REVISÃO
Eficácia
do fortalecimento muscular excêntrico na tendinopatia lateral do cotovelo
Efficacy of eccentric muscle strengthening in lateral tendinopathy of the
elbow
Wanderson Fernandes Silva,
Ft.*, Guilherme Marques da Rocha, Ft.**, Angelina Fernandes Silva***, Walter de
Aquino Vieira Filho, Ft.****, Jorge Carlos Menezes Nascimento Junior*****, Gustavo
Marques da Rocha******, André dos Santos Cabral, Ft., D.Sc.*******
*Fisioterapeuta
Mestrando em Biociências, Universidade Federal do Oeste do
Pará (UFOPA), **Fisioterapeuta
Residente, Universidade do Estado do Pará (UEPA), ***Educador
Físico, Universidade
do Estado do Pará (UEPA), ****Fisioterapeuta Residente,
Universidade do Estado do
Pará (UEPA), *****Fisioterapeuta Mestrando em Ensino em
Saúde na Amazônia, Universidade do Estado do Pará
(UEPA), ******Graduando em Medicina, Universidade do Estado do
Pará
(UEPA), *******Fisioterapeuta Doutor em Doenças Tropicais,
Universidade do Estado
do Pará (UEPA)
Recebido em 11 de agosto
de 2017; aceito em 28 de agosto de 2017.
Endereço
para correspondência:
Wanderson Fernandes Silva, Rua Três de Junho,10 Bairro
Caranazal, 68040-315 Santarém PA, E-mail: wandersonfsm@outlook.com; Guilherme Marques
da Rocha: guilherme.mqs.ft@gmail.com; Angelina Fernandes Silva: angelinaedf@gmail.com;
Walter de Aquino Vieira Filho: walterdeaquinofisio@gmail.com; Jorge Carlos Menezes
Nascimento Junior: jcmnj@hotmail.com; Gustavo Marques da Rocha: gustavo.marques.mega@gmail.com;
André dos Santos Cabral: ascfisio@gmail.com
Resumo
Introdução: A tendinopatia lateral
do cotovelo caracteriza-se como uma lesão ortopédica bastante
comum. Trata-se de um transtorno do uso excessivo que promove o progressivo enfraquecimento
da organização interna dos tendões. Objetivo:
O presente estudo teve como objetivo verificar a eficácia do exercício de fortalecimento
muscular excêntrico sobre a tendinopatia lateral do cotovelo, por meio de uma revisão
sistemática da literatura internacional. Métodos:
A presente revisão sistemática buscou seguir as recomendações da declaração PRISMA.
Foi realizada uma busca sistemática por estudos nos bancos de dados virtuais Pubmed
e PEDro, para tanto foram utilizadas os seguintes descritores
combinados: Eccentric, tendinopathy,
elbow. Para avaliar a qualidade dos estudos foi utilizada a escala de qualidade
PEDro. Resultados:
Quatro artigos atenderam os critérios de elegibilidade e foram incluídos no estudo.
Todos os estudos selecionados caracterizavam-se como ensaios clínicos com amostra
randomizadas e presença de grupo controle, possuíam participantes de ambos os gêneros
com diagnóstico clínico de tendinopatia lateral do cotovelo, todos os estudos obtiveram
nota superior a 6 na escala PEDro. Conclusão: Observou-se, nos estudos apresentados,
que exercício de fortalecimento excêntrico é uma ferramenta bastante útil no manejo
de pacientes com tendinopatia lateral crônica. Foi possível perceber resultados
satisfatórios nos quesitos dor, força muscular, função e resolução do caso. Nessa
perspectiva, sugere-se que o programa de tratamento fisioterapêutico utilize-se
dessa técnica com melhora na qualidade de vida do paciente e redução de gastos pelo
setor público, esportivo e pelo próprio paciente.
Palavras-chave: tendinopatia, cotovelo,
Fisioterapia.
