Rev Bras Fisiol Exerc 2018;17(1):19-26
doi: 10.33233/rbfe.v17i1.2366
ARTIGO
ORIGINAL
Efeito
do treinamento isométrico específico de pegada em atletas de jiu-jitsu
Effect of isometric training specific footprint in athletes of jiu-jitsu
Cleginaldo dos Santos Júnior*,
Clarice Maria de Lucena Martins**, Vanessa Montenegro*, Leonardo Emmanuel
Medeiros Lima***, Alcidemar Lisboa de Carvalho
Júnior****, Felipe Brandão dos Santos Oliveira****,
Luís Filipe Gomes Barbosa Pereira de Lemos****
*Graduado
em Educação Física, Centro Universitário de João Pessoa – Unipê,
João Pessoa/PB, **Docente do curso de Educação Física da Universidade Federal
da Paraíba, João Pessoa/PB, ***Docente do curso de Educação Física,
Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo/SP, ****Docente da graduação em
Educação Física, Centro Universitário de João Pessoa – Unipê,
João Pessoa/PB
Recebido em 25 de
outubro de 2017; aceito em 12 de dezembro de 2017.
Endereço
de correspondência:
Luís Filipe Gomes Barbosa Pereira de Lemos, Rua José Ferreira Ramos, 68/1503,
Edifício Bella Vitta, João
Pessoa PB, E-mail: luis.training75@gmail.com;
Cleginaldo dos Santos Júnior:
jrsantos.trainer@hotmail.com; Clarice Maria de Lucena Martins:
claricemartinsufpb@gmail.com; Vanessa Montenegro:montenegrovanessa@outlook.com;
Leonardo Emmanuel Medeiros Lima: leonardolimadocente@gmail.com; Alcidemar Lisboa de Carvalho Júnior:
sensei_junior_pb@hotmail.com; Felipe Brandão dos Santos Oliveira:
fe_brandaojp@hotmail.com
Resumo
Introdução: A força de preensão
manual é um fator de grande influência no desempenho competitivo na prática do
jiu-jitsu. Objetivos: Avaliar o
efeito de um treinamento específico de força isométrica máxima de pegada
utilizando o quimono em atletas de jiu-jitsu. Métodos: A característica da pesquisa foi experimental de caráter
quantitativo. Foram avaliados 20 atletas de jiu-jitsu do sexo masculino de
nível competitivo nacional e estadual, com graduações faixa azul, roxa e preta.
A média de idade foi de 28,2 ± 5,1 anos, o peso de 78,8 ± 12,8 kg e o tempo de
prática esportiva de 9,1 ± 6,2 anos. A intervenção aplicada ao grupo
experimental teve a duração de 4 semanas, realizada 3
vezes por semana. No protocolo de treinamento cada atleta realizou 4 séries de contração isométrica máxima de 6 segundos com
intervalo de recuperação de 2 minutos. Resultados:
Os resultados do estudo demonstraram que a intervenção produziu resultados
significativos na força de preensão manual no grupo experimental (p < 0,05)
o que não ocorreu no grupo de controle (p > 0,05). Conclusão: Conclui-se que um treinamento de força isométrica máxima
pode ser um fator importante para a estrutura e planejamento de um programa de
treinamento em atletas de esportes que necessitam de elevada força da preensão
manual.
Palavras-chave: dinamometria;
força isométrica máxima; preensão manual.
Abstract
Background: The handgrip is a very influential factor in the competitive
performance of jiu-jitsu. Objectives:
To evaluate the effect of a footprint maximum isometric strength training using
the kimono athletes jiu-jitsu. Methods: This study was experimental and quantitative. Twenty
athletes attended this sample from jujitsu male national and state level
competitive with blue purple and black belt graduations, mean age 28.2 ± 5.1
years, weight 78.8 ± 12.8 kg, height 1.74 ± 0.05 cm and time of sports practice
9.1 ± 6.2 years. The intervention applied to the experimental group had
duration of 4 weeks performed 3 times a week. Following the training protocol,
the athlete performed 4 sets of maximal isometric contraction of 6 seconds with
a 2 minute recovery intervals. Results:
The study results showed that the intervention produced significant results in
handgrip strength in the experimental group (p < 0.05) but not in the
control group (p > 0.05). Conclusion:
It concludes that a maximum isometric strength
training can be an important factor in the structure and planning a training
program for sports athletes who need high strength of handgrip.
