ARTIGO
ORIGINAL
Rótulo
de alimentos: dificuldades de interpretação por idosos diabéticos
Food label: interpretation difficulties for elderly
with diabetes
Renata Mesquita de
Carvalho*, Mônica de Almeida Lima Alves, M.Sc.**
*Graduanda
em Nutrição pela Faculdade Internacional da Paraíba, **Docente do curso de
Graduação da Faculdade Internacional da Paraíba, Especialista em Nutrição
Clínica (Gama Filho) e Mestre em Ciências da Nutrição (UFPB)
Endereço
para correspondência:
Renata Mesquita de Carvalho, Faculdade Internacional da Paraíba, Av Monsenhor Walfredo Leal, 512
João Pessoa PB: renata.mesq.carvalho@hotmail.com; Mônica de Almeida Lima Alves:
monicadealima@yahoo.com.br
Resumo
Os idosos diabéticos
precisam evitar o consumo de produtos com açúcar para manterem um bom controle
glicêmico. Este estudo teve como objetivo identificar as dificuldades na
leitura e interpretação de rótulos alimentares. Realizamos uma pesquisa
descritiva e quali-quantitativa com 45 pacientes de
uma clínica. Foram disponibilizados para a entrevista três produtos
industrializados a fim de obter respostas e maiores informações sobre a
dificuldade que os consumidores idosos têm em identificar se nos rótulos dos
alimentos contém ou não açúcares. Em relação ao hábito de lerem, 24,44%
afirmaram que fazem; quanto as informações mais lidas,
a data de validade (93,33%) e se é diet (42,22%) foram os mais citados. As
dificuldades relatadas foram o tamanho e cores da letra e da embalagem e os
termos técnicos. As indústrias utilizam diversas nomenclaturas para os açúcares
e registram na tabela das informações nutricionais e nos ingredientes, sendo as
menos conhecidas pelos participantes sorbitol, polidextrose, extrato de malte, maltodextrina
e dextrose. A indústria de alimentos precisa conscientizar que é responsável
pela saúde do consumidor e deve destacar no rótulo que o produto contém açúcar.
Palavras-chave: rótulo, açúcares,
termos técnicos.
Abstract
The elderly with diabetes need to avoid eating products with sugar for a
good glycemic control. This study aimed to identify the difficulties in the
reading and interpretation of food labels. We made a qualitative, quantitative
and descriptive research with 45 patients. For the interview, we had three
industrialized products in order to obtain answers and more information on the
difficulty that elderly consumers have in identifying, by reading the food
labels, if the product has sugar or not. Regarding reading habits, 24.44%
stated they always read it; related to the most read information: the
expiration date (93.33%), if the product is diet (42.22%)
were the most mentioned. The described difficulties were about the size
and colors involving the letters and the packaging, also the technical terms.
The industries use several terminologies for sugar and put it in the
nutritional information table and in the ingredients; the terminologies less
known by the participants were: sorbitol, polydextrose,
malt extract, maltodextrin and dextrose. The food
industry needs to be aware, they are responsible for the consumers
health, and must point out in the label that the product has sugar.
Key-words: label,
sugars, technical terms.
Os rótulos de
alimentos contêm as principais informações sobre o produto, como a lista de
ingredientes, as características nutricionais, o peso líquido, a origem, o
prazo de validade, o lote, entre outras.
Pessoas com
restrições alimentares que necessitam reduzir ou excluir algum nutriente e/ou
substância precisam estar atentas a essa leitura, procurando interpretar as
informações contidas no rótulo.
Os diabéticos
precisam controlar o consumo de açúcares para evitar a hiperglicemia,
decorrente de uma insuficiente secreção de insulina pelo pâncreas e/ou
insuficiente ação de insulina nos tecidos alvos [1].
Uma parcela dos
diabéticos não conhece as diversas nomenclaturas referentes aos açúcares que
são descritos na lista de ingredientes utilizados pela indústria de alimentos.
Para aqueles pacientes que costumam consumir produtos industrializados é
necessário o conhecimento dos ingredientes descritos nos rótulos, para evitar a
ingestão de forma desavisada de açúcares, o que traria consequencias
para o controle metabólico.
