Rev Bras Fisiol Exerc 2018;17(4):265-73
REVISÃO
Eficácia
do treinamento de baixa intensidade com restrição vascular no ganho de força
muscular do quadríceps femoral
Efficacy of low-intensity training with vascular restraint in quadriceps
femoral muscle strength gain
Jorge Carlos Menezes
Nascimento Junior, Ft. M.Sc.*,
Isabely Audrey Queiróz Rocha**, Janara Ludmylla Moraes Dantas**
*Universidade
do Estado do Pará (UEPA), **Graduanda em Fisioterapia, Universidade do Estado
do Pará (UEPA)
Recebido em 17 de novembro
de 2018; aceito em 28 de dezembro de 2018.
Endereço
para correspondência:
Isabely Audrey Queiróz Rocha, Orquídea 600, Jardim
Santarém, 68030-310 Santarém PA, E-mail: isabelyaudrey@hotmail.com; Jorge
Carlos Menezes Nascimento Junior: jcmnj@hotmail.com; Janara
Ludmylla Moraes Dantas: ludmylla.moraes92@outlook.com
Resumo
Introdução: O treinamento com
restrição vascular é uma técnica que utiliza a restrição parcial de fluxo
sanguíneo durante treino resistido de baixa intensidade, com o intuito de
desenvolver força muscular. Objetivo:
Verificar a eficácia do treinamento com restrição vascular sobre o ganho de
força do quadríceps, por meio de uma revisão sistemática. Métodos: Foram seguidas as recomendações da declaração PRISMA. Uma
busca sistemática nos bancos de dados virtuais Pubmed,
PEDro e Scielo
foi executada por dois pesquisadores cegos entre si. Foram utilizados os
seguintes descritores combinados: Ciências da Saúde (DeCs):
Blood, Regional Blood Flow, Muscle Strength.
A qualidade dos estudos foi avaliada pela escala de qualidade PEDro. Resultados: Três artigos atenderam aos critérios de elegibilidade e
foram incluídos na revisão. As pesquisas inclusas caracterizavam-se como
ensaios clínicos randomizados e presença de grupo controle, todas obtiveram nota
superior a 6 na escala PEDro.
Conclusão: Os estudos não
possibilitaram conclusões concretas acerca da eficácia do treinamento de baixa
intensidade com restrição do fluxo sanguíneo sobre a força muscular, o número
reduzido de artigos com alto rigor metodológico também influenciou diretamente
nos resultados da pesquisa.
Palavras-chave: exercício; oclusão
vascular; força muscular; músculo; quadríceps.
Abstract
Introduction: Vascular restriction training is a technique that uses partial
restriction of blood flow during resistance training of low intensity, in order
to develop muscular strength. Objective:
To verify the effectiveness of vascular restraint training on quadriceps
strength gain through a systematic review. Methods:
The recommendations of the PRISMA statement were followed. A systematic search
in the virtual databases Pubmed, PEDro
and Scielo was executed by two blind researchers
among themselves. The following combined descriptors were used: Health Sciences
(DeCs): Blood, Regional Blood Flow, Muscle Strength. The quality of the studies was evaluated by
the PEDro quality scale. Results: Three articles met the eligibility criteria and were
included in the review. Inclusive surveys were characterized as randomized
clinical trials and the presence of a control group, all obtained a score
higher than 6 on the PEDro scale. Conclusion: The studies did not provide
concrete conclusions about the efficacy of low intensity training with
restriction of blood flow on muscular strength, the reduced number of articles
with high methodological rigor also influenced directly the results of the
research.
Keywords: exercise;
vascular occlusion; quadriceps; muscle; muscle strength.
A aquisição de força
muscular está pautada principalmente nos exercícios que utilizam cargas
elevadas, acima de 60% de uma repetição máxima (RM) [1]. A referida intensidade
de treinamento é contraindicada ou necessita ser desenvolvida com cautela,
quando realizada em determinados grupos, tais como idosos, pessoas acometidas
por lesões, pós-cirúrgico e patologias osteoarticulares
[2]. Em virtude desse fato, outras alternativas são
investigadas, como meio para obtenção de força, dentre eles os exercícios com
restrição moderada de fluxo sanguíneo, que segundo alguns autores [3,4], podem
fornecer menores riscos que o treinamento convencional.
