ARTIGO
ORIGINAL
Análise
comparativa da pisada durante a marcha entre atletas de diferentes modalidades
esportivas
Comparative analysis of treading during the gait among athletes of
different sports
Karen Saar
Vedovelli*, Mateus Dias Antunes**, Weslei Jacob***, José Roberto Andrade do
Nascimento Júnior, D.Sc.****, Daniel Vicentini de
Oliveira*****
*Graduada
em Educação Física, Faculdade Metropolitana de
Maringá (FAMMA), **Mestrando em promoção da
saúde, Graduado
em Educação Física, Faculdade Metropolitana de Maringá (FAMMA), ***Doutorando em
Atividade Motriz, Faculdade Metropolitana de Maringá (FAMMA), ****Universidade
Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), *****Doutorando em Gerontologia,
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Recebido em 2 de setembro de 2016; aceito em 12 de dezembro de 2016.
Endereço
de correspondência:
Daniel Vicentini de Oliveira, Avenida Londrina, 934/1907 Torre A, Zona 8,
87050-730 Maringá PR, E-mail: d.vicentini@hotmail.com; Karen Saar Vedovelli:
ksv_89@outlook.com, Mateus Dias Antunes: mateus_antunes03@hotmail.com; Weslei
Jacob: jacob.weslei@gmail.com, José Roberto Andrade do Nascimento Júnior: jroberto.jrs01@gmail.com
Resumo
A análise da marcha
tem sido considerada um fator biomecânico interveniente no desempenho esportivo
de atletas. Este estudo teve como objetivo analisar as variáveis da pisada
durante a marcha entre atletas de diferentes modalidades esportivas.
Participaram da pesquisa 40 atletas das modalidades de voleibol, futebol,
futsal e corrida de rua. Como instrumento, foram utilizadas duas plataformas de
força em uma pista instrumentada, sendo avaliada a força de aterrissagem (FA),
força de impulsão (FI), tempo de contato com o solo (TC) e tempo de impulsão
(TI). Para análise dos dados, utilizou-se o teste t dependente e Anova One Way
(p < 0,05). Os resultados evidenciaram que os atletas de voleibol
apresentaram maior FI com o pé direito em comparação aos demais grupos, maior
FA e FI com o pé esquerdo em comparação com os atletas de futsal e corrida e
maior FA com o pé direito em detrimento aos corredores de rua; os atletas de
voleibol também apresentaram maior tempo de contato no solo com ambos os
membros. Concluiu-se que as características específicas da modalidade esportiva
podem influenciar a pisada do atleta durante a marcha, ressaltando que o
voleibol revelou ser a modalidade com características biomecânicas distintas
das demais.
Palavras-chave: esporte, locomoção,
biomecânica.
Abstract
Gait analysis has been considered an intervening biomechanical factor in
sports performance. This study aimed to analyze treading variables during gait
among athletes from different sports. The participants were 40 men athletes of
the following sports: volleyball, football, futsal and street racing. This
instruments used were two force platforms in an instrumented track. It was assessed
the landing force (LF), driving force (DF), contact time with the ground (CT)
and push time (PT). For data analysis, it was used the dependent t and Anova One Way tests (p < 0.05). The results showed that
the volleyball athletes had higher DF on the right foot compared to the other
groups, higher LF and DF with the left foot compared to futsal and street
racing athletes; and higher LF on the right foot over the street racers;
volleyball players have also had greater CT on the ground with both members. It
was concluded that the specific characteristics of a sport can influence the
athlete treading during gait, noting that volleyball has proved to be the sport
with different biomechanical characteristics of the other.
Key-words: sport,
locomotion, biomechanics.
No âmbito do esporte
faz-se necessário o estudo do movimento humano, uma vez que requer atenção
especial, devido à sua complexidade. Um movimento voluntário comum e repetitivo
da locomoção humana, que está presente em várias modalidades esportivas, é a
marcha. Desde os primórdios da humanidade o movimento é utilizado como meio de
locomoção e sobrevivência. No decorrer da evolução do homem a necessidade
passou de sobrevivência para vida saudável [1]. Segundo Araujo [2], a locomoção
humana não se restringe a uma variável, pois se trata de um movimento complexo
para análise e compreensão.
A locomoção é algo
que está presente em todas as modalidades dinâmicas, coletivas ou individuais
que utilizam a habilidade motora, que têm por objetivo transportar o corpo de
um ponto para outro [3]. Tais habilidades são utilizadas principalmente em
modalidades como o voleibol, o futebol, o futsal e a corrida de rua.
