Rev Bras Fisiol Exerc 2018;17(1):119-129
doi: 10.33233/rbfe.v17i2.2126REVISÃO
Exercício
resistido em mulheres com síndrome metabólica na pós-menopausa
Resistance exercise in postmenopausal women with metabolic syndrome
Larissa Camargo
Coelho*, Rosana César Côrrea*, Vânia da Silva Mello*, Wendry
Maria Paixão Pereira, D.Sc.**,
Vânia Cristina dos Reis Miranda, D.Sc.**, Elaine
Cristina Martinez Teodoro, D.Sc.**
*Graduanda
do Curso de Fisioterapia, FUNVIC, Fundação Universitária Vida Cristã, Faculdade
de Pindamonhangaba (FAPI), Pindamonhangaba SP, **Professora do Curso de
Fisioterapia da FUNVIC, Fundação Universitária Vida Cristã, Faculdade de
Pindamonhangaba (FAPI), Pindamonhangaba/SP
Recebido em 9 de fevereiro de 2018; aceito em 30 de junho de 2018.
Endereço
de correspondência:
Elaine Cristina Martinez Teodoro, Avenida Osvaldo Aranha, 1961 Vila Zélia
12606-000 Lorena SP, E-mail: teodoro.elaine18@gmail.com; Larissa Camargo Coelho
larissacamargo15@yahoo.com.br; Rosana César Côrrea rcesar22@hotmail.com; Vânia
Silva Mello; vaniasmello@hotmail.com; Wendry Maria
Paixão Pereira wendrypaixao@ig.com.br; Vânia Cristina dos Reis Miranda vcrmiranda2@gmail.com
Resumo
Objetivo: Verificar os
principais benefícios, indicações e efeitos fisiológicos do exercício resistido
como ferramenta não farmacológica na prevenção e ou tratamento de mulheres na
pós-menopausa com síndrome metabólica. Métodos:
Trata-se de um estudo de revisão de literatura, no qual foram utilizados
artigos em português e inglês de revistas indexadas nos bancos de dados Bireme e Pubmed, nas bases de
dados Medline, Scielo, Lilacs e Pedro, publicados entre os anos de 2002 e 2017. A
busca pelos artigos utilizados no respectivo estudo ocorreu no período de
agosto de 2016 a julho de 2017. Resultados:
O exercício resistido melhora o condicionamento físico, mantém a massa magra,
aumenta a força e a taxa metabólica em repouso além favorecer a demanda de
energia e promover a melhora na densidade mineral óssea; por isso tem sido
destacado como o responsável na qualidade de vida em mulheres na pós-menopausa.
Conclusão: O exercício resistido
apresentou resultados mensuráveis e comprovados em todas as condicionantes
tanto da síndrome metabólica quanto nos efeitos da falência ovariana, devendo,
portanto, ser incorporado no contexto geral de tratamento.
Palavras-chave: mulheres;
menopausa; obesidade; dislipidemias; exercício.
Abstract
Objective: To
verify the main benefits, indications and physiological effects of resistance
exercise as a non-pharmacological tool in the prevention and or treatment of
postmenopausal women with metabolic syndrome. Methods: This is a literature review, in which we used
articles in Portuguese and in English of journals indexed in the Bireme, Pubmed, Scielo, Lilacs and Pedro
data bases, published between 2002 and 2017. The search for articles used in
the respective study occurred from August 2016 to July 2017. Results: Resistance exercise improves
physical fitness, maintains lean mass, increases strength and resting metabolic
rate, favors energy demand and improves bone mineral density; it has been
highlighted as responsible for quality of life in postmenopausal women. Conclusion: Resistance exercise
showed significant results both in the metabolic syndrome and the effects of
ovarian failure, and should therefore be incorporated into the general context
of treatment.
Key-words: women;
menopause; obesity; dyslipidemias; exercise.
A menopausa é um
evento ocorrente em mulheres na faixa dos 50 anos e traz com ela uma lista de coacontecimentos que podem culminar em perdas generalizadas
em diversos sistemas do corpo, acarretando desequilíbrios pontuais, tais como:
doença arterial coronariana no sistema cardiovascular; osteopenia
no esquelético; sarcopenia no muscular; perda de
colágeno no tegumentar; diminuição das funções sexuais no reprodutor; e a
síndrome metabólica no endócrino [1].
