Rev Bras Fisiol Exerc 2018;17(3):148-155
doi: 10.33233/rbfe.v17i3.2579
ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
da aptidão física da saúde e do estado nutricional de mulheres praticantes de
zumba
Physical fitness health assessment and nutritional status of women
practitioners of zumba
Isabela Fernanda Tork
Pinho Pessôa*, Renata Costa Silva**, Marcela Araújo
Sá Nogueira***, Mara Jordana Magalhães Costa, D.Sc.****
*Licenciatura
em Educação Física, Universidade Federal do Piauí (UFPI), **Pós-Graduação em
Fisiologia do Exercício e Treinamento Personalizado, Centro Universitário Santo
Agostinho (UNIFSA), Teresina PI, ***Licenciatura em Educação Física, Universidade
Federal do Piauí (UFPI), ****Professora Adjunta da Universidade Federal do
Piauí (UFPI)
Recebido em 4 de setembro de 2018; aceito em 10 de setembro de 2018.
Endereço
para correspondência:
Mara Jordana Magalhães Costa, Av. Raul Lopes, 1971 Ininga
64049-550 Teresina/PI, E-mail: marajordanamcosta@gmail.com; Isabela
Fernanda Tork Pinho Pessôa: fernandatork@gmail.com;
Renata Costa Silva: renatacosta1986@hotmail.com; Marcela Araújo Sá Nogueira: marcelaaraujosaa@hotmail.com
Resumo
Introdução: A
zumba, uma das maiores modalidades de dança atualmente, melhora a
autoestima e proporciona bem-estar, além de fornecer benefícios fisiológicos.
Objetivo: Avaliar o estado nutricional e a aptidão física relacionada à saúde
das praticantes de zumba de Teresina/PI. Métodos:
Estudo descritivo, transversal, abordagem quantitativa. Amostra composta de 63
mulheres com idades entre 20 e 63 anos. Para a coleta de dados utilizou-se um
questionário sociodemográfico, aferiu-se peso e
estatura para classificar o índice de massa corporal (IMC) e avaliou-se a
flexibilidade e resistência muscular localizada do abdômen. Realizou-se uma
estatística descritiva, com valores de média e desvio padrão para análise dos
dados e uma estatística inferencial, teste do qui-quadrado
para avaliar a associação entre variáveis qualitativas. Os dados analisados no
software Stata 12.0, nível de significância 5%. Resultados: Mostraram que 53,97% das
mulheres pesquisadas tinham idade entre 41 e 63 anos, 36,51% ensino médio completo, 44,44% renda menor que um salário mínimo,
47,61% tinham de 3 a 11 meses de prática de zumba, 36,51% sobrepeso, 46,03%
flexibilidade acima da média e resistência muscular localizada excelente.
Associação estaticamente significativa foi encontrada entre idade e
flexibilidade e resistência muscular localizada, na qual as mulheres com idade
mais avançada apresentaram melhores resultados (p = 0,05 e p = 0,0000,
respectivamente). Conclusão: A
aptidão física das mulheres pesquisadas da zumba foi boa, tendo a maioria uma
classificação acima da média quanto à flexibilidade e RML. Porém, apesar de
praticarem atividade física aeróbia, a maioria estava com sobrepeso. Além
disso, mulheres com idade mais avançada apresentaram melhores resultados
estaticamente significativos, quanto aos níveis de flexibilidade e resistência
muscular localizada.
Palavras-chave: aptidão física;
estado nutricional; dança.
