ARTIGO
ORIGINAL
Prevalência
de lesões nos competidores de fisiculturismo de uma academia na cidade de
Fortaleza/CE
Prevalence of injuries in bodybuilding competitors of a fitness academy
at Fortaleza/CE
John Alef Silva Abreu*, Pedro Cunha Lopes*, Vasco Pinheiro Diogenes Bastos, D.Sc.**,
Francisco Fleury Uchoa Santos Júnior, D.Sc.**
*Discente
do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Estácio do Ceará*, **Docente
do Centro Universitário Estácio do Ceará
Recebido em 23 de
outubro de 2017; aceito em 30 de outubro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Francisco Fleury Uchoa Santos Júnior, Rua Eliseu Uchôa Beco, 600, 60810-270
Fortaleza CE, E-mail: drfleuryjr@gmail.com; John Alef
Silva Abreu: dj.alef@hotmail.com; Pedro Cunha Lopes: pedro.csl@hotmail.com;
Vasco Pinheiro Diogenes Bastos: vascodiogenes@yahoo.com.br
Resumo
Introdução: Com o grande
aumento da prática da musculação nos últimos anos, também ocorreu um aumento
considerável nas incidências de lesões em atletas de fisiculturismo que
utilizam essa prática para conquistarem o corpo perfeito. Objetivos: Analisar a prevalência de lesões nos competidores de
fisiculturismo de uma academia na cidade de Fortaleza/CE. Métodos: Trata-se de
um estudo de campo, observacional, descritivo, transversal, com estratégia de
análise quantitativa dos resultados apresentados. Resultados: Foram respondidos 14 questionários, um participante foi
excluído por não entrar nos critérios de inclusão. A taxa de respostas Homens
100% (n = 14) com índice de idade de 42,9% de 18 a 25 (n = 6) e de 26 a 35 (n =
6), 36 a 45 anos 15,4% (n = 2). Observou-se que 78,6% (n = 11) dos
participantes sofreram alguma lesão e 57,1% (n = 8) acreditavam que a lesão
estava relacionada às atividades de treino na academia e 46,2% (n = 6)
acreditava que não. Quanto à localização anatômica da lesão relataram maior
predominância em punho 30,8% (n = 4), seguido de cotovelo 23,1% (n = 3), outros
23,1% (n = 3), ombro 15,4% (n = 2), joelho 15,4% (n = 2) e tornozelo 7,7% (n =
1). Conclusão: Com os dados em
amostra define-se que as principais lesões que acometem os atletas de
fisiculturismo de uma academia na cidade de Fortaleza/CE são em extremidades de
membros superiores como punho, cotovelo e ombro.
Palavras-chave: levantamento de
peso, musculação, Fisioterapia.
Abstract
Introduction: Bodybuilding have been increasing over the
last years and, therefore, we find significant increase of lesions in
bodybuilding athletes that use this practice to conquer the perfect body. Purpose: To analyze the prevalence of
lesions on bodybuilding competitors of a gym in the city of Fortaleza/CE.
Method: This is a study field, observational, descriptive, and transversal,
with quantitative analysis of the results.
Results: Fourteen participants reply to the questionnaires, one was
excluded as he did not meet the inclusion criteria. The men reply rate was 100%
(n = 14) with average of age: 42.9% from 18 to 25 (n = 6) and from 26 to 35 (n
= 60, 36 to 45 years 15.4% (n = 2). We observed that 78.6% (n = 11) of
participants replied that had some lesions and 57.1% (n = 8) believe that the
lesion is related to training activities at the gym, but 46.2% (n = 6) did not
believe that. As for anatomical location of the lesion, 30.8% (n=4) reported
greater predominance in wrist, followed by elbow 23.1% (n = 3), other areas
23.1% (n = 3), shoulder 15.4% (n = 2), knee 15.4% (n = 2), and ankle 7.7%
(n=1). Conclusion: The results showed
that the main lesions that affect bodybuilding competitors of a gym in the city
of Fortaleza/CE are in extremities of upper limbs such as wrist, elbow and
shoulder.
Key-words:
weightlifting, bodybuilding, physical therapy.
A musculação,
treinamento com pesos ou treinamento de força, no decorrer da história se
apresentou como uma das práticas físicas mais antigas do mundo. Existem relatos
históricos desde a antiguidade grega, encontrados com a narrativa de vida de
Milos de Crotona, na época de Pitágoras, que teria
sido seu treinador e criador do método de progressão de cargas. Há relatos
indicando que, na época Milos, caminhava-se com um animal nas costas e conforme
o animal crescia sua força e desenvolvimento físico
melhoravam [1].
