Rev Bras Fisiol Exerc 2018;17(1):51-59
doi: 10.33233/rbfe.v17i1.1446REVISÃO
Método Pilates na reabilitação pulmonar e condicionamento físico
em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica
Pilate method in the management of pulmonary rehabilitation and physical
fitness of patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease
Áurea Aparecida da
Silva Magalhães*, Cláudia Maria Miranda Figueiredo**
*Aluna
do curso de Pós-Graduação em Fisioterapia Respiratória da Universidade
Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) Barbacena/MG, **Professora Orientadora, Especialista em Fisioterapia Respiratória do
Hospital Regional de Barbacena Rede FHEMIG, Professora do curso de Pós
Graduação e supervisora de estágio da UNIPAC, Barbacena/MG
Recebido em 26 de
novembro de 2017; aceito em 15 de dezembro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Áurea Aparecida da Silva Magalhães, Rua José Albino Pereira, 57, Santo Antônio,
Barbacena MG, E-mail: aureafisiopilates@gmail.com, claudiamiranda@unipac.br
“Respirar é o
primeiro e o último ato da vida”
(Pilates, Miller 2010)
Resumo
A Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela deterioração progressiva da
função respiratória ao longo do tempo. Causa impacto negativo na qualidade de
vida. É uma doença evitável e tratável, mas não completamente reversível. A
reabilitação pulmonar é uma das intervenções mais eficazes no manejo da DPOC. O
Método Pilates tem a respiração como princípio
fundamental, é denominado o mais completo, oferece baixos riscos associados e
poucas contraindicações. O objetivo deste estudo é verificar os resultados de
pesquisas sobre a aplicação do Método Pilates na
reabilitação pulmonar e condicionamento físico de pacientes com DPOC. Observar
se há benefício terapêutico para o indivíduo que pratica este método. Se justifica devido a DPOC se tratar de um problema de saúde
pública, de alto custo ao Sistema de Saúde e com elevadas taxas de morbidades.
Com base nos estudos avaliados, verifica-se que o Método Pilates
é eficiente associado no tratamento de reabilitação e condicionamento físico do
indivíduo com DPOC.
Palavras-chave: reabilitação;
doença pulmonar obstrutiva crônica; técnicas de exercícios e de movimento.
Abstract
The Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) is characterized by
progressive deterioration of respiratory function over time. Has a negative
impact on quality of life. It is an avoidable and treatable disease, but not
completely reversible. Pulmonary rehabilitation is one of the most effective
interventions in the management of COPD. The Pilates Method has breathing as a
fundamental principle, is called the most complete, offers low associated risks
and few contraindications. The aim of this study is to verify the results of
research on the application of the Pilates Method in pulmonary rehabilitation
and physical fitness patients with COPD. Observe if there is therapeutic
benefit for the individual who practices this method. It is justified due to
COPD if it is a public health problem, high cost to the Health System and with
high rates of morbidities. Based on the studies evaluated, it is verified that
the Pilates Method is efficient associated in the rehabilitation treatment and
physical conditioning of the individual with COPD.
Keywords:
rehabilitation, chronic obstructive pulmonary disease; exercise movement
techniques.
A Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela deterioração progressiva da
função respiratória ao longo do tempo. Ocorre por obstrução crônica do fluxo
aéreo devido a resposta inflamatória pulmonar anormal
[1], associada a manifestações sistêmicas que levam ao comprometimento
funcional evidenciadas pela fadiga, limitação das atividades de vida diária
(AVD) causando impacto negativo na qualidade de vida [2]. É uma doença evitável
e tratável, mas não completamente reversível [3].
A reabilitação
pulmonar (RP) é uma das intervenções mais eficazes no manejo da DPOC e produz
melhoras significativas no desempenho das AVDs [4],
com redução da falta de ar em pacientes com diferentes graus de gravidade da
doença [5]. O condicionamento físico é elemento fundamental na RP, já que a
limitação ao exercício físico leva a uma redução da capacidade funcional e da
massa muscular. A perda de massa muscular relacionada ao descondicionamento
físico leva à atrofia de fibras musculares, diminuição da força tornando o
indivíduo mais propenso à fadiga [6].
