Rev Bras Fisiol Exerc 2018;17(3):156-164
doi: 10.33233/rbfe.v17i3.2298ARTIGO
ORIGINAL
Efeitos
dos recursos da fisioterapia dermatofuncional sobre a
perda de peso e sobre os marcadores de risco cardiovascular em pacientes obesos
Effects of resources of dermatofunctional
physiotherapy on weight loss and markers of cardiovascular risk in obese
patients
Carla Alimuse Beserra de Araújo, Ft.*,
Luciana Feitosa Holanda Queiroz, Ft.*, Adriane Sampaio Cavalcante**, Renata
Bessa Pontes, D.Sc.***
*Graduada
pelo Centro Universitário Christus (Unichristus), Fortaleza/CE, **Discente do curso de
Fisioterapia do Centro Universitário Christus (Unichristus) Fortaleza/CE, ***Orientadora do curso de
Fisioterapia do Centro Universitário Christus (Unichristus) Fortaleza/CE
Recebido em 7 de maio de 2018; aceito em 18 de setembro de 2018.
Endereço
de correspondência:
Renata Bessa Pontes, Rua Vereador Paulo Mamede, 130, Fortaleza CE, E-mail:
renatabessa@ufc.br; Carla Alimuse Beserra
de Araújo: carlaalimuseba@hotmail.com; Luciana Feitosa Holanda Queiroz:
luhqueiroz@hotmail.com; Adriane Sampaio Cavalcante: adrane.samp@hotmail.com;
Resumo
Introdução: A obesidade está
intimamente relacionada ao aumento da morbimortalidade, sendo considerada uma
epidemia global. Objetivos: Esta
pesquisa teve como objetivo analisar os efeitos dos recursos da fisioterapia dermatofuncional sobre a perda de peso e sobre os
marcadores de risco cardiovasculares. Métodos:
Foi realizada uma pesquisa comparativa, intervencionista, prospectiva de
caráter quantitativo no período de agosto de 2017 a março de 2018. A população
do estudo foi constituída por 19 pacientes com sobrepeso ou obesidade divididos
em 2 grupos: o grupo um que recebeu acompanhamento
endocrinológico e fisioterapia dermatofuncional, com
os recursos de endermologia, corrente russa, massagem
modeladora e ergometria e o grupo controle, sendo acompanhados somente pelo
endocrinologista e avaliados antes e após três meses. Resultados: Foi constatado que o grupo submetido à fisioterapia
mostrou redução de medidas de 15,4 cm dos dados antropométricos e de 24,4 mm de
adipometria com significância estatística (p <
0,01) com redução do índice de massa corpórea e da relação cintura/quadril ao
ser comparado com o grupo controle. Conclusão:
Foi constatado que o grupo com tratamento endocrinológico associado às técnicas
dermatofuncionais obteve melhores resultados que
somente com o acompanhamento endocrinológico, sugerindo a importância da
fisioterapia dermatofuncional sobre a perda de peso e
sobre os marcadores de risco cardiovasculares.
Palavras-chave: fisioterapia;
doenças cardiovasculares; obesidade.
Abstract
Introduction: Obesity is closely related to increased morbidity and mortality, being
considered a global epidemic. Objectives:
This study aimed to analyze the effects of dermatofunctional
physical therapy resources on weight loss and on cardiovascular risk markers. Methods: A comparative, interventional,
prospective, quantitative study was conducted between August 2017 and March
2018. The study population consisted of 19 overweight or obese patients divided
into two groups: the one group that received endocrinological
follow-up and dermatofunctional physical therapy,
with the resources of endermology, Russian current,
modeling massage and ergometry and the control group,
being followed only by the endocrinologist and evaluated before and after three
months. Results: We observed that the
group submitted to physical therapy showed a reduction of 15.4 cm in
anthropometric data and 24.4 mm in adipometry with
statistical significance (p <0.01), with reduction of body mass index and
waist / hip ratio when compared to the control group. Conclusion: It was verified that the endocrinological
treatment associated with the dermatofunctional
techniques obtained better results than only with the endocrinological
accompaniment suggesting the importance of dermatofunctional
physical therapy on the weight loss and on the cardiovascular risk markers.