A indústria de
alimentos faz uso dos açucares sob várias nomenclaturas,
o que dificulta a identificação, nas informações da embalagem, pelo consumidor
na hora da compra e consumo. As principais denominações de açúcares presentes
em produtos processados disponíveis nas prateleiras de supermercado são:
glicose, sacarose, frutose, lactose, dextrose, maltodextrina,
açúcar invertido, extrato de malte, polidextrose,
amido, xarope de glicose, açúcar mascavo, mel, melaço, xarope de milho, entre
outros.
Por se tratar de uma
população com uma grande prevalência de diabetes e com características clínicas
especiais, os idosos estão mais sujeitos a essa dificuldade na leitura e
reconhecimentos dos açúcares nos rótulos, podendo ingerir alimentos que alterem
a sua glicemia, influenciando negativamente no controle metabólico.
O consumo elevado de
alimentos industrializados mais a alimentação não adequada aumentam as
complicações crônicas do diabetes como as doenças cardiovasculares, infarto,
dislipidemia, hipertensão, insuficiência renal, cegueira, úlceras de pé
diabético, amputações, entre outras [1].
Este estudo teve como
objetivo identificar as dificuldades apresentadas por idosos diabéticos na
leitura e interpretação de rótulos alimentares, já que a indústria alimentícia
utiliza diversas nomenclaturas para fazer referência aos açúcares, muitas vezes
tornando confusa a escolha dos alimentos pelos pacientes com base nas
informações contidas nas embalagens.
Realizou-se uma
pesquisa de campo, descritiva e quali-quantitativa
nos meses de março e abril de 2017, com 45 pacientes de uma clínica particular
localizada no bairro dos Estados, na cidade de João Pessoa, na Paraíba. Foram
incluídos nesta pesquisa pacientes de ambos os gêneros, faixa etária dos 60 a
85 anos, pré-diabético e/ou diabético, com boa cognição e alfabetizados. Os
pacientes foram escolhidos de maneira aleatória enquanto aguardavam a consulta
na sala de espera.
Foi utilizada como
instrumento de pesquisa, entrevista e aplicação de questionário com perguntas
objetivas a fim de obter respostas e maiores informações sobre a dificuldade
que os consumidores idosos têm em identificar se nos rótulos dos alimentos
contém ou não açúcares.
Para conhecer o
perfil dos participantes foram coletadas informações gerais de caracterização
do idoso como gênero, idade, peso, altura, o tipo da diabetes, histórico de
outras doenças, se é acompanhado por um nutricionista e se pratica atividade
física. Os participantes foram submetidos a perguntas sobre a leitura dos
rótulos dos alimentos, entre as quais se costuma fazer a leitura e se confia
nas informações dos rótulos; o que mais lê, entre as opções de data de
validade, informações nutricionais, ingredientes, se na embalagem vem impresso
a palavra diet; diferenciar o que são alimentos diet e light; e se compreende
as informações contidas no quadro da informação nutricional.
Foram
disponibilizadas três embalagens de alimentos industrializados para o participante
identificar se contém açúcar na informação nutricional e na lista de
ingredientes. As embalagens serviram para saber se o tamanho da letra, a cor da
letra em contraste com a cor da embalagem foi possível de fazer a leitura ou se
precisou do auxílio de uma lupa.
O produto 1 correspondeu a um biscoito integral tipo cookie com
castanha do Pará fonte de fibras; o produto 2 correspondeu a um achocolatado
diet em pó para dietas de ingestão controlada de açúcares; e o produto 3
correspondeu a um cereal integral contendo flocos de trigo integral, arroz e
milho.
Os participantes
citaram as maiores dificuldades em fazer a leitura dos rótulos. O pesquisador
elaborou um quadro com o tamanho da fonte 14 contendo dezenove nomenclaturas
que as indústrias alimentícias faz referência a açúcares, acrescentou outros
ingredientes, e os participantes tiveram que sublinhar os que são açúcares.
O tempo de entrevista
foi de trinta minutos onde foi informado o tema, os objetivos da pesquisa,
respondidas as perguntas do questionário e obtidas o máximo de informações.