No voleibol a
movimentação é realizada como marchas e corridas em um curto período de tempo
variando de cinco a doze segundos para ataque, defesa e saque no jogo, por
exemplo, o saque em suspensão é realizado com uma lenta marcha, denominada de
passada, que inicia o ciclo de movimento que é dividido em impulsão (força de
saída), oscilação (flutuação) e apoio (força de aterrissagem) [4].
No futebol e no
futsal a locomoção é utilizada na condução da bola e movimentação defensiva e
ofensiva no jogo. Em uma partida os jogadores se movimentam em várias direções
[5] com diferentes velocidades, alternando entre marcha, trote e corrida,
dependendo da situação do jogo, diferenciando a técnica da passada e a força
aplicada no movimento, como, por exemplo, a força de saída (impulsão) [6].
Já a modalidade de
corrida de rua tem como único e principal componente a corrida, de acordo com a
Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) [7] são
reconhecidas oficialmente as provas de corrida de rua realizadas nas distâncias
de 10 km, 15 km, 20 km, meia-maratona, 25 km, 30 km, maratona (42.195 metros),
100 km, ultramaratona de 24 horas e maratona de revezamento em percurso de rua.
Nesta modalidade, encontram-se fases diferentes da corrida com oscilações de
velocidade, passando desde o trote até a corrida de mais velocidade, também com
uma diferenciação na técnica da passada, como citado anteriormente, de acordo
com o percurso.
Para analisar e
aprimorar o rendimento ou a aplicação dos trabalhos desempenhados nessas
modalidades, faz-se necessário avaliar a marcha em
inúmeras vertentes, por exemplo, força de aterrissagem (FA), força de saída ou
força de impulsão (FI), tempo de contato com o solo (TC) e tempo de impulsão
(TI), que são mensuradas via plataforma de força (PF).
Para avaliar essas
variáveis é necessário entender sobre a movimentação básica da marcha. De
acordo com Andrade [8], a marcha é uma sequência de movimentos complexos,
denominado ciclo da marcha ou passada, que se inicia ao primeiro contato, de um
dos pés, com o solo até o mesmo pé tocar o solo novamente. O ciclo da marcha é
controlado pela pressão exercida do pé no solo (pisada), bem como a força de
reação do solo (FRS) [9].
De acordo com
Brunieira [1], a FRS varia em cada fase da pisada, aumentando rapidamente no
início do contato com o solo, representado neste estudo como FA, diminuindo e
ficando quase constante no momento de apoio, onde poderemos analisar o TC, e
dando outro pico no momento que antecede a perda do contato, representado neste
estudo como FI, onde poderemos avaliar também o TI. Na marcha existem duas
forças que agem na FRS (força comumente analisada em estudos da marcha), a
força peso (componente vertical) resultante do peso corporal, e a força de
atrito (componente horizontal) que age nas direções anteroposterior e
médio-lateral devido ao contato do pé com a superfície da PF [10].
Posto isso, o
presente estudo teve como objetivo analisar as variáveis da pisada durante a
marcha entre atletas de diferentes modalidades esportivas.
Trata-se de um estudo
quantitativo, descritivo, observacional e transversal, aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa do Centro Universitário Cesumar (UNICESUMAR) por meio do
parecer número 1.464.288.
Os dados analisados
foram coletados de atletas profissionais, do sexo masculino, da cidade de
Maringá, no Estado do Paraná, praticantes das modalidades coletivas vôlei,
futebol de campo, futsal e da modalidade individual corrida de rua.
Participaram da amostra 40 atletas praticantes das modalidades acima citadas.
A coleta dos dados
foi realizada em um Laboratório de Biomecânica e foram usados os seguintes
critérios para a realização do teste: a) o atleta deveria estar participando
dos treinos, da equipe analisada, por no mínimo seis meses; b) deveria estar no
laboratório de biomecânica na data e horário marcado para a coleta; c) não
estar em tratamento de reabilitação de lesões; - e não estar lesionado no dia
da coleta.
Segue o protocolo de
coleta:
Os tablados são peças
móveis de madeira, cuja altura e largura são compatíveis às dimensões das
plataformas, já seus comprimentos, variam entre 25 cm, 50 cm e 140 cm. Essas
variações permitem, em ambiente de laboratório, configurar espaços diversos ao
redor das plataformas, de forma a atender quaisquer tipos de movimentos a serem
medidos.
O espaço preparado
para o deslocamento (marcha), união das plataformas com os tablados, configuram
uma pista de 900 cm de comprimento por 150 cm de largura, estando as duas
plataformas posicionadas no centro dessa pista. Todas as peças de madeira foram
fixadas, umas nas outras, de modo que não houvesse deslocamentos indesejados
das peças, provocando risco de lesão.