Essa modalidade,
também conhecida como kaatsu training, foi criada na década de 60,
sendo sua prática difundida no Japão. É realizada através de posicionamento de
um manguito pneumático na região proximal do membro, com intuito de promover
uma restrição local do fluxo sanguíneo, durante a realização do exercício de
baixa ou moderada intensidade [5]. Diversos estudos [5,6] apontam resultados
similares ao treinamento de força de alta intensidade, mesmo com sobrecargas
menores do que as comumente utilizadas.
Há muitas dúvidas
referentes as respostas celulares provocadas por esse
treinamento. Inúmeras pesquisas são realizadas buscando verificar a sua
eficácia em grupos distintos: idosos, atletas e na reabilitação funcional
[7,8]. Devido ao fato do treinamento com oclusão vascular utilizar baixas
cargas e proporcionar possível aumento de força e hipertrofia por meio de
reduzido estresse mecânico, a referida técnica pode se constituir como uma
opção para o tratamento de indivíduos com restrições ortopédicas, doenças que
desencadeiam o estresse oxidativo e disfunção
endotelial de vasos sanguíneos [9].
Nesta revisão,
optou-se por analisar os artigos que realizassem exercícios em membros
inferiores, mais especificamente no quadríceps, devido ao fato de déficits de
força neste músculo estarem vinculados a perda de
função, afetando assim a qualidade de vida. Outro fator que influenciou esta
escolha foi a existência de inúmeras pesquisas sobre
esse tema voltadas para reabilitação dos membros inferiores [8-10].
As pesquisas sobre
esse assunto são constantes, as quais diferem em sua estrutura metodológica e
também em seus resultados, tornando importante estudos
secundários sobre esse tema. Por esse motivo, o objetivo desta revisão
sistemática é abordar os efeitos do treinamento de baixa intensidade com
restrição moderada do fluxo sanguíneo por meio da oclusão vascular sobre a
força muscular do quadríceps.
A presente revisão
sistemática buscou seguir as recomendações da declaração PRISMA (Principais
Itens para Relatar Revisões sistemáticas e Meta-análises) [13].
Estratégia
de investigação
Esta revisão
sistemática procurou responder o seguinte problema delineador: o treinamento de
baixa intensidade com oclusão vascular tem efeitos sobre a força muscular do
quadríceps?
A busca sistemática
por estudos foi realizada nos bancos de dados virtuais Pubmed,
PEDro e Scielo,
sendo executada por dois pesquisadores cegos entre si. Para tanto foram
utilizados os seguintes descritores combinados: ciências da saúde (DeCS): Blood, Regional blood flow e Muscle Strength. A
pesquisa teve duração de agosto até setembro de 2018.
Critérios
de elegibilidade
Para fazer parte da
presente revisão sistemática, os estudos atenderam os seguintes critérios de
inclusão: artigos publicados nos últimos 10 anos (2009-2018), escritos na
língua inglesa e portuguesa, ensaios clínicos randomizado-controlados e estudos
piloto cujo enfoque se direcionasse ao treinamento resistido de baixa
intensidade com restrição parcial do fluxo sanguíneo para ganho de força
muscular no quadríceps femoral, consistindo em um treinamento bilateral dos
membros inferiores, com score mínimo de 6 na escala de
qualidade PEDro. O estudo teve como critérios de
exclusão artigos de revisão da literatura, estudos de caso, estudos pagos,
estudos que associassem outras condutas tais como o treinamento aeróbico,
eletroestimulação e estudo realizado com animais.
Desfechos
de interesse
Os desfechos de
interesse dos estudos selecionados foram os seguintes: autores do artigo, ano
de publicação, tamanho da amostra, tempo e frequência de tratamento, variáveis
estudadas, e pontuação na escala PEDro.
