que disseram praticar, 24,4% foram considerados inativos, porém apenas 15,8%
apresentaram excesso de gordura corporal e 11% risco de obesidade. Houve
prevalência de eutrofia entre os escolares, portanto,
os valores encontrados não obtiveram relação com nenhuma das variáveis
comportamentais investigadas.
Palavras-chave: adolescentes,
atividade física, estado nutricional.
Abstract
The present study was conducted in 2016 with the objective of assessing
possible associations between daily activities, eating habits and
anthropometric profile of adolescents of a public school. 82 adolescents, 12
and 14 years old, participated in the study, answered a structured
questionnaire and performed an anthropometric evaluation. Adolescents who
practiced less than 150 minutes per week of physical activity were considered inactive, and sedentary individuals who spent a screen time ≥
4 hours/d. We observed that 26.8% of the adolescents spent more than four hours
exposed to the screens, with a prevalence of adolescents classified as adequate
(75.6%) followed by 15.9% overweighted and 8.5% with
obesity, but there was no statistically significant association between
nutritional status and screen time (p = 0.343) In relation to physical activity
we observed only statistical association between sex and leisure time physical
activity (p < 0.01), considering the male sex most active. Of the 64
adolescents (78%) who said they practiced, 24.4% were considered inactive, but
only, 15.8% had excess body fat and 11% had obesity risk. There was a
prevalence of eutrophy among schoolchildren, so the
values found did not correlate with any of the behavioral variables
investigated.
Key-words: teenagers,
physical activity, nutritional status.
A adolescência é
marcada por intensas modificações, sendo essas físicas, psíquicas,
comportamentais e sociais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) é
definida como o intervalo que compreende dos 10 aos 19 anos. Basicamente, todos
os órgãos e tecidos encontram-se em crescimento, exceto o sistema nervoso
central, o que justifica o aumento das necessidades nutricionais nessa fase.
Aproximadamente 20% da estatura e 50% do peso corporal e da massa óssea de um
indivíduo no início da sua vida adulta, são adquiridos na adolescência [1].
Ao longo das três
últimas décadas, a globalização vem estabelecendo novos paradigmas e grandes
alterações nas escolhas alimentares. Esse cenário associado ao aumento no uso
da televisão (TV) e outras telas, como videogames e computadores, por crianças
e adolescentes pode comprometer a adoção de um estilo de vida saudável. A
Academia Americana de Pediatria preconiza que o tempo dispendido em frente à TV
pelos jovens não deva ultrapassar 1h a 2h por dia;
porém, o que se observa é um aumento crescente desta exposição em nível mundial
[2].
De acordo com a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária [3], a propaganda, principalmente a
televisiva, incentiva o consumo de alimentos que normalmente não são essenciais
ou fazem bem para nossa saúde.
Acredita-se que o
tempo excessivo dedicado a assistir TV possa ser um ponto importante para
identificação de baixos níveis de atividade física e consequente práticas
alimentares pouco saudáveis [4], ou seja, quanto maior for o tempo de tela,
menor será a prática de atividade física [5]. Quando existe um desequilíbrio
entre esses fatores, distúrbios nutricionais como desnutrição ou obesidade
podem ocorrer [6].
Os
adolescentes
tornam-se um grupo relevante em termos de saúde pública,
o que torna importante
e estratégica a promoção de saúde e
prevenção de doenças nessa fase. A análise
nutricional desses indivíduos, por meio da
avaliação antropométrica,
possibilita o acompanhamento e monitoramento do estado nutricional
desses
jovens, como também facilita o conhecimento dos fatores
determinantes de
agravos nutricionais e suas consequências na saúde desta
população [7].
Considerando a
relevância do tema abordado, uma vez que, o estilo de vida sedentário entre
adolescentes resulta em alterações e desequilíbrios no perfil nutricional, o
presente estudo teve como objetivo avaliar possíveis associações entre as
atividades diárias, hábitos alimentares e perfil antropométrico de adolescentes
de uma escola pública do município de São Sebastião da Vargem Alegre/MG.