Keywords: physical
therapy specialty; cardiovascular diseases; obesity.
A prevalência da
obesidade representa uma epidemia global, presente tanto em países
desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. O sobrepeso e a obesidade estão
intimamente relacionados ao aumento de morbidade e mortalidade. Mesmo com o
controle dos fatores de risco, como o diabetes melitus,
dislipidemias, síndrome metabólica e a hipertensão arterial, o risco de eventos
cardiovasculares permanece elevado. Assim, a obesidade é considerada um fator
de risco cardiovascular independente [1-3].
A obesidade e o
aumento da circunferência abdominal sobrecarregam o coração, aumentando o risco
de doenças cardíacas e acidente vascular encefálico. Essa sobrecarga cardíaca
pode ser minimizada com mudanças no estilo de vida, técnicas
cognitivo-comportamentais, farmacoterapia,
fisioterapia dermatofuncional e cirurgia bariátrica
[4-6].
A fisioterapia dermatofuncional auxilia na redução de medidas em pacientes
obesos, no pré e pós-operatório, utilizando técnicas
e recursos que trazem benefícios à saúde do paciente.
O índice de massa
corporal (IMC) é um dos instrumentos mais utilizados para avaliar o excesso de
peso e a obesidade, porém não reflete adequadamente a distribuição de gordura
corporal, o que tem sido fortemente correlacionado com risco cardiovascular. Já
a gordura abdominal é um dos fatores de risco em potencial para doença
cardíaca, independente da adiposidade corporal total [7,8]. Existem diversos
métodos para avaliar a distribuição de gordura entre eles a relação da medida
da circunferência abdominal e do quadril se destaca em virtude da sua fácil
execução, assim como da sua boa correlação com precisão na medida da gordura
abdominal [9].
Este estudo teve como
objetivos analisar os efeitos dos recursos terapêuticos da fisioterapia dermatofuncional sobre a perda de peso e sobre os
marcadores de risco cardiovascular em pacientes obesos, por meio de recursos
fisioterápicos dermatofuncionais e analisar a
resposta dos pacientes obesos ao tratamento fisioterápico.
Tratou-se de uma
pesquisa de caráter quantitativo, comparativa, intervencionista e prospectiva.
O estudo foi realizado no ambulatório de endocrinologia e no laboratório de
fisioterapia dermatofuncional do Centro Universitário
Christus, no período de agosto de 2017 a março de
2018.
Foram incluídos vinte
pacientes de ambos os sexos na faixa etária de 20 a 40 anos com sobrepeso ou
obesidade que aceitaram se submeter à entrevista inicial de avaliação e
reavaliação. Do total foi realizada uma amostragem aleatória. Dez pacientes
foram encaminhados ao ambulatório de fisioterapia dermatofuncional
com o objetivo de iniciar tratamento com recursos fisioterápicos dermatofuncionais (programa ergométrico e estético)
formando o grupo um (g1) durante três meses. Enquanto os outros dez indivíduos
que constituíram o grupo controle (g2) foram avaliados e reavaliados ao final
da pesquisa para acompanhamento, sem, entretanto, serem realizadas condutas
fisioterápicas, mas com o tratamento endocrinológico (figura 1).
Figura
1 - Fluxograma
Para coleta de dados,
foi utilizada uma ficha de avaliação que constou de informações referentes aos
dados de identificação, início do ganho de peso, fatores desencadeantes,
tratamentos realizados, hábito alimentar, prática de exercícios físicos,
história de tabagismo, presença de co-morbidades,
antecedentes familiares de obesidade e de doenças cardiovasculares e o exame
físico.
