Rev Bras Fisiol Exerc 2018;17(3):185-194
doi: 10.33233/rbfe.v17i3.2195REVISÃO
Efeitos
do treinamento resistido em adultos com síndrome metabólica
Effects of resistance training in adults with metabolic syndrome
Gabriela Nicolino Cantieri*, Camilo Antonio
Monteiro Bueno, M.Sc.**,
Daniel Martinez-Ávila, D.Sc.***
*Bacharel
em Educação Física pela Faculdade de Ensino Superior do Interior Paulista
(FAIP), **Professor do Curso de Educação Física da Faculdade de Ensino do
Interior Paulista (FAIP), ***Professor adjunto no departamento de Ciências da
Informação pela UNESP/MARÍLIA
Recebido em 14 de
março de 2018; aceito em 04 de setembro de 2018.
Endereço
para correspondência:
Gabriela Nicolino Cantieri, Rua Mário Marangão, 38, Cascata, 17400-000 São Paulo SP, E-mail:
gabi_nicolino@outlook.com; Camilo Antonio Monteiro
Bueno: bueno.camilo@gmail.com; Daniel Martinez-Ávila: dmartinezavila@gmail.com
Resumo
A
síndrome metabólica
é caracterizada pela junção de várias
doenças fisiopatológicas as quais,
associadas, aumentam o risco de problemas cardiovasculares. Sobre os
diversos
fatores de risco que levam à síndrome metabólica,
o principal é a falta de
atividades físicas ou até mesmo o sedentarismo. Os
tratamentos existentes na
atualidade, o treinamento resistido, conhecido como
musculação e/ou treinamento
com pesos, pode contribuir na prevenção e
diminuição dos fatores de risco desta
síndrome, colaborando principalmente para a
manutenção da qualidade de vida dos
indivíduos. Nesta revisão bibliográfica, foi
possível identificar que a
síndrome metabólica é uma associação
de três ou mais doenças fisiopatológicas
como hiperglicemia, diabetes tipo 2, resistência à
insulina, obesidade, dislipidemia e hipertensão arterial. Observou-se também
que o treinamento resistido provoca benefícios para todos os tipos de
indivíduos, possibilitando a perda de gordura corporal, o controle da glicemia
e pressão arterial, por conseguinte afetará positivamente na vida diárias
destes indivíduos.
Palavras-chave: síndrome
metabólica; treinamento de resistência; obesidade; hipertensão; diabetes
mellitus.
Abstract
The metabolic syndrome may be known as Syndrome X, Insulin Resistance
Syndrome, Mortal Quartet or Plurimetabolic Syndrome.
It is characterized by the combination of several diseases which, together,
increase the risk of cardiovascular problems. Among the several treatments currently
available, resistance training can contribute to the prevention and reduction
of risk factors of this syndrome, collaborating to maintain the quality life of
individuals. In this literature review, we identified that metabolic syndrome
is an association of three or more of the following pathophysiological
diseases: hyperglycemia, type 2 diabetes, insulin resistance, obesity,
dyslipidemia, and hypertension. We also observed that resistance training
provides benefits for all types of individuals, especially for those who have
the syndrome, leading to loss of body fat, blood glucose and blood pressure control.
Keywords: metabolic
syndrome; resistance training; obesity, hypertension; diabetes mellitus.
A Síndrome Metabólica
vem se popularizando com o passar do tempo, esta pode ser conhecida como
síndrome X, síndrome da resistência à insulina, quarteto mortal ou mesmo
síndrome plurimetabólica [1]. Todos estes nomes
utilizados levam a um mesmo problema, e ao quanto essa doença pode ser
prejudicial à saúde por ser um conjunto de doenças que associadas podem levar
ao aumento do risco de problemas cardiovasculares [2]. A relevância de
pensar-se em problemas cardiovasculares se faz em compreender que a doença está
entre as principais causas de morte no mundo, sendo estimados 30% das mortes
globais. Esses dados foram observados por uma pesquisa realizada pela World Health Organization [3].
Ao
longo da última
década, os pesquisadores prestaram maior atenção
aos efeitos do treinamento resistivo
em várias variáveis da síndrome
metabólica. As consequências metabólicas
da massa muscular reduzida, como resultado do envelhecimento normal ou
da
diminuição da atividade física, levam a uma alta
prevalência de distúrbios metabólicos.