Avaliação
da qualidade dos estudos
Após a primeira
seleção, os estudos foram avaliados pela escala de qualidade PEDro por meio de dois
pesquisadores cegos entre si. A escala de qualidade PEDro é caracterizada como um instrumento para
avaliação de ensaios clínicos publicados na área das ciências da reabilitação.
A escala possui um total de 11 itens avaliativos que, com exceção do item 1, atribui ao estudo 1 ponto por cada item satisfeito
totalizando um total de 10 pontos. Os critérios de 2 a 9 da escala analisa a
validade interna do estudo enquanto os critérios 10 e 11 avaliam sua
característica estatística de forma que seus resultados possam ser
interpretados [13,14]. Para esta revisão adotou-se as seguintes faixas de
pontuação da escala PEDro:
escore de 6-10: considerou-se como de alta qualidade; 4-5: média qualidade; e
0-3: baixa qualidade. Qualquer variação na pontuação dos estudos obtidos pelos
avaliadores foi resolvida por meio de discussão entre os pesquisadores.
Durante a busca no
banco de dados Pubmed foram encontrados 538 artigos,
enquanto que na base de dados PEDro
foram encontrados 15 e Scielo 21, totalizando 574
estudos. Dentre os artigos encontrados nos bancos de dados, 119 foram
eliminados por estarem duplicados. Dos 455 artigos analisados, 46 foram
selecionados e após a leitura dos resumos dos estudos 25 artigos foram
excluídos, 21 artigos foram avaliados completamente, 7
artigos foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão desta
pesquisa: 2 estudos associavam o treino de oclusão vascular a outras condutas
fisioterapêuticas, 2 estudos avaliaram outras variáveis, 1 estudo realizou o
treinamento com oclusão vascular em apenas um membro inferior, 1 estudo que
evidenciava apenas a metodologia sem apresentar resultados e 1 estudo englobava
outros segmentos corporais. Dos 14 artigos selecionados com base nos critérios
de elegibilidade, 11 foram excluídos por obter pontuação inferior a 6 na escala PEDro. Portanto para
compor o presente estudo foram utilizados um total de 03 artigos, todos
provenientes da base de dados Pubmed, sendo dois
desses estudos encontrados também na escala PEDro. A figura 1 apresenta o fluxograma referente à
etapa de seleção dos artigos para o estudo.
Figura
1 – Fases da revisão sistemática
Todos os estudos
selecionados caracterizavam-se como ensaios clínicos, ambos com amostras
randomizadas e presença de grupo controle. 2 artigos
possuíam participantes do sexo masculino e 1 artigo era composto por
participantes do sexo feminino. 1 estudo teve
participantes jovens e 2 foram realizados com população de meia idade e idosos.
Pelo menos um grupo dos estudos aqui abordados, apresentava o exercício
resistido de baixa intensidade associado ao treinamento de restrição do fluxo sanguíneo,
todos os estudos obtiveram nota 7 na escala PEDro.
A amostra mínima dos
estudos foi de 28 voluntários e a máxima foi de 41, todos os participantes das
pesquisas não possuíam histórico recente com o treinamento resistido. O tempo
de tratamento variou de 3 até 4 semanas e a frequência
semanal de 3 a 8 sessões por semana. Todos os estudos apresentaram dois grupos
de intervenção. A pressão utilizada para realizar a oclusão vascular variou
entre 105 e 200 mmHg. Os desfechos de interesse dos
estudos foram: dor, força muscular, volume muscular. Os ensaios clínicos
presentes nesta revisão utilizaram o teste de força muscular de 5RM, também foram realizadas em dois estudos a ressonância magnética e a
dinamometria. Na análise estatística de todos os estudos
foram utilizados métodos descritivos e inferências adotando como intervalo de
confiança p<0,05. Na Tabela I observam-se algumas das características dos
estudos.