Segundo Gianolla [1], a musculação como forma de competição, na
qual se exibem os músculos, tem como dado oficial o registro da primeira
competição em 1901, em Londres. Esta competição intitulada The Great Competition
foi idealizada e realizada por Eugene Sandow, que
tinha por objetivo a escolha do físico mais fabuloso.
A musculação na forma
competitiva ou mais popularmente conhecida como fisiculturismo é um esporte que
tem como principais objetivos mostrar as competências atléticas através do
volume de massa muscular, simetria e definição da musculatura [2,3].
É sabido que o
treinamento de resistência de alta intensidade é uma ferramenta para melhorar a força muscular e tamanho (volume muscular). Vários
fatores, tais como volume de treinamento, intensidade, frequência e o intervalo
de descanso entre as séries podem afetar a resposta crônica ao treinamento de
resistência. A melhoria no tamanho e a função do músculo são adquiridos
ao longo de várias semanas ou meses de treinamento contínuo, sem períodos de
interrupção [4,5].
Tem sido relatado que
a interrupção ou períodos de destreinamento podem
levar a uma redução, perda de força e hipertrofia no qual são
ligados ao treinamento de força [6,7].
O treino de força é
uma das ferramentas pela qual os fisiculturistas procuram chegar a um nível
muscular ideal para exibirem em competições. Para alguns atletas, esse esporte
pode provocar uma luta contínua pela perfeição. Compulsões associadas ao
esporte incluem inúmeras horas gastas em academia, padrões alimentares
anormais, ou até mesmo abuso de substâncias androgênicas e não androgênicas
[8].
Com o grande aumento
dessa prática esportiva nos últimos anos, também ocorreu um aumento
considerável nas incidências de lesões, principalmente às de gênero osteomioarticulares. Várias são as causas, como a falta de
preparação física dos praticantes, carga exagerada, amplitude de movimento além
das suportadas pelas estruturas articulares, e a falta de orientação dos
atletas para o esporte [9,10].
Lesões de cunho
esportivo são decorrentes da inter-relação entre o atleta e o esporte
praticado. Toda atividade esportiva gera um ponto de sobrecarga no aparelho
locomotor. Não há a instalação de um processo patológico se a capacidade de
recuperação fisiológica fica circunscrita [11,12].
Manteve-se claro que
o treinamento com pesos excessivos e os ciclos de dieta levam a aumentos nas
síndromes de overuse ou lesões, em comparação com
outros esportes que também se utiliza o levantamento de peso. Dados com
amostras envolvendo atletas de competição profissionais são raros, embora
vários estudos examinaram esta questão para as
disciplinas de powerlifting e halterofilismo. Nos
estudos existentes que investigam fisiculturistas, o nível competitivo dos
atletas não é claro [13].
Na preparação de um
atleta fisiculturista, a dor não apenas está presente
no risco causado pelos treinos intensos, cargas excessivas e similares, mas no
próprio cotidiano dos exercícios. O fisiculturista, através da sua prática,
aprende a construir um vasto mapa sensorial, um saber corporal e prático que
classifica os tipos de dores, alocando-os em mais ou menos danosos,
construtivos ou destrutivos, conforme a intensidade e a manifestação da mesma
[14,15].
A dor no contexto
citado está associada à dedicação a prática esportiva, ao domínio inabalável
das ações e dos desejos. Sendo assim, a dor pode funcionar como forma de
identidade individual ou grupal, é via de sofrimento e superação. A capacidade
de resistência individual relacionada aos progressivos exercícios com pesos, cada
vez mais, exige do atleta um saber prático agrupado ao corpo para evitar lesões
graves [16].
Ao oposto da dor
positiva, que ocorre após o que os atletas intitulam de “exercícios de
qualidade”, que por sua vez é ocasionada pelo movimento do grupo muscular
envolvido no treinado, há a dor negativa, que por sua vez é perigosa e antecipa
a impossibilidade de treinar, sendo aquela que indica bursites, tendinites ou
problemas nas articulações dos joelhos [17-19].
A dor negativa é tida
pelos atletas como resultado de excessos e execuções equivocadas no treino.
Dessa forma, há então entre os fisiculturistas, um costume da dor que organiza
os sentidos musculares indicando os avanços ou regresso na prática diária da
musculação, causada por condutas consideradas corretas ou erradas pelos
praticantes. Dessa forma, existem diferentes classificações de dores como
agudas, pontiagudas, constantes, de movimento ou eventuais, e mesmo prazerosas
(possivelmente a dor produzida pelo efeito do lactato nos músculos exercitados)
[17].