Abstract
Introduction: Lateral tendinopathy of the elbow is characterized as a common orthopedic
lesion. It is an overuse disorder that promotes the progressive weakening of internal
tendon organization. Objective: This study
aimed to verify the efficacy of the eccentric muscle strengthening exercise on lateral
tendonopathy of the elbow, through a systematic review of the literature. Methods: This systematic review sought to
follow the recommendations of the PRISMA statement. A systematic search was made
for studies in the Pubmed and PEDro virtual databases, for which the following combined
descriptors were used: Eccentric, tendinopathy, elbow.
To evaluate the quality of the studies, the PEDro quality scale was used. Results: Four articles satisfied the eligibility
criteria and were included in the study. All selected studies were characterized
as randomized clinical trials and presence of a control group, had participants
of both genders with clinical diagnosis of lateral tendinopathy of the elbow, all
the studies obtained a score higher than 6 on the PEDro scale. Conclusion: It is possible to observe in
the studies that the eccentric strengthening exercise is an
useful tool in the management of patients with chronic lateral tendinopathy. It
was possible to perceive satisfactory results in the pain, muscle strength, function
and resolution of the case. From this perspective, it is suggested that the physical
therapy program be used with this technique with improvement in the quality of life
of the patient and reduction of expenses by the public sector, sports and by the
patient himself.
Key-words: tendinopathy,
elbow, Physical therapy specialty.
A tendinopatia lateral
do cotovelo caracteriza-se como lesão ortopedia bastante frequente na sociedade,
acomete principalmente atletas adultos de 35 a 55 anos [1] com predileção para o
gênero feminino [2]. Sua etiologia advém de micro traumas derivados de gestos repetitivos
comum na prática esportiva, laboral e de lazer [3-7]. Trata-se de um transtorno
do uso excessivo que promove o progressivo enfraquecimento da organização interna
dos tendões [8] dos músculos extensores do punho e supinadores do antebraço [7].
A forca e resistência
do tendão são diretamente relacionadas com a quantidade de colágeno e a densidade
de ligações cruzadas estáveis [9]. A tendinose está presente na tendinopatia lateral
o que resulta em feixes de colágenos desordenados, neovascularização aleatória,
celularidade anormal [7]. Há evidencias de que a tendinopatia lateral seja primariamente
um distúrbio degenerativo, com desnaturação progressiva das proteínas de colágeno
e deficiência em sua reposição adequada, o processo inflamatório pode estar até
mesmo ausente [2,10].
Seu principal sintoma
é dor na região do epicôndilo lateral do úmero, por afetar a origem comum dos extensores
do punho, com limitação dos movimentos a depender do grau de comprometimento [2,3].
Com o progredir da doença as respostas adaptativas tornam-se lentas nas células
do tendão e os sintomas acentuam-se [11].
Tradicionalmente o tratamento
da tendinopatia lateral tem-se focado no uso de medicamentos anti-inflamatórios,
imobilização e repouso, todavia evidências sugerem que o uso de anti-inflamatórios,
imobilização e repouso pode comprometer o processo de reparo tecidual por retardar
os mecanismos fisiológicos da cicatrização [12]. Sintomas acentuados
e recidivas são frequentemente observados, fracasso no tratamento conservador
muitas vezes leva a necessidade de intervenção cirúrgica [10,13].
O tratamento fisioterapêutico
focaliza-se no alívio da sintomatologia e estímulo para a regeneração tecidual com
a utilização de recursos físicos [14-22].
Muitos estudos sugerem
como tratamento de primeira escolha para a tendinopatia o fortalecimento muscular
excêntrico [23-27] que é caracterizado por tratar-se de uma modalidade de fortalecimento
muscular com alongamento ativo da musculatura enquanto uma carga é aplicada a ela
[27]. Os mecanismos pelo qual o exercício excêntrico torna-se uma terapêutica eficiente
no caso das tendinites ainda permanece desconhecido [28].
Os estudos sugerem modificações celulares na estrutura do tendão submetido ao fortalecimento
[29-32].
