ARTIGO
ORIGINAL
Consumo
alimentar e prevalência de constipação em adolescentes
Food intake and prevalence of constipation in adolescents
Ana Paula Magagnin*,
Maria Cristina Gonçalves de Souza, M.Sc.**
*Graduanda
do Curso de Nutrição, Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), **Profa.
Mestre, Curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC),
Criciúma/SC
Endereço
para correspondência:
Ana Paula Magagnin, Rua Manoel Agostinho da Silva, Santa Augusta 88050-410
Criciúma SC, E-mail: anapaula_mm09@hotmail.com; Maria Cristina Gonçalves de
Souza: mcnutri7@hotmail.com
Resumo
Objetivos: Avaliar o consumo
alimentar e a prevalência de constipação em adolescentes. Métodos: Neste estudo transversal, a amostra foi constituída por
adolescentes entre 11 a 17 anos. O estado nutricional foi avaliado pelo Índice
de Massa Corporal (IMC) para a idade e diagnosticado pelos critérios de WHO
(2007). Para a avaliação de sinais e sintomas de constipação, foi utilizado um
questionário adaptado de Colombo. Para avaliação do consumo alimentar
aplicou-se um questionário elaborado pela pesquisadora. Resultados: Participaram da pesquisa 42 adolescentes do 6º ao 9º
ano. A maioria dos adolescentes (61,9%) apresentou IMC com eutrofia, sobrepeso
11,9% e obesidade 26,2%. Os alimentos mais consumidos pelos adolescentes foram:
refrigerantes, sucos artificiais e naturais, achocolatados, frituras, produtos
industrializados, lanches prontos, balas e pirulitos. Foi observado consumo
adequado de água e feijão, porém observou-se pouca quantidade e variedade de
alimentos ricos em fibras. Em relação à constipação cinco adolescentes
apresentaram sinais e sintomas, sendo três do sexo masculino duas do sexo
feminino. Conclusão: A preferência
alimentar dos adolescentes avaliada em diversos estudos
é confirmada neste, ou seja, os adolescentes geralmente preferem alimentos
ricos em açúcar, gordura, sódio, com pouca fibras, vitaminas e minerais
importantes para o bom desenvolvimento e crescimento.
Palavras-chave: adolescência,
constipação intestinal, fibras alimentares, hábitos alimentares.
Abstract
Objectives: To assess dietary intake and prevalence of constipation in
adolescents. Methods: The sample of
this cross-sectional study consisted of adolescents aged 11 to 17 years.
Nutritional status was assessed by body mass index (BMI) for age and diagnosed
by WHO criteria (2007). For the evaluation of signs and symptoms of
constipation, we used a questionnaire adapted from Colombo. To assess food
consumption we applied a questionnaire prepared by the researcher. Results: Participants were 42
adolescents from 6th to 9th grade. Most adolescents (61.9%) presented normal
weight, 11.9% were overweighted and 26.2% obeses. The most commonly consumed foods by adolescents
were: soft drinks, artificial and natural juices, chocolate, fried foods,
processed products, ready snacks, candies and lollipops. Water and beans intake
was adequate but we observed little variety and quantity of foods rich in
fibers. Regarding constipation five teenagers (three males and two females)
showed signs and symptoms. Conclusion:
The food preference of adolescents, evaluated in several studies, is confirmed
in this study: teenagers usually prefer foods with high level of sugar, fat,
sodium and low level of fiber, vitamins and minerals which are important for
proper development and growth.
Key-words: adolescence, constipation, food fiber, eating habits.
Nos dias atuais as
competências atribuídas ao homem nos seus campos de trabalho, escolar e
familiar têm causado interferência em sua qualidade de vida, como por exemplo,
falta de horários estabelecidos para as refeições e tempo disponível para a
prática de exercícios físicos [1].
Ao mesmo tempo são
observados no padrão alimentar do brasileiro muitas
influências e transformações. O estilo da vida moderna tem favorecido o consumo
de alimentos refinados, industrializados, alimentação fora de casa e a
substituição das refeições tradicionais pelos lanches. Essas mudanças levam ao
consumo excessivo de produtos gordurosos, com diminuição no consumo de cereais
integrais e aumento no consumo de açúcares, doces e bebidas açucaradas. Esta
mudança tem propiciado o aumento da incidência das “doenças de civilização”,
sendo a constipação intestinal uma delas [2].