No fisiculturismo, os
exercícios são realizados até as últimas condições físicas, ocasionando fortes
dores musculares, para que os resultados almejados sejam atingidos. De fato, se
os exercícios não estiverem acompanhados pela dor, os mesmos não têm qualquer
efetividade, segundo os atletas. Sem dor não há avanço; sem dor há apenas
retrocesso. A manifestação ostensiva da mesma, portanto, é motivo de orgulho e
honra para os fisiculturistas, visto que os mais experientes relatam com constância
suas lesões por esforço repetitivo ou torções nas quais distenderam músculos,
romperam ligamentos ou obtiveram fraturas por avulsão, necessitando de
cirurgias [20].
A taxa de lesões
durante o período de competição também tem aumentado devido à parte aeróbica
que é utilizada como ferramenta para reduzir os níveis de gordura corporal do
atleta e aumentar seu gasto calórico. As razões para isso seriam ainda
desconhecidas, o que poderia incluir uma crescente disponibilidade e variedade
de fatores nutricionais, hormonais, metabólicos, uso excessivo das cadeias
musculares, a inexperiência de alguns praticantes, uso inadequado de
equipamentos ou o introdução de novos tipos de
exercício [21-23].
Embora o
fisiculturismo seja praticado por ambos os sexos, o gênero mais afetado durante
as lesões é o masculino. As razões pelas quais os praticantes do sexo masculino
apresentem maiores taxas de lesões do que os participantes do sexo feminino são
desconhecidas, mas poderiam ser relacionadas com os
tipos de categorias dos atletas, diferentes intensidades de treinamento e
cargas, dessa forma causando disparidade significativa entre homens e mulheres
[23-25].
Segundo Jones, Christensen,
Young [24], a maioria das lesões ocorrem nas extremidades (membros superiores e
inferiores). Essa incidência é, provavelmente, devido à maioria dos exercícios
que utilizam pesos livres e que exigem a parte superior e inferior do corpo
para levantar o peso. Entorses, distensões, fraturas e lesões de tecidos moles
têm sido os tipos de lesão mais comumente associadas ao
fisiculturismo.
Segundo Almeida [26],
as lesões ligamentares acontecem em grande proporção nos praticantes do
fisiculturismo. A maioria das lesões agudas resulta em dor e são geradas por
uma espécie de impacto ou trauma, como uma queda, entorse ou uma colisão.
Em relação às lesões
ligamentares ou em tendões destaca-se a tendinite, e a sua provável causa está
relacionada ao overuse.
Ela pode ser ocasionada pela utilização de uma técnica de treinamento errada ou
por estresse crônico excessivo. Entre os tendões mais lesados estão os tendões
do manguito rotador, os quais são sobrecarregados em máquinas que treinam,
principalmente, a musculatura do peitoral. O tendão mais frequentemente acometido
é o do músculo supraespinhoso [26].
As lesões musculares
também são típicas dos atletas de fisiculturismo. Existem inúmeros tipos de
lesões musculares e podem se citar: as distensões, os estiramentos e as
contraturas, como as mais comuns. Tudo varia de como foi executado o exercício
para a lesão ser instalada [27].
De acordo com Faria et al. [27], a distensão é o grau menos
grave entre as lesões em fisiculturistas. O quadro clínico normalmente
apresenta dor, porém não apresenta impotência funcional. Caso haja insistência
em continuar a atividade física, haverá uma diminuição da eficiência mecânica
provocada pela dor, podendo inclusive conduzir ao agravamento da lesão.
Esse esporte de
competição nada tem a ver com saúde. Isso ocorre pelo fato de que o corpo
humano, principalmente o sistema musculoesquelético é uma ferramenta
privilegiada. No esporte de competição existe a premência de elevar a
longevidade dos atletas. A recomendação terapêutica de atividade física e o
aumento dos praticantes que desejam usufruir de seus benefícios fazem com que
os pontos preventivos devam ser encarados como prioridade cada vez maior pelos
profissionais da área de fisioterapia esportiva [28,29].
O quadro
epidemiológico das lesões esportivas associadas ao fisiculturismo ainda está
incompleto, com uma série de lacunas à serem
preenchidas. Na literatura, há uma carência sobre o assunto em questão,
ressaltando que se faz necessário atualização
constante sobre o tema abordado, visto que há um aumento significativo do
número de praticantes do esporte e uma necessidade de maior informação
acessível aos mesmos bem como para profissionais de saúde envolvidos no
esporte.