Em breve análise da literatura
foi possível observar que não há consenso sobre a eficácia do fortalecimento muscular
excêntrico sobre a tendinopatia lateral do cotovelo, por esse motivo o presente
estudo justifica-se e teve como foco principal sintetizar os ensaios clínicos sobre
exercício de fortalecimento muscular excêntrico na tendinopatia lateral do cotovelo,
por meio de uma revisão sistemática da literatura internacional.
A presente revisão sistemática
buscou seguir as recomendações da declaração PRISMA [33].
Estratégia
de investigação
O presente estudo buscou
responder o seguinte problema delineador: o fortalecimento muscular evidencia efeitos
positivos na tendinopatia lateral do cotovelo?
A busca sistemática por
estudos nos bancos de dados virtuais Pubmed e PEDro foi
realizada por dois pesquisadores cegos entre si. Para tanto foram utilizados os
seguintes descritores combinados: Eccentric,
tendinopathy, elbow. A pesquisa teve duração de janeiro até maio de 2017.
Critérios
de elegibilidade
Para compor a presente
revisão sistemática os estudos atenderam os critérios de inclusão e não apresentaram
os de exclusão. Critérios de inclusão: artigos publicados nos últimos 10 anos (2008-2017),
escritos na língua inglesa, ensaios clínicos randomizado-controlados, cujo enfoque
direcionasse o tratamento de tendinopatia lateral do cotovelo com base em fortalecimento
muscular excêntrico e estudo avaliados com no mínimo 6
na escala de qualidade PEDro. Os critérios de exclusão: artigos de revisão da literatura,
estudos de caso e propostas de protocolos.
Desfechos
de interesse
Os desfechos de interesse
dos estudos selecionados foram os seguintes: autores do artigo, ano de publicação,
tamanho da amostra, tempo e frequência de tratamento, variáveis estudadas, e pontuação
na escala PEDro.
Avaliação
da qualidade dos estudos
Após a primeira seleção
os estudos foram avaliados pela escala de qualidade PEDro
por meio de dois pesquisadores independentes. A escala de qualidade PEDro é caracterizada como um instrumento para avaliação de ensaios
clínicos publicados na área das ciências da reabilitação. A escala possui um total
de 11 itens avaliativos que, com exceção do item n1°, atribui ao estudo 1 ponto por cada item satisfeito totalizando um total de 10 pontos.
Os critérios de 2 a 9 da escala analisa a validade interna do estudo enquanto os
critérios 10 e 11 avaliam sua característica estatística de forma que seus resultados
possam ser interpretados [34,35]. Para essa revisão adotou-se as seguintes faixas
de pontuação da escala PEDro: escore de 6-10: considerou-se
como de alta qualidade; 4-5: média qualidade; e 0-3: baixa qualidade [36]. Qualquer
variação na pontuação dos estudos obtidos pelos avaliadores foi resolvida por meio
de discussão.
Durante a busca no banco
de dados Pubmed foram encontrados 39 artigos, enquanto que na base de dados PEDro foram encontrados 12, totalizando 51 estudos. Dentre os
39 artigos encontrados no banco de dados Pubmed 35 foram excluídos pelos seguintes
motivos: 25 não abordavam a temática em questão, 1 tratava-se
de uma proposta de protocolo, 1 não possuía amostra randomizada, 1 obteve pontuação
inferior a 6 na escala PEDro, 6 por serem artigos de revisão e 1 por ser estudo
de caso. Dentre os 12 estudos encontrados na base de dados PEDro
9 foram excluídos pelos seguintes motivos: 6 não abordavam a temática em questão,
1 obteve pontuação inferior a 6 na escala PEDro e 2 por serem artigos de revisão.
Portanto, para o presente estudo foram localizados 4 ensaios
clínicos randomizados-controlados na base de dados Pubmed e 3 na base de dados PEDro,
no entanto todos os artigos encontravam-se duplicados nas bases de dados o que totaliza
apenas 4 ensaios clínicos controlados randomizados. Realizando análise nas referências
dos estudos selecionados foi possível localizar 1 ensaio
clínico, porém foi excluído por obter pontuação inferior a 6 na escala PEDro. Portanto
para compor o presente estudo foram utilizados um total de 4
artigos. A figura 1 apresenta o fluxograma referente à etapa de seleção dos artigos
para o estudo.