Encontram-se na
literatura diversos meios de condicinamento físico
dentre eles o Método Pilates, denominado como mais
completo [7], o qual tem sido bastante utilizado na reabilitação assim como
para a prática de atividade física. Trata-se de um treinamento físico e mental,
que melhora a consciência corporal e trabalha o corpo como um todo. Possui
entre seus princípios básicos a respiração completa,
reduzindo o rítimo e aumentado a profundidade
respiratória. Sendo assim, é considerado um método indicado para promover o
reequilíbrio da função pulmonar, fortalecimento muscular, flexibilidade e
beneficiar o desempenho funcional e qualidade de vida [8,9].
Este estudo
justifica-se devido a DPOC se tratar de um problema de saúde pública, de alto
custo ao Sistema de Saúde com elevadas taxas de morbidades, porém tratável com
método acessível, que oferece baixos riscos associados e poucas
contraindicações [10]. Ainda porque muitos profissionais da área de
reabilitação e cuidados respiratórios não ultilizam o
método em questão.
O presente estudo tem
como objetivo verificar os resultados de pesquisas sobre programas de
reabilitação pulmonar e condicionamento físico com Método Pilates.
Observar se há benefício terapêutico para o indíviduo
que pratica este método e se é eficiente na reabilitação e condicionamento do
indivíduo com DPOC.
A realização do
trabalho seguiu os critérios PRISMA [11].Foi realizado
uma busca sistemática da literatura através do portal UNIPAC, biblioteca, links
das bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific
Electronic Library Online (Scielo),
National Library of
Medicine (Pubmed) e Google Acadêmico, durante o
período de junho a outubro de 2017. As palavras chaves foram: DPOC (Do29424);
Reabilitação (Do12046); Terapia por Exercícios (Do05081); Método Pilates (Do26241). Foram referenciados trabalhos
apresentados em congressos, teses e artigos científicos em diferentes idiomas (inglês, português e espanhol). Foram incluídos artigos
originais, observacionais e intervencionais com o Método Pilates
e/ou DPOC, publicados no período de 2008 a 2017. Foram excluídos artigos
publicados anteriores a 2008, revisão de literatura e estudos que não eram
relacionados ao método referido e DPOC. Tornou-se necessário para maiores
esclarecimentos, usar livros para a revisão da literatura específica, GOLD e Pilates.
Gráfico
1 - Fluxograma da busca literária nas bases de
dados
A
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
De acordo com GOLD (Global Iniciative
for Chronic Obstructive Lung Disease), DPOC é uma
doença caracterizada pela limitação do fluxo persistente e progressivo,
associada a uma resposta inflamatória crônica nas vias aéreas e a partículas ou
gases tóxicos nos pulmões. A presença de exacerbações e comorbidades
contribuem para a gravidade da doença, de forma individual [12].
Trata-se
de uma
doença de impacto global crescente e estima-se que até
2030 será a terceira
causa de morte no mundo [13]. A maior prevalência de DPOC
encontra-se nos
países de baixa e média renda, responsáveis por
mais de 90% das mortes. Tem
maior incidência no sexo masculino relacionada a fatores como
tabagismo e idade
[14,15]. O principal fator de risco para o desenvolvimento da DPOC
é a
exposição à fumaça do cigarro e
inalação de outras partículas e gases
tóxicos
[1-3]. Tabagistas com ou sem DPOC apresentam processo
inflamatório nas pequenas
vias aéreas e parênquima pulmonar, o que está
associado com maior obstrução das
vias aéreas. Além da inflamação local,
pacientes com DPOC apresentam inflamação
sistêmica, caracterizada por aumento de células como
neutrófilos, monócitos,
macrófagos e linfócitos T e de mediadores
inflamatórios no sangue periférico
[16].
DPOC apresenta
alterações patológicas que impedem ou limitam o fluxo aéreo de forma leve,
moderada ou grave. Podem estar relacionadas com: estreitamento das vias aéreas
por broncoespasmo, inflamação e edema da mucosa; presença de material intrabrônquico, como secreções e tumores; compressão
extrínseca, alterando a função pulmonar [14]. A doença ainda ocasiona
consequências sistêmicas significantes associada a comorbidades que alteram a gravidade, morbidade e
mortalidade [13]. Dentre as comorbidades comuns em
pacientes com DPOC estão a doença cardiovascular,
anemia, câncer de pulmão, diabetes, osteoporose, ansiedade e depressão [17,18].
As manifestações pulmonares e sistêmicas da DPOC podem provocar dispneia e
fadiga, sintomas que limitam as atividades da vida diária e reduzem
gradualmente o status funcional do paciente [12]. Essa deficiência funcional
está diretamente relacionada à frequencia, número de
exacerbações, hospitalizações. Sendo a perda de peso, fraqueza dos músculos
respiratórios e diminuição da força muscular periférica, fatores para o aumento
da mortalidade e baixa qualidade de vida neste grupo de pacientes [19].
