Rev Bras Fisiol Exerc 2020;18(4):228-35
RELATO DE CASO
Avaliação da assimetria
funcional e desempenho no salto vertical em atletas de voleibol
Evaluation of functional asymmetry and performance in the vertical jump
in volleyball athletes
Rômulo Vasconcelos
Teixeira*, Levi de Holanda Francalino*, Alexandre
Bulhões Correia*, Paulo Moreira Silva Dantas*, Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral*
*Programa de
Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal/RN
Recebido em 28 de
outubro de 2019; aceito em 12 de dezembro de 2019.
Correspondência: Rômulo Vasconcelos
Teixeira, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Educação
Física, Laboratório de Biodinâmica do Movimento (LABMOV), Lagoa Nova, Natal RN
Rômulo Vasconcelos
Teixeira: romulovasconcelos11@hotmail.com
Levi de Holanda Francalino: levi.francalino@gmail.com
Alexandre Bulhões
Correia: alexandrebulhoescorreia@gmail.com
Paulo Moreira Silva
Dantas: pgdantas@icloud.com
Breno Guilherme de
Araújo Tinôco Cabral: brenotcabral@gmail.com
Resumo
Introdução:
A assimetria funcional se refere à diferença relativa da
capacidade funcional que ocorre durante a realização de
atividades entre os membros homólogos do lado direito e esquerdo
do corpo. Objetivo: O objetivo do presente
estudo foi descrever os valores de assimetria funcional na capacidade
de salto em atletas femininas de vôlei universitário. Métodos:
Nove atletas universitárias com 4,5 horas/semana de treinamento
participaram do estudo. Foram realizadas medidas de
composição corporal (DEXA) e de desempenho de salto
vertical e salto vertical contramovimento (SVCM) de forma bipodal e unipodal. Resultados:
Os resultados revelaram que 33,3% da amostra apresentava assimetria
funcional e o SVCM apresentou desempenho superior quando comparado com
os outros tipos de saltos. Conclusão:
Concluímos que medidas obtidas através dos saltos
verticais apresentam uma grande aplicabilidade prática, por
predizer o nível de assimetria entre os membros e a
eficiência do ciclo alongamento encurtamento.
Palavras-chave: lesões; força; treinamento.
Abstract
Introduction:
Functional asymmetry refers to the relative difference in functional
capacity that occurs during performance of activities between the
homologous members on the right and left sides of the body. Objective:
The objective of the present study was to describe the values of
functional asymmetry in the ability to jump in female athletes of
university volleyball. Methods: Nine
university athletes with 4.5 hours of training per week participated in
the study. Body composition measurements (DEXA) and performance of
vertical jump and countermovement jump bipodal (CMJ) bipodal and unipodal were evaluated. Results:
The results revealed that 33.3% of the sample had functional asymmetry
and the CMJ showed a superior performance when compared to other types
of jumps. Conclusion: We conclude that
measurements obtained through vertical jumps have a great practical
applicability for predicting the level of asymmetry between the limbs
and the efficiency of the stretching and shortening cycle.
Key-words: injuries; strength; training.
O voleibol é um esporte
coletivo de natureza intermitente em que ações de curta duração e alta
intensidade são intercaladas por períodos de recuperação passiva ou
movimentações de baixa a moderada intensidade [1]. Apesar dos períodos de baixa
intensidade serem predominantes durante uma partida de voleibol, as ações de
alta intensidade são responsáveis pelas ações terminais do rally.
Estas movimentações de alta intensidade (saltos e sprints) exigem dos atletas
uma elevada demanda neuromuscular [2]. Por exemplo, durante o set um atleta
pode executar em média 30 movimentações de salto [3], e os atletas na zona de
ataque podem realizar pelo menos um salto por rally
[4]. Além disso, observa-se que o desempenho do salto vertical pode influenciar
os aspectos técnicos, como a performance de ataque, que é descrito como um dos
mais importantes preditores de vitória em partidas competitivas [5].
De fato, a altura do
salto vertical permite que o atleta obtenha melhores respostas na partida (isto
é, contato com a bola acima da rede), permitindo assim posições e condições
satisfatórias para atacar e proporcionar um passe de qualidade [6]. Comumente
os saltos verticais bilaterais são realizados em partidas de voleibol [7].
Contudo, a grande parte das forças propulsoras são realizadas de maneira
unilateral [8]. Dessa forma, a avaliação do salto unilateral pode fornecer
informações importantes para o processo de monitoramento do atleta por reportar
padrões específicos de movimento. Além disso, a avaliação do desempenho
unilateral permite aos profissionais envolvidos com o treinamento dos atletas
identificar padrões assimétricos de força entre os membros.
