Rev Bras Fisiol Exerc 2018;17(4):214-
doi: 10.33233/rbfe.v17i4.1919ARTIGO
ORIGINAL
Influência
do alongamento passivo dos músculos antagonistas no treinamento de força nas
respostas neurais e na força isométrica máxima em mulheres jovens destreinadas
Influence of passive stretching of antagonist muscles in strength
training in neural answers and maximum isometric strength in untrained young
women
Igor Ferreira Nunes*,
Jefferson Fernando Coelho Rodrigues Júnior*, Antônio Carlos Leal Cortez**,
Glauber Castelo Branco Silva***, Vânia Silva Macedo Orsano,
D.Sc.****
*Graduado
em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal do Piauí (UFPI),
**Centro Universitário Santo Agostinho UNIFSA, Teresina PI, Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em Enfermagem e Biociências (PPgEnfBio), Doutorado da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro UNIRIO/RJ, Bolsista Demanda Social CAPES, Fisiologista
da Confederação Brasileira de Atletismo CBAt, ***Universidade Estadual do
Piauí, Campus Barros Araújo, Picos PI, Universidade Católica de Brasília,
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Doutorado) em Educação Física,
Brasília DF, ****Graduada em Bacharelado e Licenciatura em Educação Física pela
Universidade Estadual do Piauí (UFPI), Docente do Departamento de Educação
Física da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina PI
Recebido em 13 de
setembro de 2019; aceito em 20 de dezembro de 2018.
Endereço
para correspondência:
Jefferson Fernando Coelho Rodrigues Júnior, Quadra 78, Casa 1
Dirceu 1, 64077-240 Teresina PI, E-mail: jefferssonfernando@hotmail.com; Igor
Ferreira Nunes: igornunes101@hotmail.com; Antônio Carlos Leal
Cortez: antoniocarloscortez@hotmail.com; Glauber Castelo Branco Silva:
glaubercastelobsilva@hotmail.com; Vânia Silva Macedo Orsano:
vania.orsano@hotmail.com
Resumo
Objetivou-se
investigar a influência do alongamento passivo dos músculos antagonistas
previamente ao treinamento de força muscular, nas adaptações neurais e de força
isométrica máxima. Onze mulheres jovens sem experiência em treinamento de força
(24 ± 1,61 anos) realizaram avaliação antropométrica, corporal, eletromiográfica e isométrica máxima, depois foram
submetidas a um programa de treinamento de força muscular, de seis semanas, com
cargas de treino a 60%, 70%, 80% e 90% de 10 RM, com protocolos diferenciados:
um grupo com treinamento de força tradicional (GTFT), um grupo de treinamento
de força com alongamento passivo do antagonista (GTFc/A) e um grupo controle. Na semana seguinte do
final da intervenção as voluntárias foram reavaliadas com os mesmos testes do
início do estudo. Quando comparado os níveis de atividade elétrica e força
isométrica máxima entre desempenho inicial com o desempenho final, o GTFT
mostrou maiores resultados no pico de ação máxima em relação aos demais,
tratando-se da força isométrica máxima. O grupo de treinamento de força com
alongamento (GTFc/A) também
apresentou maiores resultados após a intervenção, porém de maneira não
significativa. Na atividade elétrica muscular não houve mudanças significativas.
O alongamento passivo dos músculos antagonistas previamente aos exercícios de
força, durante seis semanas, não influencia negativamente, nem de forma
positiva o desempenho da força máxima, no entanto os resultados mostraram uma
tendência para uma influência positiva, sendo necessários outros estudos, com
maior amostra, que confirmem estes resultados.
Palavras-chave: força muscular;
mulheres; treinamento de resistência.