Trata-se de um estudo
transversal, realizado no ano de 2016, com adolescentes com idades entre 11 e
14 anos, matriculados em uma escola pública do município de São Sebastião da
Vargem Alegre/MG. A pesquisa foi realizada em duas etapas, perfazendo assim,
aplicação de um questionário estruturado e avaliação antropométrica. Foram
entrevistados e avaliados os alunos cujos pais ou responsáveis assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido, permitindo sua participação.
Para coleta das
informações foi utilizado um questionário com as variáveis subdivididas em
demográficas (sexo, idade), hábito alimentar: frequência de refeições em um
dia, englobando também informações sobre quais refeições eram realizadas em
frente às telas, atividades diárias: quantas horas por dia usavam o computador,
TV ou vídeo game e o nível de atividade física no lazer: relatando quanto tempo
em média por dia praticavam alguma atividade física. Para identificar o nível
de atividade física no lazer dos adolescentes, foi calculado o tempo praticado
na semana (segunda a sexta) somado ao tempo praticado no final de semana
(sábado e domingo), utilizou-se como ponto de corte a soma de minutos maior ou
igual à 150 min/semana, os que não acumularam essa
somatória foram considerados inativos no lazer [8].
O tempo excessivo de
tela foi definido como assistir televisão, jogar videogame ou usar o computador
por mais de quatro horas por dia, como sendo um indicador de comportamento
sedentário [9].
Para avaliar o estado
nutricional, foi realizada a coleta de dados antropométricos, que consistiu na
aferição do peso (kg), com o indivíduo em pé, descalço, sem adornos e somente
com o uniforme escolar; altura (m), medida com o indivíduo posicionado no estadiômetro com os braços ao longo do corpo, pés unidos e
centralizados no equipamento; prega cutânea tricipital (mm), aferida no ponto
médio da parte posterior do braço, entre a borda do acrômio e o olecrano e
prega cutânea subescapular (mm), medida no ângulo inferior da escápula. As
técnicas para obtenção das medidas antropométricas foram realizadas seguindo
recomendação de Lohman et
al. [10]. Para tal atividade foram utilizados balança digital (G-Tech)® com capacidade máxima de 150 kg, estadiômetro
portátil (Avanutri)® com capacidade máxima de 210 cm
e adipômetro (Cescorf)® com
capacidade máxima de 80 mm, respectivamente.
O cálculo do IMC foi
realizado através da fórmula: peso divido pela altura
ao quadrado. Considerado como baixo peso o IMC inferior ao percentil 3, IMC adequado quando maior ou igual ao percentil 3 e menor
ou igual a 85, sobrepeso o IMC igual ou acima do percentil 85 e menor ou igual
que o percentil 97, e obeso o IMC igual ou acima do percentil 97, de acordo com
a tabela apresentada pela OMS [11]. Para avaliação de gordura corporal, posteriormente
foram feitas a soma das pregas cutâneas tricipital e subescapular; considerado
como déficit energético percentil abaixo de 5, risco
de déficit percentil entre 5 a 15, adequado percentis entre 15 e 75, como risco
de obesidade percentis entre 75 a 85, e excesso de gordura corporal percentil
maior que 85; classificados a partir de tabelas de acordo com o sexo e a idade
[12]. A classificação dos adolescentes, de acordo com a estatura por idade, foi
considerado como baixa estatura para a idade valores
maiores ou iguais ao percentil 0,1 e menor que o percentil 3; e estatura
adequada para a idade maior ou igual ao percentil 3, segundo dados da OMS [11].
Foram realizadas as
análises estatísticas com o auxílio do software Stata
versão 13.1, as variáveis categóricas foram descritas por meio de suas
frequências absolutas (n) e relativas (%) e as variáveis numéricas, em valores
de média e desvio padrão, sendo a significância estatística verificada pelo
teste qui-quadrado, considerando p < 0,05.