De acordo com a
literatura, a assimetria funcional (AF) se refere à diferença relativa da
capacidade funcional que ocorrem durante a realização de atividades entre os
membros homólogos do lado direito e esquerdo do corpo [9-10]. A assimetria
funcional (AF) pode surgir a partir de aspectos antropométricos, neurológicos e
neuromusculares e se apresentam mais evidentes em ações esportivas, pois
dificilmente os atletas apresentam rendimento semelhante entre os lados [9].
Estas informações fornecem dados relevantes no processo de treinamento, já que
maiores valores de assimetria parecem estar associados com maior prevalência de
lesões musculoesqueléticas [11]. Nesse sentido, o monitoramento destes
parâmetros possui um papel fundamental para a maximização do desempenho e
minimização dos riscos de lesões.
No meio esportivo,
vários métodos têm sido utilizados para avaliação da AF, como, dinamometria isocinética, teste
de carga máxima, saltos verticais e horizontais [12]. No que diz respeito aos
métodos de avaliação da AF, de longe, o mais utilizado é avaliação isocinética [10]. A vantagem da utilização do dinamômetro isocinético é a relação do torque e de demais variáveis que
podem ser facilmente quantificadas [13]. No entanto, esse procedimento requer
um equipamento de alto custo, além do que seu padrão de movimento envolve uma
ação muscular isolada de cadeia aberta e velocidade constante, o que não
caracteriza os movimentos do esporte, em que as velocidades angulares podem
variar constantemente [13].
Do ponto de vista
prático, a avaliação do desempenho do salto vertical e do padrão de assimetria
de força entre os membros poderão auxiliar na prescrição e periodização do
treinamento dos atletas, bem como ser utilizado no diagnóstico para performance
e servir como um monitoramento para prevenção de potencial risco de lesão
[8,10].
Portanto, o presente
estudo teve como objetivo: 1) descrever o desempenho do salto vertical; 2)
verificar o nível de assimetria de força entre os membros inferiores por meio
do salto vertical unilateral; e 3) descrever a eficiência do ciclo
alongamento-encurtamento das atletas amadoras de voleibol.
Amostra
A presente investigação
é caracterizada como um estudo de caso envolvendo uma equipe de voleibol
universitária feminina. Uma equipe (12 atletas) de voleibol foi convidada a
participar do presente estudo. No entanto, três atletas não demonstraram
interesse em participar da coleta de dados. Dessa forma, nove atletas sendo 4
ponteiras, 3 líberas e 2 centrais com idade entre 18
e 23 anos da seleção universitária participaram da fase de coleta de dados. O
estudo aconteceu durante o período pré-competitivo
para os Jogos Universitários Brasileiros 2018 (JUBs).
Em 2016, a equipe universitária foi medalhista em diversas competições
regionais e nacionais. A avaliação das atletas seguiu como parte da rotina de
treinamento da equipe. Tipicamente, as atletas treinam três vezes por semana
(principalmente com componentes técnico/tático), com duração de 1h e 30
min/sessão. Além disso, a rotina de treinamento de força e condicionamento
físico é prescrita pela comissão técnica e realizada de forma individual pelas
atletas durante a semana. Como critério de inclusão, adotou-se não apresentar
lesões osteomioarticulares que inviabilizassem a
participação nos testes. Os participantes, que utilizavam recursos ergogênicos (ou seja, qualquer substância que promovesse
alteração no desempenho) durante o protocolo, foram excluídos da amostra. Todas
as atletas foram informadas sobre os procedimentos e riscos experimentais e
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa local, sob o parecer (CAAE:
58886816.2.0000.5537) e seguiu todos os passos da declaração de Helsinque e
resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil.
Procedimentos de coleta
As atletas realizaram
os procedimentos de coleta no início da semana e foram instruídas a não
realizarem atividades vigorosas nas 48 horas antecedentes aos testes. Em
seguida, realizou-se a explicação dos procedimentos experimentais e assinatura
do termo de consentimento livre e esclarecido. Em adição, foi mensurado a
composição corporal por meio do método indireto de Absortometria
Radiológica de Dupla Energia (DEXA) (Lunar®/G.E Prodigy – LNR 41.990, Estados Unidos). A estatura foi
avaliada por meio de um estadiômetro com precisão de
0,1 mm (Sanny ES2020®, São Paulo, Brasil) com escala
de 0,5 cm. A massa foi aferida através da balança antropométrica (Filizola® 110, São Paulo, Brasil) com capacidade para 150
kg e divisões de 1/10 de kg e precisão de 100 g. Em seguida, realizaram-se os
testes de salto vertical (SV), salto vertical com contramovimento
(SVCM) e salto vertical unilateral.
