Rev Bras Fisiol Exerc 2019;18(1):9-16
ARTIGO
ORIGINAL
Associação
entre o nível de atividade física e o estresse em pré-vestibulandos
Association
between level of physical activity and stress in students before vestibular
exam
Vera Alynne da Silva Oliveira*, Ícaro Yagor
Chaves Sinésio*, Patrícia Uchoa Leitão Cabral, D.Sc.**,
Antônio Carlos Leal Cortez, D.Sc.***, Yúla Pires da Silveira
Fontenele de Meneses, D.Sc.****
*Graduação
em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Estadual do Piauí,
**Professora de educação física da Universidade Estadual do Piauí, Campus
Torquato Neto, Teresina/PI, ***Centro Universitário Santo Agostinho UNIFSA,
Teresina/PI, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Enfermagem e
Biociências (PPgEnfBio), Doutorado da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) RJ, Bolsista Demanda Social CAPES,
Fisiologista da Confederação Brasileira de Badminton – CBBd,
****Professora de educação física da Universidade Estadual do Piauí, Campus
Torquato Neto, Teresina/PI e do Centro Universitário Uninovafapi
Recebido em 20 de
janeiro de 2019; aceito em 26 de fevereiro de 2019.
Endereço
de correspondência:
Antônio Carlos Leal Cortez, Av. Abdias Neves, 1850, 64015-300 Teresina PI,
E-mail: antoniocarloscortez@hotmail.com; Vera Alynne
da Silva Oliveira: veraalynne@gmail.com; Ícaro Yagor
Chaves Sinésio: icaroyagor77@gmail.com; Patrícia Uchoa Leitão Cabral:
patriciauchoa@yahoo.com.br; Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses: yula@globo.com
Resumo
O objetivo do estudo
foi avaliar a associação entre o nível de atividade física e o estresse em
pré-vestibulandos. O estudo compreendeu uma amostra de 195 escolares de 16 a 24
anos de Teresina/PI. O nível de atividade física foi analisado pelo
Questionário de Atividades Físicas Habituais. Para avaliar o nível de estresse
utilizou-se o Inventário de Sintomas de Stress. Para caracterização da amostra
foi feito um estudo estatístico descritivo analítico. Foi usado o teste Qui-quadrado e Exato de Fisher para verificar associação
entre as variáveis e para a correlação o de Spearman.
Os resultados mostraram que os escolares possuíam nível de estresse de 34,8%
Resistência, 36,9% Exaustão e 26,6% Sem Estresse. Quanto ao nível de atividade
física dos avaliados, 38,4 % foi considerado inativo e 11,2% muito ativo. A
associação entre o nível de atividade física e o nível de estresse mostrou que
os mais ativos possuíam menores níveis de estresse que os inativos. A
correlação entre o nível de estresse e o nível de atividade física foi
negativa. Houve uma associação estatística significativa entre o nível de
atividade física e o nível de estresse nos pré-vestibulandos avaliados, ou
seja, ser mais ativo está associado com os menores níveis de estresse.
Palavras-chave: estresse psicológico;
exercício desempenho acadêmico.
Abstract
The
objective of the study was to evaluate the association between the level of
physical activity and stress in pre-vestibular students. The study included 195
students aged 16 to 24 from Teresina/PI. The level of physical activity was
analyzed by the Habitual Physical Activities Questionnaire. Stress Symptoms
Inventory was used to assess the level of stress. A descriptive analytical
study was performed to characterize the sample. The Chi-square and Fisher's
exact test was used to verify the association between the level of physical
activity and the level of stress. Variables were analyzed using the Spearman
correlation. The results showed that the stress level 34.8% for Resistance,
36.9% for Exhaustion and 26.6% for No Stress. Regarding the level of physical
activity, 38.4% was considered inactive and 11.2% very active. The association
between physical activity level and stress level showed that the more active
ones had lower levels of stress than inactive ones. The correlation between the
level of stress and the level of physical activity was negative. We observed a
significant association between the level of physical activity and the level of
stress in the evaluated students before vestibular exam, the more active being
associated with lower levels of stress.
Key-words: psychological
stress; exercise; academic performance.
O estresse é uma reação
do organismo com componentes psicológicos, físicos, mentais e hormonais que
surgem quando há uma necessidade de adaptação a um evento que pode ser bom (eustresse) que motiva e incentiva ou ruim (distresse) que tende a gerar tensão [1,2].