A prática de
exercícios físicos, e a procura de uma vida saudável vão além de questões
estéticas, e precisam entrar em relevância principalmente quando pensamos que
em média 70% da mortalidade brasileira ocorre por
conta de doenças crônicas não transmissíveis - DCNT [4]. E dentre os vários
problemas que podemos encontrar, a síndrome metabólica pode ser prevenida,
amenizada ou até mesmo curada por métodos e meios de treinamento físico, sendo
o treinamento resistido, uma dessas opções [5].
O treinamento
resistido, na maioria das vezes é popularmente apresentado como musculação,
treinamento de força, exercícios com pesos, exercícios localizados, exercício
para resistência muscular, no entanto, a sua influência de forma benéfica nos
fatores de risco da Síndrome Metabólica, através da diminuição de
circunferência abdominal e pressão sanguínea, melhora a sensibilidade à
insulina e o perfil lipídico [6,1].
O objetivo do estudo
consistiu em discutir a contribuição do treinamento resistido na qualidade de
vida de adultos com síndrome metabólica, levantando os fatores de risco da
síndrome metabólica e também a característica e efeitos desse treinamento sob
esta síndrome. Levando em consideração que ele pode ter uma grande influência
favorável no combate a essa síndrome, a qual é uma preocupante doença contra o
organismo, desencadeando diversas doenças degenerativas.
Foi realizada uma
revisão bibliográfica sobre a relação entre a síndrome metabólica e o
treinamento resistido através da análise e avaliação da literatura indexada
pelas bases de dados Scielo, Pubmed
e Scopus. A pesquisa utilizou os termos: metabolic syndrome X and resistance training entre os anos 2004 e 2016.
Foram encontrados aproximadamente 240000 mil artigos relacionados ao tema em
questão, dentre os quais, apenas 40 destes foram selecionados para a escrita
deste estudo.
Síndrome
metabólica
A síndrome metabólica
é determinada pela junção de doenças fisiopatológicas que irão afetar o sistema
cardiovascular, assim aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Estas
doenças são: hiperglicemia, diabetes tipo 2,
resistência à insulina, obesidade, dislipidemia e hipertensão arterial,
distúrbios de coagulação e demais alterações podem ser encontradas como aumento
de proteína C reativa proteína produzida pelo fígado, hiperhomocisteinemia
níveis elevados de homocisteína (proteína reguladora
do metabolismo da metionina, que ajuda na função do fígado) acarretando
problemas cardiovasculares, diminuição dos níveis de adiponectina
hormônio responsável pela queima de gordura, aumento do ativador plasmático do
fibrinogênio e do plasminogênio, ambos agem na
coagulação sanguínea [7-11].
A síndrome metabólica
consiste no conjunto de fatores de risco para a saúde que tornam mais provável
que uma pessoa desenvolva diabetes tipo 2 e doenças
cardiovasculares como doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.
Como indicam Mello e Laaksonen [12:501]:
“A
patogênese da síndrome metabólica e do DM2 não é ainda muito bem elucidada.
(...) o resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais, e são
ambos poligenéticos por natureza. Como consequência,
o fenótipo que caracteriza tanto o DMT2 quanto a síndrome metabólica varia.
Para o DM2, esse problema é de menor magnitude, pois
sua definição depende somente de valores estabelecidos para a glicose de jejum
ou pós-prandial. Já na síndrome metabólica, a variabilidade fenotípica é maior,
pois baseia-se em vários componentes, o que dificulta uma definição que seja
amplamente aceita.”
Para ser
diagnosticada com síndrome metabólica, uma pessoa deve ter pelo menos três dos
fatores de risco, que incluem: uma grande cintura, altos níveis de triglicerídeos
(um tipo de gordura no sangue), baixos níveis de lipoproteína de alta densidade
(colesterol "bom"), hipertensão arterial e alto nível de açúcar no
sangue.
Segundo a I Diretriz
Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica [13], o
diagnóstico da Síndrome Metabólica é feito a partir da combinação de pelo menos
três itens expostos na Tabela I.