Por essas razões,
esta pesquisa torna-se relevante para identificar e preencher as lacunas a
respeito dos perfis epidemiológicos e biomecânicos das lesões em
fisiculturistas para oferecer um melhor conhecimento aos praticantes e
proporcionar um direcionamento no que se diz respeito a minimizar o risco de
lesões, proporcionar uma maior longevidade desses atletas e direcionar ao
tratamento da lesão, através dos conhecimentos obtidos no presente estudo. O
objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência de lesões nos
competidores de fisiculturismo de uma academia na cidade de Fortaleza/CE.
Trata-se de um estudo
de campo, observacional, descritivo, transversal, com estratégia de análise
quantitativa dos resultados apresentados. O estudo foi realizado em uma
academia de Fortaleza/CE. No período de agosto a dezembro de 2016, aprovado
pelo CEP do Centro Universitário Estácio do Ceará no dia 21 de novembro de 2016
com o número do parecer: 1.828.778.
A população foi
composta de 14 praticantes de fisiculturismo na forma de competição, sendo a
amostra igual à população (n = 14). Foram incluídos os atletas que frequentavam
a academia descrita no estudo, independente da idade, gênero, raça, tempo de
prática do esporte, período de pré ou pós-competição.
E foram excluídos aqueles atletas que não possuíssem nenhum tipo de lesão
oriunda da prática do fisiculturismo ou que praticassem alguma outra modalidade
esportiva além dos exercícios de musculação.
Inicialmente foi
feita uma visita à academia, onde foram expostos os objetivos do estudo em
questão ao diretor do estabelecimento e em seguida foi solicitada a assinatura
da autorização para o desenvolvimento da mesma.
seguida foi solicitada a assinatura do termo de consentimento
livre esclarecido, após a assinatura foi aplicado um instrumento de coleta de
dados que constou de perguntas objetivas e subjetivas. Este questionário é
constituído por três partes: parte I, centra-se numa
breve caracterização do perfil sociodemográfico dos
atletas; parte II, caracterização da prática de fisiculturismo; e por fim a
parte III, baseia-se nos fatores e na caracterização das lesões. Os dados foram
analisados a partir da estatística descritiva e inferencial através do software
estatístico Microsoft Office Excel 2010.
Foram respondidos 14
questionários, 1 participante foi excluído por não
entrar nos critérios de inclusão. A taxa de respostas homens 100% (n=14) com
índice de idade de 42,9% de 18 a 25 (n = 6) e de 26 a 35 (n = 6), 36 a 45 15,4%
(n = 2) (Figura 1).
Quanto à raça, a
maior predominância foi a parda 64,3% (n = 9) seguido
de branca 28,6% (n = 4) e amarela 7,1% (n=1) (Figura 2). Em relação ao peso, o
predomínio foi de 91 a 100kg 50% (n = 7), seguido de
81 a 90kg 28,6% (n = 4), 70 a 80kg 14,3% (n = 2) e 110kg ou mais 7,1% (n =1)
(Figura 3). Já na altura, a média foi de 1,71cm. Quanto à escolaridade,
observou-se que 57,1% possuíam ensino superior (n = 8), 35,7% ensino médio (n = 5) e 7,1% pós-graduação/especialização (n=1)
(Figura 4).
Em relação ao tempo
de prática do fisiculturismo, o domínio foi de 1 a 2 anos 50% (n = 7) seguido
de 5 ou mais anos 28,6% (n=4) e 3 a 4 anos 21,4% (n=3)
(Figura 5). Já no número de competições, responderam que já participaram de 4 a 8 competições 50% (n = 7), 0 a 3 competições 35,7% (n=5)
e 10 ou mais competições 14,3% (n = 2) (Figura 6). No quesito de tempo gasto
por dia nas atividades de treino 57,1% responderam que gastam até 1 hora (n =
8) e 42,9% gastam de 1 a 2 horas (n = 6) (Figura 7).
Dos participantes que
já haviam sofrido alguma lesão, encontraram-se 78,6% (n =11), dos quais 57,1%
(n = 8) acreditavam que a lesão estava relacionada às atividades de treino na
academia e 46,2% (n = 6) acreditavam que não (Figura 8). Quanto à localização
anatômica da lesão, relataram maior predominância em punho 30,8% (n = 4),
seguido de cotovelo 23,1% (n = 3), outros 23,1% (n = 3), ombro 15,4% (n = 2) e
joelho 15,4% (n = 2) e tornozelo 7,7% (n =1) (Figura 9). Verificou-se que 63,3%
(n=7) procuraram algum tratamento médico e/ou fisioterapêutico e 36,6% (n = 4)
não procurou (Figura 10).