A constipação
intestinal é uma alteração do trânsito intestinal, mais especificamente do
intestino grosso, caracterizada por diminuição do número de evacuações, com
fezes endurecidas e esforço à defecação. As causas mais comuns são os hábitos
deficientes de eliminação das fezes, tais como uma repetida ausência de
resposta imediata à necessidade de evacuar. Pode estar relacionada também a
muitas outras causas secundárias, como uso de drogas, falta de exercícios
(pacientes acamados), doenças do intestino grosso (que levam a insuficiência na
propulsão ou da passagem do bolo fecal por obstrução), neuropatia (diabetes),
neoplasias intestinais, hemorroidas, etc [3].
A prevalência da
constipação intestinal no Brasil varia de 14,7% a 36,5% [4].
A adolescência é o
período que vai de 10 a 20 anos de idade, e é caracterizada como uma fase de
rápido e intenso crescimento e desenvolvimento físico, psíquico e social, a
qual pode se manifestar em qualquer período para cada indivíduo [5].
As transformações que
acontecem na adolescência têm efeito sobre o comportamento alimentar,
influenciado por fatores internos (autoimagem, necessidades fisiológicas e
saúde individual, valores, preferências e desenvolvimento psicossocial) e por
fatores externos (amigos, hábitos familiares, valores e regras sociais e
culturais, mídia, modismos, entre outros) [6].
Os adolescentes
tendem a viver o momento atual, não dando importância às consequências de seus
hábitos alimentares, que podem ser prejudiciais à saúde [7].
Diante do exposto, o
objetivo do trabalho foi avaliar o consumo alimentar, ingestão hídrica, consumo
de fibras, estado nutricional e prevalência de constipação em adolescentes.
Trata-se de um estudo
do tipo descritivo, transversal, quantitativo e teve realização em campo. A
população deste estudo envolveu adolescentes escolares, de ambos os sexos,
matriculados em um colégio particular, localizado no município de Criciúma/SC.
Participaram voluntariamente da pesquisa 42 adolescentes de ambos os sexos, com
faixa etária entre 11 e 17 anos. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética
da UNESC, sob n°538/2011.
O estado nutricional
da amostra foi avaliado pelo indicador do Índice de Massa Corporal (IMC) para
idade e diagnosticado pelos critérios de WHO (2007) com base no IMC (kg/m²) por
idade. Para avaliação de sinais e sintomas de constipação nos adolescentes, foi
utilizado um questionário adaptado de Colombo (2011). Para avaliação do consumo
alimentar foi aplicado um questionário elaborado pela pesquisadora.
Dos adolescentes
participantes (f = 22) 52,4% eram do sexo feminino e (f = 20) 47,6% do sexo
masculino, com idade entre 11 e 14 anos. O ano escolar variou do 6º ao 9º.
Para a Avaliação do
Estado Nutricional a maioria dos adolescentes (f = 26) 61,9% apresentou IMC
classificado como eutrófico; com sobrepeso foram diagnosticados (f = 5) 11,9% e
(f = 11) 26,2% com obesidade.
Com relação ao
gênero, no sexo masculino observou-se que (f = 9) 21,4% dos adolescentes
encontraram-se eutróficos, o sobrepeso foi de (f = 3) 7,1% e obesidade (f = 8)
19,0%, porém quando somados totalizaram (f = 11) 26,1%. Para o sexo feminino, a
maioria (f = 17) 40,50% classificou-se com IMC adequado. Sobrepeso e obesidade,
respectivamente, (f = 2) 4,8%, e (f = 3) 7,1%, quando totalizados somaram (f =
5) 11,9%.
O resultado do consumo alimentar dos adolescentes, obtido pela aplicação
de questionário se apresenta na figura 1.
Figura
1 - Consumo referido de alimentos ricos em
fibras, Criciúma/SC, 2012.
Pelos dados
apresentados na figura 1, observou-se que o consumo de frutas com casca/bagaço
e cereais matinais são os preferidos pelos adolescentes avaliados.
Figura
2 - Consumo diário referido de frutas,
Criciúma/SC, 2012.
Conforme a figura 2
observou-se que as frutas mais consumidas pelos adolescentes são banana, maçã e
laranja. A frequência do consumo de frutas durante o dia pelos adolescentes
ficou em torno de uma a duas frutas por dia.