Estando o avaliado
esclarecido sobre todos os procedimentos do teste, foi submetido e apresentado
aos instrumentos biomecânicos que foram utilizados, bem como ao ambiente
(pista) no qual fez seu deslocamento. Primeiramente o mesmo passou pela fase de
adaptação, na qual foi orientado a realizar diversas passagens por sobre a
pista e, consequentemente, sobre as plataformas, de modo a familiarizar-se
com o piso, os tablados e as PFs. Como relata a orientação a seguir:
Marcha - caminhada natural: O avaliado deveria
caminhar por sobre a faixa central da pista, aproximando-se das plataformas,
passando por elas (pisando sobre elas) e, finalmente, afastando-se delas.
Para ser considerada
uma pisada válida, o indivíduo deveria pisar ou tocar a PF com apenas um dos
pés, e este, deveria encontrar-se inteiramente dentro das dimensões da base
plataforma, ou seja, os pés deveriam tocar a plataforma dentro de seus limites
de largura e comprimento, sendo descartada a pisada que ultrapassasse esses
limites.
Após a execução da
fase de adaptação o avaliado realizou o teste, o avaliador ligou os
instrumentos biomecânicos que foram utilizados, e seus sinais foram enviados a
um computador que registra esses sinais a uma frequência de 2000 Hz (duas mil
informações por segundo). O avaliado, então, foi orientado a iniciar seu
deslocamento sobre a pista instrumentada. No deslocamento, o indivíduo deveria
tentar pisar ou tocar a plataforma, com um dos pés, e dentro de seus limites de
largura e comprimento. Para fins de obtenção e cálculo dos resultados,
convencionou-se que o indivíduo deveria realizar três pisadas corretas com cada
um dos pés. O avaliador, ao lado da pista instrumentada, registrou as passadas
corretas e descartou as não corretas, anotando a ordem
de cada toque na plataforma, para poder obter apenas os sinais relativos às
pisadas corretas.
O avaliado executou
tantos deslocamentos quanto foram necessários para que se obtivesse
três pisadas corretas de cada membro.
Após o término do
deslocamento do avaliado, os sinais foram salvos em arquivos específicos ao
software dos instrumentos e, posteriormente, confrontados com os registros
feitos pelo avaliador, das corretas pisadas na plataforma. Assim, dos sinais
referentes às pisadas corretas foram extraídos os seguintes dados: FA, FI, TC e
TI. De todas as pisadas corretas foram extraídos esses dados, perfazendo um
total de seis pisadas.
Os resultados foram
demonstrados de forma descritiva e inferencial. Para verificar a normalidade
dos dados, utilizou-se o teste Shapiro-Wilk. Identificada a
necessidade de utilizar a estatística paramétrica, utilizou-se média e
desvio-padrão como medidas descritivas e aplicou-se o teste Anova One-way, juntamente com o teste de
homogeneidade de Levene, seguida de post-hoc
de Tukey para a comparação entre as modalidades esportivas. Para comparação das
forças e o tempo de contato entre os pés, efetuou-se o teste t de student
dependente. A significância adotada foi de p < 0,05.
Na Tabela I são
apresentados os resultados referentes a comparação da
FA, FI, TC e TI entre o pé direito e esquerdo em atletas.
Tabela
I - Comparação da força (aterrisagem e impulsão)
e do tempo de contato (solo e de impulsão) entre o pé direito e esquerdo em
atletas de diferentes modalidades.
*diferença
significativa p < 0,05; Unidade de Medida = FA/FI; quilograma-força (Kgf);
TC/TI = segundos (s). FA = força de aterrissagem; FI = força de impulsão; TC =
tempo de contato com ou solo/plataforma de força; TI = tempo de impulsão.
Houve diferença
significativa entre o pé direito e o esquerdo apenas na modalidade voleibol na
FA (p = 0,03), TC (p = 0,03) e TI (p = 0,03). Nota-se que o pé direito
apresentou maior FA (112,31 14,30), enquanto o pé esquerdo apresentou maior TC
(0,78 ± 0,06) e maior TI (0,59 ± 0,05). Não houve diferença significativa entre
os membros direito e esquerdo nas demais modalidades, indicando que com exceção
dos praticantes de voleibol, os praticantes das demais modalidades se mostraram
bastante homogêneos em relação aos membros direito e
esquerdo.
Na Tabela II são
apresentados os resultados da comparação da FA e FI entre as modalidades.
Tabela
II –
Comparação da força de impulso e
aterrisagem entre as modalidades esportivas.