Keywords: dynamometer;
isometric strength; manual hold.
Em determinadas
modalidades esportivas, a força de preensão manual é frequentemente utilizada.
Considerando que cada prática esportiva tem características específicas e
direcionadas para aspectos funcionais do gesto motor, morfológico e
bioenergético. Os esportes de combate são caracterizados por exigirem um
elevado esforço intermitente e acíclico [1]. Do ponto de vista bioenergético, a
potência aeróbia contribui para manter uma alta intensidade ao longo da luta,
retardar a fadiga e facilitar o processo de recuperação entre os combates [2].
Porém, o jiu-jitsu é
um esporte que envolve grandes demandas de energia, que não podem ser
fornecidas unicamente pelo metabolismo oxidativo [3].
Desse modo, o atleta realiza esforços intermitentes de alta intensidade,
envolvendo períodos de pausas e estímulos de alta magnitude de força. A pegada
para o domínio do adversário, por exemplo, é caracterizada pela elevada
participação do metabolismo anaeróbio, utilizando uma significativa produção de
força proporcionada pela própria dinâmica dos movimentos realizados durante a
luta [4,5].
No que se diz
respeito às capacidades biomotoras, a manifestação da
resistência de força isométrica é considerada uma das mais relevantes para o
desempenho no jiu-jitsu brasileiro [6]. Vecchio e colaboradores [7] observaram
que na modalidade do jiu-jitsu, os atletas necessitam de elevada força
isométrica, geral e localizada. O seu desenvolvimento é determinante
principalmente para o domínio e sustentação da pegada, possibilitando a
realização de posições e/ou para o controle do espaço e movimentação do
oponente [8]. No judô, Fleck e Simão [9] relatam a exigência frequente de ações musculares
isométricas, o que demonstra a necessidade de incluir no programa um
treinamento isométrico.
Segundo Neto e Dechechi [10], para que os lutadores de jiu-jitsu possam
suportar altos níveis de fadiga muscular e conquistar ótimos resultados durante
as lutas, é necessário realizar treinamentos específicos para o desenvolvimento
da força isométrica e potência muscular. Zatsiorsky
[11] sugere que o método de treinamento isométrico de força máxima deve ser
incluído no máximo em um ou dois mesociclos. As
sessões de treinamento não devem ultrapassar mais que 10 a 15 minutos na
realização do exercício isométrico. Inicialmente, a prioridade deve ser as
ações musculares dinâmicas para seguidamente utilizar as posições estáticas
[12].
A aplicação do método
de treinamento isométrico é caracterizada pela curta duração de tempo de
treino, podendo ser realizado em locais que não necessitam de utilizar
equipamentos sofisticados e consequentemente dispendiosos. Esse método de
treinamento geralmente é utilizado por atletas de elevado nível competitivo,
mesmo em esportes que são caracterizados por movimentos dinâmicos, deve ser
estruturada e planejada conforme a especificidade do movimento e amplitude
anatômica articular desejada [13].
Não foram encontrados
estudos relevantes direcionados à análise do efeito do treinamento de força
isométrica máxima específica de pegada em atletas de jiu-jitsu de nível
competitivo. Dentre os diversos estudos envolvendo atletas de esportes de
combate enfatizando a avaliação e análise de força específica, Domingues et al. [14] afirmam existir uma carência
em publicações de estudos científicos relacionados ao treinamento específico e
preparação desportiva de alto nível para o jiu-jitsu.
Sendo assim, o
objetivo da pesquisa foi avaliar o efeito de um treinamento de força isométrica
máxima específica de pegada utilizando o quimono em atletas do jiu-jitsu de
nível competitivo nacional e estadual, podendo comparar os níveis de força
isométrica máxima de preensão manual entre membros direito e esquerdo,
dominante e não dominante.
A aquisição de tais
informações é de extrema relevância para o melhor planejamento do processo de
treino, bem como para potencializar as ações desenvolvidas por atletas de alto
rendimento.
