Rev Bras Fisiol Exerc 2018;17(1):73-79
ARTIGO
ORIGINAL
Perfil
físico dos praticantes da caminhada em Salvador, Bahia
Physical profile of walkers in Salvador, Bahia
Fernando Eduardo de
Santiago*, Gustavo de Oliveira Santos*, Mateus dos Santos Brito**, Alice
Miranda de Oliveira**, Tainan Almeida Soares***, Lunara Horn de Sousa****, Jefferson Petto, D.Sc.*****
*Professor
de Educação Física, Faculdade Social, Salvador/BA, **Estudante de Fisioterapia,
Faculdade Social, Salvador/BA, ***Estudante de Fisioterapia, Universidade
Salvador, Feira de Santana/BA, ****Estudante de Fisioterapia, Faculdade
Adventista, Cachoeira/BA, *****Professor da Faculdade Social, Salvador/BA,
Professor da Universidade Salvador (UNIFACS), Campus de Feira de Santana/ BA,
Professor da Faculdade Adventista da Bahia, Cachoeira/BA, Professor Colaborador
do Mestrado e Doutorado da Escola Bahiana de Medicina
e Saúde Pública (EBMSP)
Recebido em 5 de dezembro de 2017; aceito em 25 de maio de 2018.
Endereço
de correspondência:
Jefferson Petto, Av. Oceânica, 2717, Ondina, 40170-110 Salvador BA, E-mail:
gfpecba@bol.com.br; Fernando Eduardo de Santiago: gfpec3@hotmail.com; Gustavo de Oliveira Santos: opersonalgustavo@gmail.com;
Mateus dos Santos Brito: mateus.dsb@gmail.com; Alice Miranda de Oliveira:
licemoliveira@hotmail.com; Tainan Almeida Soares: gfpec5@hotmail.com;
Lunara Horn de Sousa: lunarahorn@hotmail.com
Resumo
Introdução: Pesquisa realizada
em cinco países aponta que a caminhada representa a principal atividade física
diária para a maioria das pessoas. Conhecer as características da população que
frequenta este cenário possibilita intervenções que visem melhorar a
efetividade da prática desse exercício. O presente estudo objetivou descrever o
perfil físico dos praticantes de caminhada na Orla de Salvador, BA, Brasil. Métodos: Trabalho descritivo e
transversal no qual foram avaliados 30 voluntários (19 homens) praticantes de
caminhada na orla da cidade de Salvador, BA, Brasil. Aplicado um questionário
que investigou se os praticantes receberam orientação e avaliação de
profissionais especializados, dados sobre o volume da caminhada, se usavam
calçados apropriados e qual o objetivo principal que gostariam de alcançar. Resultados: A maioria dos indivíduos
relatou não receber orientações médicas 87% (n=26), nem de profissionais de
Educação Física 60% (n=18); A maioria dos indivíduos 40% (n=12) caminhavam 5 dias por semana entre 20 e 30 min 53% (n=16) há mais de 1
ano 57% (n=17). A maior parte, 63% (n=19), relataram estar usando um calçado
específico para caminhada. Os principais objetivos apontados foram a melhora da qualidade de vida 23% (n=7), a melhorara do
condicionamento físico 20% (n=6) e a diminuição do peso 20% (n=6). Conclusão: Nesta amostra, o principal
objetivo apontado para realização da caminhada é a melhora da qualidade de
vida, do condicionamento físico e redução do peso corporal, o que parece um
contrassenso, já que a maioria não procura orientação de um profissional
especializado e não realizam avaliação médica prévia ou periódica.
Palavras-chave: atividade física;
exercício físico; saúde; obesidade.
Abstract
Introduction: Studies in five countries indicate that walking represents the main
daily physical activity for most people. Knowing the characteristics of the
population that attends this scenario makes possible interventions that aim to
improve the effectiveness of the practice of this exercise. The present study
aimed to describe the physical profile of walkers at Salvador beach, BA,
Brazil. Methods: This was a
descriptive and cross-sectional study in which 30 volunteers (19 men) were
evaluated for walking on the edge of the city of Salvador, Bahia, Brazil. A
questionnaire was applied that investigated whether practitioners received
guidance and assessment from specialized professionals, data on the volume of
the walk, whether they used appropriate footwear and what the main objective
they would like to achieve. Results:
Most of the individuals reported not receiving medical advice 87% (n = 26), nor
of Physical Education professionals 60% (n = 18). The majority of individuals 40%
(n = 12) walked 5 days a week between 20 and 30 min 53% (n = 16) for over 1
year 57% (n = 17). The majority, 63% (n = 19), reported using walking shoes.