Figura
3 - Consumo semanal referido de verduras cozidas
e cruas, Criciúma/SC, 2012.
Podemos observar pela
figura 3 quais são as verduras cruas e cozidas mais consumidas pelos
adolescentes com frequência do consumo de quatro vezes ou mais. Também foi
avaliado o consumo de feijão dos adolescentes, sendo que a maioria consome
feijão durante a semana. A frequência do consumo foi quatro vezes na semana.
Foi avaliada a ingesta
de líquidos, alimentos ricos em gorduras e presença de constipação intestinal
com resultados nas tabelas I, II e III respectivamente.
Tabela
I – Ingestão de diferentes tipos de líquidos por
adolescentes, Criciúma/SC, 2012.
Dados da pesquisa,
2012.
Tabela
II -
Consumo de alimentos ricos em gorduras,
por adolescentes, Criciúma/SC, 2012.
Dados da pesquisa,
2012.
Tabela
III
- Presença de constipação intestinal em
adolescentes segundo sexo, Criciuma/SC, 2012.
Dados da pesquisa,
2012.
Em um estudo
realizado com adolescentes com idade entre 9 e 18 anos
em São José dos Campos [8] para avaliar a prevalência de constipação, os mesmos
apresentaram resultados semelhantes ao presente estudo. Sobre o estado
nutricional e maturação sexual de adolescentes, em um estudo realizado no Rio
de Janeiro [9], mais da metade dos adolescentes apresentaram-se eutróficos,
independente de sexo. Em um estudo no Paraná [10], também observou-se
que a maioria dos adolescentes encontrava-se com eutrofia em ambos os sexos,
porém apresentou maior porcentagem de alunos do sexo masculino com sobrepeso,
ocorrendo o mesmo com o presente estudo. Entretanto no sexo feminino, algumas
alunas apresentaram-se em estado de magreza grau III o que não ocorreu neste
estudo. Outro estudo no município do Rio de Janeiro [11], avaliando o consumo
alimentar de adolescentes com e sem sobrepeso, mostrou a prevalência de
sobrepeso entre os meninos, como no presente estudo.
Em relação ao consumo
referido de alimentos ricos em fibras, as frutas com casca/bagaço e cereais
matinais são os preferidos pelos adolescentes avaliados. Verificou-se o elevado
número de dietas pobres em fibras [12]. Este resultado é possivelmente
explicado pelo baixo consumo de frutas, vegetais e cereais integrais.
Entretanto, apesar de no presente estudo os adolescentes relatarem o consumo
maior de frutas com casca/bagaço, o consumo de grãos integrais ficou abaixo,
não sendo os preferidos por eles, como mostrado no estudo citado anteriormente
e a figura 1. Em um estudo em Santa Catarina [13] no ano de 2009, com
elaboração de receitas com frutas e teste de aceitabilidade de um grupo de
adolescentes, as frutas mais consumidas foram banana, maçã e laranja, conforme
apresentado na figura 2. As frutas, os legumes e as verduras são ricos em
várias vitaminas e minerais e são essenciais à saúde e à nutrição adequada
[14]. Em São Paulo, adolescentes avaliados apresentaram, além da baixa
quantidade, a pouca variedade de frutas, verduras e legumes (banana, laranja,
maçã, alface, cebola, tomate) [15]. Essa pouca variedade de frutas, verduras e
legumes foi encontrada também no presente estudo, contribuindo para uma
monotonia alimentar, que pode estar relacionada a um maior risco de carências
nutricionais. A ingestão aumentada de frutas e vegetais como hábitos
alimentares saudáveis, tem sido relacionada como prevenção contra a obesidade.
Esse efeito é explicado devido ao aumento da saciedade e por serem alimentos de
baixa densidade energética [16].
As verduras cruas mais
consumidas pelos adolescentes foram alface, tomate e repolho, conforme figura
3. As verduras cozidas mais consumidas pelos adolescentes durante a semana
foram a beterraba cozida e a couve-flor. Vale
ressaltar também que o consumo de verduras cozidas ficou bem abaixo em relação
ao consumo de verduras cruas.
A maioria dos
adolescentes consome feijão durante a semana. O consumo de feijão deve ser
incentivado, pois é característico do hábito alimentar brasileiro e um alimento
de bom valor nutricional, rico em fibras, proteínas, ferro e ácido fólico [15].