Os dados
antropométricos foram devidamente aferidos: o peso, em balança digital Filizola; a altura, em estadiômetro
Harpeden; as medidas da circunferência abdominal com
o auxílio de fita métrica, avaliando as medidas da circunferência umbilical, na
cintura com 5 e 10cm acima e 5cm abaixo da cicatriz
umbilical (abdome) e a circunferência do quadril; e as dobras cutâneas, com adipômetro como recomendado pela Diretriz Brasileira de
Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica [10].
Foi realizado também
o cálculo do IMC utilizando as medidas de peso e altura e a avaliação da
composição corporal através das medidas das dobras cutâneas do tríceps
braquial, suprailíaca e abdome para homens adultos.
Para mulheres adultas, foi aferida a taxa de gordura corporal pelas medidas das
dobras cutâneas do subescapular, supra ilíaca e coxa,
realizadas com o adipômetro.
Todos os pacientes
foram submetidos à orientação alimentar e, quando indicado, ao uso de drogas
anorexígenas, condutas realizadas pelo endocrinologista como acontece em rotina
no ambulatório.
No tratamento
fisioterápico dermatofuncional, os pacientes do grupo
um (g1) foram submetidos a uma avaliação fisioterápica das patologias dermatofuncionais para obesidade, no início e ao final dos
trinta atendimentos. A avaliação da gordura com uso do adipômetro
foi realizada nas cinco medidas supracitadas para realização da composição da
porcentagem de gordura antes e após o tratamento.
Nos atendimentos, os
pacientes (g1) foram submetidos a recursos dermatofuncionais
como endermologia, no modo contínuo com pressão
negativa de -150 a -300 mmHg, conforme a tolerância do
paciente, em um tempo de 15min; em seguida foi aplicado a corrente russa com
frequência de 50hz, com tempo de subida e descida da corrente (rise/decay) de 2 seg, tempo de contração e relaxamento, ambos de 15
segundos, por um tempo de 15 min e foi realizada a massagem modeladora,
utilizando as técnicas de alisamento, torcedura, amassamento metacarpofalangiana e effleurage, por um período de 15
min na região abdominal, onde foi utilizado creme para massagem modeladora com
princípio ativo de centella asiática, trietanolamina e cafeína. Após a aplicação dos recursos, os
pacientes realizaram um programa ergométrico crescente em tempo de utilização
com esteira eletrônica fit wake por 30
min.
Os pacientes do grupo
dois (g2) foram acompanhados no ambulatório de endocrinologia como grupo
controle sem a realização da fisioterapia dermatofuncional.
Os dados obtidos
foram analisados através de distribuição percentual das respostas fornecidas
para cada questão, em relação à população utilizada no trabalho utilizando o
programa estatístico prism
5.0 (p < 0,05) com two-way anova, com pós-teste de
Bonferroni.
O protocolo para
realização de pesquisa em seres humanos número 053/2011, aprovado pelo comitê
de ética em pesquisa do centro universitário atestando que o projeto está
dentro das normas que regulamentam a pesquisa em seres humanos, do Conselho
Nacional de Saúde – Ministério da Saúde, resolução no. 466/2012.
Dos dez participantes
que foram avaliados e tratados com técnicas fisioterápicas no grupo 1 (com intervenção), nove concluíram o tratamento e um
desistiu por problemas pessoais. A análise dos dados obtidos nas avaliações
sobre os dados antropométricos referentes ao IMC, às medidas da circunferência
abdominal e pregas cutâneas foram expostas em forma de
gráficos para comparar os resultados de antes e depois do tratamento
fisioterápico.
Todos os pacientes do
g1 iniciaram o tratamento com IMC acima do normal, com média de 30,5 ± 4,23, 4 tinham sobrepeso e 6 tinham obesidade grau I, ao fim do
tratamento todos permaneceram no mesmo grau de obesidade mais com valores
menores, diminuindo para uma média de 29,9.