Abstract
Introduction: Zumba is currently one of the more
appreciated dance modalities. It improves self-esteem and provides well-being,
as well as providing physiological benefits. Objective: To evaluate the
nutritional status and physical fitness related to the health of zumba Teresina/PI practitioners. Methods: Descriptive and cross-sectional study with quantitative
approach. Sample composed of 63 women aged 20 to 63 years. For the data
collection, a sociodemographic, weight and height
questionnaire was used to classify the body mass index, the flexibility and
localized muscular resistance of the abdomen. In the analysis of the data, a
descriptive statistic, with values of mean and standard deviation and an
inferential statistic, chi-square test to evaluate the association between
qualitative variables was used. Data analyzed in STATA 12.0 software,
significance level 5%. Results: They
showed that 53.97% of the women surveyed were 41 to 63 years old, 36.51% high
school completed, 44.44% income less than a minimum
wage, 47.61% had 3 to 11 months of zumba, 36.51%
overweight, 46.03% above-average flexibility and excellent localized muscular
resistance. Statically significant association was found between age and
flexibility and MLR, in which the older women presented better results (p =
0.05 and p = 0.0000, respectively). Conclusion:
The physical fitness of the women surveyed at zumba
was good, with the majority ranking above average for flexibility and localized
muscular resistance. However, despite practicing aerobic physical activity,
most were overweight. In addition, older women presented better statically
significant results regarding levels of flexibility and localized muscular
resistance.
Keywords: physical
fitness; nutritional status; dancing.
Sendo a maior marca
de dança registrada em todo o mundo, a Zumba parece
cativar os participantes devido aos ritmos latinos com movimentos e
coreografias simples e fáceis de acompanhar. Ferreira [1] diz que os alunos têm
a liberdade de seguir o ritmo da música e se divertir, não existindo movimento
certo ou errado, ao som dos ritmos base, tornando um programa de fácil
realização independentemente da idade ou habilidade. D’ Alencar et al. [2] afirmam que a dança é uma atividade que vem
ganhando espaço, com a estratégia de prevenir a inatividade e promover
qualidade de vida, melhorando a autoestima, a coordenação, o equilíbrio, força
muscular, flexibilidade, diminuindo patologias.
Ainda segundo
Ferreira [1], as aulas de zumba são atreladas aos princípios básicos do treino
aeróbico, força, resistência muscular e treino intervalado, aumentando,
consequentemente, o gasto calórico, a tonificação muscular e a aptidão
cardiorrespiratória. Por isso, torna-se uma atividade que promove melhorias na
aptidão física relacionada à saúde.
O exercício físico em
geral tem como objetivo melhorar um ou mais componentes da aptidão física:
condição aeróbica, força e flexibilidade. Oliveira et al. [3] conceituam aptidão física relacionada ao exercício físico
como uma ligação direta a capacidade de um indivíduo realizar esforço sem que
haja uma agressão maior ao seu organismo, mantendo uma boa saúde e
condicionando os componentes da aptidão física em níveis aceitáveis.
Neste sentido, a Zumba é um tipo de exercício aeróbio, que utiliza uma
abordagem de ginástica aeróbica e agrega alguns princípios básicos do
treinamento aeróbico para chegar aos benefícios cardiovasculares do exercício
físico [4].
O treinamento
aeróbico tem grande relevância quando se trata da melhora da aptidão física
relacionada à saúde, da composição corporal e da qualidade de vida, por
contribuir com a diminuição dos fatores de riscos para as doenças relacionadas
ao estilo de vida, devido às alterações metabólicas, cardiorrespiratórias e da
possibilidade de perpetuar a melhora do gasto calórico a cada sessão de exercícios
[5].
Durante o treinamento
aeróbico, o metabolismo aeróbico é predominante e, de acordo com Fechine e Trompieri [6],
predomina por conta de adaptações que o indivíduo passa ao se exercitar por um
maior tempo na mesma intensidade absoluta de esforço, ou uma intensidade maior
para determinada duração de esforço elevando o consumo máximo de oxigênio e
melhorando as funções fisiológicas do indivíduo.
Tendo em vista as
recomendações básicas pela Organização Mundial de Saúde [7], observa-se que
pessoas que participam das aulas de zumba cumprem o mínimo recomendado, já que
é praticada no mínimo 2 vezes por semana e com duração
de 45 a 60 minutos. A zumba apresenta como metodologia
de aula primeiramente músicas de baixa intensidade, para aumentar a temperatura
corporal e preparar o corpo para as próximas variações. Essas variações de
estilos costumam ser: merengue, salsa, reggaeton e cumbia, cujo os BPM (batidas por
minuto), faz com que a aula alcance diferentes níveis de intensidade, assim
trabalhando de forma satisfatória o sistema cardiorrespiratório e aeróbico e,
ao final da aula, utiliza-se uma música mais calma para realizar uma volta à
calma, diminuindo os batimentos cardíacos e a temperatura corporal [8].