Abstract
The aim of this study was to investigate the influence of the passive stretching
of the antagonist muscles previously of muscle strength training in neural
adaptations and maximal isometric strength. Eleven young women with no strength
training experience (24 ± 1.61 years) underwent anthropometric, body,
electromyography and maximal isometric evaluation, after which they underwent a
six-week muscle strength training program with training loads at 60%, 70%, 80%
and 90% of 10 RM, with differentiated protocols: a group with traditional
strength training (GTFT), a force training group with passive stretching of the
antagonist (GTFc/A) and a group Control (GC). In the
week after the end of the intervention as volunteers they were reevaluated with
the same tests at the beginning of the study. When comparing the levels of
electrical activity and maximum isometric force between initial performance and
final performance, the GTFT showed higher results at the peak of maximum action
in relation to the rest, considering the maximum isometric force. The strength
training group with stretching (GTFc/A) also showed
higher results after an intervention, but not significantly. There were no
significant changes in muscle electrical activity. The passive stretching of
the antagonist muscles prior to the force exercises during six weeks did not
influence negatively, either positively or maximally, but the results showed a
tendency for a positive influence, new studies are need, with larger sample, to
confirm these results.
Keywords: muscular
strength; women; endurance training.
Estudos evidenciam os
benefícios da prática de atividade física para a saúde e qualidade de vida de
pessoas de todas as idades [1]. O nível de atividade física e a prevalência de
sedentarismo são estudados em vários grupos como crianças, adolescentes, adultos,
idosos e portadores de patologias crônico-degenerativas [2,3]. A atividade
física surge como uma estratégia de baixo custo, acessível, eficiente e não
medicamentosa para ajudar e manter o indivíduo saudável [4].
Atualmente, os
benefícios do exercício de força têm sido demonstrados na literatura [4]. Esses
exercícios são caracterizados por contrações voluntárias da musculatura
esquelética, em que um segmento corporal específico desempenha ação contra
alguma resistência externa [5]. O treinamento de força (TF) ou resistido é um
dos métodos mais efetivos, pois proporciona a melhoria do desempenho esportivo,
desenvolve capacidades físicas como velocidade, força, hipertrofia,
potência, desempenho motor, resistência de força, coordenação e equilíbrio [6],
além da melhoria na saúde [4]. De acordo com o American College of
Sports Medicine [7], os protocolos, métodos e sistemas de treinamento do TF
são estruturados de acordo com número de repetições, carga, intensidade e
intervalo de exercício.
Os mecanismos de
adaptação neural ao movimento e a hipertrofia do músculo são os principais
responsáveis pelo desenvolvimento da força muscular. A primeira, atuando de
maneira mais significativa na fase inicial do treinamento de força, enquanto a
segunda, após um período capaz de gerar adaptações morfológicas ao músculo
treinado. Dessa forma, o potencial de força neural tende a diminuir ao longo do
período de treinamento, sendo necessário otimizar as
adaptações neurais ao longo do treinamento de força [5].
Diversas modalidades
de treinamento de força foram testadas com o intuito de potencializar os ganhos
obtidos na fase inicial dos programas de TF, dentre esses, foram encontrados
programas que priorizavam a realização de ações concêntricas, isométricas, combinadas
(concêntricas/excêntricas) e ações excêntricas
isoladas. Dentre essas, as ações excêntricas isoladas e as combinadas (concêntricas/excêntricas) foram as que demonstraram maior
eficiência tanto no ganho de força como na hipertrofia muscular [8-9].
Segundo Ramos, Santos
e Gonçalves [10], a força gerada pela contração muscular está associada à
quantidade de pontes cruzadas entre os filamentos de actina
e miosina no interior dos sarcômeros. Nesse sentido,
alterações estruturais no comprimento do sarcômero da
fibra muscular, em toda sua extensão, podem diminuir a capacidade de gerar
tensão máxima, estando principalmente associada à condição de encurtamento
muscular [10].
Nesse contexto, o
alongamento entra como um exercício capaz de melhorar a mobilidade dos tecidos
moles promovendo o aumento do comprimento das estruturas que sofreram
encurtamento adaptativo [11]. De acordo com Rispler
[12], a força que um músculo desenvolve é maior quando este atinge um
“comprimento ótimo” durante uma contração. Segundo o mesmo autor, essa posição
é capaz de ativar todas as possíveis pontes cruzadas entre actina
e miosina ao longo do sarcômero [12].