The main objectives were to improve quality of life 23% (n = 7), improve
physical fitness 20% (n = 6) and decrease weight 20% (n = 6). Conclusion: In this sample, the main
objective of the walk is the improvement of the quality of life, physical
conditioning and body weight reduction, which seems contradictory since most of
them do not seek the guidance of a specialized professional and do not carry
out an prior evaluation or periodic medical
examination.
Keywords: physical
activity; physical exercise; health; obesity.
Atualmente, os
hábitos saudáveis de vida têm sido divulgados pela sociedade como meio de
combater os danos causados à saúde pela forma de vida urbana atual, que envolve
o desenvolvimento tecnológico, social e econômico [1].
A busca pela aptidão
física para a saúde começou a partir da década de 60, quando correr virou moda,
mesmo que de forma desorientada e os prejuízos para a saúde sendo ignorados.
Todos corriam, sedentários, atletas, doentes, sem que
houvesse uma avaliação prévia das condições de saúde de cada indivíduo [2]. A
prática da caminhada vem crescendo e é recomendada pela American College of
Sports Medicine (ACSM) como uma
das atividades físicas mais acessíveis para que a população se torne
fisicamente ativa, podendo ser realizada em diferentes locais e não requerendo
uso de equipamentos especiais. A ACSM ainda aponta a classificação da
intensidade da caminhada, sendo caminhar devagar ao redor da casa, da loja ou
do escritório como leve, caminhar 4,8 km como moderada
e caminhar em ritmo bastante ativo como vigorosa [3].
A (marcha) caminhada
representa a principal atividade física diária para a maioria das pessoas,
mostra pesquisa feita em cinco países sobre o dispêndio de energia de homens
que caminhavam com velocidades oscilando de 1,5 a 9,5 km/h (0,9 a 5,9 mph) [4].
A prática da
atividade física se faz necessária, pois previne uma série de doenças crônicas
degenerativas que inclui, entre outras, as enfermidades cardiovasculares como
hipertensão arterial e as cardiopatias coronarianas, além da obesidade e do
diabetes mellitus, contribuindo também para uma melhoria do funcionamento
fisiológico do organismo. E é a partir da origem destas doenças que surge a
importância da prática do exercício físico como agente minimizador dos efeitos
do estresse, bem como se torna imprescindível na reversão do quadro de
sedentarismo.
Assim, na
contracorrente do sedentarismo que assola as populações urbanas durante todas
as etapas do ciclo vital, constatam-se fortes apelos à incorporação de hábitos
e atitudes positivas visando à promoção de estilos saudáveis e ativos,
perspectivando patamares elevados na qualidade de vida [5]. Contudo, o que pode
ser observado é que poucas pessoas praticam uma atividade em que se possa ter a
certeza de que os resultados serão beneficamente satisfatórios, pois grande
parte dos indivíduos pratica a atividade física de forma indiscriminada em
detrimento ao exercício físico.
Dentre os locais
procurados para a prática de exercícios físicos, está a
praia, confirmando a preferência recreacional de
turismo e de lazer pelo modelo “sol, areia e mar” [6]. Conhecer as
características da população que frequenta este cenário possibilita
intervenções que visem melhorar a efetividade da prática de exercício. Diante
disto, o presente estudo visa descrever o perfil físico dos praticantes de
caminhada da orla de Salvador/BA.
Estudo observacional
transversal de caráter descritivo. A amostra de conveniência foi composta por
30 praticantes de caminhada na Avenida Oceânica em Salvador/BA. A coleta foi
difícil, pois, boa parte das pessoas não queria após sua atividade física
responder ao questionário e realizar o exame físico que incluía coleta de
altura e massa corporal.
As variáveis
selecionadas para a pesquisa foram a existência de
orientação profissional para a realização da atividade, a frequência com que
desenvolve a atividade, idade em anos completos, massa corporal em quilos e
estatura em metros, equacionando o índice de massa corporal por meio da razão
massa corporal/estatura2. Os instrumentos utilizados para a coleta
de dados foram: uma balança da marca Filizola com
precisão de 100 g e 0,1 cm, duas fitas métricas padronizadas da marca Fiber-Glass com 150 cm de resolução, duas fitas antropométricas
da marca Sanny® com 200 cm de resolução.