A característica da
pesquisa foi experimental quantitativa. A amostra teve como participantes 20
atletas de jiu-jitsu do sexo masculino de nível competitivo nacional e estadual
entre as graduações de faixa azul, roxa e preta com ritmo de treinamento mínimo
de 3 horas por dia, 5 a 7 vezes por semana, os mesmos foram separados em dois
grupos distintos denominados grupo controle composto por 10 atletas e grupo
experimental também composto por 10 atletas. A colocação dos participantes nos
grupos foi realizada de forma aleatória, através do programa Research Randomizer.
Os indivíduos possuíam média de idade entre 28,2 ± 5,1 anos, peso 77,8 ± 12,8
kg, altura 1,74 ± 0,05 cm e tempo de prática esportiva de 9,1 ± 6,2 anos. Os
participantes da pesquisa atenderam ao seguinte critério de elegibilidade: não
apresentarem lesão articular ou que pudesse interferir nas avaliações e no
protocolo experimental. Seriam excluídos da pesquisa os participantes que
relatassem utilização de substâncias ergogênicas que
interferissem no resultado da pesquisa. Todos os participantes assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de acordo com a resolução
466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. O estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em pesquisa (n° CAAE 50786115.0.0000.5176).
Procedimento
experimental
No procedimento da
pesquisa foi aplicada uma intervenção metodológica para o grupo experimental,
realizando um treinamento de força isométrica máxima específica de pegada.
Nessa intervenção o atleta envolvia o quimono na barra fixa para efetuar a pegada
específica com o cotovelo totalmente flexionado realizando a contração
isométrica máxima em suspensão, um auxiliador procurava garantir que o atleta
fizesse um esforço máximo, provocando uma força descendente contrária ao
movimento durante uma contagem cronometrada de 6 segundos. Foram realizadas 4 séries de 6 segundos com intervalos de recuperação de 2
minutos; o período de intervenção foi de 4 semanas. Para assegurar uma melhor
transição no processo da suspensão do atleta e do auxiliador foi recomendada,
dependendo da altura da barra fixa, a utilização de uma caixa ou step, assim facilitando a volta para o repouso e
recuperação.
Como instrumento de
avaliação da força de preensão manual, foi utilizado o Dinamômetro Power Din Standard - CEFISE. Em sua realização foram mensuradas 3 tentativas da força máxima de preensão manual seguindo
como referência o protocolo da Sociedade Americana de Terapia da Mão (ASHT). A
realização da mensuração da preensão manual foi realizada com 3 segundos de
contração máxima e 60 segundos de intervalo para recuperação do atleta [15].
Para a avaliação dos dados foi utilizada a mediana. Ambos os grupos foram
sujeitos a dois momentos de avaliação: pré e pós-
programa experimental.
Tratamento
estatístico
Para a análise
estatística dos dados foi utilizado o software Scientific Package for Social Science (SPSS) versão
21. Os dados foram avaliados quanto à normalidade e à homogeneidade. Para
analisar as diferenças entre pré e pós-intervenção
foi utilizado o teste não paramétrico de medidas emparelhadas Wilcoxon e o nível de significância foi estabelecido p <
0,05.