A influência dos
hormônios é intrínseca na homeostase, e a Síndrome Metabólica (SM) pode ser
consequência direta da falência ovariana ou resultar de alterações endócrinas
promovidas pelo aumento de gordura visceral, secundária à diminuição dos
estrogênios [2], além disso, a menopausa é um fator de risco para o
desenvolvimento da SM, uma vez que o hipoestrogenismo
decorrente desde período altera o metabolismo e propicia o aumento de peso
corporal, a modificação da composição corporal, o acúmulo de gordura na região
abdominal e a alteração do perfil lipídico [3].
É importante salientar que a SM está
inserida na menopausa, podendo até ser agravada por ela, mas não é uma
consequência exclusiva desse período. Identifica-se este transtorno como um
importante problema de saúde pública associado ao estilo de vida da população,
como alimentação inadequada e baixo nível de atividade física, ou seja, alta
ingestão calórica, baixo condicionamento cardiorrespiratório, pouca força
muscular e sedentarismo aumentam a prevalência desta síndrome em três a quatro
vezes [3].
A SM é o conjunto de
alterações no metabolismo que geram disfunções sucessivas nos níveis lipídicos
e glicêmicos que, em continuidade, podem levar a patologias relacionadas à
deposição central de gordura e a resistência à insulina, por exemplo, diabetes
mellitus, hipertensão arterial sistêmica, obesidade e dislipidemia [4].
O exercício físico é
o fator mais importante no gasto energético diário e no equilíbrio dos índices
plasmáticos, pois tem o poder de gerar taxas metabólicas até dez vezes maiores
que os seus valores em repouso. Ainda que a maioria dos estudos relate o efeito
positivo do exercício aeróbio sobre o aumento da velocidade metabólica, a
inclusão do exercício resistido mostra-se vantajoso na melhora do
condicionamento físico, visto que possui papel fundamental na manutenção da
massa magra e na contribuição da taxa metabólica em repouso [5].
O treinamento
resistido tem sido destacado como o responsável na qualidade de vida em
mulheres na pós-menopausa. Ele é recomendado como um importante componente de
tratamento ao promover o ganho de força e de massa muscular, o aumento na
demanda de energia e a melhora na densidade mineral óssea [6].
De acordo com estudos
epidemiológicos da SM em mulheres, é fato que esse transtorno acomete,
principalmente, as que estão no período da pós-menopausa, refletindo o
somatório de perdas relativas ao hormônio estrogênio como deflagrador
fisiológico, e no estilo de vida sedentário como fator comportamental [2]. No
entanto, ainda é pequeno o volume de estudos com foco nos exercícios resistidos
no tratamento da SM e das consequências da menopausa, sobretudo nas questões
metabólicas e lipídicas, o que representa uma parcela diminuta de
fisioterapeutas utilizando tal recurso com resultados tão eficientes, porém não
completamente explorados como estratégia terapêutica no controle das questões
supracitadas.
Diante do exposto, o
presente estudo tem como objetivo verificar os principais benefícios,
indicações e efeitos fisiológicos do exercício resistido como ferramenta não
farmacológica na prevenção e ou tratamento de mulheres na pós-menopausa com SM.
Trata-se de um estudo
de revisão de literatura, no qual foram utilizados artigos científicos em
português e inglês de revistas indexadas nos bancos de dados Bireme e Pubmed, nas bases de
dados Medline, Scielo, Lilacs e Pedro, publicados entre os anos de 2002 e 2017. A
busca pelos artigos utilizados no respectivo estudo ocorreu no período de
agosto de 2016 a julho de 2017.
Para esta revisão
foram considerados artigos com base nos seguintes Descritores em Ciências da
Saúde (DeCS): mulheres, menopausa, obesidade,
dislipidemias, exercício; para os artigos publicados em português, e women, menopause, obesity, dyslipidemias, exercise, para os artigos de língua inglesa.