Frente a uma sociedade
extremamente competitiva, com um desequilíbrio econômico crescente e uma
violência urbana descontrolada, a humanidade recebe o impacto do estresse, que
lhe traz alterações psicofisiológicas que tem uma relação direta com a redução
da saúde e da qualidade de vida [3].
No Brasil estipula-se
que a escolha profissional seja decidida no fim do ensino médio, período que
coincide com a adolescência que é considerada uma etapa da vida mais vulnerável
ao estresse. Aliado a isso surgem as preparações para vestibulares que levam ao
medo da reprovação e de decepcionar os familiares, além das pressões
psicológicas e sociais que são fatores que tendem a elevar os níveis de
estresse dos adolescentes durante esse período [4].
Os principais
estressores aos quais os adolescentes estão expostos são as cobranças familiares
em relação ao sucesso profissional. Cobrança que provavelmente virá acompanhada
de exposição em excesso a atividades intelectuais, ênfase no desenvolvimento de
habilidades técnicas, exigências excessivas por parte dos pais e dos
protagonistas da educação [5-7].
Dantas [8] diz que o
exercício físico possui uma grande ação antidepressiva diferente para cada
intensidade, e quanto maior a duração do programa e o número de sessões
realizadas, seja ela anaeróbica ou aeróbica, melhores serão os resultados.
Estudos relacionados com o estresse e a atividade física apresentam que o
exercício regular proporciona uma boa saúde psicológica [9].
O exercício pode
fornecer benefícios sobre a tolerância ao estresse a curto e longo prazo, pois
os indivíduos com uma maior aptidão física reagem ao estresse com uma
intensidade mais fraca, física e psicologicamente, e têm uma recuperação
fisiológica mais rápida [3].
Segundo Niemman [2], quando os indivíduos são submetidos a
situações estressantes, apresentam um aumento na frequência cardíaca, na
pressão arterial, nas catecolaminas e na atividade do sistema nervoso. A
prática de exercício físico é útil porque, à medida que o indivíduo se adapta
ao aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e dos hormônios do
estresse que ocorrem durante o exercício, o corpo é fortalecido e treinado a
reagir mais calmamente quando as mesmas respostas são desencadeadas por um
estresse mental/emocional [3].
Em decorrência de
diversos aspectos, a adolescência torna-se uma das fases mais vulneráveis ao
estresse. Nessa etapa, é preciso desenvolver habilidades para lidar com perdas
e escolhas: integrar-se ao mundo adulto, solucionar a questão ocupacional,
emancipar-se da família, buscar relações amorosas satisfatórias e desenvolver o
autoconceito [10].
Calais et al. [11] consideram que a habilidade
em lidar com o estresse e a ansiedade pode ser elemento importante para o
sucesso no vestibular, talvez maior que a habilidade acadêmica. Se um aluno
sabe muito sobre a matéria que será cobrada no vestibular, mas não apresenta
estratégias de controle do estresse, provavelmente terá dificuldade em exibir
seu conhecimento adquirido nas provas. A pressão dos exames escolares, a
intimidação por parte dos colegas, a necessidade de autoafirmação são fatores
que contribuem para o desencadear do estresse.
Diante do exposto, o
objetivo do presente estudo foi avaliar a associação entre o nível de atividade
física e o estresse em pré-vestibulandos.
O processo de
desenvolvimento desta pesquisa foi executado seguindo algumas etapas: primeiro
foi autorizada pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas – Facime (UESPI), depois foi exposto à direção das escolas
todos os objetivos e procedimentos a serem realizados. Após a autorização para
início da pesquisa pela direção, foram fornecidos aos pais dos alunos menores
de idade o Termo de Assentimento Live e Esclarecido (TALE). Os alunos maiores
de idade assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram
incluídos no presente estudo, alunos que estavam regularmente matriculados e
que no momento da pesquisa estivessem em sala de aula nos dias da coleta.
O nível de atividade
física habitual foi analisado pelo questionário desenvolvido originalmente por
Russel R. Pate e traduzido e modificado por Nahas [12]. Esse instrumento de aferição do nível de
atividade física subdivide-se em atividades ocupacionais diárias e atividades
de lazer. É composto por 11 questões que, ao final, levam à classificação dos
sujeitos em inativos (0 a 5 pontos); pouco ativos (6 a 11 pontos);
moderadamente ativos (12 a 20 pontos) e muito ativos (21 ou mais pontos).