A melhoria da
resistência muscular está diretamente ligada à melhora das funções
neuromusculares, preservando e otimizando a mobilidade
e as atividades da vida diária [9]. Magalhães [10] diz que índices favoráveis
de resistência abdominal proporcionam ao sujeito uma qualidade de vida superior,
pois as atividades com maior solicitação da região abdominal serão facilmente
realizadas e, por consequência, terá mais agilidade e confiança para realizar
movimentos.
De acordo com Glaner [11], mulheres com baixos níveis de força e resistência
muscular localizada (RML) tendem a desencadear distúrbios musculoesqueléticos
graves acompanhados de dor e elevado desconforto. Bons índices de força e RML
possibilitam as pessoas a desempenharem esforços físicos que garantam sua
sobrevivência e sua autonomia no dia-a-dia.
Assim, diante do
exposto o trabalho teve como objetivo geral analisara aptidão física
relacionada à saúde e o estado nutricional de mulheres praticantes de zumba de
um projeto localizado na zona leste de Teresina/PI.
O presente estudo
caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, transversal e com abordagem
quantitativa. A população do estudo foram mulheres praticantes de zumba que
participavam do projeto localizado na zona leste da cidade de Teresina/PI. A
amostra da foi composta por 63 mulheres, selecionadas de forma não
probabilística, por conveniência.
Como critério de
inclusão para participar do estudo foi adotado: ter idade entre 20 e 65 anos,
trabalhada como variável contínua e categórica (mulheres entre 20 e 40 anos e
mulheres entre 41 e 63 anos); praticar somente zumba como exercício físico por
no mínimo 2 vezes na semana por um período igual ou
superior a 3 meses e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE). Critério de exclusão foi: estar praticando outras atividades como
exercício além da zumba há pelo menos um mês e não ser participante do projeto.
Todos os testes foram
aplicados antes das aulas de Zumba, com horário previamente agendado com as
alunas. Antes da coleta foi aplicado um questionário contendo informações
básicas das participantes, como: nome, idade, sexo, telefone, estado civil,
escolaridade, renda, raça autorreferida, tempo e
frequência nas aulas de Zumba, e se praticava alguma outra atividade física.
Para avaliar a
flexibilidade e a RML de abdômen que são dois componentes da aptidão física
relacionada à saúde, foi realizado o teste do Banco de Wells que avaliou a
flexibilidade principalmente de membros inferiores, glúteos e região lombar, a
marca do banco foi Sanny e o protocolo assim como a
tabela de classificação foi a da CSTF [12] e o RML de abdômen. Este teste
avaliou resistência muscular localizada de abdômen e utiliza o protocolo de
Pollock e Wilmore [13] assim como a classificação.
Para avaliar o estado nutricional, foi utilizado o IMC índice de massa corporal
que representa a relação entre a massa corporal (em quilogramas – kg) e a
altura (em metros – m) elevada ao quadrado, conforme fórmula a seguir: IMC =
massa/(altura)². Com esse índice, obtivemos
estimativas comparáveis e interpretáveis da relação entre o peso corporal e a
estatura, bem como estimativa dos níveis de gordura e do estado nutricional da
amostra da pesquisa. O peso corporal foi medido em uma balança do tipo digital,
marca Camry, com o avaliado possuindo o mínimo de
roupa possível e a estatura foi medida por meio de uma fita métrica adaptada
colocada em uma parede. Os critérios utilizados para a classificação do IMC
foram do Ministério da Saúde [14].
Na análise dos dados
foi realizada inicialmente uma estatística descritiva, com apresentação dos
valores de média e desvio padrão. Em seguida foi realizada uma estatística
inferencial utilizando-se teste do qui-quadrado para
avaliar a associação entre as variáveis qualitativas, nível de significância
foi p < 0,05, e programa estatístico foi Stata
12.0.