A média dos valores
da cicatriz umbilical foi de 101,4 cm no início da intervenção e ao final foi
de 98,1 cm com diminuição de 3,3 cm. Da cintura a 10 cm acima da cicatriz
umbilical no início do tratamento, a média geral foi de 91,1 cm e ao final os pacientes
tiveram uma média 88,1 cm, ou seja, a perda foi de 3
cm. Em relação à circunferência de 5 cm acima da
cicatriz umbilical, a média foi de 93,8 cm no início e no final foi para 89,7
cm onde a perda foi de 4,1 cm. No abdome, em 5 cm
abaixo da cicatriz umbilical, a perda da circunferência do quadril foi de 2,5
cm com média inicial de 100,5 cm e final de 98,0 cm. E a redução de medidas do
quadril foi de 100,5 para 98,0 cm com perca de 2,5 cm (figura 2). Seja uma
diminuição total de 15,4 cm.
IMC = índice de massa
corporal
Figura
2 – Avaliações dos dados antropométricos do
grupo com intervenção fisioterápica antes e depois dos atendimentos. Média
total de redução de medidas de 15,4 cm
Para análise das
medidas de índice cintura quadril (ICQ), e das cinco pregas cutâneas pode-se
observar que a relação cintura/quadril estava acima do que é recomendado pela
OMS, na qual o normal para os homens é até 1,0 cm e para as mulheres 0,8 cm. A
média geral antes do tratamento foi de 1,2 cm e após o tratamento obteve uma
melhora para 0,9 cm indicando menor risco de doenças cardiovasculares.
As medidas realizadas
para avaliar a gordura localizada foram realizadas utilizando o adipômetro. A mensuração da média de subescapular foi de
30,1 mm e ao final foi de 25,9 mm com perda geral de 4,2 mm com significância
estatística (p < 0,05). Já no do tríceps braquial, foi identificada uma
média inicial de 30,1 mm e média final de 27,9 mm com redução de 2,2 mm, mas
não obteve significância estatística. E as médias abdominal, supra ilíaca e coxa obtiveram melhora significativa (p < 0,01) com perda
de 7,4 mm, 6,6 mm e 4 mm respectivamente (figura 3).
ICQ = índice de
relação cintura/quadril; *p < 0,05; **p < 0,01, two-way
anova, com pós-teste de Bonferroni
Figura
3 – Avaliações do ICQ e adipometria
do grupo com intervenção fisioterápica antes e depois dos atendimentos. Média
total de redução de medidas de 24,4 mm
O g2 (sem
intervenção) foi constituído por dez participantes, os quais foram avaliados
duas vezes, sem nenhuma atuação fisioterápica, apenas acompanhamento. A média
geral do IMC inicial desses pacientes foi 31,2 e na segunda avaliação foi de
31,5 obtendo um pequeno aumento.
A média da
circunferência umbilical obteve um leve aumento de 1,7 cm. Na medida da cintura
de 10 cm acima da cicatriz umbilical houve, também, um leve aumento de 0,5 cm,
assim como 5 cm acima da cicatriz umbilical, no abdome
e quadril, com leves aumentos de 1,1 cm, 1,5 cm e 1,1 cm, respectivamente
(figura 4).
IMC = índice de massa
corporal
Figura
4 – Avaliações e reavaliações dos dados
antropométricos do grupo controle (sem intervenção)
Na análise das
medidas de ICQ, e das cinco pregas cutâneas do g2 (sem intervenção) pode-se
observar que a relação também estava acima do que é recomendado pela OMS. A
média geral antes do tratamento foi de 1,4 cm e após o tratamento obteve uma
melhora para 1,0cm indicando menor risco de doenças cardiovasculares, porém a
redução não foi tanto quanto no grupo com intervenção.
A mensuração por adipômetro da região subescapular foi de média de 31,1 mm e
ao final foi de 32,9 mm com ganho de 1,8 mm. Já no do
tríceps braquial, foi identificada uma média inicial de 29,1 mm e média final
de 28,9 mm e na suprailíaca inicial de 32,2 mm e
final de 33,6 com leve aumento de 0,2 mm e 1,4 mm, respectivamente. E as médias
abdominal e coxa com reduções de 1,4 mm e 1 mm. Dados sem significância estatística (figura 5).