Mensurações de salto
Para a mensuração da
altura do salto foi utilizada uma plataforma de contato Cefise®
(São Paulo, Brasil) conectada ao software Jump Test Pro 2.10. O salto vertical
foi realizado de acordo com o protocolo adaptado de Meylan
et al. [8]. Para tal, as atletas deveriam posicionar-se no tapete e manter as
mãos na cintura durante todo o teste. No SV, o salto era realizado a partir de
uma posição aproximada de quarenta e cinco graus entre a articulação dos
joelhos em relação ao solo. As atletas esperavam um sinal do avaliador após
~2-s em posição estática para dissipar o potencial de energia da fase
excêntrica do movimento [8]. No SVCM e salto unilateral, a atleta realizava uma
fase preparatória para o salto (fase excêntrica), em uma profundidade autosselecionada para maximizar a altura do salto. Os joelhos
e tornozelos deveriam ser mantidos estendidos durante a fase de voo, sendo a
fase de aterrissagem realizada com as duas pernas no SVCM e no salto unilateral
apenas uma. No salto unilateral o joelho da perna não avaliada permanecia
flexionada em torno de 90° do início ao fim do movimento. Foram realizadas três
tentativas para cada tipo de salto, com intervalo de dez segundos entre cada
tentativa e de dois minutos entre cada tipo de salto, sendo computada apenas a
maior altura alcançada.
Para verificar a
relação entre SVCM e SV, calculou-se a taxa de utilização da excêntrica (TUE –
taxa de utilização da excêntrica) através da fórmula: EUR = SVCM/SV [14]. Em
adição, foi calculado o ciclo alongamento-encurtamento (CAE) através da fórmula
SVCM-SV [15]. Objetivando
mensurar a assimetria entre os membros inferiores, optou-se pela abordagem da
perna forte versus perna fraca em detrimento da abordagem da perna dominante e
não-dominante por ser considerado um melhor critério na identificação de
assimetria [16]. Dessa forma, utilizamos a seguinte fórmula proposta por Impellizzeri [10]: [(Perna forte – Perna fraca) / Perna
forte] x 100.
Análise estatística
A normalidade dos dados
foi verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk e por meio da análise de assimetria
e curtose padronizados. Foi realizada uma análise descritiva dos dados para
obtenção das medidas de tendência central (média ± desvio padrão e limite
mínimo e máximo). Foi utilizado o teste t pareado para comparar a altura do
salto vertical e salto vertical contramovimento. Para
todas as análises foi adotado P < 0,05 e foram realizadas por meio do software
Stastistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão
20.0® (Nova York, EUA).
A Tabela I apresenta os
dados relativos às características antropométricas e desempenho do salto
vertical das atletas de voleibol. Os dados são apresentados em média e desvio
padrão. Foi possível verificar diferença estatística na altura de salto, quando
comparado o SV com o SVCM (t(8)=
- 2,735; IC95% = - 3,891 até – 0,331; p = 0,026).
Tabela I - Análise
descritiva das variáveis antropométricas e de desempenho
DP = Desvio Padrão; SV =
Salto Vertical; SVCM = Salto Vertical Contramovimento;
* = Diferença para o Salto Vertical (P = 0.026); SVCMPD = Salto Vertical Contramovimento Perna Direita; SVCMPE = Salto Vertical Contramovimento Perna Esquerda; DFU = Diferença de Força
Unilateral; TUE = Taxa de Utilização da Excêntrica; CAE = Ciclo Alongamento
Encurtamento
A Tabela II reporta os
valores individuais de salto vertical unilateral e da taxa de utilização
excêntrica das atletas de voleibol. A Figura 1 apresenta os valores individuais
de assimetria das atletas. Do total de nove atletas, três apresentaram valores
de assimetria superiores a 15%, o que pode caracterizar uma maior predisposição
ao risco de lesão. Além disso, quatro atletas apresentaram valores de assimetria
próximo ao limiar inferior (> 11%).