Tabela
I – Valores pré e
pós-intervenção da Fmax de preensão manual da mão
direita, desvio padrão e mensuração mínima e máxima em atletas de jiu-jitsu
grupo experimental
n = tamanho da
amostra. Valores apresentados como média ± desvio padrão, mensuração mínima e
máxima da força. *p<0,05 diferença significante da força máxima de preensão
manual pós intervenção no grupo experimental; Fmax = Força máxima
Tabela
II –
Teste não paramétrico de medidas
emparelhadas de Wilcoxon do grupo experimental
Estão expostos os
valores obtidos com o teste não paramétrico de medidas emparelhadas de Wilcoxon, utilizado para comparar os valores de força máxima
nos momentos pré e pós intervenção
no grupo experimental
Tabela
III
– Fmax de preensão manual pré
e pós-avaliação do membro dominante e não dominante, desvio
padrão e mensuração mínima e máxima em atletas de jiu-jitsu grupo experimental
n = tamanho da
amostra. Valores apresentados como média ± desvio padrão, mensuração mínima e
máxima da força. *p<0,05 diferença significante da força máxima de preensão
manual pós intervenção; Fmax
= Força máxima
Tabela
IV –
Teste não paramétrico de medidas emparelhadas
de Wilcoxon pré e
pós-avaliação entre membro dominante e não dominante do grupo experimental
Estão expostos os
valores obtidos com o teste não paramétrico de medidas emparelhadas de Wilcoxon, utilizado para comparar os valores de força
máxima entre a mão dominante e não dominante nos momentos pré
e pós intervenção no grupo experimental
Tabela
V – Valores pré e
pós-intervenção da Fmax de preensão manual da mão
direita e esquerda, desvio padrão e mensuração mínima e máxima em atletas de
jiu-jitsu grupo controle
n = tamanho da
amostra. Valores apresentados como média ± desvio padrão, mensuração mínima e
máxima da força; Fmax = Força máxima
Tabela VI – Teste
não paramétrico de medidas emparelhadas de Wilcoxon
do grupo controle
Estão expostos os
valores obtidos com o teste não paramétrico de medidas emparelhadas de Wilcoxon, utilizado para comparar os valores de força
máxima nos momentos pré e pós
intervenção no grupo controle
Tabela
VII
– Fmax de preensão manual pré
e pós-avaliação do membro dominante e não dominante, desvio
padrão e mensuração mínima e máxima em atletas de jiu-jitsu grupo controle
n = tamanho da
amostra. Valores apresentados como média ± desvio padrão, mensuração mínima e
máxima da força; Fmax = Força máxima
Tabela
VIII
– Teste não paramétrico de medidas
emparelhadas de Wilcoxon pré
e pós-avaliação entre membro dominante e não dominante do grupo controle
Estão expostos os
valores obtidos com o teste não paramétrico de medidas emparelhadas de Wilcoxon, utilizado para comparar os valores de força
máxima entre a mão dominante e não dominante nos momentos pré
e pós intervenção no grupo controle
Os resultados
mostraram aumento significativo (p < 0,05) em ambos os membros mão direita e
mão esquerda, assim como nos membros dominante e não dominante dos atletas de
jiu-jitsu que realizaram a intervenção, como mostram as tabelas I, II, III, IV
os valores e resultados obtidos nos testes de preensão manual pré e pós-avaliação do grupo experimental. Assim, desse
modo demonstramos que a nossa hipótese de que o treinamento específico de força
isométrica máxima de pegada utilizando o quimono pode ser uma excelente
estratégia quando o objetivo é aumentar o nível de força de preensão manual em
atletas de jiu-jitsu. Já no grupo controle demonstrado nas tabelas V, VI, VII e
VIII os resultados não apresentaram diferenças significativas (p > 0,05) em
ambos os membros mão direita e mão esquerda e também em membros dominante e não
dominante do momento pré e pós-protocolo, o que
destaca a importância de um treinamento específico, como foi realizado pelo
grupo experimental. Com isso, evidenciamos a eficácia do método de treinamento
isométrico específico de pegada aplicado aos atletas de jiu-jitsu durante o
período de 4 semanas.
A utilização da barra
com quimono vem sendo recomendada como exercício como forma de treinamento da
resistência de força isométrica e dinâmica [13]. Outros estudos demonstram que
o teste na barra com quimono possui alta reprodutibilidade e confiabilidade na
mensuração da resistência de força isométrica em atletas de jiu-jitsu
brasileiro [16-18]. No que diz respeito ao comportamento da força isométrica
máxima e da resistência de força isométrica, demonstra-se que após simulação de
luta e sessão de treino, ambas são afetadas de maneira negativa [19,20]. No
estudo de Da Silva et al. [19], por exemplo, houve redução de
24% (p < 0,0001; EF = 1,2) no tempo máximo de sustentação na barra com
quimono, o que corrobora nosso estudo na importância da força isométrica nas
lutas de jiu-jitsu.