Para avaliar o nível de
estresse, os alunos responderam ao Inventário de Sintomas de Stress de Lipp
(ISSL) [13]. O mesmo fornece uma medida objetiva da
sintomatologia do estresse em jovens acima de 15 anos e adultos. O
Instrumento
é formado por três fases do estresse: a primeira é
a fase Alerta, que inclui 12
sintomas físicos e 3 psicológicos. O participante marca
os sintomas físicos ou
psicológicos que experimentou nas últimas 24 horas. Essa
fase de contato com a
fonte de estresse causa sensações típicas na qual
o organismo perde o seu
equilíbrio e se prepara para enfrentar a situação
estabelecida em função de sua
adaptação. São sensações
desagradáveis, fornecendo condições para
reação.
A segunda fase, de
Resistência: é composta por 10 sintomas físicos e 5 psicológicos. Nessa fase o
participante marca os sintomas que experimentou na última semana. Essa é uma
Fase intermediária em que o organismo procura o retorno ao equilíbrio.
Por fim, a terceira
fase que corresponde à Exaustão, e apresenta 11 sintomas físicos e 11
psicológicos. O participante marca aqueles no qual os mesmos experimentaram no
último mês. E uma fase crítica e perigosa, ocorrendo uma espécie de retorno à
primeira fase, porém agravada e com comprometimentos físicos em formas de
doenças.
O resultado do Teste de
Lipp foi considerado positivo quando na fase de
alerta (Fase I) o indivíduo relata 7 ou mais itens, na fase de resistência
(Fase II), 4 ou mais itens e na fase de exaustão (Fase II) 9 ou mais itens.
Para caracterização da
amostra foi feito um estudo estatístico descritivo analítico da amostra através
das frequências absolutas (n) e relativas (%). Para verificar a diferença entre
as frequências observadas das variáveis foi usado o teste Qui-quadrado
de Aderência. Foi usado também o teste Qui-quadrado
de Pearson e Exato de Fisher para verificar associação entre o nível de
atividade física com o nível de estresse. Para analisar a relação entre as
variáveis utilizou-se a correlação de Spearman. Os
dados foram tabulados em planilha eletrônica
Microsoft Office Excel e analisados no programa SPSS versão 22.0. O nível
de significância adotado foi de α = 0,05. Para a apresentação dos
resultados, utilizaram-se tabelas e figuras.
Foi realizado um estudo
descritivo de corte transversal que compreendeu uma amostra de 195 escolares de
pré-vestibular do curso e colégio Gilberto Campelo de Teresina/PI, dos quais
119 se declararam do gênero feminino e 76 do gênero masculino, a faixa etária
escolhida foi de 16 a 24 anos que gerou uma média de 18,8 anos de idade na
amostra.
A tabela I apresenta a
distribuição da classificação do nível de atividade física dos
pré-vestibulandos avaliados. Observa-se que a maioria foi considerada inativa,
seguidos pelos poucos ativos. Verifica-se que houve diferença estatística
significativa (p < 0,05) entre os grupos.
Tabela I – Distribuição da classificação do nível de atividade física de
pré-vestibulandos avaliados
p-valor = Qui-quadrado de Aderência
A Figura 1 mostra a
associação entre o nível de atividade física e o gênero de pré-vestibulandos.
Pode-se perceber que a maioria dos pré-vestibulandos inativos e pouco ativos
são do gênero feminino. Os meninos mostraram-se mais prevalentes como
moderadamente ativos e muito ativos. Observa-se diferença estatística
significativa (p<0,05) entre os grupos.
p-valor = teste Qui-quadrado de Pearson
Figura 1 – Associação entre o nível de atividade física e o gênero de
pré-vestibulandos avaliados
A tabela II apresenta a
distribuição da classificação do nível de estresse dos pré-vestibulandos.
Verificou-se que na amostra coletada uma diferença de percentual pequeno entre
a fase de resistência e a fase de exaustão, no entanto esses resultados
mostraram diferença estatística significativa (p<0,05) entre as
classificações.
Tabela II – Distribuição da classificação do nível de estresse de pré-vestibulandos
avaliados
p-valor = Qui-quadrado de Aderência
A figura 2 mostra a
associação entre o nível de estresse e o gênero em pré-vestibulandos. A maioria
do gênero feminino encontrou-se na fase de estresse mais elevado de exaustão,
já a maioria do gênero masculino foi classificado como sem estresse. Observa-se
diferença estatística significativa (p<0,05) entre os grupos.
p-valor = teste Exato de
Fisher
Figura 2 - Associação entre o nível de estresse e o gênero de pré-vestibulandos
avaliados
A tabela III apresenta
a associação entre o nível de atividade física e o nível de estresse dos
pré-vestibulandos avaliados. Como mostra a análise dos resultados, ser mais
ativo está associado com os menores níveis de estresse, enquanto que quanto
menos nível de atividade física maiores os níveis de estresse. Essa associação
mostrou-se estatisticamente significativa (p < 0,05).