ICQ = índice de
relação cintura/quadril
Figura
5 – Avaliações e reavaliações do ICQ e adipometria do grupo controle (sem intervenção)
Desde 1975, a
Organização Mundial Saúde passou a considerar a obesidade, em conjunto com a
diabetes e a arteriosclerose, como problemas de saúde pública nos países
desenvolvidos. Devido à superalimentação e de um estilo de vida inadequado a obesidade pode ser considerada como uma das enfermidades
que pode estar presente em todas as faixas etárias [11,12].
Como conduta de
tratamento existem inúmeros recursos dermatofuncionais
usados para gordura localizada, e um deles é a massagem modeladora que é uma
técnica manual realizada através de movimentos fortes com maior pressão,
produzindo um efeito mecânico, a fim de mobilizar e esvaziar as células
adiposas, além de tonificar a musculatura local. Nessa técnica, são utilizados
cremes que facilitam o manuseio do tecido adiposo, constituídos de princípios
ativos que auxiliam na eliminação da gordura [13].
A massagem mecânica
não invasiva do contorno corporal altera a distribuição da gordura subcutânea
ou gordura localizada, por tracionar verticalmente os tecidos. Então,
entende-se que as gorduras não são eliminadas, mas deslocadas, justificando o
motivo da perda de peso dos pacientes do grupo que sofreu intervenção não ter
sido significativa ao analisar o IMC [14].
Outros recursos
indicados no tratamento da gordura localizada são os eletroterápicos,
como a endermologia e a corrente russa que, juntos,
proporcionam efeitos semelhantes ao da massagem modeladora. A endermologia consiste em uma técnica que envolve aparelhos
específicos, baseados na sucção, realizando mobilização tecidual profunda, o
que permite uma circulação sanguínea superficial satisfatória. Já a corrente
russa, trata-se de uma estimulação elétrica neuromuscular de média frequência,
que trabalha as fibras musculares vermelhas, responsáveis pela sustentação do
corpo, melhorando a tonicidade muscular e o fluxo sanguíneo [15,16].
A corrente russa é um
recurso bastante utilizado para o fortalecimento muscular tanto em pacientes
saudáveis como em pacientes em pós-operatório. Como efeitos fisiológicos produz
melhores resultados quando associada a exercícios de contração muscular ativa
promovendo respostas mais eficientes do que os exercícios isolados. No entanto,
o presente estudo não teve como objetivo o fortalecimento muscular, mas foi
observado que a mesma associada com o tratamento proposto, teve um valor
significativo para a redução de medidas [16]. Porém, podemos observar que mesmo
os locais que não receberam intervenção direta como a região subescapular,
tríceps e coxa, obtiveram resultados significantes em relação aos locais que
sofreram intervenção direta como o abdome. Os pacientes que participaram desse
grupo de tratamento ficaram bastante satisfeitos com o resultado e muitos deles
relataram que iriam continuar a re-educação
alimentar associada aos exercícios físicos para manter a forma, o bem-estar e a
saúde.
Usando as referidas
técnicas da pesquisa combinadas, obtiveram-se resultados positivos, em geral,
com diminuição em todas as circunferências e pregas cutâneas. Dados semelhantes
aos de Migotto e Simões [17], que constataram em seu
estudo resultados satisfatórios para o uso de massagem modeladora combinada a
outros recursos.
O tecido adiposo é
composto por adipócitos que aumentam em quantidade no primeiro ano de vida e na
adolescência, período marcado pelo grande risco de se adquirir a obesidade,
devido à multiplicação acelerada das células adiposas e pelas alterações
emocionais, má alimentação e o sedentarismo [18]. O sedentarismo pode levar à
flacidez muscular, que pode ocasionar dificuldade de circulação de retorno, com
redução do fluxo sanguíneo o que pode levar a ativação da lipogênese. Em vista
disso a gordura localizada não deve ser considerada apenas como uma desordem
estética, e sim como uma alteração patológica [19].