Após finalizar o
questionário o pesquisador explicou a importância de fazer a leitura dos
rótulos de alimentos e conhecer as diversas nomenclaturas de açúcares que as
indústrias de alimentos colocam na lista de ingredientes. O participante
recebeu em formato de cartão contendo alguns sinônimos de açúcares para
facilitar a consulta no momento da compra.
Foi utilizado para
analisar os dados coletados o programa Excel 2007, que possui um conjunto de
ferramentas estatísticas que permite fazer a análises dos dados em medidas
descritivas e gráficas.
O projeto foi
encaminhado à Plataforma Brasil para apreciação pelo Comitê de Ética. O Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado por todos os participantes da
pesquisa no início de cada entrevista.
Participaram do
estudo 45 pacientes, sendo 66,67% do gênero feminino e 33,33% do gênero
masculino. A idade média foi de 70 anos, sendo a
mínima 60 anos e a máxima 83 anos. Quanto à escolaridade, 55,56% dos
entrevistados possuíam ensino superior (Tabela I).
Tabela
I - Perfil dos entrevistados.
A média do índice de
massa corporal dos participantes foi de 27,44 kg/m2. Dos quais apenas 4,44%
foram classificados com magreza, 44,44% como eutróficos
e 51,11% com excesso de peso. Em relação ao tipo de diabetes predominou a
diabetes tipo 2 em 66,67% e 33,34% com pré-diabetes. Do total dos participantes, 71,11% relataram
fazer acompanhamento nutricional. Sobre o histórico de outras doenças
predominou a dislipidemia com 77,78%, seguida da hipertensão arterial com
64,44% (Tabela II).
Tabela
II -
Estado nutricional e características
clínicas dos participantes.
Do total dos
participantes, 44,44% já foram esclarecidos sobre a leitura dos rótulos dos
alimentos. Em relação ao hábito de lerem os rótulos, 24,44% afirmaram que
sempre fazem a leitura, 64,44% às vezes fazem a leitura, principalmente quando
compram um produto novo, e 11,11% nunca lêem os
rótulos dos alimentos durante as compras (Figura 1).
Figura
1 - Percentual dos entrevistados que fazem a
leitura dos rótulos dos alimentos durante as compras.
Em relação as informações mais lidas pelos participantes destacaram-se:
a data de validade (93,33%), se o produto vem impresso diet (42,22%),
ingredientes (37,78%) e as informações nutricionais (26,67%). Cada participante
foi orientado a escolher as duas opções mais lidas entre as quatro citadas
(Figura 2).
Figura
2 - Distribuição segundo o item mais importante
da rotulagem dos alimentos.
Quanto a confiança nas informações presentes nas embalagens dos
rótulos dos alimentos, observou-se que 46,67% confiam nessas informações,
enquanto 33,33% confiam mais ou menos e 20% afirmaram não confiar (Figura 3).
Figura
3 - Percentual dos entrevistados que confiam ou
não nas informações presentes nas embalagens dos alimentos.
Foram
disponibilizados três produtos alimentícios, em relação ao produto 1, 80% dos
participantes acharam inadequado o tamanho da letra. Já o produto 2, 100%
acharam adequado. O tamanho das letras não pode ser inferior a 1 mm [2]. Alguns rótulos parecem apenas cumprir a
obrigatoriedade, mas o tamanho da escrita inviabiliza a leitura. Os rótulos
exigiram dos participantes o auxilio da lupa para poder conseguir ler as
informações nutricionais. (Tabela III). Em relação as
cores do rótulo em contraste com a cor da letra o produto 2 foi o que mais
favoreceu a visibilidade com 95,56%, pois o rótulo era na cor amarela e as
letras na cor azul escuro. Já o produto 1, 55,56%
acharam inadequado, devido o rótulo apresentar as cores variando do azul claro
para o azul escuro e as letras também na cor azul (Tabela III).
Tabela
III
- Percentual de visibilidade dos produtos
apresentados na pesquisa.
Os entrevistados
afirmaram que compreendem pouco o que vem descrito nas informações nutricionais
(88,89%) e 11,11% não compreendem nada. Logo muitos pacientes diabéticos
consomem produtos contendo muito açúcar influenciando negativamente no controle
da doença.