Tabela
I - Componentes da síndrome metabólica
Alberti et al. [14] traz um estudo comparativo
entre os fatores mais prevalentes do diagnóstico da Síndrome Metabólica. Tal
levantamento foi estruturado e organizado com base nas seguintes instituições:
O primeiro grupo
evidenciou que a resistência à insulina seria o principal fator de risco, associado
com mais dois fatores de risco adicionais que poderiam ser: obesidade,
hipertensão, triglicerídeos ou colesterol ruim elevado e colesterol HDL
diminuído. O segundo propôs que a resistência à insulina em si e nenhum outro
fator único para o diagnóstico, mas sim pela presença de três dos cinco fatores
de suporte (obesidade abdominal, triglicerídeos elevados, colesterol HDL
diminuído, glicose em jejum elevada e hipertensão, contudo se não houvesse
doença cardiovascular ou diabetes, a Síndrome Metabólica seria uma
pré-disposição já. Por outro lado, o 3º e 4º conciliaram as diferenças dos
grupos anteriores e não considerou a resistência a
insulina uma exigência, prevalecendo a opinião do segundo grupo tendo como
triagem para a obesidade abdominal somente a medida da cintura (94 cm para
homens e 80 cm para mulheres) [14].
Segundo Gottlieb, Cruz e Bonadese [8] a
sua origem não está muito bem apresentada, mas defende
a ideia que a síndrome pode se dar a evolução genética e/ou nutrição. Esses
autores discorrem que apesar da evolução humana em questão de genoma ser o
mesmo, o que drasticamente mudou foram os hábitos desde o Período Paleolítico
(500.00 a.C a 1.000 a.C). Antigamente havia uma alimentação rica em proteínas,
frutos e raízes e autogasto energético, desconforme
com os dias atuais, que há pouco gasto calórico e grande consumo de dietas
hipercalóricas, conforme a Tabela II [8:34]. Os mesmos
autores ainda relatam que as alterações nutritivas no período gestacional
influenciam no metabolismo do feto, fazendo com que seu organismo responda de
maneira diferente do normal para se adaptar a tal situação.
Logo, a “impressão
metabólica” que a nutrição causa nos embriões e fetos é uma resposta adaptativa
do organismo para ajustá-lo a condições nutricionais específicas em estágios
iniciais do desenvolvimento, que se caracterizam por: 1) uma suscetibilidade
limitada para uma janela ontogênica crítica no início do desenvolvimento; 2) um
efeito persistente ao longo da vida adulta; 3) uma consequência específica e
mensurável, a qual pode ser diferente entre indivíduos; e 4) uma relação,
dose-dependente ou linear, entre uma exposição específica e o resultado [14:36].
Tabela
II -
Comparação de dieta e atividade física
entre o homem pré-histórico e o homem contemporâneo
O baixo peso fetal ao
nascer e ao decorrer da infância combinado com o aumento de peso de 3 a 11 anos
também têm influência negativa sobre doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e hipertensão. O que pode ser explicado pela plasticidade
fenotípica (capacidade de um organismo fazer alterações em sua fisiologia para
se adaptar às condições do ambiente), o crescimento do feto se dá devido ao
tamanho do útero da gestante ou à alimentação da mãe, o segundo justifica a
desnutrição do feto. Já em questão do aumento do peso durante a infância, o
autor diz que os riscos de desenvolver as doenças citadas acima são causados
pelo “crescimento compensatório” que mudará seu sistema metabólico. Sem contar
que a má alimentação e inatividade física na infância vêm crescendo, e,
consequentemente, desenvolvendo obesidade infantil, assim tornando um fator de
risco para o desenvolvimento de Síndrome Metabólica na fase adulta [15-16].
Em um estudo feito
por Oguz et al. [17] é
apresentado um outro tipo de Síndrome Metabólica, chamada de Síndrome
Metabólica Secundária, no entanto os fatores de riscos são os mesmos, causados
por:
Estudos indicam que
as inatividades físicas têm encadeamento direto com os fatores de risco da
síndrome metabólica e que a prática regular de exercício físico ajuda na
prevenção e tratamento de diabetes, obesidade, hipertensão arterial,
resistência à insulina e dislipidemia [13,18].