Figura 1 - Fluxograma com informações referente ao processo
de seleção dos ensaios clínicos com base nos critérios de elegibilidade.
Todos os estudos selecionados
caracterizavam-se como ensaios clínicos com amostras randomizadas e presença de
grupo controle, possuíam participantes de ambos os gêneros com diagnóstico clínico
de tendinopatia lateral do cotovelo, em pelo menos um grupo de pesquisa todos os
ensaios abordavam o exercício de fortalecimento muscular excêntrico, todos os estudos
obtiveram nota superior a 6 na escala PEDro.
A amostra mínima dos estudos
foi de 34 sujeitos e a máxima foi de 120, o tempo de tratamento variou de 4 até 12 semanas e a frequência semanal de 2 a 5. Os desfechos
de interesse dos estudos foram: dor, força muscular, força de preensão, função,
qualidade de vida e resolução do caso. A maioria dos estudos (75%) apresentaram
dois grupo de intervenção, e apenas um deles (25%) utilizou-se de 3 grupos. Na análise estatística de todos os estudos foram utilizados
métodos descritivos e inferências adotando como intervalo de confiança p<0,05.
Na Tabela I observam-se algumas das características dos estudos.
Tabela I - Características dos estudos selecionados.
*GE = Grupo experimental;
GC = Grupo controle; GEE = Grupo fortalecimento excêntrico; GEC = Grupo fortalecimento
excêntrico-concêntrico; GECI = Grupo fortalecimento excêntrico-concêntrico-isométrico.
Na avaliação da qualidade
metodológica a pontuação média na escala de qualidade PEDro
foi de 6, com pontuação mínima de 6 e máxima de 6. Não foi obtida discrepância na
análise fornecida pelos pesquisadores. A pontuação detalhada dos estudos selecionados
para a presente revisão é apresentada na Tabela II.
Tabela II - Pontuação na escala PEDro
para os estudos selecionados.
(2) = Alocação randomizada;
(3) = Atribuição mascarada; (4) = Similaridade no início do tratamento; (5) = assuntos
cegos; (6) = Fisioterapeutas cegos; (7) = avaliadores cegos; (8) = acompanhamento
apropriado; (9) = análise por intuito de tratar; (10)=
correlações intergrupos; (11) = uso de medidas de precisão e variabilidade.
Os quatro estudos selecionados
para a presente revisão obtiveram 6 na escala PEDro, aqui
considerados como estudos de alta qualidade metodológica [36]. Conforme observado,
os critérios 10 e 11, referentes às características metodológicas estatísticas,
foram adequadamente cumpridos pelos estudos selecionados. Quanto a validade interna,
critério de 2 a 9, foi possível observar que todos os estudos apresentaram alocação
randomizada e similaridade no início do tratamento, em contrapartida não ocultaram nem os sujeitos do estudo e nem os terapeutas responsáveis
pela técnica. Três estudos não obedeceram à randomização mascarada [6,10,37]. Dois estudos [6,38] não proporcionaram os avaliadores
de forma cega. Dois estudos [37,38] falharam no quesito análise por intuito de tratar.
E um estudo [10] fracassou no acompanhamento apropriado. O tamanho da amostra também
foi um fator limitante em dois dos estudos selecionados [37,38] assim como o tempo
de duração de todos eles.
O estudo de Sevier e Stegink-Jansen
[10] caracterizou-se como um ensaio clínico controlado randomizado e simples cego,
com pontuação 6 na escala PEDro. O estudo contou com uma
amostra total de amostra de 107 pacientes, 113 cotovelos, divididos em dois grandes
grupos. O grupo experimental, com 56 cotovelos, e o grupo controle com 57 cotovelos.
A randomização foi realizada com o auxílio de códigos gerados por meio de um computador.