Os pacientes diabéticos tinham que
reconhecer se nos rótulos dos três produtos disponibilizados na pesquisa
continham açúcar (Tabela IV). O produto 1 apenas
11,11% sabiam o significado do termo lactose. O produto 2
vinha impresso a palavra açúcares entre parênteses maltose e lactose. Sendo que
no rótulo em destaque com letras maiores e negrito vinha impresso a palavra
diet. Alguns participantes acreditam que a palavra diet é exclusão de açúcar,
logo 20% fizeram uma leitura rápida e passaram despercebidos que o produto 2 contém maltose existente naturalmente na maltodextrina.
Tabela
IV -
Percentual de participantes segundo a
identificação de açúcares na informação nutricional dos produtos.
Os participantes
tinham que citar os açúcares que encontravam na lista dos ingredientes. No
produto 1 (80%) encontraram o açúcar mascavo, os 20%
que não encontraram foi devido a posição que a palavra estava impressa e o
tamanho da letra. Em relação ao produto 2 (13,33%)
identificaram a palavra maltodextrina como sendo
açúcar. Alguns compararam maltodextrina aos açúcares
impresso na informação nutricional. Os demais 86,67% acreditavam não ter açúcar
no produto 2. No produto 3
todos identificaram a palavra açúcar, mas não sabiam que extrato de malte é um
termo utilizado pelas industrias de alimentos que é sinônimo de açúcar, logo
apenas 6,67% conseguiram identificar (Tabela V).
Tabela
V - Açúcares que contém na lista dos
ingredientes dos produtos disponibilizados na pesquisa.
Os diabéticos ainda
não sabem diferenciar a palavra diet da palavra light. Apenas 60% souberam
justificar o que significa a palavra diet (Figura 4).
Figura
4 - Diet ou light.
Foi elaborada uma
atividade no fim do questionário, onde cada participante tinha que sublinhar as
palavras que faziam referência a açúcares (Figura 5). Foi utilizado tamanho de
fonte maior e vários ingredientes aleatórios. Na figura tinha a palavra açúcar,
os tipos de açúcares e os termos técnicos sinônimos de açúcar.
Figura
5 - Identificação dos sinônimos de açúcares.
Do total de dezenove
palavras que referiam aos açúcares, os participantes destacaram uma média de 11
acertos. Todos sublinharam as palavras açúcar, açúcar cristal, açúcar de
confeiteiro e açúcar mascavo, com exceção do açúcar invertido com 88,89%. Os
outros ingredientes foram identificados com os seguintes percentuais: mel com
88,89%, xarope de glicose com 86,67% e glicose 71,11%. Os participantes
associaram o mel a um produto doce, e a palavra glicose as informações que os
médicos falam na consulta sobre a hiperglicemia. A frutose foi identificada por
57,78%, a sacarose por 48,89% e a lactose por 28,89%. E os termos menos
identificados foram, dextrose com 15,56%, maltodextrina
13,33%, polidextrose 6,67% e sorbitol
2,22% (Figura 6).
Figura
6 - Percentual de participantes segundo acerto
dos sinônimos de açúcares.
Participaram da
pesquisa 45 pacientes de uma clínica particular, idosos com idade média de 70
anos, sendo do gênero feminino 66,67%. Mais da metade estavam com excesso de
peso (51,11%) e 66,67% faziam acompanhamento médico para tratar a diabetes tipo
2.
Os idosos diabéticos
precisam restringir os açúcares da alimentação para evitar a hiperglicemia.
Logo é importante que saibam ler e interpretar os rótulos dos alimentos, pois a
indústria alimentícia adiciona diferentes tipos de açúcares nos alimentos
durante o processamento e utiliza nomenclaturas distintas nos rótulos.