No entanto, Bacurau et al. [13] descreveram que os efeitos
agudos positivos da execução do alongamento muscular (AM) antes da realização
de testes de força muscular ainda não estão bem elucidados, por esses
demonstrarem resultados divergentes. O AM antes do início de uma sessão de
treinamento tem sido utilizado por atletas de diversas modalidades esportivas e
por praticantes do TF, com a hipótese de redução do risco de lesões musculares
e articulares, e forma de aquecimento.
Alguns estudos
demonstraram que o AM realizado imediatamente antes dos testes de força pode
gerar uma redução da capacidade de gerar força e potência [13,14], porém outros
estudos não demonstraram diferenças significativas com o tempo de AM, igualou
inferior a 30 segundos [15-17]. Em seu estudo Marchand et al. [18] afirmaram que o alongamento tende a recuperar
satisfatoriamente os níveis de mobilidade articular, reduzindo tensões
musculares e resultando na melhoria da mecânica articular, sendo a
flexibilidade tão importante para atletas como para pessoas sedentárias, a
amplitude articular limitada poderá comprometer o desempenho esportivo ou
atividades diárias.
Estudos envolvendo
alongamento pós-exercício têm sido desenvolvidos nas últimas cinco décadas,
porém, muitos ainda, com resultados distintos [19]. Resultados positivos após
prática de alongamento foram observados utilizando-se as técnicas de
alongamento estático passivo, dinâmico ou por facilitação neuromuscular
proprioceptiva [20]. Dentre as técnicas verificadas, o alongamento estático
ativo têm sido o menos utilizado nas pesquisas, tendo os demais tipos de
alongamento maior atenção nas pesquisas sobre o tema [21]. De acordo com Goldspink [22], o alongamento ativo excêntrico
(antagonista) tem sido um dos mais indicados para promover o alongamento
muscular, pois, além de estimular a adaptação no comprimento muscular, aumenta
sua flexibilidade, pode promover alterações na geração de força.
Assim, diante da possibilidade de melhora
da força muscular a partir da utilização do alongamento, a presente pesquisa
avaliou a influência do alongamento passivo dos músculos antagonistas,
previamente ao treinamento de força muscular nas adaptações neurais e de força
isométrica máxima, em mulheres jovens sem experiência em treinamento de força.
Desenho
de estudo e amostra
Trata-se de um estudo
descritivo experimental, realizado na cidade de Teresina PI, onde foram
avaliadas jovens mulheres com idade entre 20 e 30 anos, sem experiência com o
treinamento de força ou métodos de alongamentos e nenhuma patologia crônica ou
lesão que impedisse a execução do exercício ou treinamento.
Assim, participaram
da pesquisa 14 mulheres distribuídas de maneira randomizada nos seguintes
grupos: 5 jovens no grupo controle (GC), 4 jovens no
grupo de treinamento de força tradicional sem alongamento (GTPT) e 5 no grupo
de treinamento de força com alongamento passivo nos antagonistas (GTPc/A).
No decorrer da
pesquisa, foi observada a desistência de três voluntárias (duas do GC e uma do
GTPT). Desta forma, o número de participantes foi reduzido a 11 mulheres, com
uma redistribuição aleatória aos grupos: 3 participantes
(idade 25 ± 1,528 anos no GC, 4 participantes (idade 24 ± 1,732 anos) no GTPT e
4 participantes (idade 24 ± 1,826 anos) no GTPc/A.
Aspectos
éticos
O estudo foi aprovado
pelo Comitê de ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, respeitando
os preceitos para realização de pesquisa com seres humanos, prevista na
resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Tendo sido registrado com nº
57085116.0.0000.5214 e parecer nº 1.755.835. As participantes assinaram o termo
de consentimento livre e esclarecido contendo todos os critérios de
voluntariedade para o estudo.