Para a construção do
trabalho foram incluídos estudos que estivessem disponíveis na íntegra, a
população-alvo da pesquisa fosse composta por mulheres pós-menopausa e
portadoras de síndrome metabólica, e os que incluíam exercícios resistidos
junto ao programa de tratamento. Foram exclusos aqueles estudos que não estavam
disponíveis na íntegra; que não incluíam os exercícios resistidos junto do
programa de tratamento; e ainda os que não possuíam a população-alvo da
pesquisa composta somente por mulheres pós-menopausa com síndrome metabólica.
Foram encontrados 51
artigos científicos, dos quais 27 estavam de acordo com os critérios de
inclusão previamente estabelecidos para esta revisão. Foram utilizados ensaios
clínicos, revisões de literatura, estudos experimentais, ensaios controlados
randomizados, diretrizes, estudos randomizados, estudos longitudinais e
revisões sistemáticas. Posteriormente, os artigos foram agrupados em categorias
que abordavam autor, ano de publicação, método, objetivo e conclusão.
As características
dos estudos incluídos na presente revisão podem ser observadas na Tabela I.
Tabela
I - Resumo dos estudos incluídos (n = 27). (ver
anexo em PDF)
O período da
pós-menopausa e a SM apresentam manifestações em comum para as mulheres, entre
as quais, a “lentificação” do metabolismo é uma das
causas deflagradoras de outras consequências que geram efeito cascata para
desequilíbrio metabólico, culminando em resultados comprometedores da
homeostase podendo levar a mulher a cardiopatias e à morte precoce [7].
Há maneira
medicamentosa e não medicamentosa de tratamento e controle destas disfunções
subsequentes da SM e do período pós-menopausa, sendo a atividade física a forma
não medicamentosa com resultados importantes, tanto na reversão do quadro
quanto no retardo do surgimento dos sintomas. Isso se dá, entre outros fatores,
pelo aumento da TMB [8].
O Exercício Resistido
(ER), que até então era aplicado principalmente para o ganho de massa muscular,
passou a ser também ferramenta relevante em protocolos de perda de peso uma vez
que comprovou eficácia tanto no auxílio da diminuição lipídica quanto no
acréscimo dos índices basais e em esforço por promover o ganho do trofismo e da força, acarretando, obrigatoriamente, em
aumento da demanda e gasto energético, diminuindo e evitando acúmulo de
gorduras [9].
Estudos recentes
elencam os efeitos e benefícios do ER como estratégia eficaz nas desordens
provenientes da SM e também nos danos oriundos da menopausa. Um número
crescente de pesquisas aponta o ER como método de recuperação dos níveis
metabólicos e de inibição tanto das perdas sistêmicas da composição corporal
como osteopenia, sarcopenia
e dislipidemia, quanto dos aumentos nocivos da pressão arterial, da resistência
à insulina e da adiposidade tecidual [10].
Essas disfunções
associadas conduzem as pacientes a quadros de alto risco de morbimortalidade
tornando a SM uma questão de saúde pública, principalmente quando associada ao
período da pós-menopausa, que é caracterizado pela intensificação das
consequências da SM, portanto, a prática de ER vem ganhando relevância não
apenas pelos resultados fisiológicos, mas também por se tratar de uma forma que
associa menor gasto financeiro a maior qualidade de vida [7].
A lista de efeitos e
benefícios da aplicação do ER como forma não farmacológica de controle e
tratamento das implicações da SM e do período pós-menopausa representam
perspectiva positiva no que tange a resultados sem efeitos colaterais nem
adversos decorrentes de utilização de recursos terapêuticos extrínsecos, tais
como medicamentos para controle do diabetes mellitus tipo II, dislipidemia, HAS
e obesidade, além de reposições hormonais, que minimizam as perdas
generalizadas em todos os sistemas no organismo feminino na menopausa [11].
O ER possui várias
denominações, entre elas treinamento contra resistência ou treinamento
resistido, treinamento de força, exercício com pesos ou musculação; e é
realizado por meio de movimentos musculoesqueléticos de contração voluntária
contra determinada resistência oferecida por máquinas ou equipamentos, pesos
livres, faixas elásticas ou pela resistência do próprio corpo de forma
sequencial e repetitiva [12].