Em um estudo em 2010
com adolescentes, o hábito alimentar saudável mais frequente foi o consumo
diário de feijão que foi relatado por cerca de metade dos adolescentes [16],
dado parecido ao presente estudo.
Com relação ao
consumo de líquido observa-se na Tabela I que a maioria (f = 27, 64,3%) dos
adolescentes ingerem cinco copos de água ou mais
durante o dia. É necessário ter uma ingestão adequada de água juntamente ao
consumo de fibras alimentares, pois, fibras solúveis absorvem água [17]. Além
disso, é recomendada uma ingestão de pelo menos oito copos por dia de líquidos,
como água e sucos, por exemplo. A água é importante na constipação intestinal,
pois tem efeito sobre o peso e maciez das fezes, além de contribuir para o
aumento do número de reflexos gastrocólicos e proporcionar uma lubrificação
intestinal [18].
Observou-se também
que os adolescentes consomem diferentes tipos de líquidos durante o dia. Entre
eles o mais consumido foi suco em pó, refrigerante e uma boa parte utiliza o
suco natural diariamente. A maior parte dos adolescentes relatou que consome
três copos ao dia. Avaliando o hábito alimentar de adolescentes, Dalla Costa et al. [19]verificaram o consumo diário do grupo de
açúcares, sendo o refrigerante o mais popular entre eles, parecido com o
presente estudo. Houve um aumento do consumo de bebidas adicionadas de açúcar,
como os refrigerantes e sucos artificiais por adolescentes [20].
Na tabela I também é
demonstrada a frequência com que os adolescentes utilizam o leite, sendo que a
maioria consome um copo de leite diariamente, geralmente achocolatado. Em um
estudo em 793 adolescentes [21], o leite é habitualmente consumido com adição
de achocolatado em pó, resultado semelhante ao presente estudo [21]. Em São
Paulo, avaliando o estado nutricional e o consumo alimentar de adolescentes,
observou-se que os mesmos estão substituindo o leite por sucos industrializados
e refrigerantes [22].
Conforme Tabela II
observou-se que a maioria dos adolescentes consome frituras diariamente, sendo
que a batata frita e as carnes/bifes prevaleceram. A maioria dos adolescentes
consome uma vez por dia. A dieta dos adolescentes caracteriza-se pela
preferência de alimentos com elevado teor de gordura saturada, colesterol e
substancial quantidade de sódio e carboidratos refinados, representados muitas
vezes pela ingestão de batata frita, alimentos de
origem animal fritos e bebidas com adição de açúcar [22]. Ainda na Tabela II
pode-se analisar que os produtos industrializados fazem parte da alimentação
diária dos adolescentes, sendo que as bolachas recheadas, chips, chocolate e o
macarrão instantâneo foram os preferidos. A frequência de utilização foi uma
vez durante o dia. Houve um crescimento substancial do consumo de alimentos
industrializados com diferentes graus de processamento [23]. No presente estudo
também observou-se que a maioria dos adolescentes
relatou consumir lanches prontos durante a semana. Entre os mais consumidos
foram a pizza e o x-salada, na frequência de 1 a 2
vezes na semana. Uma das características alimentares dos adolescentes é a
substituição do almoço e/ou jantar, com alimentos tradicionais como o arroz e
feijão, por lanches, sendo esses de alta densidade energética e baixo valor
nutritivo, como refrigerante, biscoitos, chocolate, sorvete, batata frita,
pizza e salgadinhos [11]. Pode-se analisar que os produtos industrializados
fazem parte da alimentação diária dos adolescentes, sendo que as bolachas
recheadas, chips, chocolate e o macarrão instantâneo foram os preferidos
consumidos uma vez durante o dia.
Para a avaliação da
constipação intestinal, os critérios de diagnósticos exigem pelo menos duas das
seguintes queixas por parte do paciente: menos de três evacuações por semana;
dor e/ou esforço aumentado; fezes endurecidas, ressecadas ou em cíbalas;
presença de eliminação de sangue nas fezes e tempo gasto no ato da evacuação.
