Rev Bras Fisiol Exerc 2019;18(3):129-35
https://doi.org/10.33233/rbfe.v18i3.3233
ARTIGO
ORIGINAL
Influência
do treinamento aeróbio sobre a composição corporal de mulheres obesas ou com
sobrepeso
Influence
of aerobic training on the body composition of obese or overweight women
Juciléia Barbosa Bezerra, D.Sc.*, Marcela Sene-Fiorese, D.
Sc.**, Ana Claudia Garcia de Oliveira Duarte, D.Sc.***,
Ana Beatriz O’Grady****, Levy Mendes da Silva, M.Sc.*****
*Universidade
Federal do Pará, **Pós doutora em Ciências Fisiológicas e Biofotônica,
Faculdade Anhangera de Matão/SP, ***Universidade
Federal de São Carlos (UFSCAR), ****Licenciada, Universidade Federal do Pará,
*****Universidade Federal do Pará
Recebido em 11 de
setembro de 2019; aceito em 30 de setembro.
Correspondência: Juciléia
Barbosa Bezerra, Av. dos Universitários, UFPA, Campus Universitário de
Castanhal, s/n, Jaderlândia, 68746-630 Castanhal PA
Juciléia Barbosa Bezerra:
jucileia.bezerra@gmail.com
Marcela Sene-Fiorese: m_sene2004@yahoo.com.br
Ana Claudia Garcia de
Oliveira Duarte: anaclau@ufscar.br
Ana Beatriz O'Grady: beatogrady2@gmail.com
Levy Mendes da Silva:
levymendes@ufpa.br
Resumo
O exercício físico
aeróbio é um importante aliado para a melhoria da composição corporal de
mulheres obesas ou com sobrepeso. O objetivo deste estudo foi verificar a
influência do exercício físico aeróbio sobre a composição corporal de mulheres
obesas ou com sobrepeso. Para isso 15 mulheres com idade média de 30,6 ± 5,5
anos foram divididas em Grupo Obeso (GO, n = 7) e Grupo Sobrepeso (GS, n = 8).
Todas as participantes realizaram exercício físico aeróbio com duração de 60
minutos, três vezes por semana e duração total de quatro meses. A intensidade
do exercício foi moderada. Os principais resultados foram a redução da massa
corporal e Índice de Massa Corporal em ambos os grupos (p < 0,05) e redução
das circunferências da cintura no grupo sobrepeso (p < 0,05) e do abdômen no
grupo obeso (p < 0,05). Conclui-se que o exercício físico aeróbio foi
efetivo em reduzir medidas antropométricas de mulheres obesas ou com sobrepeso.
Palavras-chave: exercício físico,
saúde, obesidade, antropometria.
Abstract
Aerobic
exercise is an important help for improving body composition in obese or
overweight women. The aim of this study was to verify the influence of aerobic
exercise on the body composition of obese or overweight women. For these 15
women with a mean age of 30.6 ± 5.5 years were divided into Obese Group (GO, n
= 7) and Overweight Group (GS, n = 8). All participants performed 60-minute
aerobic exercise three times a week for a total of four months. The intensity
of the exercise was moderate. The main results were the reduction of body mass
and body mass index in both groups (p < 0.05) and reduction of waist
circumference in the overweight group (p < 0.05) and abdominal circumference
in the obese group (p < 0.05). The study concluded that aerobic exercise was
effective in reducing anthropometric measurements of obese or overweight women.
Keywords: physical
exercise, health obesity, anthropometry.
Em todo o mundo cresceu
o número de indivíduos obesos e com sobrepeso, de 857 milhões em 1980 para 2,1
bilhões em 2013, apresentando uma prevalência de adultos obesos e com sobrepeso
de 27,5% [1]. Além disso, nas últimas 3 a 4 décadas a sobrenutrição
e a obesidade passaram de um menor problema de saúde a uma grande ameaça de
saúde pública em todo o mundo [2].
No Brasil, os números
também são altos. O percentual de adultos brasileiros obesos acima de 18 anos é
de 19,8% e o de sobrepeso corresponde a 55,7%. Em Belém, capital do estado do
Pará, a obesidade atinge 20,7% da população adulta, enquanto que o sobrepeso
57,7% [3]. Observa-se que os números da capital Belém são maiores do que o
percentual geral do Brasil para a obesidade e sobrepeso.