O treinamento
resistido sempre foi empregado para inúmeros fins visando benefícios
abrangentes, como aprimorar o desempenho esportivo e o condicionamento físico,
aumentar a hipertrofia, viabilizar a modelação da massa muscular, favorecer a
estética, promover a saúde e reduzir a mortalidade. No entanto, atualmente o ER
é parte fundamental para pacientes com doenças crônicas adquiridas,
constituindo um meio de tratamento adequado, seguro, eficaz e permanente por
seu impacto positivo cardiometabólico [13].
Com relação às
patologias crônicas não transmissíveis como a SM, os efeitos permeiam as quatro
condicionantes e, no caso da dislipidemia, o ER atua no aumento nos níveis de
HDL-c por meio da diminuição de sua degradação no fígado e pelo aumento de sua
síntese. O alto índice de HDL-c é considerado protetor por representar baixo
teor de lipídios e lipoproteínas responsáveis por danos à mobilização dos
lipídios da parede arterial [14].
Ainda sobre o aumento
do HDL-c foi comprovado que o exercício com resistência modifica a atividade da
enzima triacilglicerol lipase hepática, gerando menor
variação de HDL2 em HDL3 (subclasses do HDL) na corrente sanguínea ocasionando
maior permanência de HDL2, que por sua vez capta mais
triglicerídeos e colesterol, prevenindo a formação da aterosclerose
[13].
Em breve comparação
entre dois estudos sobre a intensidade do exercício e seus efeitos metabólicos,
notou-se um efeito favorável nos valores de HDL-c para Colombo et al. [15]. Já nos estudos de Sprecher apenas a atividade de alta intensidade obteve
aumento da concentração de HDL-c. Assim sendo, fica clara a interferência do
tipo de protocolo utilizado e suas variáveis.
Sobre o controle da
obesidade, a atuação do treino de força apresenta resultados comprovados quando
se avalia a massa corpórea, visto que promove diminuição da gordura corporal
total e preservação da massa de tecido magro. A dinâmica dessa transformação
ocorre ao acelerar o metabolismo basal, que passa a consumir mais energia
reduzindo e evitando o acúmulo de gordura abdominal, classificada como
referência para a determinação da obesidade e, portanto, representativa de alto
risco cardiovascular [16,17].
Em mulheres que
necessitam controlar e reduzir a adiposidade patológica, a maioria dos estudos
que defendem o treinamento de força como recurso concorda que o ER apenas
repercute positivamente quando aplicado de forma moderada a intensa (acima de
40 minutos), por incentivar maior oxidação de lipídeos e carboidratos, e esse
processo exige tempo. Além disso, ocorre o aumento da lipólise no tecido
adiposo subcutâneo abdominal [17].
No tratamento da DM
tipo 2, o empenho do treino com resistência atua na
absorção de glicose da corrente sanguínea baixando níveis hemodinâmicos ao
favorecer a sensibilidade à insulina, refletindo até no emagrecimento por estar
a adiposidade abdominal diretamente ligada à resistência insulínica [18].
O Diabetes Mellitus é
tradicionalmente controlado com uso de medicamento, no entanto o ER promove
redução espontânea e natural de até 30% da glicose no sangue, representando um
meio valioso no controle da patologia a longo prazo,
desde que aplicada de forma regular, disciplinada e contínua [19].
Pesquisas que
associam a DM à obesidade convergem na combinação do ER à dieta alimentar na
potencialização de resultados. Comparando pacientes que fizeram essa combinação
aos que não fizeram, observou-se que os que associaram tiveram reduções de 58%,
quase duplicando os efeitos [20].
O treinamento de
força compõe mais uma ferramenta no acervo para o controle da HAS. Embora haja
vertentes que defendam que o ER possa favorecer o aumento da pressão arterial
sistólica, a aplicabilidade do treino resistido é apontada por um número
crescente de pesquisas, como método seguro para adequar níveis pressóricos em
até 3,5 mmHg [21].