Procedimentos
de coletas de dados
Inicialmente, as
voluntárias responderam o questionário de prontidão para atividade física
(PAR-Q), no qual foram selecionadas de acordo com os critérios de inclusão.
A formação dos grupos
de experimento ocorreu de forma randomizada, por meio de sorteio, direcionando
as voluntárias aos respectivos grupos, sendo: 1) controle (GC) nenhum tipo de
exercício físico; 2) grupo treinamento de força tradicional, isto é, sem
alongamento prévio aos exercícios (GTFT) e 3) grupo treinamento de força com
alongamento dos músculos antagonistas (GTFc/A).
Análise
da composição corporal
Para a avaliação da
composição corporal foi utilizada uma balança de bioimpedância marca InBody 120 Biospace,
Inc. [USA], para análise dos dados de massa corporal, massa muscular
esquelética, massa gorda, índice de massa corporal, circunferência da cintura e
percentual de gordura subcutânea e visceral. Previamente as participantes foram
orientadas a seguir todas as recomendações da balança, sendo instruídas a não
consumir quantidades excessivas nem reduzidas de água, não fazer uso de
diuréticos, bebidas alcoólicas, chás, efervescentes, energéticos ou bebidas a
base de cafeína, sendo proibida também a prática de exercícios físicos em um
período de 12 horas e de alimentação de 2 a 3 horas precedentes a avaliação.
Todas as mulheres foram avaliadas no meio do ciclo menstrual, devido ser o
período de menor retenção hídrica.
Protocolo
do teste de 10 repetições máximas
Para determinação das
10 RM foi utilizado o protocolo proposto por 23. Beachle
et al. [23], sendo a carga inicial
estimada de acordo com o peso utilizado nas sessões de familiarização do
treinamento de cada indivíduo. O teste foi interrompido no momento em que os
avaliados executavam o movimento com a técnica incorreta e/ou quando ocorreram
falhas concêntricas voluntárias em 10 RM.
Os sujeitos
realizaram aquecimento específico em cada exercício, após intervalo de dois
minutos iniciaram as tentativas do teste de 10 RM. Obtida a carga no respectivo
exercício, três minutos de repouso foram concedidos entre os exercícios. O
aquecimento específico consistiu em uma série de 20 repetições, a 50% da carga
de 10 RM, estimando a quilagem de treino dos
indivíduos.
Durante o teste foi
adotada cadencia (2-3 segundos) concêntrica, excêntrica. Foi realizado um teste
para exercício que seria realizado nas sessões de treino. As sessões para ambos
os grupos experimentais foram constituídas por dez exercícios: supino reto com
barra, leg-press
45º, puxador frontal, cadeira extensora, desenvolvimento máquina, mesa flexora,
extensão dos cotovelos, flexão plantar em pé, flexão do cotovelo com barra
livre e tibial anterior (dorso flexão) no leg-press 180º. Os exercícios
foram realizados na academia de musculação do Departamento de Educação Física –
DEF/UFPI em Teresina/PI, utilizando-se de aparelhos da marca Physicus. As
participantes foram convidadas após o intervalo de 48-72 horas, para realização
do re-teste, visando
garantir a reprodutibilidade da medida.
Programas
de intervenção (treinamento de força)
Foram realizados
treinamentos de força tradicional (TFT) e de força com alongamento (TFc/A) passivo, desenvolvidos nos
músculos antagonistas aos acionados durante o exercício. Os alongamentos
perfaziam uma duração de 40 segundos, sendo realizados sempre antes da série de
exercícios, sendo acrescentando 1 minuto de intervalo, após o alongamento entre
uma série e outra de exercícios. Enquanto no TFT foram realizados intervalos de
1 minuto entre uma série e outra de exercícios.