Tabela
I - Características dos estudos selecionados
Fonte: Elaborado pelos
autores. *GTBI = Grupo Treinamento de baixa intensidade; TRV = Treinamento com
restrição vascular; GTAI = Treinamento de alta intensidade
Na avaliação da
qualidade metodológica a pontuação média na escala de qualidade PEDro foi de 7. Não foi obtida
discrepância na análise fornecida pelos pesquisadores. A pontuação detalhada
dos estudos selecionados para a presente revisão é apresentada na Tabela II.
Tabela
II -
Pontuação na escala PEDro para os estudos selecionados
Fonte: Elaborado pelos
autores. (2) = Alocação randomizada; (3) = Atribuição mascarada; (4) =
Similaridade no início do tratamento; (5) = assuntos cegos; (6) =
Fisioterapeutas cegos; (7) = avaliadores cegos; (8) = acompanhamento
apropriado; (9) = análise por intuito de tratar; (10) = correlações
intergrupos; (11) = uso de medidas de precisão e variabilidade
Os 3
artigos incluídos na presente revisão pontuaram 7 na escala PEDro,
aqui conceituados como estudos de alta qualidade metodológica. Conforme
observado, os critérios 10 e 11, referentes às características metodológicas
estatísticas, foram adequadamente cumpridos pelos estudos selecionados. Quanto
à validade interna, critério de 2 a 9, foi possível observar que todos os
estudos apresentaram alocação randomizada, similaridade no início do tratamento
e todos os artigos proporcionaram avaliadores de forma cega. Por outro lado,
não ocultaram os terapeutas responsáveis pela técnica e um estudo não obedeceu
à randomização mascarada. O tamanho da amostra também foi um fator limitante em
um dos estudos selecionados assim como o tempo de duração de todos eles.
O estudo de Ladolow et al. [18]
configura-se como um estudo controlado randomizado, simples-cego, com pontuação
7 na escala PEDro. A amostra total foi de 28
participantes do sexo masculino, com idade de 19 a 49 anos e lesão dos membros
inferiores, distribuídos em 2 grupos: grupo de
treinamento de baixa intensidade (30% de 1 RM) associado a restrição vascular
(manguito foi insuflado até 60% da pressão arterial sistólica) e o grupo de
treinamento de alta intensidade, ambos com 14 participantes. A randomização foi
realizada na proporção de 1:1. O grupo de treinamento de baixa intensidade
associado a restrição vascular realizou 2 exercícios
em sequência (leg press e
extensões bilaterais dos joelhos), cada exercício foi executado em quatro
séries de 30, 15, 15 e 15 repetições, com um intervalo 30 segundos entre cada
série. Houve progressão da carga durante a intervenção a qual foi estabelecida
de acordo com o feedback do participante e avaliação
médica.
A pressão de inflação
foi mantida durante a realização de cada exercício, e no período inter-exercício (3 minutos), o
manguito foi desinflado. O tempo total de exposição a
restrição de fluxo sanguíneo foi 4 minutos por exercício e 8 minutos por
sessão. Enquanto o grupo de treinamento de alta intensidade (70% 1 de RM)
realizou 3 exercícios (levantamento terra, agachamento
livre, afundo). Os participantes realizaram 4 séries
de cada exercício, cada série era composta de 6 a 8 repetições e intervalo de 3
minutos entre os exercícios. O período de descanso entre as séries não foi
mencionado.
O treinamento teve
frequência de 9 sessões distribuídas em 5 dias por
semana para o grupo de baixa intensidade associado a restrição de fluxo
sanguíneo, enquanto o grupo de treinamento de alta intensidade teve frequência
de 3 vezes por semana, a pesquisa teve duração de 3 semanas. Para a avaliação,
foi utilizada a ressonância magnética, o teste de Equilíbrio em Y, o teste de
5RM, o teste de locomoção multiestágio (MSLT) e a
escala visual analógica. As avaliações foram realizadas no início da pesquisa e
após a 3ª semana. Todos os grupos apresentaram melhoras significativas do
início ao final do tratamento em todos os aspectos avaliados (p < 0,05).