O diafragma é o
músculo inspiratório mais comprometido, tornando-se retificado com sua excursão
restringida [12]. Pesquisas apontam que pacientes classificados com DPOC grau
leve apresentaram maior mobilidade diafragmática (MD) quando comparados aos
pacientes classificados com grau muito grave [20]. Há associação entre a MD e o
aprisionamento aéreo, a ventilação voluntária máxima [3] e a hiperinsuflação pulmonar. A qual põe os músculos
respiratórios em desvantagem mecânica, causando fraqueza e recrutamento da
musculatura acessória da inspiração [21].
O diagnóstico e a
gravidade da DPOC são definidos a partir dos parâmetros de função pulmonar, de
acordo com as orientações da GOLD [14]. O subdiagnóstico
ocorre na maioria dos casos de DPOC hospitalizados. O subtratamento
também é frequente. A falta de tratamento adequado e precoce leva a
consequências desastrosas para o paciente, como o aumento de exacerbações,
perda de função pulmonar dentre outras ainda mais grave [3].
Tratamento
incluindo reabilitação pulmonar e condicionamento físico
O tratamento da DPOC
consiste em: Broncodilatadores e corticoides, oral e inalatório no controle da broncoconstrição e infecções das vias aéreas [22]; cessação
do tabagismo; incentivo à atividade física; reabilitação pulmonar e vacinação
para prevenção de infecções virais e pneumonia. Na doença avançada, há
alternativas como oxigenoterapia, tratamento
cirúrgico e transplante pulmonar [23].
A reabilitação
pulmonar é uma das intervenções mais eficazes no manejo da DPOC [24]. Trata-se
de uma terapia não farmacológica, definida como programa de intervenção
multidisciplinar que envolve abordagens terapêuticas, suporte emocional,
educação e recondicionamento físico, com o objetivo de melhorar e controlar os
sintomas, diminuir as complicações da doença [25].
O exercício físico é
um componente obrigatório da reabilitação pulmonar. Melhora a tolerância ao
exercício, capacidade funcional, sintomas de dispneia, fadiga, previne evolução
da doença e agudização [26,27]. Tem benefícios para
saúde relacionando a custos, reduzindo número de exacerbações, hospitalizações
e mortalidade de pacientes com DPOC. Embora esta intervenção atualmente seja
altamente recomendada, menos de 5% dos pacientes tem acesso ao tratamento
[26]. A maioria dos estudos sobre tratamento com exercícios físicos, mostram
que embora a reabilitação não tenha efeito na função pulmonar, ela pode reduzir
a produção de dióxido de carbono e aumentar o limiar de lactato [24].
Método Pilates
Dentre os diversos
meios de condicinamento físico, encontra-se o Método Pilates, denominado como mais completo, sendo bastante
utilizado na reabilitação assim como para a prática de atividade física [7], o
qual surgiu como meio de reabilitação durante a 1ª Guerra Mundial. Joseph Pilates utilizou sua técnica para tratar os lesionados da
guerra. Nessa época foi observado que, durante um surto de influenza, os
pacientes que estavam em prática dos exercícios por ele proposto não contraíram
a doença. Porém, apenas na década de 80 que o método tornou-se popular.
Inicialmente, os praticantes de Pilates eram, em
maioria, atletas e dançarinos, entretanto, nos últimos anos passou a ser muito
utilizado na reabilitação e para a prática de atividade física [28].
Joseph Pilates nomeou de Contrologia a
sua técnica. Os princípios fundamentais descritos por ele são: concentração,
controle, centralização, fluidez, precisão e respiração [29]. Usava-o sobretudo para o desenvolvimento da força muscular,
resistência e aumento da capacidade respiratória [30].
No Método Pilates todos os exercícios estão associados à respiração,
na inspiração se prepara para o movimento, na expiração ocorre a execução. Durante a execussão,
vários músculos são ativados, incluindo os músculos envolvidos na respiração,
especialmente os músculos expiratórios, que permanecem contraídos durante a
fase inspiratória e expiratória. O padrão de respiração do método é considerado
uma terapia por reduzir o ritmo e aumentar a profundidade [28]. É conhecido
como “respiração lateral”, usa-se predominantemente o tórax e os músculos da
caixa torácica, favorece a expansão lateral torácica que aumenta o espaço para
expansão pulmonar [10]. Melhora o nível de concentração, relaxa e alonga os
músculos rígidos para beneficiar a capacidade pulmonar. Também prepara o corpo
para realizar movimentos na melhor condição possível. Entretanto, a maioria dos exercícios utilizados na RP não envolvem
respiração consciente [3]. Assim, Pilates é o método
mais indicado para a reabilitação, condicionamento e manutenção no controle da
DPOC, promove o equilíbrio muscular, de modo que os grupos musculares interagem
com força e flexibilidade, melhora a coordenação da respiração, fortalece
intensamente os músculos abdominais e outros músculos inseridos no tronco [31].