A literatura aponta que
são cinco os principais fatores de risco para a saúde: inatividade física,
sobrepeso e obesidade, hipertensão arterial, fumo e glicemia alta. Em contrapartida,
a atividade física reduz os riscos para doenças cardiovasculares, diabetes
mellitus tipo 2, alguns tipos de câncer e ainda contribui para o controle do
peso corporal, para a saúde músculo esquelética e diminui os sintomas de
depressão [4].
Pesquisa de Chiu et al. [5]
aponta que o exercício físico realizado de forma regular é o principal fator
para melhorar a composição corporal e para prevenir doenças crônicas
relacionadas a obesidade abdominal em indivíduos obesos ou com sobrepeso.
Ademais, evidências indicam que adultos obesos ou com sobrepeso fisicamente
ativos apresentam benefícios semelhantes a pessoas com peso normal [6].
Nesse contexto, este
estudo teve como objetivo verificar a influência do exercício físico aeróbio
sobre a composição corporal de mulheres obesas ou com sobrepeso.
Este estudo
caracteriza-se como quase experimental. A amostra foi constituída de 15
mulheres com faixa etária de 18 a 40 anos (30,6 ± 5,5) com Índice de Massa
Corporal (IMC) maior ou igual a 25 kg/m2. Para participar da
pesquisa as participantes poderiam ou não apresentar patologias associadas à
obesidade como diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial e apresentarem
liberação médica para a prática de exercício físico.
Não participaram da
pesquisa mulheres que utilizavam medicamentos para o tratamento de obesidade,
faziam uso de cortisona, consumo de álcool de forma abusiva, fumantes, uso de
suplementação de vitaminas, drogas antiepiléticas, história de doenças renais e
cardíacas, obesidade decorrente de doenças genéticas ou qualquer patologia que
as impedissem de realizar exercícios físicos ou influenciasse na perda de peso.
Todas essas informações foram coletadas e verificadas através da entrevista
inicial (anamnese).
A amostra foi obtida a
partir de anúncios realizados pela assessoria de comunicação de uma
Universidade Federal do Norte do país e divulgados em rádios e emissoras de
televisão do município e no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).
As pessoas interessadas se apresentaram na Universidade no dia e horário
agendados. Após entrevista inicial (anamnese) e mensuração do IMC, as mulheres
foram divididas em dois grupos: Grupo Sobrepeso (GS - IMC ≥ 25,0 e <
30,0 kg/m2, n=8) e Grupo Obeso (GO - IMC ≥ 30,0 e < 40,0
kg/m2, n=7). A classificação do IMC seguiu as recomendações da World
Health Organization (WHO) [7]. Em seguida as
participantes foram encaminhadas para a avaliação física e nutricional.
A avaliação física foi
realizada no início e ao final de 4 meses de exercício e constou de aferições
da massa corporal (MC) e estatura (para avaliação do IMC); bioimpedância (massa
muscular (MM), percentual de gordura - %G e taxa metabólica basal (TMB);
medidas das circunferências da cintura (CC); abdômen (CA); quadril (CQ) e
circunferência do pescoço (CP).
A avaliação nutricional
foi realizada por um nutricionista e ocorreu no início e aos 45 dias de
pesquisa com duração média de 20 minutos. As orientações foram baseadas nas
recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, desenvolvido pelo
Ministério da Saúde [8]. O atendimento foi individualizado e voltado para
promoção da alimentação saudável com foco nas necessidades nutricionais. Para
observar a evolução das participantes quanto à perda de massa corporal,
realizou-se mensurações a cada 15 dias. Isso possibilitou acompanhar a evolução
das participantes, estimulando-as a continuarem no projeto.
Para realização do IMC
foi aferida a MC e estatura. Para isso utilizou-se uma balança mecânica
antropométrica calibrada com capacidade para 150 kg e um estadiômetro
graduado em milímetros. As participantes deveriam usar roupas leves e estar
descalças. O IMC foi obtido através da fórmula: MC (kg)/Estatura2(metros)
[9]. A MM, %G e a TMB foram obtidos através de uma balança de bioimpedância
OMRON (HBF-514C), com capacidade para até 150 kg e incrementos de 100g.