O projeto foi
submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Unifaminas,
onde os indivíduos que participaram foram informados acerca
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O estudo avaliou 82
adolescentes, sendo 44 meninas (53,6%) e 38 meninos (46,4%), cuja faixa etária
obteve média de 13,2 ± 1,0 anos. No que diz respeito ao número de refeições
realizadas em um dia, 56,1% relataram fazer de 1 a 4 refeições e 43,9% faziam
de 5 a mais refeições diárias. Não houve associação
estatística entre o estado nutricional, determinado pelo IMC/idade e o número
de refeições (p = 0,356), não havendo também entre a gordura corporal e o
número de refeições (p = 0,687), porém, houve associação estatística entre o
sexo e o número de refeições (p = 0,037), confirmando que as meninas fazem mais
refeições que os meninos. A avaliação dos adolescentes de acordo com o IMC por
idade apresentou média de 20,1 ± 3,1 kg/m², indicando prevalência de
adolescentes classificados como adequado (75,6%) seguido por 15,9% que estavam
com sobrepeso e 8,5% com obesidade.
A maior parte dos
participantes (87,8%) relatou que realizava as refeições em frente às telas
(TV, computador e vídeo game), e que as principais refeições feitas eram almoço
(57,3%), lanche da tarde (42,7%) e jantar (63,4%).
Observou-se que a
maior parte dos adolescentes (59,8%) ficava mais de 2 horas por dia em frente
às telas, e 26,8% mais do que 4 horas por dia. Em nosso estudo não houve
associação estatística entre o estado nutricional e o tempo de tela (p =
0.343). Houve apenas uma prevalência do sexo feminino, resultante do uso do
ponto de corte de quatro horas ou mais de tempo de tela (p = 0,03).
A tabela I apresenta
os dados em relação à soma das pregas cutâneas tricipital e subescapular, que
são as dobras mais utilizadas na avaliação nutricional de adolescentes, sendo
usadas para estimar o percentual de gordura corporal [13].
Constatou-se que a
maioria dos adolescentes (73,2%) encontrou-se entre as faixas de percentis 15 e
75, considerada adequada para a idade; 15,8% estão com o percentil maior que 85
correspondendo a excesso de gordura corporal, e 11% apresentaram risco de
obesidade, com valores de percentis compreendidos entre 75 a
85, sendo as médias das pregas tricipital e subescapular 14,6 mm ± 6,2 mm e
12,2 mm ± 5,7 mm respectivamente (Tabela I).
Tabela
I - Classificação de acordo com o IMC/idade e
classificação dos percentis de acordo com os índices da soma das pregas
subescapular e tricipital em adolescentes de uma escola pública do município de
São Sebastião da Vargem Alegre, 2016.
De acordo com a
análise estatística, houve associação entre a composição corporal e atividade
física no lazer (p = 0,004), ou seja, quem tem percentual de gordura adequado
também faz mais atividade física.
Os resultados obtidos
na análise da estatura por idade, onde a maioria dos adolescentes (97,6%)
apresentava estatura adequada para a idade e apenas 2,4% estava com baixa
estatura para a idade.
Em relação ao nível
de atividade física, dos 64 adolescentes (78%) que disseram praticar atividade
física no lazer, 75,6% praticaram, em média, mais de 150 minutos na última
semana e 24,4% praticaram menos que 150 minutos, sendo estes, considerados
inativos, entre estes o sexo feminino apresentou prevalência de 85%, e apenas
15% para o sexo masculino. Houve associação estatística significativa entre o
sexo e atividade física no lazer (p < 0,01), sendo os meninos mais ativos.
(Tabela II).
Tabela
II -
Índices dos níveis de atividade física de
acordo com o sexo de adolescentes de uma escola pública do município de São
Sebastião da Vargem Alegre, 2016.
O Guia Alimentar para
a população brasileira [14] alerta sobre a necessidade de se realizar pelo menos
três refeições diárias, intercaladas com lanches saudáveis. A alimentação
adequada previne as deficiências nutricionais, doenças crônicas não
transmissíveis e a obesidade.