Foram selecionados 10
artigos: um analisou e comparou a respiração do Método Pilates
isolada da prática dos exercícios. Os outros, 4
intervencionais com grupo controle e 5 intervencional,
todos os 9 utilizaram o Método Pilates completo. Conforme
mostra a tabela seguinte:
Tabela
I - Características dos estudos selecionados
Não foi encontrada
revisão sistemática sobre o tema: Método Pilates na
reabilitação pulmonar e condicionamento físico em pacientes com DPOC. Foram
encontrados poucos estudos relevantes nesta área nas bases de dados já citadas
na metodologia deste estudo. Mesmo perante a escassez de estudos, observa-se
que em nosso meio o uso deste método vem ganhando popularidade, sendo utilizado
para condicionamento físico e programas de reabilitação.
Sabendo-se que o
método Pilates prioriza a respiração mais completa
trabalhando a musculatura envolvida, inclusive diafragma, foi encontrado apenas
um estudo com este foco. Cancelliero-Gaiad et al. [32] buscaram comparar os
parâmetros ventilatórios durante respiração diafragmática (RD) e respiração pilates (RP) em pacientes com DPOC e saudáveis. Observou
que (RD) apresentou aumento do volume pulmonar, do movimento respiratório, da
saturação periférica de oxigênio (SpO2) e que a (RP)
não apresentou alterações nas medidas de volume e tempo no grupo DPOC, porém
aumentou os volumes nos indivíduos saudáveis e melhorou a oxigenação em ambos
os grupos. Fica claro a não utilização de outros princípios do método,
adotou-se a postura decúbito dorsal em repouso. Na (RP),“respiração
lateral”, usou predominantemente o tórax, músculos da caixa torácica e
contração abdominal. Não relatou nesse momento a utilização de toda a musculatura,”centro de força”,
ativada durante a prática de qualquer exercício do método. Sendo a fase
expiratória máxima o momento de execução do movimento, com organização do
tronco pelo recrutamento dos músculos abdominais e estabilizadores profundos da
coluna na sustentação pélvica. A expiração mais eficiente contribui na redução
da hiperinsulflação pulmonar e favorece o relaxamento
dos músculos inspiratórios e cervicais [35]. Motivos para que o Pilates seja mais indicado para a reabilitação,
condicionamento e manutenção no controle da DPOC [31].
A maioria dos estudos
avaliados analisaram os efeitos do método Pilates
completo. Felcar et al. [33], ao analisar os efeitos do método Pilates
em pacientes com DPOC, constataram melhora estatisticamente significativa na
força muscular inspiratória, força de musculatura abdominal, flexibilidade,
qualidade de vida geral e capacidade máxima de exercício com p < 0,05, em
pacientes com DPOC submetidos à reabilitação com o método Pilates.
Borges [34] observou
melhora em seus resultados, aumento na pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória
máxima (PEmáx) de todos os pacientes após 12 semanas
de Pilates, quando comparado com a avaliação inicial.
Concluiu que houve melhora da capacidade funcional respiratória e na qualidade
de vida do paciente com DPOC.
Considerando a
gravidade da fibrose cística, que leva a DPOC, Franco [35] analisou os efeitos
do método Pilates em pacientes com esta doença. As
variáveis estudadas, antes e após a intervenção, foram força muscular
respiratória, PImáx, PEmáx, capacidade vital forçada (CVF) e volume expiratório
forçado no primeiro segundo (VEF1). Verificou aumentos significativos na PImáx e PEmáx
, p = 0,005 e p = 0,007, respectivamente. Não houve diferenças significativas
nos valores de CVF e VEF1. Os resultados mostraram os efeitos benéficos da aplicação
do método Pilates na força muscular respiratória.
Costa [36] verificou
a influência da prática do Método Pilates na força
muscular respiratória em adultos com grupo experimental e controle. Encontrou
diferença estatisticamente significante somente na comparação da Pimax inicial e final do grupo experimental com p = 0,028.