Em relação ao hábito
de lerem os rótulos, 24,44% sempre fazem a leitura, 64,44% às vezes e 11,11%
nunca lêem os rótulos (Figura 1). Estudo realizado em
São Paulo, em 2015, identificou que 54,28% dos participantes liam os rótulos e
contra 35,71% [3]. No Espírito Santo, no ano de 2014, os pesquisadores
encontraram um percentual elevado de pessoas com hábito de ler os rótulos
(60,2%) [4]. Outra pesquisa encontrou um percentual de 48,13% para leitura dos
rótulos, no Rio Grande do Sul [5]. O percentual da população em estudo que
afirmou que faziam a leitura foi menor quando comparado as
demais citações porque o público foi exclusivamente por idosos. Os idosos têm
limitações quanto à leitura do rótulo em parte por características inerentes da
própria idade como a redução da acuidade visual, mas também pela falta de
padronização quanto ao tamanho e cores das letras e rótulos. É necessário que
as informações sejam claras e objetivas [3].
As informações mais
lidas pelos participantes foram: a data de validade (93,33%), se diet (42,22%)
e a lista de ingredientes (37,78%) (Figura 2). O consumidor prioriza a
informação relacionada à segurança do alimento, isto é, seu prazo de validade
[6]. Os resultados foram semelhantes para o item prazo de validade em 3 estudos realizados no Brasil [6, 3, 4], que encontraram um
percentual de 91,3%, 90% e 89,0% respectivamente.
É importante que a
população se interesse em ler os rótulos. Mas entre os entrevistados apenas
46,67% confiam nas informações, enquanto 33,33% confiam mais ou menos e 20% não
confiam (Figura 3). Esta falta de confiança nas informações dos rótulos também
pôde ser observada em outros estudos, onde 51,43% não confiaram nas informações
que constam nas embalagens [3] e 33,8% afirmaram não confiar [4]. Muitos
consumidores vêem o rótulo como o meio de comunicação
que as indústrias utilizam para informar somente o que for conveniente. E que
não existe fiscalização por parte dos órgãos competentes, gerando insegurança
para o consumidor [7].
Dos três produtos
usados na pesquisa os participantes tiveram maiores dificuldades em lerem as
informações nutricionais do produto 1, onde 80,00% não
acharam adequado o tamanho da letra e 55,56% relataram dificuldades em ler as
informações porque as cores tanto da letra quanto da embalagem eram próximas
dos tons de azuis. O produto 2 (100%) acharam adequado
o tamanho da letra. O percentual foi elevado dos participantes que preferiram
os tons das cores com contrastes, mas 4,44% não gostaram, relataram que as
cores “cansavam a vista” (Tabela III). Os rótulos exigem que o consumidor force
para conseguir ler as informações e até mesmo utilize algum instrumento para
aumentar as letras, como uma lupa [8].
Dos entrevistados
apenas 60% sabiam explicar o que seriam um alimento diet e 40% light. O termo
diet significa que o produto é isento de um determinado nutriente. Na maioria
dos produtos, os diet são sem açúcar, mas é importante comprovar se o nutriente
retirado foi mesmo o açúcar, e não gordura, sódio ou outro componente. Produto
light é a redução mínima de 25% em determinado nutriente ou calorias quando
comparado ao produto convencional [9].
Os participantes
apresentaram dificuldades em encontrar os açúcares na tabela da informação
nutricional do produto 1 (88,89%) não identificaram
açúcar pois desconheciam o termo lactose. Muitos afirmaram que lactose era a
gordura do leite. O produto 2 impresso açúcares
(maltose e lactose) 20% não identificaram pois desconheciam os termos. Já o
produto 3 (100%) identificaram a palavra açúcar pois
vinha impresso na embalagem (Tabela IV). A informação nutricional complementar
sobre a quantidade de açúcares deve ser indicada na tabela de informação
nutricional a quantidade de açúcares abaixo dos carboidratos [10]. As
informações devem ser claras para que o consumidor diabético consiga entender
se o produto contém ou não açúcar.
A lista de
ingredientes é a única maneira atual de estimar a presença e a quantidade
relativa de açúcares de adição de forma qualitativa (maior ou menor do que
outros ingredientes), embora não a quantidade absoluta, nos alimentos embalados
[11]. Todos os ingredientes devem constar em ordem decrescente de proporção
[2].