Em pesquisa realizada
por Neto e Dechechi [10], relacionada ao desempenho e
rendimento do atleta, foi avaliado o efeito do treinamento de resistência
anaeróbica em atletas de jiu-jitsu, e verificadas as capacidades físicas de
força de preensão manual e potência muscular de membros superiores e inferiores
após quatro semanas de intervenção. Os autores evidenciaram que o método de
treinamento isométrico específico aplicado não obteve resultados significativos
para a força de preensão manual, pois os valores médios coletados pré e pós-intervenção obtiveram diminuição de
aproximadamente 11,5%. Essa redução foi possivelmente ocasionada pela
realização dos períodos de oito a quinze segundos em média de contração
isométrica durante a execução do exercício. Portanto, baseados nas diretrizes
que preconizam que o treinamento isométrico deve utilizar intensidade de
esforço máximo entre 5 e 6 segundos realizando
intervalo de recuperação aproximadamente de 1 a 3 minutos, com frequência semanal
de 4 a 6 vezes, quando o objetivo é elevar a força máxima. Podemos cogitar que
o protocolo acima pode ter sido excessivo para melhoria da capacidade física e
ter promovido uma superior adaptação do ponto de vista da resistência de força
localizada, mais do que um aumento significativo da força máxima. Sendo assim,
sugerimos que o tempo ideal para realização da intensidade de esforço máximo
isométrico em determinado treinamento específico objetivando aumento do nível
de força isométrica máxima seja entre 5 e 6 segundos.
No presente estudo as
tabelas III e IV demonstram resultados e diferenças significativas (p >
0,05) entre membro dominante comparativamente ao membro não dominante em
relação à força de preensão manual em atletas de jiu-jitsu do grupo
experimental. Observou-se na comparação relacionada ao período pré-avaliação de
membro dominante 50,2 ± 6,5 Kgf entre não dominante 48,8 ± 5,4 Kgf,
predominância de força para membro dominante. Já na comparação do resultado
pós-avaliação de membro dominante 52,5 ± 6,6 Kgf e não dominante 50,7 ± 5,7
Kgf, foi constatado aumento significativo do nível de força isométrica máxima
de preensão manual em ambos os membros.
No grupo controle,
comparando o período pré-avaliação de membro dominante 47,3 ± 6,2 Kgf entre
membro não dominante 44,7 ± 5,2 Kgf, observou-se nível de força elevado para
membro dominante. Realizando comparação do resultado da pós-avaliação de membro
dominante 47,0 ± 6,6 Kgf e não dominante 44,9 ± 4,5 Kgf, foi constatado que não
houve diferença significativa no aumento do nível de força isométrica máxima de
preensão manual em ambos os membros (p > 0,05) quando comparados com os
valores pré-avaliação. O grupo controle manteve valores médios como mostram as
tabelas VII e VIII, resultados estatisticamente não significativos. A não
obtenção de elevado nível de força isométrica máxima de preensão manual no
membro não dominante pode estar relacionada à existência da compensação do
membro durante o esforço físico, bem como foi observado durante os testes
predominância da mão direita como sendo membro dominante entre os atletas.
Em pesquisa de
Oliveira et al. [20] na qual se avaliaram os níveis
de força palmar em atletas de jiu-jitsu com objetivo de verificar diferença
entre os níveis de ganhos de força isométrica máxima absoluta, membro dominante
e não dominante e realização do teste máximo de sustentação na barra com
quimono. Ao analisar a dominância entre mão direita e esquerda, os autores
observaram que atletas destros obtiveram níveis baixos de força isométrica
máxima em sua dominância, apresentando valores elevados na mão esquerda, membro
não dominante. Também constataram que a graduação do atleta não influencia na
força de preensão palmar.
Em estudo realizado
por Franchini et al. [21], foram analisados os níveis de
força isométrica de preensão manual em membros dominante e não dominante de 22
atletas de jiu-jitsu após realização de esforço físico durante luta de 5
minutos. Inicialmente, os autores constataram que os atletas não possuem
elevada força de preensão manual quando comparados com a média da população,
54,2 ± 6,7 kgf na mão direita e 51,4 ± 6,1 kgf na mão esquerda e ao analisar os
níveis de força entre a dominância, observaram que o nível de força do membro
dominante foi superior. Corroborando pesquisa de Andreato
et al. [17] compararam a força isométrica
máxima (FIM) de preensão manual em atletas de jiu-jitsu brasileiro com
diferentes graduações nos momentos pré e pós-luta em
competição oficial. Os resultados demonstraram uma queda significativa de 11%
para mão direita e de 16% para a esquerda na FIM
pós-combate.