Tabela
III – Associação do nível de estresse e o nível de
atividade física em pré-vestibulandos avaliados
p-valor = Teste Exato de
Fisher
Na tabela IV é
analisada a correlação do nível de atividade física com a idade e o nível de
estresse dos pré-vestibulandos avaliados. Verificou-se que houve correlação
positiva entre a idade e o nível da atividade física, isso indica que à medida
que a idade aumenta o nível de atividade física também aumenta. Já a correlação
entre o nível de estresse e o nível de atividade física foi negativa, ou seja,
à medida que o nível de atividade física aumenta o estresse diminui. Os
resultados mostraram diferença estatística significativa (p < 0,05) entre as
variáveis.
Tabela IV – Correlação do nível de atividade física com a idade e o nível de
estresse em pré-vestibulandos avaliados
r = coeficiente de
correlação; p-valor = correlação de Spearman
O objetivo do presente
estudo foi avaliar a associação entre o nível de atividade física e o estresse
em pré-vestibulandos. Os resultados mostraram significância estatística
(p<0,05) entre o nível de atividade física e o estresse da amostra estudada.
Os escolares com maiores níveis de atividade física apresentam menores níveis
de estresse que os pouco ativos e inativos. A literatura revela que exercícios
podem fornecer benefícios sobre o estresse devido ao impacto psicológico da
atividade, melhorando a saúde metal, pois os indivíduos com maior aptidão física
reagem ao estresse com uma intensidade mais fraca [2].
Dos 195 alunos
avaliados, 71,79% estão classificados na fase de Resistência e Exaustão. Esses
dados são preocupantes, pois caso não haja intervenção profissional e o
estresse se prolongue ou se intensifique, o indivíduo pode chegar a desenvolver
doenças crônicas, como, por exemplo, úlceras, hipertensão, diabetes, psoríase,
vitiligo e depressão [7].
Segundo Pagiaro [14], esses sintomas podem interferir seriamente no
desempenho intelectual e cognitivo do aluno prejudicando-o durante os estudos e
no momento da realização do vestibular. Esse momento de escolha profissional
mesmo não sendo exclusivo para o adolescente tende a ser um período muito
conflituoso para o jovem, porque além de considerar as dificuldades próprias da
idade como as mudanças físicas e psicológicas, ainda deve considerar as
implicações que sua escolha trará ao seu futuro [15].
Na literatura nacional
pesquisada, a fase predominante foi a de Resistência [16-19] o que vai de
encontro a este estudo, pois a Resistência foi menor do que a fase de Exaustão
(36,92%) mesmo com uma diferença percentual pequena, essa prevalência da fase
de exaustão, segundo Araújo et al.
[20] pode sugerir interferências culturais.
Estudos regionais como
o de Araújo et al. [20] que avaliou uma amostra de 141 estudantes de uma escola
particular de Teresina/PI e Alencar [21] que compreendeu uma amostra de 171
escolares do 3º ano do ensino médio de 4 escolas estaduais de Teresina/PI, já
apresentam em suas pesquisas respectivamente a predominância da fase “Quase
exaustão”, que é necessário mencionar que nesta etapa as defesas do organismo
começam a ceder e já não conseguem resistir às tensões nem restaurar a
homeostase interior; e neste estágio, “Exaustão”, a resistência já foi
totalmente quebrada [1].
Neste estudo foi
verificada maior quantidade de exaustão no gênero feminino se comparado ao
gênero masculino. Resultados da pesquisa realizada por Calais [11] revelam,
também, uma quantidade maior de meninas estressadas do que seus colegas do
gênero masculino numa amostra de 295 estudantes de 15 a 28 anos, no estado de
São Paulo. De acordo com Peruzzo et al. [18] dos 141 estudantes de cursos de pré-vestibulares de
Porto Alegre, mulheres estressadas representam 49,6% da amostra avaliada em sua
pesquisa.
Os autores afirmam que
essa prevalência pode se basear na grande abertura do mercado de trabalho para
as mulheres, causando uma maior exigência, acarretando sobrecarga de
atividades, a carreira profissional e acadêmica é acrescida de exigências
pessoais, biológicas, hormonais, sexuais e sociais que são alguns dos aspectos
que tornam o período da adolescência um momento conflituoso para as mulheres
[11,18].