A intervenção teve
duração de seis semanas, seguindo o seguinte protocolo de 3
sessões de treinos semanais, composto por um aquecimento de 10 minutos na
bicicleta ergométrica e exercícios de membro superior e inferior, a saber:
puxador frente, supino reto, com halteres, rosca direta, tríceps na polia, legpress 45º, cadeira extensora, stiff
e cadeira flexora. Os exercícios foram agrupados de acordo com a organização antero-posterior, ou seja,
agonista-antagonista, realizados em 2 séries de 10 repetições e intervalo de 1
min. A progressão da carga foi mediada por aumentos progressivos de 10% das 10
RM, na 1ª semana a carga de treino foi de 60% de 10 RM, na 2ª semana 70% de 10
RM, 3ª e 4ª semana com 80% de 10 RM, 5ª e 6ª semana com 90% de 10 RM. A cada
transição, foram realizadas reavaliações das 10 RM, a fim de adequar a carga de
trabalho.
Eletromiografia
(EMGs) e força isométrica máxima (FIM)
As EMGs foram realizadas antes e após a intervenção do TF,
utilizando-se de uma cadeira extensora isocinética de
marca Medisa.
As voluntárias tomaram assento, para adequação da máquina ao exercício pelo
pesquisador. A célula de carga foi colocada no apoio dos pés, e a máquina
ajustada alinhando-se o ponto de articulação da máquina, com o ponto da
articulação do joelho da voluntária. As participantes foram orientadas a
realizar uma contração máxima, com duração de 5 segundos, a fim de mensurar a
força isométrica máxima. O teste seguiu o protocolo de 3
tentativas de 5 cinco segundos de contração, com intervalo de 5 segundos sem
movimento.
Os sinais da EMG de
superfície foram registrados no músculo vasto lateral/ reto femoral (VL/RF) dos
membros inferiores, tanto do membro dominante quanto do não dominante
utilizando pares de eletrodos de superfície Ag-AgCI
(área de condutividade 28 mm2 – Hal, São Paulo, SP, Brasil) com 200-mm de
distância entre os eletrodos. De maneira cuidadosa, a preparação da pele
(raspagem, limpeza com álcool em gel antisséptico para reduzir a impedância),
os pares de eletrodos foram posicionados sobre os respectivos músculos. Os
sinais de EMG de superfície foram amplificados em derivações bipolares
(amplificador de EMG, sistema EMG, São José dos Campos/SP, Brasil), filtro
passa-faixa (largura de banda -3 dB, 20-500 Hz),
representados em 2048 amostras/s, e convertidos em dados digitais por uma placa
conversora A/D de 12-bit.
Análise
estatística
Inicialmente os
resultados obtidos nos testes foram transformados em dados numéricos por meio
do software Miotex Suite,
obtendo-se a Raiz Quadrada da Média (RMS) em microvolts (µV) e a Força
Isométrica Máxima (KgF).
Foram utilizadas estatísticas descritivas de média, desvio padrão e variância,
teste de normalidade de Shapiro-Wilk, teste de
Mann-Whitney para comparação dos momentos pré e pós
de cada grupo, e o teste de Kruskal-Wallis para
comparação dos dados entre os grupos com nível de significância de p<0,05.
Para tanto, utilizou-se do pacote estatístico SPSS nº22 para o Windows.
A antropometria e a
composição corporal dos grupos (GC, GTFT E GTF c/ A) são caracterizadas em
média ± desvio na tabela I.
Tabela
I - Caracterização antropométrica das amostras
por grupo
GC = grupo controle,
GTFT = grupo treinamento de força tradicional, GTF c/A =
grupo treinamento de força com alongamento dos músculos antagonistas; kg: kilogramas; cm: centímetros
Na tabela II, apresenta-se o pico máximo
de ação dos sinais RMS e FIM comparando o GC, GTFT, GTFc/A, em ambas as pernas dos grupos envolvidos.