O presente estudou
objetivo analisar a aptidão física relacionada à saúde e o estado nutricional
de mulheres praticantes de zumba de um projeto localizado na zona leste de
Teresina/PI. Das 63 mulheres avaliadas, a maioria (53,93%) estava na faixa
etária de 41 a 63 anos. A tabela I mostra que as
participantes deste estudo tem uma média de idade de 43 ± 11,3 anos,
65,8 ± 10,6 kg e uma estatura de 152 ± 20,2 cm (Tabela I).
Tabela
I - Média, desvio padrão, valor mínimo e máximo
da idade, peso e estatura das praticantes de zumba do projeto na zona leste de
Teresina/PI, 2017 (n = 63)
Fonte: Elaboração
própria
A maioria das mulheres
investigadas tinha acima de 40 anos. Este dado corrobora os resultados do
estudo de Alves e Nascimento [15] que também obtiveram uma amostra de mulheres
adultas, praticantes de zumba nas comunidades periféricas do município de
Petrolina/PE, mostrando que os maiores percentuais foram das idades entre 30 e
50 anos (46,3%) e de mulheres acima de 50 anos (39,1%). Outra pesquisa que
também mostra um perfil de mulheres adultas mais velhas praticantes de zumba
foi a de Sartor [16] que ao compor sua amostra com 82
pessoas, sendo 79 mulheres que praticavam somente zumba, obtiveram a média de
idade de 37,8 ± 12,5 anos, o que é próximo da faixa média de idade encontrada
no presente estudo.
A média de idade das
mulheres praticantes de zumba do projeto foi de 43 ± 11,35 anos, mostrando um
perfil mais maduro, como discutido anteriormente. Porém, o estudo de Delextrat et al. [17]
realizado com 22 mulheres saudáveis com o objetivo de investigar os efeitos da
zumba nos resultados fisiológicos e psicológicos em uma intervenção de oito
semanas, encontrou resultados divergentes quanto a média de idade, mostrando um
valor médio de 26,6 anos (± 5,4). Observando assim um público de mulheres mais
jovens praticantes de zumba.
Com relação ao peso e
a estatura, a média de peso das participantes do estudo foi de 65,8 ± 10,6 kg e
estatura de 154 ± 20,13 cm. Um estudo realizado por Luettgen
[18] com 19 voluntárias que foram recrutadas com o objetivo de verificar o
custo energético da prática de zumba, as que já praticavam a modalidade tinham
um perfil semelhante ao nosso estudo quanto à média do peso, obtendo-se o valor
de 61,8 ± 22,5 kg. Porém, quanto à estatura, o valor médio encontrado por Luettgen et al. [18] (168
cm) foi diferente do encontrado no presente estudo, assim como também foi
divergente no estudo de Delextrat et al. [17] que encontrou um valor médio
de estatura de 165,8 cm. Estas divergências com relação à estatura podem ser
explicadas pelas pesquisas de Luettgen et al. [18] e Delextrat
et al. [17] por terem sido realizadas
em países diferentes: Estados Unidos da América e Reino Unido, respectivamente,
ressaltando que cada região possui um biotipo
predominante.
A tabela II apresenta
o perfil sociodemográfico das praticantes de zumba do
projeto da zona leste de Teresina/PI. Das 63 pesquisadas, a maioria (36,51%)
tinha como nível de escolaridade o Ensino Médio Completo, 44,44% apresentou uma
renda menor que um salário mínimo e 39,68% se autodeclararam pardas.
Tabela
II -
Perfil sociodemográfico
das praticantes de zumba do projeto da zona leste de Teresina/PI (n = 63)
Fonte: Elaboração
própria
Observa-se que a
maioria das mulheres quanto ao nível de escolaridade possui o Ensino Médio
completo (36,51%). Os resultados do estudo de Alves e Nascimento [15]
corroboram nossos achados, uma vez que a maioria das mulheres praticantes de
zumba das comunidades periféricas do município de Petrolina/PE tinha como nível
de escolaridade o Ensino Médio completo. Oliveira e Alvarez [19] também relatam
em seu estudo que teve como objetivo compreender os fatores motivacionais que
levam a adesão e aderência à prática da zumba em academias das microrregiões de
Criciúma e Araranguá em Santa Catarina, que a maioria da população estudada
tinha o nível de escolaridade com Ensino Médio completo.