*Diferença significativa
p < 0,05; a, b, c, d diferença significativa entre as variáveis; Unidade de
Medida = quilograma-força (Kgf); FA – esq. = força de aterrissagem do membro
inferior esquerdo; FA – dir. = força de aterrissagem do membro inferior
direito; FI – esq. = força de impulsão do membro inferior esquerdo; FI – dir. =
força de impulsão do membro inferior direito.
Verificou-se (Tabela
II) diferença significativa (p < 0,05) na FA e FI tanto com o pé direito
quanto com o pé esquerdo, evidenciando que os praticantes de voleibol
apresentaram maior FI com o pé direito (105,49 ± 11,19) em comparação aos
demais grupos, maior FA (109,08 ± 11,22) e FI (104,10 ± 9,46) com o pé esquerdo
em comparação com os praticantes de futsal e corrida de rua e maior FA com o pé
direito (112,13 ± 14,30) em detrimento aos corredores de rua.
A Tabela III
apresenta a comparação do TC e TI entre os praticantes de voleibol, futebol,
futsal e corrida de rua.
Tabela
III
- Comparação do tempo de contato com o
solo e de impulsão entre as modalidades esportivas.
*diferença
significativa p < 0,05; a, b diferença
significativa entre as variáveis; Unidade de Medida = segundos (s); TC – esq. =
tempo de contato com o solo/plataforma de força do membro inferior esquerdo; TC
– dir. = tempo de contato com o solo/plataforma de força do membro inferior
direito; TI – esq. = tempo de impulsão do membro inferior esquerdo; TI – dir. =
tempo de impulsão do membro inferior direito.
Verificou-se (Tabela
III) diferença significativa do TC esquerdo (p = 0,01) e direito (p = 0,04)
ente os praticantes de voleibol e futebol, evidenciando que os atletas de
voleibol apresentaram maior tempo de contato no solo com ambos os membros.
O presente estudo
teve como objetivo analisar as variáveis da pisada durante a marcha entre
atletas de diferentes modalidades esportivas. Pode-se notar que há assimetria
entre os membros, uma vez que cada atleta tem um dos lados como dominante. A
assimetria é apresentada quando o corpo é dividido ao meio no plano sagital, e
é consequência da lateralidade humana, sendo explicada pela diferenciação dos
dois hemisférios do cérebro tendo preferência por um dos lados [11,12].
No treinamento de
componentes específicos de cada modalidade, como, por exemplo, o chute no
futebol ou futsal ou o passo inicial para realizar o salto vertical no
voleibol, o atleta no decorrer dos treinamentos acaba priorizando o seu membro
dominante, aumentando a assimetria. Segundo Barbieri et al. [12], não existe membro inferior dominante, pois um dos
membros é usado para suporte enquanto o outro é utilizado para a ação,
induzindo que os membros inferiores devem ser exercitados de forma a se
tornarem simétricos, melhorando o equilíbrio e reduzindo assim a incidência de
lesões.
Quando se compara a
FA e a FI, percebe-se que todas as modalidades são homogêneas, exceto o
voleibol, que mostra valores maiores, apresentando diferença significativa em
relação às outras modalidades. Talvez essa diferença exista devido aos aspectos
do treinamento do voleibol, que incluem treinos específicos para o salto
vertical, sendo uma habilidade que se dá maior ênfase, uma vez que durante uma
partida é executado muitas vezes pelo atleta, e nunca de forma estática [13]. O
salto é utilizado no ataque, bloqueio e saque. Em estudo realizado utilizando a
final da Liga Mundial de 1992, foi identificado que de todas as ações no jogo
60% foram saltos, sendo que os levantadores realizaram 269 saltos, os atletas
de meio 223, os ponteiros da saída de rede 197 e os de entrada de rede 128, com
média de 194 saltos [14].
Apesar de não
apresentar diferença significativa, é interessante analisar também os valores
das demais modalidades. No futebol e futsal, que são modalidades semelhantes
que se subdividem em componentes táticos, técnicos e físicos, mas cada um com
especificidades [15], fazendo a média da FA e FI do futebol ((FA esq. + FA
dir.) / 2) ((FI esq. + FI dir.) / 2) respectivamente 101,13Kgf e 90,60 Kgf,
podemos notar a diferença com as médias do futsal cujos valores são FA 86,96
Kgf e FI 80,61 Kgf, comprovando que com relação a FA
os valores do futsal são mais baixos devido ao porte físico dos jogadores que
são mais magros que os atletas do futebol, e o valor da FA corresponde ao
produto da massa corporal e aceleração da gravidade; e com relação a FI os
valores do futsal são mais baixos devido a apresentarem uma menor potência no
salto vertical.