Tabela II - Descrição do
desempenho de salto vertical unilateral das atletas de voleibol
SV = salto vertical
Figura 1 - Descrição da
assimetria de salto vertical unilateral das atletas de voleibol
A análise do desempenho
do salto vertical fornece importante informação em relação ao desempenho
atlético, especialmente aos atletas de voleibol. No presente estudo utilizamos
dois testes comumente utilizados para acessar o desempenho de força explosiva
dos membros inferiores em diferentes grupos de atletas. Os dados reportam uma
melhora em cerca de 8.43% quando é utilizada a fase excêntrica para o salto. É
bem estabelecido pelo atual corpo de investigação que o desempenho do SVCM é
superior ao do SV, principalmente pela utilização do ciclo
alongamento-encurtamento [14,17]. O SVCM é uma movimentação caracterizada pelo
CAE, o qual requer uma pré-ativação
(alongamento),
uma movimentação excêntrica rápida, e uma
rápida transição para a contração
concêntrica (encurtamento) da musculatura envolvida [18]. Por
outro lado, o SV
é utilizado para avaliar a contração
concêntrica dos extensores do joelho,
partindo de uma posição inicial estática associada
com uma dissipação do CAE
[14]. Além disso, os testes de salto vertical nos permitem
identificar o
desempenho unilateral e com isso acessar a assimetria de força
explosiva entre
os membros, no qual valores de assimetria superiores a 15% têm
sido apontados
pela literatura com um indicador de risco de lesão durante a
realização de
saltos [16].
Durante uma partida de
voleibol, as movimentações de salto são as ações mais realizadas pelos atletas
ao curso de 60-90 minutos de jogo. Por exemplo, é estimado que um atleta possa
realizar em média 30 movimentações de salto por set [3]. Dados mais recentes
sugerem que pelo menos uma ação de salto é realizada pelo atleta durante um rally [4]. Considerando que uma partida de voleibol pode
ser jogada até o quinto set e que as ações consideradas preditoras da vitória
ou derrota no set (como ataque, bloqueio, contra-ataque) [19] geralmente
ocorrem acima do topo de uma rede (ou seja, 2,43 m do solo), permite-nos
inferir que a potência de membros inferiores, responsável pela máxima altura
alcançada no salto vertical, é o principal determinante físico para se alcançar
o sucesso no voleibol.
Embora seja bem
estabelecido o papel do salto no desempenho do voleibol, os nossos dados
reportaram uma altura de salto vertical inferior aos estudos prévios da
literatura envolvendo atletas de voleibol de diferentes níveis de competição
[2,6]. Especificamente, o desempenho verificado em nosso estudo (SV = 24,8 ±
5,1; SVCM = 27,0 ± 5,3) foi inferior aos encontrados em atletas universitárias
regionais [20], de elite [6] e profissionais [2]. Ao comparar a altura
alcançada no salto vertical das atletas universitárias com as de elite e
profissionais é razoável esperar diferenças no desempenho, principalmente pela
maior demanda de carga externa, por exemplo, intensidade, volume e frequência
do treinamento, imposta aos atletas para promover as adaptações neuromusculares.
Por outro lado, mesmo quando comparado o desempenho do salto com atletas
femininas com nível de competitividade similar, a altura do salto vertical foi
inferior. A lacuna de treinamento neuromuscular específico (treinamento pliométrico ou balístico) para otimizar o desempenho do
salto das atletas do presente estudo fornece uma explicação para estes achados.
É bem estabelecido na literatura que a utilização de treinamento pliométrico é eficaz em promover adaptações neuromusculares
e aumentar o desempenho de salto, e que programas de treinamento com duração
acima de dez semanas promovem aumentos ainda mais significativos [21]. Desta
forma, a baixa quantidade de horas semanais treinadas, principalmente com
demanda técnico-tática, e a falta de controle dos exercícios de condicionamento
físico podem explicar esses resultados.
Apesar de observarmos
baixos valores de desempenho no salto vertical, vale destacar que em
competições a nível regional e nacional as atletas universitárias alcançaram
alguns resultados importantes. Uma possível explicação para estes achados pode
ser atribuída a uma capacidade mínima de salto vertical a certo nível
competitivo (universitário), mas após esse limiar ser alcançado (elite nacional
e profissional), um maior desempenho da potência muscular talvez se torne
necessário [22]. Seguindo essa premissa, é possível que o nível técnico-tático
e a demanda de treinamento impostas às atletas, predominantemente
técnico-tático, consigam intermediar e compensar o baixo desempenho do salto,
contudo em níveis de competição mais altos é crucial que juntamente com um alto
nível técnico e coordenação motora, as atletas apresentem um maior desempenho
físico para se alcançar a vitória [23].