Tabela
II -
Dados comparativos do pico de ação da RMS
(µv) e FIM (KgF) pré e pós intervenção
Análise comparativa
referente ao sinal do pico de ação da RMS e FIM entre o grupo controle(GC), Grupo de treinamento de força tradicional
(GTFT), Grupo de treinamento de força com alongamento (GTFc/A)
onde, PD = Perna Direita; PE = Perna esquerda; µv = Microvolts; KgF = kilogramas de força;
*Diferença significativa (p < 0,05) entre GTFT Pós e Pré-intervenção
Foram observadas
diferenças significativas entre a pré-intervenção
87,83 kgF e pós 101,72 kgF no grupo GTFT, bem como entre GTFT pós 101,72 kgFe GC pós 61,52 kgFe GTFT pós
101,72 kgF e GTFc/A pré 73,24 kgF.
De
forma similar a
realização do teste de pico de ação, a
média de ação também foi mensurada. Essa
corresponde à média dos disparos elétricos e da
força máxima durante o período
de contração, no qual foram comparando os GC, GTFT, GTFc/A nas variáveis RMS e FIM (tabela III).
Análise comparativa
referente ao sinal da média de ação da RMS e FIM entre o grupo controle (GC),
Grupo de treinamento de força tradicional (GTFT), Grupo de treinamento de força
com alongamento (GTFc/A)
onde, PD = Perna Direita; PE= Perna esquerda; µv= Microvolts;KgF
= Kilogramas de força.*Diferença significativa (p<0,05)
entre GTFT pós e pré; †Diferença significativa
(p<0,05) entre GTFc/A (pós) e GC (pré); †Diferença significativa (p < 0,05) entre GTFT (pós)
e GC (pré); p Diferença
significativa (p < 0,05) entre GTFT (pós) e GC (pós).
Foi observada uma
diferença estatística entre GTFT pós 79,34 kgF e pré 64,69 kgF,entre GTFc/A pós (64,48 kgF) e GC pré(33,87 kgF), entre GTFT pós 79,34 kgF e
GC pré33,87 kgF, entre GTFT pós 79,34 kgFe GC pós 43,65 kgF.
O estudo teve como
intuito investigar a influência do alongamento passivo dos músculos
antagonistas, previamente ao treinamento de força muscular nas adaptações
neurais e de força isométrica máxima, em mulheres jovens sem experiência em
treinamento de força. Os resultados demonstraram não ocorrer alterações
relevantes nos sinais elétricos musculares (RMS) de pico e de média. A atividade
elétrica entre as duas pernas direita e esquerda obteve desempenhos próximos em
ambos os protocolos, tanto no treinamento de força tradicional GTFT como no
treinamento de força com alongamento GTFc/A.
Quanto aos resultados
de força isométrica máxima (FIM), o GTFT demonstrou desempenho superior tanto
no pico de ação como na média de ação, estando de acordo com os achados de
Ramos et al. [10].
Em seu estudo Behm et al. [24] relataram que o alongamento,
quando intenso e prolongado pode, na verdade, ser fator determinante para a
diminuição da força, potência muscular e redução do desempenho humano. Outros
autores ainda ressaltam que a redução da força se dá pela alteração no
comprimento-tensão da fibra muscular, pois o sarcômero
é submetido a sucessivos encurtamentos e alongamentos, provocando sobreposições
dos miofilamentos e o número de pontes cruzadas, já
que existe um comprimento ótimo para uma maior geração de força [26].
Já Ramos et al. [10] acreditam que as alterações de
força provocada pelo alongamento não têm algo concreto e certo de tal efeito,
pode ser que seja devido a fatores mecânicos, como nas alterações de
propriedade viscoelásticas dos músculos e músculo tendinosas. No entanto, Robbins et al. [27] observaram significativa alteração no desempenho muscular
dos agonistas, como no salto vertical, embora os autores não notassem diferença
na eletromiografia (EMG) dos agonistas.