Além
dos recursos
fisioterápicos, a participação em esportes e o
aumento da atividade física são
frequentemente recomendados no tratamento da obesidade, acompanhadas de
orientação e educação alimentar. A
ingestão energética inadequada também está
associada à ingestão marginal de macro e micronutrientes,
principalmente de
carboidratos, piridoxina, cálcio, folato, zinco e
magnésio, havendo consequências prejudiciais sobre o crescimento, tais como o
aumento do risco de doenças e a diminuição da taxa metabólica [20]. Por isso, o
grupo de tratamento, que realizou a atividade na esteira ergométrica, obteve
melhor resultado que o grupo controle.
Os mecanismos pelos
quais o excesso de peso e, sobretudo, a gordura visceral afetam o sistema cardiovascular
incluem não somente o efeito indireto das comorbidades
sobre a vasculatura (dislipidemia, hipertensão,
apneia do sono, insulino-resistência), mas também o
aumento da inflamação sistêmica e o alto turnover dos
ácidos graxos livres com seus efeitos lipotóxicos.
Também é citado o grau de comprometimento metabólico determinado e risco pela
obesidade, que podem ser mensurados pela avaliação clínica ou laboratorial
[20,21].
Existem múltiplas
relações entre atividade física e obesidade. A atividade física diminui o risco
de obesidade, atuando na regulação do balanço energético, influencia a
distribuição do peso corporal, preservando ou mantendo a massa magra, além dos
seus efeitos na redução do peso [22].
Fatores psicossociais
e baixa aptidão física podem diminuir a motivação da pessoa obesa para a
atividade física. A hipoatividade física cria um ciclo vicioso: inatividade – balanço calórico positivo –
obesidade – diminuição da atividade física – maior inatividade. Desde pequena,
a criança deve ser incentivada a uma vida mais ativa, pois o exercício
realizado precocemente durante o período de crescimento previne a formação de
novas células adiposas [23].
A criança em
tratamento para a obesidade deve associar a ingestão calórica à prática de atividade
física de baixa intensidade e larga duração, levando-se em consideração o
aspecto recreacional. A perda de peso e os efeitos
positivos cardiovasculares e respiratórios resultantes do condicionamento
físico em obesos produzem diminuição do esforço fisiológico durante o
exercício. No aspecto psicossocial, promove a melhora da autoimagem,
autoconfiança, sociabilidade, além de menor percepção do esforço [24-26].
E o sedentarismo
aumenta o risco de doenças e diminui a taxa metabólica. Por isso, também, o
grupo de tratamento, que realizou a atividade na esteira ergométrica, obteve
melhor resultado que o grupo controle [27-29]. Uma provável limitação deste
estudo seria um adequado acompanhamento nutricional e de atividade física para
ambos os grupos, pois o grupo de tratamento pode ter tido melhores resultados,
pois, além do acompanhamento fisioterápico, foram estimulados a manter
adequadamente a dieta alimentar, fato não observado no grupo não tratado que
praticamente não houve alteração das medidas.
Conclui-se que o
grupo que utilizou as referidas técnicas do estudo combinadas, tratamento
endocrinológico associado às técnicas dermatofuncionais,
obteve resultados mais satisfatórios, em relação à perda de medidas e a redução
de risco dos marcadores, do que o grupo que utilizou somente o tratamento
endocrinológico.
O estudo teve seu
valor significativo demonstrando que os recursos da fisioterapia dermatofuncional não são utilizados somente para estética
corporal, mas também para promover saúde, se for usado de forma consciente e
responsável. Esse estudo pode ser visto como uma forma de incentivar as pessoas
a se preocupar mais com a saúde e não somente com a estética corporal.