Nesse estudo ambos os grupos receberam exercícios de fortalecimento muscular excêntrico associados a alongamentos musculares, porém
o grupo experimental também foi submetido a terapia Astym (terapia baseada na aplicação
de pressão e força de cisalhamento sobre o tecido lesionado visando estimular os
fibroblastos a sintetizarem colágeno a fim de regenerar o tecido). O tratamento
teve frequência de duas vezes por semana com um total de 4
semanas de tratamento. Para a avaliação, foi utilizada a escala Deficiência de Ombro
e Mão de Braço (DASH), a escala analógica visual, força
de preensão palmar e resolução do caso. As avaliações foram realizadas no início
do tratamento e após a 4ª. e 8ª. semana
e depois de 6 e 12 meses. Todos os grupos apresentaram melhoras significativas do
início ao final do tratamento em todos os aspectos avaliados (p < 0,05). Após
a 4ª. e 8ª. semana, 78,3% dos
paciente dos grupo de tratamento Astym associado a exercícios excêntricos e alongamentos
tiveram resolução do caso contra 40,9% dos pacientes que só receberam apenas tratamento
com exercícios excêntricos e alongamentos. Os pacientes não responsivos ao tratamento
com exercícios excêntricos foram submetidos depois de 4
semanas ao mesmo programa do grupo experimental por mais 4 semanas. Avaliada por
meio do questionário DASH os indivíduos do grupo experimental obtiveram melhora
na função do cotovelo e mão em comparação com o grupo controle (p <0,05), também
houve correlação significativa no ganho de força de preensão para o grupo experimental
em relação ao controle (p <0,01). Não houve diferenças significativas em ambos
os grupos com relação à dor avaliada pela escala analógica visual. Dos 107 pacientes
do estudo, 113 cotovelos, 64% retornaram para a avaliação follow-up depois do 6°
e do 12° mês e durante a avaliação apresentaram melhoras significativas no quesito
dor e na pontuação da escala DASH (p <0,01). 95,7% dos pacientes não responsivos
ao tratamento do grupo controle que, após a intervenção
primaria, também receberam o tratamento do grupo experimental apresentaram resolução
da tendinopatia e melhora significativa do escore da dor e pontuação da escala DASH
(p <0,05).
O estudo de Peterson et al. [6], 6 na escala de qualidade PEDro,
é caracterizado como um ensaio clínico controlado randomizado com uma amostra total
de 120 pacientes com diagnóstico clínico de tendinopatia lateral do cotovelo. O
grupo experimental (n: 60) realizou exercícios de fortalecimento muscular excêntrico
para os músculos extensores e supinadores do antebraço e o grupo controle (n: 60)
realizou exercícios de fortalecimento concêntricos para os mesmos músculos durante
o período de 3
meses diariamente com aumento gradual da
carga. As variáveis estudadas foram força muscular, com o
auxílio de um dinamômetro
manual, e dor, avaliada pela escala visual analógica na linha de
base do tratamento,
1°, 2°, 3°, 6° e 12° mês. Também foram
avaliadas a função, através do questionário
DASH, e a qualidade de vida, por meio do questionário de
Gotemburgo, ambas avaliadas
na linha de base do tratamento e depois do 3°, 6° e 12°
mês. Os grupos apresentaram
melhoras significativas na variável dor e força muscular
(p < 0,05), no entanto
foi observada redução significativa da dor (p < 0,01)
e ganho de força muscular
(p < 0,05) no grupo experimental quando comparado ao controle no
início do tratamento
até o 12 mês. Nas variáveis qualidade
de vida e função, ambos os grupo melhoraram sem diferenças significativas entre
eles (p > 0,05).