O diferencial nos
protocolos para hipertensos está voltado para os cuidados em evitar a manobra
de Valsalva pelo risco que ela oferece de acidente
vascular cerebral. O Colégio Americano de Medicina de Esporte sugere cargas
leves com mais repetições. Tal procedimento minimiza a possibilidade da
ocorrência da Valsalva, uma vez que quanto menor o
peso menor o risco compensatório com pausa respiratória [22].
Uma pesquisa
realizada por Leal et al. [23], em 2017, constatou que
principalmente nas mulheres, o número de séries promove alteração na resposta
pressórica em seguida ao treinamento. Procedimentos com duas sequências
promoveram mais efeito hipotensivo do que práticas com muitas séries. Em caso
de legpress, a alternância dos membros em vez da
realização concomitante apresenta variação importante na pressão, sendo
prudente a utilização da forma alternada [24].
O avanço da idade
traz desequilíbrios que geram perdas e desgastes globais em todos os sistemas
culminando em declínio crescente, constante e permanente na composição
corporal, especialmente na feminina. Essa decadência fisiológica tem início
assim que o organismo atinge seu pico, em torno dos 30 anos, porém, no caso das
mulheres, é acelerado e agravado a partir do período pós-menopausa,
caracterizado pelo hipoestrogenismo [25].
São
várias as
consequências da cessão do hormônio
estrogênio, contudo há que se ressaltar a
disfunção entre reabsorção e
formação óssea, levando à progressiva
diminuição
na densidade mineral, ocasionando fragilidade na ossatura e aumento do
risco de
fraturas, a osteoporose. Também entre os efeitos nocivos mais
observados nesse
público está a sarcopenia, que é a substituição de
tecido muscular pelo adiposo [26].
Pesquisas apontam
ainda que o envelhecimento é seguido pelo aumento nos níveis séricos de
determinados mediadores inflamatórios, entre eles a resistina,
um acusador inflamatório que tem sido relacionado ao desenvolvimento da SM e de
doenças cardiovasculares, principalmente em mulheres pós-menopausa [27].
Em um estudo realizado
em 2010 pela Universidade Federal de São Carlos, em mulheres no período
pós-menopausa, observou-se uma redução de 46% na concentração sorológica de resistina após 13 meses de treinamento. Esses dados
reforçam as teses que defendem o ER como forma não medicamentosa de redução do
quadro inflamatório senil e do risco cardiovascular provenientes da falência
ovariana [28].
O treinamento de
força apresenta benefícios de ordem geral sob as sequelas pós- menopausa,
sobretudo na densidade mineral óssea, evitando a osteoporose; nos processos
inflamatórios; no ganho de massa e força muscular e no aumento da resistência.
Ele tem demonstrado eficácia na associação da força muscular ao combate a
diminuição dos fatores de risco cardiovascular, obesidade, pressão arterial,
síndrome metabólica e morte precoce [29].
É importante
ressaltar que há forte associação entre o período pós-menopausa e a SM, podendo
ser a SM provocada ou acentuada por este evento. É unânime na meta-análises
verificada entre 2012 e 2017 a questão do prazo de execução do protocolo de
treinamento de força para que surjam efeitos significativos nas condicionantes
da pós-menopausa e da SM, uma vez que são variantes crônicas e que necessitam
de empenho constante, sendo os resultados do ER comprovados quando aplicados em
longo prazo [30].
A frequência do
treinamento de força também exerce influência sob os efeitos terapêuticos da
mulher pós-menopáusica. Para que se comprovem benefícios sobre a redução do
percentual de gordura, melhora da massa magra e da força é necessário a prática
do ER ao menos 3 vezes por semana, com 8 a 10
variedades e 2 a 3 séries [31].
Existem diversas
maneiras de organizar um tratamento por meio do ER, no entanto é de extrema
importância que sejam levadas em consideração características sobre o quadro
clínico do paciente, atentando para os resultados do teste de esforço, contra
indicação ao treino de força, frequência cardíaca ideal para limiar de
treinamento, sinais vitais e teste de repetição máxima [32].