Em relação a assimetria
unilateral no salto, nossos achados apontam para valores médios de assimetria
de 13,5 ± 6,9 %, os quais se apresentam abaixo do limiar considerado dentro dos
padrões fisiológicos [16]. Entretanto, 33.3% (n = 3) das atletas apresentaram
valores > 15%, considerado como limiar para aumento do risco de lesão [16].
Interessantemente, Trzaskoma et al. [24] e Yanci e Camara
[25] encontraram
valores bem abaixo de assimetria para mulheres saudáveis (~1%) e
jogadores
amadores de futebol (4.55%), porém, o fato da escolha de
confrontar perna
dominante com não dominante em vez de perna forte com perna
fraca pode ter
diminuído a diferença nos resultados [16]. Em atletas, o
desenvolvimento da
assimetria unilateral está relacionado com uma série de
múltiplos fatores como
histórico de lesão, demandas específicas do
esporte e função de jogo,
alterações nos padrões morfológicos,
inervação neural ou problemas de ativação
muscular [13]. Além disso, têm-se sugerido que altos
valores de assimetria
estão associados com a redução do desempenho
físico e aumento no risco de
lesão, tendo em vista que a assimetria pode favorecer um aumento
do gasto
energético e diminuição da eficiência
muscular, que ultimamente pode levar ao
aumento do estresse e fadiga muscular [9].
Em relação a taxa de
utilização excêntrica, encontramos valores médios para a taxa de utilização
excêntrica de 1,09 ± 0,09 na altura do salto. A taxa de utilização excêntrica
tem sido comumente utilizada para se explicar as maiores alturas alcançadas no
SVCM em relação ao salto vertical. De fato, sugere-se que as maiores alturas
encontradas podem ser atribuídas ao aproveitamento do CAE, ou seja, maiores
valores da taxa de utilização excêntrica representam uma maior eficiência do
CAE [14]. A capacidade de utilização do CAE desempenha importante papel em
diferentes esportes. No voleibol, essa capacidade é crítica para o desempenho
associado aos saltos verticais [26], especialmente nas posições de oposto e
ponta, as quais tendem a ser mais exigidas em saltos de alta intensidade [27] e
consequentemente apresentam valores mais altos de salto vertical [28] essa
capacidade é crítica para o desempenho associado aos saltos verticais [26],
especialmente nas posições de oposto e ponta, as quais tendem a ser mais
exigidas em saltos de alta intensidade [27] e consequentemente apresentam
valores mais altos de salto vertical [28]. Em nossa amostra, observamos que a
maioria das atletas apresentaram valores de SVCM muito similares a altura
alcançada no SV, demonstrando uma baixa eficiência/utilização do CAE. A
ausência de treinamento neuromuscular específico pode explicar essa baixa
eficiência do CAE. É recomendando que a razão entre o SVCM e SV seja superior a
1 em atletas bem treinados. Nesse sentido, observa-se em algumas atletas a
necessidade de treinamento neuromuscular específico, pliométrico,
para aumentar a eficiência do CAE, e consequentemente maximizar a taxa de
produção de potência muscular das atletas.
O presente estudo
possui algumas limitações que devem ser apontadas: 1) O desenho transversal não
permite causalidade; 2) A avaliação dos saltos verticais não foi realizada por
meio do padrão ouro (plataforma de força); no entanto a intenção do estudo era
fornecer informações ecológicas, que por sua vez apresentam melhor
aplicabilidade para treinadores; 3) O grupo avaliado foi formado por atletas
amadores, portanto, distintos resultados podem ser encontrados em atletas de
elite.
Os dados do presente
estudo apontam uma leve superioridade na capacidade de altura do salto quando
se utiliza a ação excêntrica, característica do salto vertical contramovimento. Em média, os valores de assimetria
funcional foram considerados normais para os parâmetros fisiológicos, porém 3
atletas se apresentaram com uma assimetria funcional de risco. Portanto, medidas
“simples” e objetivas como as descritas no presente estudo são de suma
importância no contexto prático do esporte, uma vez que conseguem predizer o
nível de assimetria entre os membros, bem como a eficiência do ciclo
alongamento-encurtamento, fatores esses relevantes para a minimização do risco
de lesão, assim como a identificação de qual será a ênfase dada ao treinamento.
A Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela concessão de bolsa de
pós-graduação a Rômulo Vasconcelos Teixeira.