O presente estudo
corrobora as pesquisas referenciadas anteriormente que identificam que os
atletas de jiu-jitsu não possuem níveis elevados de força de preensão manual,
também quando comparado as graduações específicas e o
tempo da prática esportiva. Como objetivamos no estudo apenas analisar o grupo
em um todo, não foi realizado tratamento estatístico individualizado. Porém, em
nosso estudo durante as coletas foi observado um comportamento diferenciado e
individualizado referente ao nível de força de preensão manual entre os atletas
de jiu-jitsu. Diante desta observação, sugerimos futuros estudos pertinentes.
Em pesquisa, Gasparotto et al. [22]
analisaram durante uma competição oficial de jiu-jitsu a força de preensão
manual de 52 atletas, divididos entre idades 18 e 23 anos, 24 e 29 anos e 30
anos ou mais, envolvendo as graduações branca, azul e roxa. Os autores
realizaram duas coletas de medidas de preensão manual em cada atleta, a
primeira realizada antes do combate e a segunda imediatamente pós-combate.
Assim observaram que na medida pós-combate houve uma redução da força de
preensão manual entre atletas das três categorias de idade, 18 e 23 anos (p =
0,02), 24 a 29 anos (p = 0,03) e 30 anos ou mais (p = 0,01), havendo diferença
na média de força de preensão pré-luta (p = 0,31) e
preensão pós-luta (p = 0,22), constataram que entre as graduações em comparação
a atletas faixas brancas, os faixas azuis obtiveram uma redução de força, em
média de 6,16 kg e a maior diminuição observada entre os atletas faixa roxa
(11,7 kg). Dessa maneira compreenderam que, de acordo com o aumento da
graduação (azul e roxa), existiu um aumento da variação de força de preensão
manual, quanto maior a graduação do atleta, maior foi a
redução de força pós-combate, a causa pode estar relacionada ao tempo de
combate que são distintos em cada graduação, ou seja, o tempo de luta
estipulado ao atleta faixa branca é de cinco minutos, faixa azul seis minutos e
faixa roxa sete minutos, explicando possivelmente o motivo de maiores níveis de
fadiga muscular entre os mais graduados.
A causa da redução de
força de preensão manual pós-combate em atletas de jiu-jitsu pode ser explicada
devido à prática da modalidade exigir um elevado índice de dispêndio energético
e esforço muscular nas realizações dos movimentos específicos ocasionando
fadiga muscular, processo que é explicado pela produção de ácido lático durante
a realização de exercícios intensos, ocorrendo assim aumento de lactato no
sangue e músculos, consequentemente havendo uma diminuição do pH corporal [21,22]. Estudos como o de Gasparotto
et al. [22] confirmam a importância
funcional do aumento do nível de força de preensão manual do atleta de
jiu-jitsu e a necessidade da utilização do treinamento de força isométrica
máxima específico de pegada, pois esta modalidade esportiva exige do atleta um
condicionamento físico que permita elevados níveis de força isométrica na
utilização de técnicas de pegadas durante o combate, necessidade funcional
específica de grande relevância.
Existem lacunas
referentes a métodos específicos de treinamentos que devem ser preenchidas
visando descobertas que auxiliem no desempenho e evolução máxima do atleta
durante as lutas [23].
Foi possível
verificar resultados significativos com as análises das coletas obtidas do
presente estudo. O protocolo de treinamento isométrico adotado foi elemento
substancial para o desempenho do grupo de atletas que realizaram a intervenção
durante as quatro semanas, no qual obtiveram aumento no nível de força
isométrica máxima de preensão manual. Já no grupo controle os resultados não
demonstram diferenças significativas do momento pré e
pós-protocolo, o que destaca a importância de um treinamento específico, como
foi realizado pelo grupo experimental.
Com os resultados
obtidos no presente estudo confirmamos a nossa hipótese de que o treinamento
específico de força isométrica máxima de pegada utilizando o quimono aumenta o
nível de força de preensão manual em atletas de jiu-jitsu. Portanto, concluímos
que para o desenvolvimento significativo dos atletas, a realização de pesquisas
científicas com finalidade de avaliar os níveis de força de preensão manual e
protocolos específicos de treinamento para a obtenção de bons resultados na
modalidade esportiva do jiu-jitsu são de grande
relevância.