Constatou-se que
85,7% utilizam esteroides anabolizantes para sua preparação (n=12) e 14,3%
dizem não usar (n=2) (Figura 11).
Figura
1 - Gráfico representativo da idade dos participantes.
Figura
2 - Gráfico representativo da raça dos
participantes.
Figura
3 - Gráfico representativo do peso dos
participantes.
Figura
4 - Gráfico representativo da escolaridade dos
participantes.
Figura
5 - Gráfico representativo do tempo no
fisiculturismo dos participantes.
Figura
6 - Gráfico representativo do número de
competições dos participantes.
Figura
7 - Gráfico representativo do tempo gasto com
treino dos participantes.
Figura
8 - Gráfico representativo dos participantes que
já tiveram alguma lesão.
Figura
9 - Gráfico representativo da localização da
lesão dos participantes.
Figura
10 -
Gráfico representativo dos participantes
que procuraram tratamento.
Figura
11 -
Gráfico representativo dos participantes
que utilizam esteroides anabolizantes.
As idades prevalentes
dos entrevistados foram de 26 a 35 anos e de 36 a 45 anos, no quesito raça a
predominância foi da parda, peso de 50% de 91 a 100 kg, a altura média dos
participantes de 1,71cm e a maioria possuía ensino superior. Metade dos
entrevistados afirmou que praticava fisiculturismo há cerca de 1 a 2 anos, que
já competiram de 4 a 8 vezes e que gastam até 1 hora em atividades de treino na
academia por dia. Observou-se que 85,7% dos entrevistados fazem uso de
esteroides anabolizantes para suas preparações e 78,6% afirmaram que possuíam
alguma lesão decorrente da prática esportiva sendo o punho
o principal local afetado. Para o tratamento de suas lesões 58,3% afirmaram que
procuraram tratamento médico ou fisioterapêutico.
Nossos dados mostram
um considerável índice de lesões em atletas de fisiculturismo. Isso pode
ocorrer devido aos atletas fazerem utilização abusiva e constante de esteroides
anabolizantes (85,7%), o que está em concordância com a literatura existente
[30,31]. Muitos não possuem um acompanhamento de profissionais como médicos, educadores físicos, nutricionistas e
fisioterapeutas e têm baixo tempo de recuperação entre os campeonatos [32],
visto que a grande maioria pratica a modalidade de 1 a 2 anos (50%) e já
participaram de 4 a 8 competições (50%).
Esses atletas quando
questionados se buscaram tratamentos para suas lesões 63,3% buscaram
tratamento. O punho foi a região mais acometida (30,8%) como também relata o
estudo de Siewe et al. [31] que também achou as lesões nessa articulação inerentes ao
fisiculturismo, porém, não sendo como o principal acometimento em seu estudo.
Estudos mostram que as lesões em fisiculturistas apresentam inúmeras variáveis
quanto ao local mais comumente acometido por lesões [33], podendo assim não
definir uma região específica. A taxa de lesões no fisiculturismo é baixa
comparada a outros esportes que utilizam do levantamento de peso e treinos de
resistência como ferramenta para seus objetivos, como é o exemplo do powerlifting e do weightlifting
[33]. Contudo também mostram que as extremidades de membro superior são as mais
acometidas por lesões [34]. Isso se dá pelo fato de que os fisiculturistas
podem modificar seus treinos nos exercícios específicos que provoquem dor, pois
não existem exercícios obrigatórios e as variáveis de treino podem ser usadas
[35].
Destaca-se como
limitações do estudo a resistência dos participantes em responder o instrumento
de coleta de dados e a pouca quantidade de atletas em atividade competitiva no
sitio de coleta de dados. Vê-se ainda a necessidade de expandir a pesquisa para
mais centros de treinamento a fim de correlacionar a prevalência de lesões em uma
amostra maior.
Com os dados da
amostra, define-se que as principais lesões que acometem os atletas de
fisiculturismo de uma academia na cidade de Fortaleza/CE são em extremidades de
membros superiores como punho, cotovelo e ombro e que o Fisioterapeuta se
apresenta como um profissional relevante nos cuidados rotineiros destes
atletas.