Alguns achados na
literatura corroboram os resultados do presente estudo, pois o
recrutamento de unidade motora e a força gerada pelo GTFc/A não diminuiu e nem aumentou significativamente. A
literatura aponta que os efeitos agudos do alongamento estático se dão pelo
fato de que a coativação caracteriza-se pela co-contração dos antagonistas
durante o movimento realizado pelos agonistas tendo a finalidade de estabilizar
o movimento, entretanto, a co-ativação dos
antagonistas limita a geração de força que a agonista pode ativar, sendo assim,
um dos fatores que melhora o desempenho do agonista após a aplicação do alongamento
envolve fatores neurais e baseia-se na redução do recrutamento de unidades
motoras ou redução do disparo fuso muscular induzido pelo alongamento [28,29].
Alguns estudos
mostram que, quando imposto o alongamento estático prévio do agonista após um exercício,
reduz-se o resultado final da força [25], no entanto esse estudo visou alongar
os antagonistas ao exercício, obtendo valores aumentados de força
pós-intervenção no grupo de treinamento de força com alongamento do
antagonista, mas de forma não significativa.
Em relação à média da
ação das RMS, observou-se que os valores pré-intervenção
dos sinais de RMS não apresentaram diferenças significativas entre perna
dominante e não dominante dos grupos testados, o mesmo acontecendo com o
pós-intervenção.
O GTFc/A apresentou aumento significativo da média de
ação máxima da FIM. Segundo Kawakami et al. [25], a GTFc/A
parece produzir aumento da força muscular, bem como a ação de recrutamento de
mais unidades motoras, embora não significativo neste estudo, porém demostrado
no estudo de Sandberg [26].
Os ganhos
significativos de força e hipertrofia no GTFT concordam com os achados já
demonstrados na literatura [8,29]. O treinamento de força mostra-se mais
eficaz, incluindo ou não a predominância da fase excêntrica, mesmo que a ênfase
na ação excêntrica aperfeiçoasse tal ganho.
No presente estudo, o
GTFT demonstrou valores significativos, no pico de ação de força, que teve
maior significância quando comparamos a pré-intervenção
do GTFT com a pós-intervenção do GTFT. Também mostrou valores significativos na
pós-intervenção do GTFT quando comparado ao GC pós-intervenção e mostrou-se
relevante na pós-intervenção do GTFT quando comparado ao GTFc/A.
Já os valores da
média de ação, o GTFT mostrou-se significativo quando comparamos a pré-intervenção do GTFT com após intervenção do GTFT, e
também se mostrou eficaz na pós-intervenção do GTFT quando comparado ao GC pré-intervenção, bem como quando comparamos após
intervenção do GTFT ao GC pós-intervenção.
Comparando os níveis
de atividade elétrica e força isométrica máxima entre desempenho inicial com o
desempenho final, o grupo de treinamento de força tradicional (GTFT) obteve no pico de ação maiores resultados em relação aos demais, tratando-se
da força isométrica máxima (FIM). O grupo de treinamento de força com
alongamento (GTFc/A) também
apresentou maiores resultados, nesta variável, após a intervenção, porém de
maneira não significativa.
No que diz respeito à
média de ação máxima, o GTFT apresentou-se superior aos demais para a FIM, bem
como o GTFc/A, mas apenas
quando comparado ao GC. Em relação aos sinais elétricos musculares (RMS), não
houve mudanças significativas tanto no pico de ação quanto na média de ação
máxima, contudo o GTFT apresentou uma diminuição dos sinais elétricos mostrando
valores próximos entre perna direita (PD) e perna esquerda (PE), mostrando
certa compensação entre a perna mais forte e a mais fraca, porém de maneira não
significativa. Entretanto, o GTFc/A
teve um aumento do sinal elétrico e valores próximos entre PD e PE, mas de
maneira não significativa também.
Conclui-se dessa
forma que o alongamento passivo dos músculos antagonistas previamente aos
exercícios de força, durante seis semanas, mostra que a atividade dos sinais
elétricos aumenta de forma discreta, mas não influencia o desempenho da força
máxima, no entanto os resultados mostraram uma tendência para uma influência
positiva, sendo necessários outros estudos, com maior amostra, que confirmem
estes resultados.