Em relação à
qualidade de vida:
“O
condicionamento físico deve ser estimulado para todas as pessoas
saudáveis e
com múltiplos fatores de risco, desde que sejam capazes de
participar de um
programa de treinamento físico. Assim como a terapêutica
clínica cuida de
manter a função dos órgãos, a atividade
física promove adaptações fisiológicas
favoráveis, resultando em melhora da qualidade de vida
[18:1].”
Deve ser dada
preferência para a mudança de estilo de vida, pois com programas de atividade
física regular, será possível reduzir a circunferência abdominal, por
consequência da perda de peso, haverá a redução do colesterol, triglicerídeos e
resistência à insulina [2].
Treinamento
resistido
O treinamento de
força manifestou-se em 2000 a.C. com os antigos povos
egípcios, os quais usavam-no para aumentar sua força a fim de realizar tarefas
militares e caça. O treinamento de força desenvolve um físico musculoso, por
isso passou a ser usado como estética (culto ao músculo), mas com o decorrer
dos anos, esse treinamento começou a ser utilizado para desempenho esportivo e otimização do condicionamento físico, em razão da evolução
de pesquisas na área da ciência do treinamento de força [19].
Segundo Assumpção et al. [20:460]:
“Treinamento
isométrico ou treinamento de carga estática refere-se a uma ação muscular em
que não ocorre mudança no comprimento do músculo. Este tipo de treinamento de
força é realizado normalmente contra um objeto imóvel, como por exemplo,
aparelho de massa corporal carregado além da força concêntrica máxima de um
indivíduo. O treinamento isométrico também pode ser realizado pela contração de
um grupo muscular fraco contra um grupo muscular forte.”
Atualmente a maior
parte dos praticantes deste tipo de treinamento visa o ganho de massa muscular,
perda de gordura corporal para que haja uma melhora no desempenho físico e nas
suas atividades físicas diárias, reabilitação, aperfeiçoamento do desempenho de
atletas e manutenção à saúde [19-21].
O treinamento
resistido, mais popularmente conhecido como musculação, pode ser denominado
também por treinamento de força e treinamento com pesos. Mesmo que existam
semelhanças entre as denominações, podemos encontrar diferenças nos seus
conceitos, citadas no quadro abaixo [19].
Quadro
1 – Conceito de treinamento resistido,
treinamento de força e treinamento com pesos
Aaberg [22] relata que esse
tipo de treinamento traz benefícios para todos os tipos de pessoas que se
dispõe a realizá-lo. Para ele o treinamento resistido aumentará o potencial dos
indivíduos que visam atividades que exijam força, potência e resistência da
musculatura. Popularmente usado para melhorar a aparência física, superando as
cirurgias plásticas, devido ao seu ganho de tecido muscular e redução de
gordura. Em questão de saúde previne doenças como diabetes, artrites e
problemas cardíacos em geral. O mais relevante benefício está na melhora da
qualidade de vida e aumento da longevidade.
Para um programa de
treinamento para indivíduos com Síndrome Metabólica é recomendado a realização
deste tipo de exercício pelo menos 2 a 3 vezes por semana – podendo ser
aumentado para 5 a 6 vezes, dependendo da condição física e individualidade da
pessoa –, incluindo de 8 a 10 exercícios para os principais grupos musculares
usados nas atividades físicas diárias, para cada exercício realizar
aproximadamente 3 séries de 10 a 12 repetições com
carga ajustada inicialmente para a realização de 10 repetições, assim que ele
conseguir realizar as 12 repetições com esta mesma carga, poderá elevar a
mesma, isso se a pessoa sentir que a carga está leve, pois não é necessário que
ele realize exercícios rigorosos [23].
Segundo Castro [24]
indica que, embora existam evidências de que níveis mais elevados de exercícios
de resistência ou treinamento com pesos estão ligados a uma menor incidência de
síndrome metabólica, isso veio em grande parte a partir de estudos transversais
e não de grupos grandes ao longo de um período de tempo para ver como os
hábitos de exercício se ligam ao surgimento de uma condição.
Portanto, pode-se
explorar a relação entre o treinamento de resistência, separado do exercício
aeróbico e o desenvolvimento da síndrome metabólica.