Em contraposição
deste, quanto a periodicidade das refeições, outros estudos como Santos et al. [15] e Silva et al. [16] demonstraram uma maior prevalência (96,6%) e (92,7%)
dos adolescentes que realizavam de três a seis refeições diárias
respectivamente, opondo-se ao encontrado neste estudo sendo prevalente o numero
de refeições de uma a quatro por dia.
O hábito de realizar
refeições em frente às telas pode contribuir tanto para o sedentarismo como
para o consumo excessivo de energia, considerando que além de passarem horas
diante das telas, crianças e adolescentes estão mais expostas a propagandas de
alimentos considerados não saudáveis, podendo desenvolver uma preferencia maior
por esses alimentos, e um declínio do consumo de alimentos saudáveis, em
contraposição daquelas que passam menos tempo dedicados à TV [17].
Segundo a Academia
Americana de Pediatria, passar mais de 2 horas por dia em frente às telas é
considerado como um tempo excessivo, uma vez que este desempenha um papel
importante no desenvolvimento da obesidade [18]. Dinubile
[19] afirma que a cada hora de TV assistida, há um acréscimo de 2% no risco de
obesidade, porém não se pode considerar esse hábito como sendo uma causa
isolada da obesidade, entretanto envolve-se com um conjunto de práticas [19]. O
tempo diário diante de uma televisão vem sendo usado como indicador de vida
sedentária, particularmente em adolescentes. De fato, esse hábito pode diminuir
a prática esportiva de lazer e aumentar a ingestão energética, particularmente
em crianças e adolescentes [5].
Este estudo
demonstrou que a maioria dos adolescentes passavam mais de duas horas por dia
em atividades de tela (TV, videogame e computador), resultados semelhantes
também foram encontrados em outros estudos como Oliveira et al. [20] e Ferreira et al.
[21].
Observa-se um maior índice
de sobrepeso entre as meninas, confirmando a literatura, que consiste em que o
sexo feminino tem uma taxa de deposição de gordura maior do que o sexo
masculino [22]. Entretanto, os fatores comportamentais, principalmente aqueles
relacionados à alimentação e ao estilo de vida, vem contribuindo para a
ocorrência de sobrepeso e obesidade. Considerando a diversidade de fatores que
podem interferir nesse processo, é importante ressaltar que, na adolescência,
os sexos diferem na idade de início e final do desenvolvimento puberal e na intensidade do estirão e desaceleração do
crescimento, assim como quanto às diferenças ambientais (hábito alimentar,
padrão de utilização de alimentos pela família e prática de atividade física)
[15].
Compreende-se uma análise
mais detalhista da composição corporal, sendo um dos meios de se identificar
problemas como a obesidade, afim de que se possam buscar alternativas com
intuito de amenizar esses problemas [23]. O estudo da composição corporal em
crianças e adolescentes é necessário para auxiliar na estimativa de forma mais
acurada dos componentes corporais para o desempenho físico e a saúde,
intentando sobre a estreita relação existente entre a quantidade e a
distribuição da gordura corporal e alguns indicadores de saúde [19]. Como
demonstrado no presente estudo a composição corporal encontrou-se prevalente
como adequado para idade, reduzindo as taxas de possíveis complicações a saúde
e presenças de síndromes metabólicas no futuro, porém, houve uma quantidade
significativa de adolescentes que se encontravam em excesso de peso e
obesidade, alertando-nos a esses já presentes agravos a saúde.
No que se refere à
estatura final, sabe-se que é resultado da interação e influência de fatores
genéticos e ambientais. Variações estaturais podem
refletir problemas nutricionais associados às diferenças socioeconômicas entre
grupos populacionais [15]. Dentre os adolescentes classificados com baixa
estatura para a idade, pode-se considerar como um dos fatores responsáveis, uma
aceleração da maturação biológica, observando fatores como antecipação do
início da puberdade, do estirão púbere e da menarca [22]. O que se observou é
que a maioria dos adolescentes que participaram do estudo encontrou-se em
estatura adequada para idade.