Observou-se que a
maioria das participantes possui renda menor que um salário mínimo (44,44%), e
em relação à etnia, a maioria se autorreferiu como
parda (39,68%). Quanto à baixa renda uma das possíveis explicações é que o projeto
é realizado em uma região de baixa renda da cidade, sendo a zumba praticada em
praças públicas por meio de projetos de Prefeitura que visam proporcionar
atividades físicas para pessoas de todas as classes e idades, facilitando a
prática da modalidade por pessoas que, muitas vezes, não tem uma renda
suficiente para pagar mensalmente as aulas em academias ou clubes.
A tabela III mostra o
tempo de prática de zumba e observou-se que o período de maior percentual foi o
de 3 a 11 meses (47,61%).
Tabela
III
- Tempo de prática das praticantes de
zumba do projeto na zona leste de Teresina/PI,2017
(n = 63)
Fonte: Elaboração
própria
Esse dado diverge com
o estudo de Alves e Nascimento [15] que em sua amostra encontrou um tempo de
prática maior com a modalidade zumba, com 43,5% praticando zumba acima de um
ano. A boa aderência a zumba pode ser justificada pelos diversos benefícios que
a modalidade proporciona. Reforçando isso, Alves e Nascimento [15] ressaltam
que a dança torna-se uma atividade física alegre, que traz motivação autoestima
e que traz sensações de bem-estar, dando estímulos para que a pessoa a pratique
sempre.
A tabela IV mostra a
classificação do estado nutricional, no qual se observou que a maioria estava
com sobrepeso (36,51%).
Tabela
IV -
Classificação do estado nutricional das
praticantes de zumba na zona leste de Teresina/PI, 2017 (n = 63).
Fonte: Elaboração
própria
A maioria das
mulheres estava com sobrepeso e a análise deste dado deve ser cautelosa porque
o IMC não difere gordura dos demais componentes corporal, fazendo com que de
forma isolada não possa ser um indicador de estado de saúde de um indivíduo,
porém para Shuster et al. [20] é o método antropométrico mais utilizado para
caracterizar a obesidade generalizada. E, de acordo com Costa et al. [21], devido a ser indireto e
prático, dependendo do grupo avaliado como exemplo sedentários, iniciantes ou
praticantes de atividade física moderada, quando não houver outra alternativa,
pode ser um ponto de partida e como parâmetro utilizado para uma inicial
avaliação e posteriormente reavaliação.
Porém, a questão
alimentar não foi investigada, assim como outros componentes corporais, como
percentual de gordura ou peso magro não foram
avaliados, fazendo com que a classificação do IMC não defina o nível de
composição corporal dos indivíduos avaliados.
A tabela V descreve a classificação
geral da aptidão física relacionada a saúde (AFRS) das
praticantes de zumba. Com relação à flexibilidade, observou-se que a maioria
foi classificada acima da média com 46,03%, e para o RML, 46,03% estavam
excelentes.
Tabela
V - Classificação dos componentes da aptidão
física avaliados nas praticantes de zumba na zona leste de Teresina-PI, 2017
(n = 63)
Fonte: Elaboração
própria.
Os dados mostraram
que a maioria das praticantes possui flexibilidade acima da média (46,03%).
Isso corrobora Szuster [22] quando reforça que a
dança melhora a elasticidade muscular, movimentos articulares e problemas no
aparelho locomotor. O exercício físico favorece não só a estética, mas também
proporciona o bem-estar, melhora a saúde, a função física e muita disposição. E
para RML do abdômen, a maioria apresentou 46,03 % para a classificação
excelente. Um estudo realizado por Brian et al. [23]
mostrou que a atividade aeróbica como a dança, promove resistência muscular
localizada dependendo do ritmo e formação coreográfica aplicada. E a zumba, com
sua metodologia baseada na ginástica promove essa resistência muscular junto a mistura dos passos básicos dos seus principais ritmos:
merengue, salsa, reggaeton e cumbia.