No Brasil,
preconiza-se o teste de 1 Repetição Máxima (RM) para a
determinação da carga aplicada como resistência. Todavia, em artigos
internacionais observa-se a escala de 10 RMs na
definição do peso. Essa diferença se refere a uma forma distinta de efetuar o
cálculo, partindo da premissa de que 1 RM corresponde
a 100%. Sendo assim, por regra de três, chega-se a percentuais inferiores. Para
efeito de adequação ao usual brasileiro, o presente artigo manteve a
determinação que preconiza a base de 1 RM para o
treinamento [33].
De uma maneira geral,
os protocolos utilizados em pacientes com SM e pós-menopausa contemplam treinos
para membros superiores e inferiores, com intensidade moderada, frequência
regular e contínua, variedade de exercícios e séries, além de reforçar os
cuidados com a manobra de Valsalva [31].
Siqueira et al. [34] propuseram um protocolo com
sessão divida em aquecimento, alongamento e treinamento propriamente dito
variando entre 40 a 50 minutos. São realizados oito tipos de exercícios, sendo
três para Membros Inferiores (MMII) isquio-tibiais,
glúteos e quadríceps e cinco para Membros Superiores (MMSS) bíceps, tríceps,
peitorais, costas e ombros. A atividade teve duração de 12 semanas, com três
sessões semanais executadas de forma progressiva a partir de 30 a 40% de 1RM,
objetivando atingir cargas de até 100% da RM ao fim do processo.
Em um programa
estabelecido por Cardoso et al. [33], o treino atua em
grandes grupos musculares por 12 semanas e apresenta de uma a três séries, com
90 segundos de intervalo entre 15 e 18 repetições, a 50% de 10 RM nas primeiras
quatro semanas. Da quinta a oitava semana aumentou para 60% de 10 RM. Da nona a
12ª a carga progrediu para 70 a 80%, enquanto as repetições diminuíram para dez
a 12. Nos MMSS foi aplicado polia, supino, bíceps Curl
(anilha) e tríceps francês. Os MMII contaram com extensão e flexão da perna,
agachamento e flexão plantar.
Na prática empenhada
por Oliveira et al. [9] com duração de 90 dias, três
vezes por semana foi utilizado outro método para definição da carga, a
OMNI-RES, escala subjetiva de percepção de esforço com score de zero a dez,
partindo de muito fácil a extremamente difícil respectivamente. O programa teve
início com score seis (um pouco difícil) nas primeiras quatro semanas; sete
(entre um pouco difícil e difícil) entre as quinta e nona semanas; e oito
(difícil) nas restantes quatro semanas, diminuindo as repetições. Cada
exercício foi realizado em três séries com um minuto de descanso, sendo supino vertical,
extensão do joelho, flexão de isquio-tibiais, legpress, abdução de quadril, remada, abdução de ombro e
flexão plantar [9].
Com base no
levantamento a respeito de protocolos propostos com treinamento de força para
finalidade clínica é possível identificar certa paridade entre eles, os quais
incluem em média oito a dez exercícios para os principais grupos musculares de
membros superiores e inferiores, com três séries de dez a doze repetições. A
carga inicial pode ser ajustada para realizar o número desejado de repetições.
A fadiga é evitada por gerar lesão muscular. Para tanto, o intervalo entre as
séries deve ser adequado para permitir uma correta recuperação [22].
O conceito da SM, que
já é um problema de saúde pública, e suas consequências na qualidade
cardiovascular em mulheres com hipoestrogenismo
favoreceu o desenvolvimento de diversos estudos acerca desta condição. Neste
cenário ficou evidente tratar-se de uma ocorrência que pode ser evitada e ou
melhorada a partir da mudança de hábitos cotidianos de vida.
O presente estudo
realizou um levantamento esmiuçado em pesquisas recentes sobre a aplicação do
exercício resistido como maneira não-medicamentosa de
tratamento de mulheres enquadradas no perfil acima e concluiu que o treinamento
de força apresenta resultados mensuráveis e comprovados em todas as
condicionantes tanto da síndrome metabólica quanto nos efeitos da falência
ovariana, devendo, portanto, ser incorporado no contexto geral de tratamento.