EDITORIAL
Exercício
terapêutico, reflexões sobre o caminho futuro
Alberito Rodrigo de
Carvalho*, Gladson Ricardo Flor Bertolini**
*Doutor em Ciências do Movimento Humano – UFRGS, **Doutor em Ciências da
Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor - FMRP/USP
Correspondência: Alberito Rodrigo de
Carvalho alberitorodrigo@gmail.com, Gladson Ricardo Flor Bertolini: gladson_ricardo@yahoo.com.br
A prescrição do
exercício físico como recurso terapêutico, tanto no âmbito da prevenção quanto
na reabilitação de pacientes comprometidos por doenças de diferentes etiologias
e que afetam os mais variáveis sistemas orgânicos, tem sido foco de diversas
investigações, dada a importância dessa ferramenta terapêutica. Contudo, apesar
do sólido corpo de evidências já existentes que fundamentam a sua utilização,
muito ainda precisa ser feito na tentativa da ampliação do conhecimento na área
visando capacitar os profissionais da saúde para a prescrição de exercícios
cada vez mais correta e contextualizada às necessidades e capacidades daqueles
a quem a terapia reabilitadora se destina.
Especialmente na
manifestação de doenças, a prescrição do exercício torna-se mais desafiadora,
pois o profissional deve considerar na sua conduta terapêutica que não apenas a
carga externa proposta deve ser levada em conta, mas principalmente a
capacidade que o indivíduo tem de responder a esta carga, ou seja, a carga
interna, o que está geralmente bastante comprometida na presença da doença.
Assim, tendo em conta
a premissa de que a prescrição do exercício físico deve promover mudanças,
tanto estruturais quanto morfológicas, no organismo do paciente, a dosagem de
todos os estímulos impostos deve respeitar as recomendações pedagógicas do
treinamento a fim de que a carga externa proposta e a carga interna de
adaptação produzam adaptações biopositivas.
Muitas das diretrizes
sobre prescrição do exercício já estabelecem as relações entre carga proposta e
carga interna no contexto em muitas doenças, a exemplo daquelas diretrizes de
avaliação e prescrição de exercício ditadas pelo American College of Sports
Medicine. Entretanto, as pesquisas que buscam aprofundar o entendimento das
vias pelas quais os estímulos físicos geram adaptações e como as estruturas,
numa visão microscópica, são alteradas, devem ser incentivadas. O produto
dessas investigações amplia os horizontes da prescrição do exercício e fornecem
subsídios para uma prática assertiva e eficiente na terapia.