No presente estudo,
realizou-se associação das variáveis relacionadas com aptidão física e a faixa
etária (tabelas VI e VII). Observou-se uma tendência
de associação da flexibilidade nas diferentes faixas etárias (p=0.05), no qual
o grupo da faixa etária entre 41 e 63 anos apresentaram melhores resultados,
com classificação acima da média. Obteve-se associação estatisticamente
significativa (p=0.000) na relação da RML e idade, em que o grupo com idade
mais avançada também apresentou melhores resultados.
Tabela
VI -
Associação entre faixa etária e o nível
de flexibilidade das praticantes de zumba na zona leste de Teresina/PI,2017 (n = 63, p = 0,05).
Fonte: Elaboração
própria
Tabela
VII
- Tabela de associação entre faixa etária
e o RML do abdômen das praticantes de zumba do projeto na zona leste de
Teresina/PI, 2017 (n = 63).
Fonte: Elaboração própria. *p < 0,05
As mulheres estavam
em sua maioria classificadas como “acima da média” quanto à flexibilidade. E no
grupo mais velho, esses resultados foram melhores. Esse dado pode ser explicado
primeiro porque a maioria das mulheres pesquisadas neste estudo tinha idade
acima de 40 anos. Segundo, porque o público mais jovem que participa desse
projeto, muitas vezes não tem uma periodicidade regular o que pode dificultar
na obtenção de melhores resultados quanto aos componentes da aptidão física
relacionada à saúde.
Ferreira [1] em sua
pesquisa com o objetivo de investigar a prevalência de atividade física em
mulheres de Florianópolis/SC avaliou 400 mulheres de 20 a 59 anos da região
urbana da cidade de Florianópolis, e constatou que as mulheres mais velhas na
faixa etária entre 46 e 59 anos (76%) foram destaque por serem mais assíduas na
prática de atividade física, recebendo a classificação de suficientemente
ativas.
Corroborando nossos
achados, Szuster [22], em seu estudo qualitativo com
mulheres acima de 50 anos da Companhia de Dança Edson Garcia na cidade de Porto
Alegre/RS, que tinham a dança como prática de atividade física, objetivou identificar os efeitos produzidos por tal
prática assim como suas associações no desempenho das atividades de vida diárias,
e foi realizado um questionário fechado que mostrou em primeiro lugar a melhora
na flexibilidade com uma média em relação às idades de 62,8%.
No geral, pode-se
identificar que quanto a RML e faixa etária, o grupo mais velho obteve melhores
resultados. Resultados diferentes aos do nosso estudo foram encontrados por Añes [24] que ao avaliar a aptidão física relacionada à
saúde em diferentes faixas etárias, constatou que o grupo com melhores
resultados em relação à resistência muscular foi o público mais jovem.
Assim, mostra-se que
a prática frequente e regular nas aulas de zumba promove manutenção e melhorias
na aptidão física relacionada à saúde (AFRS), principalmente em mulheres mais
velhas.
Pode-se concluir que
a maioria das praticantes tinha uma boa classificação da aptidão física
relacionada à saúde, com um nível de flexibilidade acima da média e uma RML
classificada como excelente.
Apesar dos bons
resultados quanto a AFRS, a maioria estava com sobrepeso, o que é um sinal de
alerta para maiores investigações inclusive dos hábitos alimentares dessas
praticantes, assim como verificar as interferências hormonais já que a grande
maioria se encontra acima dos 40 anos. Ao relacionar idade e AFRS, observou-se
que o grupo com idade mais avançada apresentou melhores resultados.
Portanto, sugere-se a
realização de mais estudos em relação às aulas de zumba e seus benefícios,
assim como um aprofundamento em relação ao estado nutricional dos praticantes.