Efeitos
do treinamento resistido em adultos com síndrome metabólica
Treinamento resistido
e obesidade
A obesidade,
atualmente uma epidemia, representa uma doença na qual se caracteriza pelo
acúmulo de gordura corporal que provoca riscos à saúde como dificuldades na
respiração, dislipidemias, diabetes tipo 2 e doenças
cardiovasculares. Em vários países, incluindo o Brasil, ela é considerada
problema de Saúde Pública. A sua principal causa é a inatividade física, sendo
assim, para ter maior resultado no tratamento, é fundamental que o consumo
energético seja menor que o gasto energético [18,25].
“O
gasto energético total (GET) é composto por três componentes: metabolismo de
repouso (MR), termogênese induzida pela dieta (TID) e atividade física (AF). O
MR é afetado pelo sexo, idade, estado nutricional e endócrino, e pela
composição corporal. A atividade física é o componente mais variável do GET,
podendo ser aumentada em dez vezes em relação à taxa metabólica de repouso
[5:4].”
A ABESO (Associação
Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) emprega medidas
antropométricas como valores de referência para predizer a saúde da população
classificando-a quanto aos níveis de obesidade, utilizando o IMC, apresentado
na tabela III [26:11].
Tabela
III -
Classificação de peso por IMC
O treinamento
resistido irá ocasionar alterações crônicas e agudas no gasto energético total,
a primeira irá alterar a taxa metabólica de repouso, fazendo com que o
indivíduo ganhe massa magra, enquanto a segunda acarretará na melhora do
consumo energético tanto para atividades, quanto em repouso [27].
Como apresentam Del
Vecchio et al. [28:672]:
“Algumas
recomendações de atividade física para saúde se baseiam em exercícios contínuos
de intensidade moderada que proporcionam, como visto anteriormente, aumento da
potência aeróbia (VO2máx) e redução e
prevenção dos fatores de risco associadas à SM. No entanto, a associação de
estímulos anaeróbios e aeróbios parece promover melhor controle metabólico que
as atividades aeróbias isoladas. Neste sentido, melhoras na sensibilidade
insulínica (SI) estão mais relacionadas a exercício de alta intensidade e de
baixo volume. Neste contexto, os HIIT (exercício físico intermitente de alta
intensidade) têm sido sugeridos como alternativa para promover maiores melhoras
em menor tempo e aumentar a motivação e aderência aos programas de exercícios”.
Ciolac e Guimarães [1]
relatam que o treinamento resistido auxiliará no aumento de massa magra através
do estímulo da força e potência muscular. Haverá também a prevenção da
musculatura diminuída por conta da restrição calórica, assim, ajudando na otimização da redução de gordura corporal. Diante do
desenvolvimento de força e resistência muscular causada por esse tipo de
exercício, os obesos poderão realizar as suas atividades corriqueiras de uma
maneira mais hábil e fácil, além disto, se tornarão indivíduos mais saudáveis e
ativos.
Treinamento resistido
e dislipidemia
Pozzan et al. [29] salientam que o perfil lipídico da Síndrome Metabólica é
determinado pela elevação dos triglicerídeos, elevação dos níveis de LDL e
diminuição dos HDL-colesterol.
Para Cambri et al. [30:1]
“dislipidemias são modificações no metabolismo dos lipídios que desencadeiam
alterações nas concentrações das lipoproteínas plasmáticas, favorecendo o
desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas”.
Os efeitos do
treinamento resistido sobre o perfil lipídico irá depender da relação entre
volume e intensidade do treinamento (volume é equivalente ao gasto calórico
pelo número de repetições e tempo de treino, já a intensidade é a energia
utilizada, ou seja, a velocidade que o exercício é realizado) que será imposta
e da individualidade do sujeito, mas há regulações significativas nos níveis
descritos no parágrafo acima [18,30-32].
Correia e Leal [33]
submeteram 5 indivíduos a treinos de 3 vezes na semana
a 70% de seu máximo de força, a partir de testes de 1RM – teste de repetição
máxima, o qual refere-se à maior quantidade de peso deslocado em um exercício
com a sua execução completa e correta – concluindo que o exercício resistido
age nas alterações fisiológicas das dislipidemias.