As mensurações das CC,
CA, CQ e CP foram realizadas com fita antropométrica graduada em centímetros
(cm) inextensível. Para mensurar a CC, a fita foi posicionada na região mais
estreita do abdômen e para a medida do quadril a fita foi posicionada na altura
da maior CQ [10]. Para avaliação da CA a fita antropométrica foi posicionada na
cicatriz umbilical [11] e para a CP na região média do pescoço [12]. Estas
avaliações foram realizadas em sala fechada e acondicionada na presença do avaliador
e um auxiliar.
O exercício físico
proposto foi do tipo aeróbio (ginástica aeróbica), com frequência de três vezes
por semana, em dias alternados com duração de 60 minutos (composta de 10
minutos de aquecimento, 40 minutos de parte principal e 10 minutos de volta a
calma). O programa de exercícios físicos foi realizado durante quatro meses. A
intensidade da aula foi moderada (65 a 75% da frequência cardíaca máxima (FCmáx). A FCmáx foi obtida
através da fórmula: 220-idade [9].
Para garantir que as
participantes realizassem o exercício físico na intensidade desejada, houve um
treinamento para aprendizado da automonitoração da
frequência cardíaca (FC) na artéria radial. Em dois momentos da aula havia uma
pausa e a frequência era mensurada. Cada participante informava o valor de sua
FC para orientação sobre a intensidade do exercício físico na continuidade da
aula.
As aulas foram
organizadas, planejadas e ministradas pela coordenadora do projeto e pelos
alunos da Faculdade de Educação Física, após passarem por um treinamento. Todas
as avaliações foram realizadas por pessoal qualificado e treinado.
Aspectos
éticos
Este estudo apresenta
resultados obtidos no projeto de pesquisa Influência do exercício físico
aeróbio em mulheres obesas ou com sobrepeso do município de Castanhal/PA,
aprovado pelo comitê de ética sob Parecer 1.337.401 e CAAE:
47269015.1.0000.0018. Esta pesquisa está baseada na Resolução 466/12 que versa
sobre pesquisa com seres humanos. As mulheres foram esclarecidas sobre os
objetivos do estudo e as que aceitaram participar, assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Análise
estatística
A análise dos dados
ocorreu a partir do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 17.0. Inicialmente foi utilizado o
Teste de normalidade – Kolmogorov-Smirnov, após isso,
foi aplicado o teste T para variáveis dependentes e para amostras não
paramétricas o teste de Wilcoxon. O nível de
significância adotado foi p < 0,05.
Na tabela I, observa-se
que a MC e o IMC das participantes de ambos os grupos apresentaram redução
significante (p < 0,05) ao final da intervenção. Em relação ao delta dessas
variáveis, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre
os grupos. Apesar disso, o GS apresentou uma redução de 4,18% da MC e 4,14% do
IMC; no GO essa redução foi de 5,23% da MC e 5,24% do IMC.
Tabela I - Valores médios das variáveis antropométricas dos grupos sobrepeso e
obeso no início e ao final da pesquisa
Teste de normalidade – Kolmogorov-Smirnov. ainicial
x Final para mesmo grupo p<0,05 ( teste t); bInicial x Final para amostras não paramétricas
(wilcoxon); comparando os deltas; MC = massa
corporal. %G = % de Gordura. %MM = % massa muscula; TMB = Taxa metabólica basal;
CQ = circunferência do Quadril; CC = Circunferência da cintura; CP =Circunferência
do pescoço; CA = Circunferência do abdômen
Somente o percentual de
gordura do GS apresentou redução significante após o período de tratamento
(inicial x final). Ao comparar os grupos, observa-se que ambos apresentaram
redução do %G, embora sem diferença estatística entre si (sobrepeso -2,73%;
Obeso -1,89%).
Nenhuma alteração
significativa foi observada com relação ao %MM dos grupos. Apesar disso, ambos
apresentaram redução estatística na TMB (inicial x final). Quanto às variáveis
antropométricas, apenas a circunferência do quadril apresentou redução
significante em ambos os grupos. O GS apresentou redução nas circunferências da
cintura e do pescoço e o GO na circunferência abdominal.
Apesar do GO não ter
apresentado diferença estatística para as circunferências da cintura e do
pescoço, apresentaram reduções de 4,26% e 2,89%, respectivamente, demonstrando
uma tendência na redução destas medidas.