Ambos os grupos mostraram melhorias significativas nos escores médios para
volume muscular e 5-RM leg press
e 5-RM extensão do joelho após o estudo. O treinamento de baixa intensidade
associado a restrição vascular demonstrou melhorias
significativas nos escores do equilíbrio e MSLT. Os escores de dor durante o
treinamento reduziram significativamente ao longo do tempo no grupo de treinamento
de baixa intensidade associado a restrição vascular.
A pesquisa realizada
por Segal et al. [17]
apresenta-se com um ensaio clínico randomizado simples cego, com uma pontuação
7 na escala PEDro. O estudo teve um total de 45
participantes do sexo feminino, com idade de 45 a 65 anos, com fatores de risco
para osteoartrite de joelho. 5
participantes deixaram o estudo, alegando falta de tempo para participar das
intervenções. As participantes foram divididas em 2
grupos, 1 grupo experimental que realizou treino de força com baixa intensidade
com restrição parcial do fluxo sanguíneo e 1 grupo controle que fez apenas
exercícios de baixa intensidade, a intensidade foi 30% de 1RM para ambos os
grupos. A randomização foi realizada em 1:1, por meio de um gerador de números
aleatórios. O tamanho do manguito utilizado para a restrição parcial de fluxo
sanguíneo foi de 65 mm de largura e comprimento de 650 mm, insuflada de 160-
120 mmHg.
A pesquisa teve
duração de 4 semanas com frequência semanal de 3
vezes, sendo realizado o exercício leg press bilateral. Ambos os grupos executaram quatro séries
de 30, 15, 15 e 15 repetições, com um intervalo 30 segundos entre as séries.
Não houve progressão da carga durante o período de intervenção. A pressão de
inflação foi mantida durante a realização de cada exercício. Antes e após as
intervenções foram realizadas avaliações através do teste de 5- RM, ressonância
magnética, dinamometria e Questionário de Pontuação
do resultado da osteoartrite do joelho (KOOS).
De acordo com a
referida pesquisa, a força extensora isocinética do
joelho permaneceu sem alterações no grupo controle, porém teve melhora
significativa no grupo com treinamento de baixa intensidade com restrição
vascular, houve ainda aumento significativo no poder
de subida de escadas em ambos os grupos e não houve piora da dor específica no
joelho em nenhum dos grupos e nem diferenças estatisticamente significativas
entre os grupos, o aumento de volume muscular não foi detectado nesse estudo.
Os mecanismos envolvidos
no possível ganho de massa muscular e força no treinamento com oclusão vascular
ainda não estão elucidados, porém, algumas pesquisas sugerem que a hipóxia
muscular ocasionada pela restrição do fluxo sanguíneo e a redução do retorno
venoso, com consequente redução do clearence de
metabolitos do tecido muscular estariam relacionados na ativação de mecanismos
primários e secundários ligados à resposta adaptativa do músculo a um treino de
força com oclusão vascular [19].
O treino de baixa
intensidade com oclusão vascular é associado à promoção de estímulos no
metabolismo local que, consequentemente, além de desencadear recrutamento das
fibras de contração rápida e síntese proteica promove o aumento nos fatores de
crescimento [9]. O lactato pode exercer grande influência nos processos
metabólicos relacionados aos treinos com intensidades, isso pelo fato de estar
envolvido no processo de síntese de testosterona e na secreção de hormônio do
crescimento [20].
Outra pesquisa de Segal et al. [18] que também apresenta-se como
um estudo controlado randomizado, simples-cego, com pontuação 7 na escala PEDro, tem semelhanças metodológicas com o artigo anterior.
As principais diferenças estão na amostra, com 41 participantes do sexo
masculino, com idade de 45 a 90 anos, os quais bem como a pesquisa anterior
apresentam fatores de risco elevado para osteoatrite
de joelho. A divisão dos grupos, a intervenção, o tempo total de exposição a restrição de fluxo sanguíneo, a frequência do semanal, a
randomização e a avaliação, excetuando-se a ressonância magnética foram
semelhantes ao estudo acima. O grupo de treinamento de baixa intensidade
associado a restrição vascular foi composto por 19
participantes e o grupo que realizou apenas treinamento de baixa intensidade foi
realizado por 22 participantes. Este estudo afirma que em comparação com o
treinamento de baixa intensidade, o treinamento de baixa intensidade associado a restrição de fluxo sanguíneo a 30% de treinamento de
resistência de 1RM por 4 semanas não conferiu maiores aumentos na força do
quadríceps em homens idosos com fatores de risco para OA sintomática do joelho.