Treinamento
resistido, resistência à insulina e diabetes mellitus
A resistência à
insulina pode ser caracterizada pela deficiência da capacidade da insulina em
estimular a execução da glicose. Essa deficiência pode ser causada pela
incapacidade das células receptoras de glicose ou por defeito de algum
mecanismo pós-receptor (o que impede as células receptoras desempenhar as
funções corretamente, deixando de distribuir a glicose e armazenando-a). A
maior decorrência para a resistência à insulina é a obesidade central e
inatividade física [34-35]
Caracterização de
diabetes mellitus por Dorado [36:90]:
“É
chamado de diabetes mellitus grupo de doença metabólica caracterizada por hiperglicemiaresultante de defeitos na secreção e / ou ação
da insulina. Hiperglicemia crónica de diabetes se associa a complicações em
longo prazo como disfunção e insuficiência de vários órgãos, especialmente os
olhos, rins, nervos, vasos sanguíneos e coração.”
O treinamento
resistido irá resultar em melhorias no controle da glicemia pós-exercício,
redução de hemoglobina (proteína responsável pelo transporte do oxigênio para
os órgãos e tecidos), haverá diminuição de gordura visceral e subcutânea,
diminuirá os níveis de glicogênio sanguíneo (é o estoque de energia do
organismo, ou seja, forma pela qual a glicose é armazenada) obtendo assim uma
sensibilidade maior à insulina, aumento do número de GLUT-4 (transportadores de
glicose) e melhorando a atividade dos receptores e dos seus substratos
intracelulares [18,31,37-38].
Além dos benefícios
apontados acima, o treinamento resistido proporcionará ganho de massa muscular
e desenvolvimento de força muscular. Além de possibilitar usar vários
exercícios diferentes em máquinas variadas, reduzindo o risco de lesões e/ou
complicações vasculares periféricas [31].
Treinamento resistido
e hipertensão arterial
A hipertensão é
definida pelo aumento dos níveis de pressão arterial em repouso, está associada
às alterações metabólicas funcionais e/ou estruturais do coração, rins e vasos
sanguíneos [39].
Os valores
pressóricos considerados normais são de 120 mmHg para
a pressão arterial sistólica e 80 mmHg para a pressão arterial diastólica. O
aumento nos valores da PA caracteriza a hipertensão arterial sistêmica, sendo
considerados hipertensos indivíduos com PAS >140 mmHg
e/ou PAD > 90 mmHg [40].
A prática do treinamento
resistido diminui a pressão arterial, tanto sistólica como diastólica, eleva a
perfusão circulatória para os músculos em atividade, aumentando o débito
cardíaco e o volume sistólico. Minimiza o risco de doença arterial coronária,
acidentes vasculares cerebrais e mortalidade geral, proporcionando aos
indivíduos uma melhor qualidade de vida e previne a hipertensão arterial
[39-40].
Assim, o quadro 2 nos mostra uma sequência cronológica de estudos realizados
sobre o efeito do treinamento resistido em portadores de Síndrome Metabólica.
Quadro
2 – Estudos realizados sobre o efeito do
treinamento resistido em portadores de Síndrome Metabólica
A qualidade de vida é
basicamente a satisfação de um indivíduo em relação à sua vida cotidiana,
estando relacionada com a autoestima e o bem-estar. Contudo, para que isso
aconteça o indivíduo precisa ter uma boa alimentação bem como praticar
exercícios físicos.
Portanto, a
alimentação saudável traz ao organismo quantidades ideais de nutrientes e
vitaminas, consequentemente, o indivíduo poderá realizar a sua rotina com maior
disposição, além do mais, evitará diversas doenças. Nessa esteira de
raciocínio, o exercício físico tem como objetivo a manutenção e diminuição da
gordura corporal, acarretando maior disposição para atividades rotineiras,
sensação de bem-estar e, por fim, prevenir e tratar de várias doenças, conforme
visto.
O treinamento
resistido promove a recuperação das funções afetadas pela síndrome metabólica,
prevenindo os fatores de risco, trazendo uma melhora na qualidade de vida e,
consequentemente, um envelhecimento mais saudável.
Para finalizar,
deve-se apresentar que o estudo não buscou determinar por completo os
resultados, nem esgotar a temática discutida. De forma contrária, buscou
incentivar novos estudos sobre dos temas discutidos.