Em relação aos
resultados encontrados quanto ao nível de atividade física, observa-se que os
meninos são mais ativos do que as meninas, e quanto as atividades sedentárias,
as meninas são classificadas como mais sedentárias, achados estes que podem ser
explicados baseados em diversos fatores em relação as
diferenças entre os sexos.
Oehischiaeger et al. [24], analisando os fatores associados ao sedentarismo em
adolescentes, notaram que as meninas são mais sedentárias que os meninos. Para Haywood e Getchell [25], essa
diferença entre os gêneros na prática de atividade física, se resume nos
valores adquiridos culturalmente em relação a essa prática, onde os meninos são
estimulados à explorar o universo da cultura corporal
do movimento, já as meninas são mais voltadas à empenhar nas atividades
artísticas e intelectuais [24].
O estudo de Cureau et al. [26] mostra
que a prática de atividade física na adolescência está associada a inúmeros
benefícios à saúde durante a adolescência e com reflexos igualmente importantes
na idade adulta. Apesar de muitos estudos utilizarem a recomendação de pelo
menos 300 min/semana em atividade física moderada a vigorosa para promoção da
saúde em adolescentes, evidências supõem que volumes menores já podem trazer
benefícios. Essas variações são sustentadas pela origem multicausal de cada
morbidade, sobretudo nas doenças crônicas, bem como pelos diferentes mecanismos
fisiológicos que podem relacionar a atividade física com determinada morbidade.
Revisão sistemática mostrou que 30 min/dia de atividade física são suficientes
para obtenção de benefícios à saúde cardiovascular entre adolescentes.
Analisando o presente
estudo, observa-se não haver associação entre o tempo que os adolescentes
assistiam e comiam em frente às telas e o nível de atividade física praticada
por eles, de acordo com os resultados obtidos das medidas antropométricas
investigadas. Resultados similares também foram encontrados em outros estudos
nacionais como de Lucena [27] onde identificou não haver correlação entre
excesso de peso corporal e o tempo excessivo de tela, Maranhão Neto [28], que
também obtiveram resultados semelhantes aos encontrados em tal pesquisa,
insinuando não apresentar relações significantes ao tempo assistido às telas,
com o aumento dos níveis de obesidade, e no estudo de Enes
et al. [29] onde não se correlacionou o
tempo gasto diariamente em frente as telas > 2 horas/dia, com a prevalência
de obesidade.
Em contrapartida,
alguns estudos como Hallal [30], demonstraram relação
positiva entre número de horas diárias assistindo à televisão e sedentarismo em
escolares, Pimenta et al. [31], também, obtiveram
correlação entre tempo de tela e estado nutricional, e Guedes [32] observou uma
elevada incidência de sedentarismo em adolescentes, relacionada ao nível de
atividade física e tempo de assistência a TV.
De acordo com o
presente estudo, o estado nutricional dos adolescentes não apresentou
associação com as variáveis comportamentais investigadas (número de refeições
diárias, tempo de tela e nível de atividade física). Observou-se que 56,1% dos
adolescentes relataram fazer de 1 a 4 refeições e 43,9% faziam de 5 a mais refeições diárias; 26,8% excediam o tempo de 4
horas por dia em frente a telas (TV, computador e vídeo game). No entanto, 78%
desses adolescentes praticavam, em média, mais de 150 minutos por semana de
atividade física no lazer, sendo considerados adolescentes ativos. Em relação
ao estado nutricional, a maioria dos adolescentes (73,2%) apresentou eutrofia. No entanto, considera-se de grande importância a
orientação sobre as consequências do tempo excessivo exposto às telas, uma vez
que este comportamento pode contribuir para o excesso de peso na adolescência e
também na vida adulta, e a importância da prática de atividade física nesta
idade entre ambos os sexos, para prevenção desses fatores indesejáveis
futuramente.
Referências