Os participantes
tinham que identificar e pronunciar os açúcares que fossem encontrando enquanto
liam a lista dos ingredientes. O produto 1 continha
quatro açúcares, sendo açúcar mascavo, melado de cana, amido e maltodextrina. Já o produto 2
continha um açúcar, a maltodextrina. E o produto 3 eram três açúcares, como açúcar, xarope de glicose e
extrato de malte. A maltodextrina foi o ingrediente
que teve a menor identificação entre os açúcares do produto 1
com 4,44% e o produto 2 apenas 13,33% identificaram. O tamanho da letra do
produto 1 dificultou mostrando essa diferença de
porcentagem entre os dois produtos. O produto 3 apenas
6,67% relacionaram extrato de malte a açúcar. O tamanho da letra e os termos
técnicos que as indústrias de alimentos fazem referência a açúcares podem
confundir os consumidores durante as compras.
Um
alimento
classificado como “sem adição de
açúcares” no rótulo não
necessariamente é sem
açúcar, já que ingredientes como maltodextrina,
dextrose, xarope de glicose, xarope de milho, frutose, sacarose, mel entre
outros são diferentes tipos de açúcares que as indústrias de alimentos utilizam
na confecção de barras de cereais, cereais matinais e biscoitos. Esses açúcares
provocam o mesmo efeito no organismo que o açúcar branco [12].
Os termos que os
participantes mais desconhecem como sinônimos de açúcares foram sorbitol (2,22%), polidextrose
(6,67%), extrato de malte (11,11%), maltodextrina(13,33%),
dextrose (15,56%), lactose (28,89%), amido (31,11%). Logo os
diabéticos precisam conhecer as nomenclaturas que as
indústrias utilizam nos
produtos industrializados, fazer a leitura dos ingredientes para
identificar se
tem açúcar ou não. O ideal é consumir
produtos sem adição de açúcar, diminuir o
consumo de produtos industrializados, pois se o produto não
contém açúcar pode
conter muita gordura prejudicando a saúde dos diabéticos.
O rótulo traz
informações importantes ao consumidor, principalmente para os que precisam
excluir algum nutriente e/ou ingrediente da alimentação.
A população idosa tem
dificuldade em fazer a leitura, devido o excesso de propagandas, a letra ser
ilegível, a linguagem técnica e as diversas nomenclaturas que se refere aos
açúcares deixando o consumidor em dúvida se o produto contém ou não açúcar.
As indústrias atendem
as normas para o tamanho da letra não ser inferior a 1
mm, mas muitas apenas cumprem as normas, não aumentam o tamanho da letra para
facilitar a leitura feita pelos consumidores idosos diabéticos que precisam
identificar a presença da adição de açúcares nas informações nutricionais e na
lista dos ingredientes.
As cores da letra e
da embalagem precisam de contraste para a informação do rótulo
ser legível. Algumas indústrias se preocupam em atender essas normas,
outras nem tanto. O ideal seria a ANVISA padronizar a área do rótulo onde
constam as informações nutricionais e os ingredientes com a cor branca para
fundo e a cor preta para as letras. As cores ficariam livres para as outras
partes do rótulo.
Existem diversas
nomenclaturas que a indústria faz uso para açúcares de adição e muitos
consumidores desconhecem e podem consumir alimentos com mais de um açúcar
comprometendo o controle da glicemia. No rótulo deve vir em destaque como frase
de alerta logo abaixo da tabela nutricional, contém açúcares e entre parênteses
citar os respectivos termos conforme cada produto. Em seguida vir a lista dos ingredientes seguindo a ordem decrescente de
proporção. O consumidor ao ler os ingredientes vai interpretar se o produto
contém muito açúcar se os termos virem primeiro, logo não deve consumir. Se os
termos dos açúcares estiverem na metade para o fim na lista dos ingredientes
saberão que contém açúcar, mas em pequenas quantidades. Logo poderão
consumi-los se a glicemia estiver controlada.
A indústria de
alimentos precisa conscientizar que é responsável pela saúde do consumidor. Se
não informa com veracidade que o produto não contém açúcar para os consumidores
comprarem seus produtos com segurança. Os nutricionistas orientam aos pacientes
diabéticos que precisam controlar a ingestão de açúcares, tendendo a consumir o
mínimo de produtos industrializados, na tentativa de manter um bom controle glicêmico.