Já o estudo de Jesus [10] avaliou o Método Pilates
sobre a função pulmonar, mobilidade toracoabdominal,
força muscular respiratória e características antropométricas em mulheres saudáveis,
também com grupo controle. No grupo Pilates houve
aumento significativo da mobilidade nos três níveis (axilar, xifoidiano e
abdominal), da força muscular respiratória, e redução relevante da
circunferência da cintura com p < 0,05. Para a função pulmonar, não houve
diferenças significativas p > 0,05 entre os grupos. Sugeriu que o mesmo
estudo fosse realizado com pacientes com disfunção respiratória.
Ao avaliar possíveis
mudanças nos parâmetros cardiorrespiratórios com o método de Pilates, os autores Tinoco-Fernandéz
et al. [37] observaram melhorias
significantes nos valores da frequência cardíaca média (135,4-124,2 bp/min), taxa de troca respiratória (1,-0,9) e equivalente
de oxigênio (30,7-27,6). E Liberiano et al. [38]
verificaram seus achados comparando testes iniciais e finais com
FR(19,17-14,33) irpm; PAS de repouso de
(118,33-103,33) mmHg; PEmáx (65,83-78,00) cmH2O; CVF
(3860,00-4108,33 ) ml (p = 0,050). Ambos evidenciaram que a prática do Método Pilates melhora as condições cardiorrespiratórias em
indivíduos sedentários, que é uma condição de vida imposta pela DPOC aos
indivíduos acometidos.
Fonsêca [39] e Lopes [40]
tiveram objetivos similares em seus estudos, avaliaram os efeitos do Método Pilates na força muscular respiratória de idosas. Fonsêca [39] não encontrou significância. Ao contrário, a
pesquisa de Lopes [40] mostrou aumento significativo (p ≤ 0,01) em
relação à pressão expiratória máxima de 46 ± 18 para 75 ± 29 cm H2O.
Concluiu com seus achados que o Método Pilates é
indicado para melhorar a força muscular respiratória da população idosa.
Dentre os estudos
avaliados Felcar [33], foi o de maior duração, 22
semanas com 2 sessões por semana, e período dedicado a
adaptação ao método de 2 semanas. Jesus [10] também relatou essa conduta, uma
sessão de adaptação, os outros relataram que as intrussões
foram antes da intervenção por palestras, cartilhas, panfletos e durante a
prática pelo instrutor no exato momento do exercício. Relativo à duração, Jesus
[10] afirma que seu estudo teve curta duração, sugere aumentar a frequência
semanal e número de sessões. O que também foi observado por Costa [36], apenas 5 semanas. Este último citou falha na realização da monovacuômetria. Essa hipotese é
relatada por Fonsêca [39] no precedimento
de coleta de dados.
Alguns autores
relataram problemas com relação a amostra, Fonsêca [39] citou dificuldades em manter a amostra, Lopes
[40] alega que o número de participantes não foi o suficiente para afirmar os
resultados obtidos. Observam-se, ainda, divergências referentes a metodologia dos estudos em questão: na realização da expirometria e monovacuômetria,
Costa [36] realizou na Posição Fowler (sentado a 45º), Lopes [40] na posição
ortostática, os outros citaram conduta de acordo com diretrizes.
De acordo com o que
foi descrito acima, tais situações podem alterar os resultados de pesquisas,
por isso os própios autores relataram ser necessária a realização de novos estudos que superem os impasses
enfrentados por eles.
Diante dos resultados
dos artigos avaliados, observa-se que a maioria das pesquisas obtiveram
resultados significativos confirmando, portanto, a hipótese. Reforça o que foi
citado anteriormente que Pilates é um método indicado
para promover o reequilíbrio da função pulmonar, fortalecimento muscular,
mobilidade torocoabdominal, beneficiar o desempenho
funcional e qualidade de vida.
Vale ressaltar que
poucos estudos relataram período de adaptação dos participantes ao Método Pilates, pois geralmente há dificuldades em realizar os
exercícios combinados aos princípios do método no tempo ideal da respiração,
fator que poderá propiciar resultados não fidedígnos
em relação ao método.
Com base nos
resultados obtidos, verifica-se que o Método Pilates
é eficiente associado no tratamento de reabilitação e condicionamento físico do
indivíduo com DPOC. Porém, as falhas metodológicas observadas sugerem a
necessidade de que novos estudos sejam realizados a fim de superar impasses,
como os citados nos estudos avaliados.