Foram considerados
elegíveis para participar do estudo, os sujeitos que atenderam aos seguintes
critérios de inclusão: 1) Praticam a caminhada na Orla de Salvador; 2) Praticam
esta atividade física com frequência superior a duas vezes na semana, por no
mínimo três meses.
Para a coleta de
dados foi utilizado um questionário estruturado que consistia de perguntas
sobre as características demográficas (gênero e idade), prática de caminhada
(quantidade de dias por semana de prática, duração da atividade, período do
dia, tempo de prática) e outras perguntas relacionadas à prática de alongamento
antes da caminhada, orientação médica, orientação do profissional de educação
física, avaliação física periódica, objetivos da prática de caminhada e se
esses objetivos estão sendo alcançados.
Todas as etapas do
trabalho foram elaboradas de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras
de Pesquisas envolvendo Seres Humanos - Resolução 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde. Este estudo foi aprovado sob o CAAE:0036.059.000-11.
As medidas antropométricas foram colhidas
entre os indivíduos selecionados, visando ao máximo à correção segundo
Fernandes Filho que diz que a pessoa tem que estar em repouso, descalça e com o
mínimo de roupa possível [7]. Peso corporal: Em pé, de costas para a balança,
com o afastamento lateral dos pés. Em seguida coloca-se no centro da
plataforma, ereto e com um olhar fixo à sua frente; Estatura: com uma fita
métrica fixada na parede, o avaliado em pé, posição ereta, braços estendidos ao
longo do corpo, pés unidos, estando o avaliado em apneia inspiratória.
Os dados foram
digitados e equacionados em planilha BrOffice
Calc. Os valores individuais do índice de massa corporal
foram estratificados e quantificados em percentuais.
Dos trinta
voluntários avaliados, 19 eram do sexo masculino com idade de 29±8,6 anos e IMC
de 25 ± 2,9 kg/m2; e 11 do sexo feminino com idade de 30±10,7 anos e
IMC de 24 ± 2,8 kg/m2.
Os resultados
apresentados na Tabela I mostram que a maioria dos indivíduos relatou não
receber orientações médicas 87% (n = 26), nem de profissionais de Educação Física
60% (n = 18), tendo como consequência a não realização de avaliação física antes
do início da atividade 60% (n=18). Contudo, a coleta de dados demonstrou que a
maior parte dos entrevistados realiza avaliação física periódica 53% (n = 16).
Tabela
I - Resultados sobre orientação profissional
específica e avaliação física (n = 30)
Ao se observar a
quantidade e a frequência relativa das variáveis relacionadas à prática de
caminhada, na Tabela II, verifica-se que a maioria dos indivíduos 40% (n = 12)
caminhavam 5 dias por semana e 3 dias 33% (n = 10). A
maioria dos sujeitos caminhava entre 20 e 30 min 53% (n = 16), sendo também
relatadas duração entre 40 e 60 min 37% (n = 11) e acima de 60 min 10% (n = 3). Com
relação ao tempo de prática, a maioria respondeu que já caminhava há mais de 1 ano 57% (n = 17).
Tabela
II –
Frequência semanal,
duração e tempo de prática da caminhada (n = 30)
Quanto ao calçado
correto para a prática da atividade, 63% (n = 19) relataram estar usando um
calçado específico para caminhada, 23% (n = 7) afirmaram estar usando um calçado
que não era próprio para o exercício e 13% (n = 4) não souberam dizer se o calçado
que usavam era ou não próprio para a caminhada. As mulheres se preocupavam mais
com isso sendo que 73% (n = 8) das mulheres avaliadas afirmaram estar usando um
calçado específico para a caminhada contra 58% (n = 11) dos homens.
Como observado na Tabela III, os principais objetivos dos praticantes de caminhada são a melhora da
qualidade de vida 23% (n = 7), a melhorara do condicionamento físico 20% (n = 6) e
diminuição do peso 20% (n = 6).
Tabela
III
- Resultados relacionados aos objetivos
desejados com a caminhada (n = 30)
Já na análise por
sexo, como se observa na Tabela IV, os principais objetivos da prática de
caminhada apontados pelas mulheres foram a diminuição
da massa corporal 27% (n = 3), saúde 27% (n = 3) e a estética 18% (n = 2); enquanto que
os homens apontaram principalmente a qualidade de vida 32% (n = 6), a busca pelo
melhor condicionamento físico 26% (n = 5) e redução do peso 16% (n = 3).