Tendo em vista que o objetivo
desta pesquisa foi verificar a influência do exercício físico aeróbio sobre a
composição corporal de mulheres obesas ou com sobrepeso, destacam-se entre os
principais resultados as reduções significantes da MC, IMC, %G, CQ, CC e CP do
grupo sobrepeso. No grupo obeso foram observadas reduções significantes na MC,
IMC, CQ e CA. Quanto a MC e IMC, as reduções do grupo obeso foram de 5%.
Indivíduos obesos ou
com sobrepeso são estimulados a perder de 5% a 10% do seu peso corporal, pois
essa perda irá melhorar os fatores de risco para doenças cardiovasculares [13].
Além disso, o mínimo de perda de 5% do peso corporal proporciona melhora nas
doenças relacionadas à obesidade [14]. No presente estudo, houve redução da MC
das participantes de ambos os grupos, mas não foi encontrada diferença entre os
grupos, sugerindo que o tratamento com exercício físico apresentou o mesmo
efeito para as mulheres com sobrepeso e para as com obesidade.
Estudo de Viana et al. [15] percebeu diminuição de 5% do
peso corporal em mulheres obesas que realizaram atendimento ambulatorial
durante oito meses e que os determinantes para essa perda foram o número total
de consultas e o intervalo entre elas. Outro estudo, de revisão, apontou que os
indivíduos que fizeram apenas dieta diminuíram 5% do peso corporal em seis
meses. Quando o exercício foi adicionado à dieta, a perda de peso passou para
8,5%, no entanto o exercício sozinho foi responsável por apenas 2,7% da perda
de peso nesse mesmo período [16].
Nesta pesquisa, a
diminuição de 5,23% de MC e de 5,24% do IMC nos indivíduos obesos e de 4,18% da
MC e 4,14% do IMC nos indivíduos com sobrepeso ocorreu com quatro meses de
exercício físico. De acordo com a literatura, para adquirir benefícios para a
saúde de adultos, o indicado é praticar pelo menos 150 minutos de atividade
física aeróbia moderada na semana ou 75 minutos de atividade aeróbia vigorosa
também por semana ou ainda uma combinação de ambas intensidades [17]. Além
disso, exercício físico/atividade física reduzem os níveis de obesidade por
aumentar o gasto energético e por levar a um balanço energético negativo,
quando a ingestão calórica é menor que as calorias despendidas, portanto
reduzir o peso de indivíduos obesos ou com sobrepeso diminui os riscos para
doença cardiovascular [18]. Assim, os 180 minutos de exercício físico moderado
realizado por semana somado às diminuições da MC e IMC dos participantes de
ambos os grupos deste estudo apontam a efetividade da pesquisa.
No entanto,
curiosamente, mesmo com perda significante da MC e IMC dos indivíduos de ambos
os grupos, a redução no %G foi significante apenas no GS; o GO também
apresentou uma pequena redução, apesar de não significante. Uma possível
explicação é o fato de as mulheres deste estudo terem realizado exercício físico
três vezes na semana. Talvez o volume de treinamento possa ter determinado a
amplitude da redução do percentual de gordura, especialmente no GO.
O treinamento aeróbio
foi composto de 60 minutos de aula de ginástica aeróbica. Acredita-se que, como
na composição da aula, não houve um momento para treino de força ou resistência
muscular, isso pode ter influenciado no %MM, já que não foram observadas
alterações significativas nos dois grupos. Na maioria das vezes a planejada
perda de gordura é acompanhada de perda de massa muscular [19], no entanto no
presente estudo não foi observada mudança nesse último componente, assim como
em outros estudos. Mulheres donas de casa obesas ou com sobrepeso que receberam
um pacote combinado de aconselhamento e modificação dietética, programa de
atividade física e exercício e ferramentas de automonitoração,
apresentaram significante leve perda de peso corporal (-1,0 kg) durante a
intervenção de seis meses e aumento não significante da massa muscular no
período de manutenção de 12 meses do grupo intervenção comparadas ao grupo
controle [20].