Na presente revisão
foi observado que os estudos aqui avaliados apontam resultados que não
possibilitam conclusões sobra a eficácia do treinamento de baixa intensidade
associado a restrição de fluxo sanguíneo sobre a força
muscular. O número reduzido de artigos selecionados evidencia a necessidade de
pesquisas com maior rigor metodológico, possibilitando tomada de decisões
fundamentas em estudos mais consistentes. O estudo de Landlow
et al. [16] não evidenciou diferenças
estatística entre os grupos pesquisados, segundo estes autores, vários aspectos
podem ter influenciado o referido resultado, dentre eles, a diversidade de
condições patológicas e as diferenças entre os protocolos de intervenção, esse
fato também dificultou a comparação com os demais artigos abordados nesta
revisão sistemática.
Esses elementos
precisam ser considerados durante a elaboração dos estudos, pois as mudanças
fornecidas pelo treinamento resistido dependerão de como os princípios de
treinamento (intensidade, frequência e duração do exercício) serão aplicados,
outros elementos também repercutem no desfecho do treinamento, tais como
características do exercício, idade e sexo do indivíduo submetido a esse
treinamento [21].
Os artigos de Sega et al. [17,18] possuíam características
metodológicas semelhantes, o que não garantiu a mesma conclusão para as
pesquisas. O estudo realizado com mulheres destreinadas obteve aumento na força
muscular do grupo treinado com restrição do fluxo sanguíneo. Esse protocolo de
intervenção todavia não obteve o mesmo resultado
quando realizados em homens destreinados, tendo como desfecho a ausência de
diferenças entre os grupos. As principais hipóteses dos autores sobre os
resultados discrepantes são referentes a questões relacionadas as diferenças de composição corporal entre os sexos
masculino e feminino, especificamente na região onde o manguito era
posicionado. Outro elemento foi o fato de apesar de os participantes não
possuírem histórico recente com treinamento resistido, havia entre os
voluntários do sexo masculino indivíduos que possuíam atividades esportivas e
laborais que poderiam influenciar no resultado da pesquisa.
Todos os estudos
abordados nesta revisão afirmam que há necessidade de pesquisas com maior
duração. De acordo com Segal [17], também é
importante que estudos posteriores tenham como intuito verificar os parâmetros
e dosagem empregados nessa técnica e sua repercussão no ganho de força
muscular. Dentre as limitações desta revisão, está o fato da busca de estudos ter sido realizada somente em três bases de dados e também
de não abranger estudos pagos. Outra limitação foi a diversidade de amostras
dos estudos selecionados (sexo, idade e pessoas acometidas por patologias
diversas como foi o caso do estudo de Landow et al.[16]. Foi possível observar que
ainda são poucos os estudos realizados com a temática em questão, a grande
maioria não apresenta alta qualidade metodológica. Portanto, sugere-se a
elaboração de novos estudos com características metodológicas que levem em
consideração principalmente os itens referentes ao mascaramento do estudo e
cegamento, a fim de obter evidências de maior qualidade.
Foi possível observar
que os resultados dos estudos não possibilitam conclusões referentes a eficácia do treinamento de baixa intensidade associado a
restrição de fluxo sanguíneo sobre a força muscular. O número reduzido de
artigos selecionados evidência a necessidade de pesquisas com maior rigor
metodológico. Por esse motivo sugere-se que outras pesquisas sejam realizadas
considerando os aspectos metodológicos, haja vista os possíveis benefícios que
esse treinamento pode trazer principalmente para indivíduos que possuem
contraindicação para o treinamento convencional de ganho de força.