Tabela
IV -
Resultados relacionados aos objetivos
desejados com a prática da caminhada com distinções entre os sexos
De acordo com os
resultados deste estudo, a maioria dos praticantes de caminhada não se submete
a avaliação prévia antes de iniciar o programa, não realizam avaliações
periódicas e não procuram profissional especializado para orientá-los.
Possivelmente, essa não seja apenas uma realidade local, mas algo que é comum a
todo o Brasil. No estudo conduzido por Levandoski et al.
[8], no Município de Marechal
Cândido Rondon no Paraná, foi identificado que 60% dos
avaliados não realizaram
avaliação prévia nem avaliações
periódicas e tampouco buscavam orientações de
profissional especializado.
A caminhada, como
todo exercício físico, para que promova condicionamento cardiovascular é
necessário que seja praticada com volume e intensidade adequados. Doses abaixo
ou acima do necessário, podem não trazer benefícios ou até mesmo serem
prejudiciais à saúde. É imprescindível que todos, pessoas sadias ou com
enfermidades das mais variadas, antes de iniciarem um programa de exercício físico
se submetam a avaliação médica e busquem orientação de um profissional
especializado para que realizem o exercício com segurança e os resultados do
seu programa sejam profícuos [9].
Os riscos para a
saúde, particularmente os de natureza cardiovascular, decorrentes do exercício
físico moderado são extremamente baixos e podem tornar-se ainda mais reduzidos
por avaliação pré-participação criteriosa, que
permita prática segura. Indivíduos sintomáticos e/ou com importantes fatores de
risco para doenças cardiovasculares, metabólicas, pulmonares e do sistema
locomotor, que poderiam ser agravadas pelo exercício físico, exigem avaliação
médica especializada, para definição objetiva de eventuais riscos [9]. Em posse
dessa avaliação o profissional de educação física e/ou fisioterapeuta pode
elaborar o programa de exercício de forma mais adequada e segura, visando o
máximo de benefício.
Estudos realizados em
diversos países, inclusive no Brasil, mostraram que mudanças no estilo de vida,
adotando uma simples caminhada de intensidade moderada por trinta minutos,
cinco dias na semana, representa uma redução significativa na morbidade
populacional por doenças crônicas não-transmissíveis
[10,11]. Mas, nota-se que esses estudos apontam que exercícios de intensidade
moderada é que podem gerar esses benefícios. Em nosso estudo, como em outros
estudos [9,12,13], a minoria dos praticantes controlam
a intensidade do esforço, podendo assim estar realizando um exercício que não
gere o benefício desejado.
Nesse ponto, surge a
questão: o que fazer para modificar essa realidade? Campanhas nacionais que
expliquem os riscos de se praticar exercício sem avaliação e orientação podem
ajudar. Atualmente, a mídia foca muito nos benefícios que o exercício físico
pode trazer, o que é bom, mas não deixa claro o quanto
é importante uma avaliação médica prévia e principalmente o quanto é
fundamental a orientação de profissionais especializados para que sejam
atingidos esses benefícios.
No entanto, o mais
efetivo a ser feito para que essa realidade seja modificada, em médio e logo
prazo, é o investimento em educação básica. Nesse sentido os Professores de
Educação Física tem papel fundamental. Se os discentes de ensino fundamental e
médio forem instruídos por seus professores, sobre como o exercício pode trazer
benefícios quando feito com orientação adequada e como o mesmo exercício sem
orientação pode ser prejudicial, a realidade em alguns anos será modificada.
Embora, não existam estudos disponíveis, o que se observa de forma casual é que
esse conteúdo não é discutido em sala de aula na disciplina de Educação Física.
Se almejarmos uma população mais instruída nesse sentido num futuro próximo é
imprescindível que esse assunto seja refletido e discutido por profissionais
que atuam na educação básica.