Mesmo sem redução do
%MM observou-se redução significante na TMB dos indivíduos de ambos os grupos
da presente pesquisa. Esse resultado pode estar relacionado ao método de
avaliação utilizado: a bioimpedância. Apesar de ser fácil de utilizar, a
bioimpedância pode ser modificada pela ingestão hídrica, período menstrual,
temperatura ambiente, realização de atividades físicas, consumo alimentar entre
outros [14]. Esta observação necessita de maior investigação, considerando que
houve redução de MC das participantes dos dois grupos.
Adultos obesos que
realizaram dieta de muito baixa caloria e foram estimulados a não mudarem sua
prática de atividade física diminuíram 5% do peso corporal, seguido de redução
da taxa metabólica de repouso (TMR). Com a perda de peso de até 16%, a TMR não
sofreu mais reduções [21]. Esses dados se assemelham aos nossos, visto que com
perda aproximada de 5% de MC houve redução da TMB. Além disso, mesmo uma modesta
perda de peso promove benefícios para a saúde, dependendo da localização desta
redução de gordura corporal [22], o que explica a importância das medidas
antropométricas como ferramentas para avaliação da distribuição da gordura
corporal.
Pesquisa desenvolvida
com jovens adultos obesos que realizaram diferentes intensidades (leve,
moderada e alta) de exercício físico em 12 semanas, comparadas com o início da
pesquisa, mostrou reduções no peso corporal, IMC, CC, %G e massa gorda (kg) em
todas as intensidades. No entanto, o % de massa livre de gordura não foi
significante nos grupos de moderada e leve intensidades e a CQ não foi
significante no grupo de intensidade leve. A CQ apenas foi significante nos
grupos de alta e moderada intensidades [5]. Outro estudo avaliou a composição
corporal de mulheres obesas ou com sobrepeso através de exercício aeróbio
contínuo e intermitente e dieta em 12 semanas e observou diminuição do peso
corporal e IMC nos dois grupos, com maior redução para o grupo intermitente. A
CC e o %G não foram significantes nos dois grupos, embora tenha ocorrido maior
redução no grupo intermitente [23]. Por outro lado, uma revisão sistemática com
meta análise demonstrou que houve diferença significante apenas na CC para o
grupo de treinamento contínuo em relação ao intervalado de alta intensidade; as
variáveis massa corporal total, IMC e %G diminuíram em ambos os grupos, mas sem
significância estatística [24].
O Physical Activity Guidelines
Advisory Committee [6]
afirma que adultos com sobrepeso ou obesidade respondem mais a exercício
intervalado de alta intensidade do que adultos com peso normal em relação a
melhora da composição corporal, sensibilidade à insulina e pressão arterial.
Por outro lado, a Organização Mundial de Saúde aponta que qualquer atividade
física, desde que praticada com intensidade e duração suficiente e de forma
regular podem promover benefícios à saúde [25]. Na presente pesquisa, a
realização de exercício físico aeróbio de intensidade moderada realizado
durante quatro meses (20 semanas) promoveu redução da MC, IMC e CQ nas
participantes de ambos os grupos; o %G, CC e CP reduziu apenas nas mulheres do
GS e CA apenas nas participantes do GO.
A obesidade central é
pré-requisito para diagnóstico da síndrome metabólica [26]. Os indivíduos do GO
apresentaram redução da CA e os participantes do GS da CC. A circunferência do
pescoço é um marcador da distribuição da gordura subcutânea da parte superior
do corpo que diferencia a distribuição da gordura normal e anormal [27], no
entanto, no presente estudo, apenas nos indivíduos do GS foi possível observar
redução dessa medida antropométrica. Embora os resultados das medidas
antropométricas pareçam discrepantes, são justificáveis. Acredita-se que muito
dos achados podem ter relação com a frequência de treinamento, ainda assim
podem ser observadas mudanças significantes na MC, mas não tantas na composição
dessa massa.
Acredita-se que as
limitações deste estudo envolvam o volume e a frequência de treinamento, o n
amostral e ausência do grupo controle. Entre os pontos positivos estão as
mudanças nas variáveis antropométricas ocorridas em um período de quatro meses
de exercício físico. No entanto, sugere-se que outras pesquisas sejam
realizadas com um maior volume e frequência de treinamento com este público.
Conclui-se que o
exercício físico aeróbio realizado três vezes por semana foi efetivo em
melhorar a MC e o IMC das mulheres obesas ou com sobrepeso, além de reduzir
importantes medidas antropométricas como a CC e a CA.