Nos resultados encontrados
neste estudo, observou-se que a maior parte dos estudantes pesquisados se
encontra inativos fisicamente (38,46%). Em estudo realizado por Silva [19]
também apresentou a prevalência de adolescentes fisicamente inativos (83,1%).
Nessa linha de pensamento, Rolim et al.
[22] observaram que o sedentarismo pode potencializar os efeitos nocivos do
estresse, pois o indivíduo insuficientemente ativo tende a ter maiores
sobrecargas metabólicas impostas ao seu sistema cardiovascular imune e
muscular.
A inatividade física
está entre os quatros principais fatores de risco para mortalidade global,
sendo superada pela pressão arterial elevada, tabagismo e glicose sanguínea
elevada [23]. Em uma pesquisa que visou analisar a prevalência de inatividade
física realizada na Região Sul do Brasil verificou-se que mais da metade
(56,9%) dos adolescentes avaliados não tem hábito de realizar atividade física
por mais de 300 minutos semanais [24].
Com base nos dados
coletados, o gênero masculino apresentou maior nível de atividade física
comparado ao gênero feminino. Corroborando isso, Silva [19] em sua pesquisa
visou verificar o nível de atividade física e o comportamento sedentário em
escolares da cidade de Aracajú, 28,1% do gênero masculino se encontrava na categoria
moderadamente ativo comparado a 14,4% do gênero feminino. Maiores níveis de
atividade física no gênero masculino podem ser explicados, por diferenças
biológicas, socioculturais, de percepção de corpo e atributos de gênero [25].
Neste estudo, o grupo
pesquisado é de uma população jovem com média de 18,8 anos de idade. Isso se
deu pelo critério estabelecido para coleta de dados onde a idade mínima era 16
anos e a máxima 24 anos. De acordo com a tabela IV, a correlação entre a idade
e o nível de atividade física foi positiva, indicando que quando a idade
aumenta o nível de atividade física também aumenta.
Matsudo et al. [26] analisaram os valores em conjunto para homens e
mulheres de acordo com a faixa etária no estado de São Paulo, verificando um
discreto aumento do nível de sedentarismo de 7,7% para 12,8% com o aumento da
idade cronológica, isso se deu ao fato do baixo nível de atividade física
durante a adolescência influenciar na probabilidade de permanecerem sedentários
na vida adulta, não usufruindo assim dos efeitos benéficos da atividade regular
sobre a saúde [27].
De acordo com a análise
dos resultados, neste estudo, à medida que o nível de atividade física aumenta,
o estresse diminui, ou seja, do percentual sem estresse, estão classificados
como moderadamente ativo (40,43%) e muito ativo (59,09%) tendo uma correlação
negativa entre as variáveis. Esses dados corroboram o estudo de Veigas &
Gonçalves [28] que visou compreender o impacto do exercício físico sobre os
níveis de depressão, ansiedade e estresse numa amostra de 207 indivíduos com
média de 34,4 anos de idade no Distrito Villa Real, Portugal e concluiu que
somente a dimensão estresse apresenta uma correlação negativa estatisticamente
significativa associada à prática de exercício físico.
Também corroborando
este estudo, Pires et al. [17]
observou os hábitos de atividade física e a vulnerabilidade ao estresse em
adolescentes de Florianópolis, numa amostra de 754 avaliados com idades entre
15 e 19 anos, concluindo que conforme aumenta o nível de esforço em atividades
físicas, diminui o nível de estresse prejudicial à saúde.
Conclui-se que houve
uma associação estatística significativa entre o nível de atividade física e o
nível de estresse nos pré-vestibulandos avaliados, pois ser mais ativo está
associado com os menores níveis de estresse, enquanto que quanto menor o nível
de atividade física, maiores serão os níveis de estresse.
Diante disso é
importante salientar para pré-vestibulandos que a prática de exercício físico é
uma estratégia importante na prevenção e tratamento do estresse nessa fase da
vida, quando as cobranças e exigências são enormes.
Finalmente sugerem-se
pesquisas futuras nesta área, para um aprofundamento sobre os fatores
associados que levam pré-vestibulandos a níveis elevados de estresse, como, por
exemplo, a pressão familiar, da sociedade e das escolas, além de um
esclarecimento e incentivo por parte dos cursos preparatórios sobre a
importância da prática de exercício físico como um dos auxílios desse processo
de estudo para os testes vestibulares.