O estudo de Söderberg,
Grooten, Äng [38], 6 na escala PEDro, trata-se de um estudo
controlado randomizado simples cego, com mascaramento dos pacientes do estudo e
alocação secreta dos sujeitos. Uma amostra total de 42 indivíduos foram divididos em grupo experimental (n: 20), que realizou exercícios
de fortalecimento excêntrico para os músculos extensores do punho diariamente associado
a banda em antebraço, e o grupo controle (n: 22), que recebeu apenas a banda no
antebraço. O tratamento teve duração de 6 semanas. A coleta
de dados referente às variáveis foi obtida no início, 3ª. e
6ª. semana de tratamento. Foram avaliadas a força muscular
de preensão, através de um dinamômetro manual, força isométrica dos extensores do
punho, dor, pela escala visual analógica, e resolução do caso. Observou-se ganho
significativo de força p < 0,001 em extensão no grupo experimental quando comparado
ao controle do início até a 6° semana de tratamento. Em relação à dor foi observada
redução significativa em ambos os grupo (p < 0,005)
sem diferença significativa entre os dois. Quanto à resolução da tendinopatia foi
observada resolução de 66% dos casos no grupo experimental e 21% no grupo controle,
sendo significativa para o grupo experimental pela análise de regressão (p <
0,05).
O estudo de Stasinopoulos,
Stasinopoulos [37], 6 na escala de qualidade PEDro, trata-se
de um ensaio clinico controlado randomizado. Foi realizado com uma amostra total
de 34 pacientes divididos em: grupo A (n: 11) que realizou o tratamento apenas com
base em exercícios de fortalecimento excêntricos para os músculos extensores do
punho, grupo B (n: 12), treinamento excêntrico-concêntrico, e grupo C (n: 11), que
combinou os fortalecimentos excêntrico, concêntrico e isométrico. O tratamento teve
frequência de 5 atendimentos por semana num total de 4
semanas. Os desfechos de interesse foram: dor, por meio da escala visual analógica,
função através de uma escala analógica visual, onde 0 significa
sem função e 10 função completa, e força de preensão sem dor. Os dados foram coletados
no início do tratamento, 4ª. semana e depois de 8ª. semana. Todos os grupos apresentaram redução significativa da
dor (p < 0,05), melhora da função (p < 0,05) e força de preensão sem dor (p
< 0,05) quando comparado o início do tratamento e as demais avaliações. Foi possível
observar resultados significativos (p < 0,05) da combinação de exercícios excêntricos,
concêntricos e isométricos, com relação as variáveis dor,
função e força de preensão sem dor, quando comparado com os demais grupo em todos
os momentos de avaliação. Não houve diferenças significativas entre o grupo A e
B em nenhum momento do estudo (p > 0,05).
Como foi observado na presente revisão todos os estudos selecionados
apontaram melhoras do paciente com tendinopatia lateral crônica quando submetidos
ao tratamento que utiliza o exercício de fortalecimento muscular excêntrico. Todos
os estudos apontaram redução do quadro álgico dos pacientes e ganho de força muscular,
3 estudos [6,10,37] demonstraram melhora na função do membro
afetado e dois estudos [10,38] indicaram ser o exercício de fortalecimento muscular
excêntrico capaz de promover a resolução do caso. Como foi possível observar são
poucos os ensaios clínicos realizados com a temática em questão, no entanto a grande
maioria apresenta alta qualidade, mesmo com carência nos aspectos de cegueira do
estudo. Portanto, sugere-se a elaboração de novos estudos com características metodológicas
que levem em consideração os itens referentes ao mascaramento do estudo, a fim de
obter evidências de maior qualidade.
For possível observar,
de modo geral, nos estudos apresentados que exercício de fortalecimento excêntrico
é uma ferramenta bastante útil no manejo de pacientes com tendinopatia lateral crônica.
Nos ensaios clínicos expostos foi possível perceber resultados satisfatórios nos
quesitos dor, força muscular, função e resolução do caso. Notou-se também que a
terapêutica baseada em exercícios de fortalecimento muscular excêntrico tem efeitos
potencializados quando em combinação com outras terapias. Nessa perspectiva, sugere-se
que o programa de tratamento fisioterapêutico e os protocolos a se estabelecer utilizem-se
dessa técnica, não invasiva e de baixo custo, com melhora na qualidade de vida do
paciente e redução de gastos pelo setor público, esportivo e pelo próprio paciente.