Dentre os sinais e
sintomas mais relatados pelos adolescentes, a maioria referiu ter uma
frequência diária regular de evacuações e apenas quatro adolescentes
apresentaram uma frequência de evacuações de uma vez na semana. Em relação à
presença de dor/dificuldade ao evacuar, a maioria relatou nunca/raramente
apresentar, porém é também relevante que outra metade (f = 17, 40,5%) relata
que às vezes sente alguma dificuldade. Quanto à presença de sangue nas fezes,
os valores foram bem distintos e tornaram-se irrelevantes, pois apenas três
participantes (f = 3, 7,1%) observaram às vezes sangue nas fezes. O restante da
amostra (f = 38, 90,5%) relatou não observar presença de sangue nas suas fezes.
Quando questionados sobre a presença de escape fecal, três participantes (f =
3, 7,1%) relataram apresentar. Quanto ao tempo no ato da evacuação, a maioria
dos adolescentes (f = 37, 88,1%) relata um tempo de 5-10 min no ato da
evacuação.
Em relação à
consistência das fezes segundo classificação de Heaton e Lewis [25] a
prevalente é a do tipo 3, como uma salsicha, mas com
rachaduras na superfície e 4 como uma salsicha ou cobra, lisa e macia,
totalizando 75,5% dos participantes. Segundo Heaton e Lewis [25], a
consistência ideal de fácil passagem seria a do tipo 4 – como uma salsicha ou
cobra, lisa e macia.
Neste estudo, o
possível diagnóstico de constipação foi definido em um estudo [8] pela
eliminação de fezes com consistência endurecida e ocorrência de, pelo menos,
uma das seguintes características: dor ou dificuldade para evacuar, escape
fecal, sangue. Fezes com formato de cíbalos ou em pelotas grandes e secas e
intervalo entre as evacuações maior ou igual a 3 dias
foram considerados critérios que isoladamente caracterizam constipação. Como já
visto anteriormente, os resultados correspondentes à frequência de evacuações
foram ideais em 75,5% (f = 31) dos adolescentes avaliados. Porém, quando outros
dados associados ao diagnóstico foram agrupados, observou-se presença de
constipação em cinco adolescentes. Entre os dados agrupados, foi constatado a presença de dor/dificuldade no ato da evacuação,
apresentados em quatro adolescentes (80%) e presença de sangue relatado por um
adolescente (20%). Em relação à consistência das fezes, os cinco adolescentes
relataram caroços duros, como nozes e de salsicha, mas irregulares.
Em um estudo realizado
em São Paulo [8], na qual os autores avaliaram 349 adolescentes sobre a
presença de constipação, 78 dos avaliados apresentaram constipação, ou seja, a
prevalência foi igual a 22,3%, diferente do presente estudo. Ainda assim, no
mesmo estudo a prevalência de constipação foi maior em meninas, do que nos
meninos, o que não ocorreu no presente estudo. Há dados científicos que afirmam
que a constipação intestinal é três vezes maior em mulheres do que em homens
[17]. Em um estudo no ano de 2011, relacionaram o excesso de peso e constipação
em adolescentes, dos 1077 questionários aplicados, a constipação foi
diagnosticada em 18,2% dos adolescentes [26]. Dos cinco adolescentes que
apresentaram constipação intestinal, três eram do sexo masculino e estes
apresentaram obesidade, e duas que eram do sexo feminino apresentaram eutrofia.
Atualmente percebe-se
uma mudança nos hábitos alimentares dos adolescentes, ocorrendo um aumento no
consumo de produtos refinados, industrializados, bem como alimentos ricos em
gordura e açúcar com baixo teor de fibras alimentares, contidas em alimentos
como cereais integrais, frutas, verduras e hortaliças. A preferência desses
alimentos pelos adolescentes contribui para o aparecimento de várias doenças,
como a obesidade, além de uma alimentação com pouco valor nutricional, podendo
estar relacionada a carências nutricionais nessa fase da vida. A constipação
intestinal diagnosticada em cinco adolescentes se deve pelo hábito alimentar
seguido por esse grupo. Diante desse fato, a presença do nutricionista no
ambiente escolar, junto a outros profissionais se faz necessária. É fundamental
a adoção de estratégias educativas que enfatizem a redução do consumo de
açúcares e gorduras na alimentação, além do incentivo do consumo de alimentos
ricos em fibras alimentares e os benefícios de adoção de uma dieta equilibrada.
Tais medidas visam contribuir para a qualidade de vida dos adolescentes e
prevenção de agravo à saúde na vida adulta.
À professora M.Sc. Paula Rosane Vieira Guimarães pela colaboração para o
presente texto.