Outro ponto levantado
pelo presente estudo foi a frequência e a duração da
caminhada. A maioria dos sujeitos desse estudo realizam entre 3 e 5 dias por semana com duração acima de 30 minutos, mesmo
resultado observado por Levandoski et al. [8]. Segundo o American College of Sports Medicine [3], de forma geral, é importante
que a caminhada seja realizada de 3 a 7 dias por semana, em intensidade
moderada e tenha duração de pelo menos 30 minutos para que os praticantes alcancem
condicionamento cardiovascular. Ao menos no volume de exercício (frequência
semanal e duração da caminhada) a população avaliada está seguindo a
recomendação correta. No entanto, segundo o estudo de Matsudo
[14], nas cidades mais populosas, menos de 23% dos praticantes de caminhada
seguem essas recomendações. Em cidades menores os dados apontam que somente 14%
dos praticantes realizam a caminhada de acordo com estas recomendações.
Novamente, levanta-se a ideia da educação, desde a educação de base até esferas
da população adulta. No estudo realizado por Santos et al. [15] foram entrevistados indivíduos com disfunções
cardiovasculares que poderiam ser beneficiados com um trabalho de exercícios
físicos supervisionados. A entrevista tinha por finalidade determinar as
principais barreiras que faziam com esses indivíduos não estivessem inseridos
em programas de reabilitação cardíaca supervisionada. Os resultados mostraram
que a principal barreira a participação dessas pessoas
era o desconhecimento que eles tem sobre programas de reabilitação cardíaca, já
que, eles não eram instruídos pela equipe de saúde que os acompanhavam a
respeito dessa possibilidade.
Observa-se também que
os principais objetivos da prática de caminhada foram melhora da qualidade de
vida, do condicionamento físico e redução do peso corporal. Esses são objetivos
que também parecem não ser apenas da amostra avaliada neste estudo. Outros
trabalhos em outras regiões do país corroboram com nossos dados [8,16]. Por
outro lado, há que se ter em mente que estudos mostram que, em idades jovens, a
motivação para a prática de atividade física está orientada para aspectos
intrínsecos do próprio desfrute da atividade, evoluindo com o passar dos anos
para aspectos mais proximamente relacionados à saúde e ao bem-estar [17]. É
natural que as motivações para a prática de atividade física sejam modificadas
ao passar do tempo, tendo em vista que as necessidades também são distintas nas
diferentes fases da vida.
Porém, novamente
ressalta-se a importância da avaliação pré-ingresso e
das orientações de um profissional especializado. Pois, pode ser frustrante
depois de algum tempo de prática não atingir os objetivos esperados e isso agir
como fator desestimulante a prática do exercício físico. Mais especificamente,
sobre o desejo da redução de massa gorda, se não houver uma orientação e
acompanhamento rigoroso do exercício é muito mais difícil que o praticante
alcance seu objetivo [2]. Temos, hoje muito
conhecimento disponível que pode ajudar as pessoas interessadas em iniciar um
programa de exercícios a atingirem seus objetivos de forma segura. No entanto,
é necessário que a população seja instruída e conscientizada a esse respeito. A
ideia de que exercício é medicina e como medicina deve ser prescrito
de maneira adequada para que atinja os benefícios com o máximo de
segurança, como defende o American College of Sports Medicine [3],
deve ser incutida não somente na população leiga mas, também entre os
profissionais de saúde, pois, eles devem ser os primeiros a divulgar essa
ideia.
Contudo, destaca-se
que o principal objetivo da caminhada – a qualidade de vida - é alcançado
independente de uma prescrição mais específica. Embora esse não tenha sido o
objetivo deste trabalho, ao coletar as informações dos sujeitos dessa pesquisa,
vários foram os relatos feitos sobre melhora na qualidade de vida após o início
da caminhada. Talvez esse também seja um dos motivos que leva a maioria dos
praticantes não procurarem orientação. Outro ponto pode ser pela característica
da população avaliada, que em sua maioria se consideram indivíduos hígidos e acreditam não precisar de orientação para praticar a
caminhada, que por muitos é considerada um exercício inócuo.
Em suma, apesar do
número da amostra ser pequeno, os resultados encontrados neste estudo coadunam
com outros estudos de outras regiões do Brasil, sendo que o principal achado é
o fato da maioria dos praticantes de caminhada não realizarem avaliação prévia
e não buscarem orientação adequada para iniciarem um programa de caminhada.
Neste estudo, o
principal objetivo apontado para realização da caminhada é a melhora da
qualidade de vida, do condicionamento físico e redução do peso corporal, o que
parece um contrassenso, já que, a maioria não procura orientação de um
profissional especializado e não realizam avaliação médica prévia ou periódica.