Corroborando esta
informação, diversos estudos [16-20] verificaram que atletas de futsal apresentam
menor potência em saltos verticais, maior limiar aeróbico e ventilatório e
valores elevados de consumo de VO2máx (volume de
oxigênio máximo), quando comparados aos atletas de futebol.
Na corrida de rua os
valores são ainda mais baixos, com médias de FA 83,60 Kgf e FI 78,22 Kgf,
valores esses que podem ser explicados, respectivamente, pelo porte físico dos
atletas de corrida de rua, por percorrerem grandes distâncias, que podem variar
de 5km a 100 km (IAAF, s/d), e a determinação por
parte do esporte do baixo peso corporal para a conquista de um bom desempenho
nas competições [21]; e pela modalidade não apresentar saltos, os treinamentos
tem uma pequena porção de trabalho de força máxima e explosiva, predominando a
resistência aeróbica [22], mantendo o valor de FI mais baixos.
Segundo Bompa [23], o
treinamento de força é um dos componentes principais do treinamento de esportes
de rendimento, e para obter uma melhora na FI precisa-se de exercícios que
forneçam melhores resultados de força explosiva, que é o caso dos exercícios
pliométricos. A pliometria é considera um método de treinamento fundamental
para o desenvolvimento da força rápida dos diferentes grupos musculares e da
capacidade reativa do aparelho neuromuscular, além de ser um meio de preparação
física especial para o atleta [24,25].
Reforçando essa
afirmativa Weitek e Silveira [26], em um estudo com atletas de basquete, com
treinamento baseado no método pliométrico de dois tipos (Air Alert e a pliometria em profundidade), verificaram que ambos os
grupos responderam de forma positiva ao treinamento, aumentando o desempenho no
salto vertical. Especificamente, o grupo Air
Alert aumentou 26% e o grupo de pliometria em profundidade aumentou 37% da
altura do salto vertical.
Ao comparar as
modalidades esportivas, percebe-se diferença entre o voleibol e o futebol,
porém o voleibol apresentou maiores valores em comparação ao futebol no TC com
o pé esquerdo e direito.
No TI não houve
diferença significativa entre as modalidades, indicando que pode variar de
modalidade para modalidade, pois para cada tipo de movimento como marcha,
corrida, saltos, entre outros, o TI pode ser diferente.
O TC com o pé
esquerdo para o voleibol (0,78 s) é maior quando comparado com as modalidades
futebol com média de 0,66 s, futsal 0,69 s e corrida de rua 0,71 s,
encontrando-se p=0,01. No TC com o pé direito o valor médio maior também foi do
voleibol 0,76 s, e das demais modalidades foram futebol 0,66 s, futsal 0,69 s e
corrida de rua 0,69 s, com p = 0,04.
No voleibol a força
aplicada no solo, ao realizar o salto, é maior devido a
angulação do corpo para conseguir realizar o movimento, necessitando de
alavancas maiores, utilizando outras regiões do corpo para auxiliar nesse
processo. No estudo realizado por Luhtanen e Komi [27] que investigou a
contribuição de diferentes segmentos do corpo na melhora do desempenho do salto
vertical, os resultados indicaram quais os segmentos do corpo e suas
porcentagens que influenciam na velocidade de impulso no salto vertical:
extensão do joelho, 56%; flexão plantar, 22%; extensão de tronco, 10%; balanço
dos braços, 10%; e balanço da cabeça, 2%. Assim, pode-se induzir que, devido a
toda sistematização do movimento realizado no salto vertical no voleibol, faz
com que o TC seja maior.
Em relação ao grau de
importância das variáveis, indica-se que a força de impulsão interfere
diretamente no desempenho esportivo, uma vez que o treinamento de força é de
extrema importância em todas as modalidades e as ações de deslocamentos, sejam
eles a marcha, corrida, saltos verticais e horizontais, entre
outros, requisitados pelas modalidades dependem dessa força. Quando
voltado ao tempo de contato com o solo, os resultados obtidos mostraram que, no
voleibol esse tempo foi superior em relação às outras modalidades, visto que
nesta modalidade ao realizar o salto vertical, a força aplicada no solo é maior
devido à sistematização do movimento.
Os achados desta
pesquisa permitem apontar importantes implicações práticas para os
profissionais de Educação Física e praticantes das modalidades, oferecendo
informações para uma melhor aplicação do treinamento para atletas de
rendimento, objetivando o melhor desempenho na modalidade, buscando o
aperfeiçoamento de técnicas e uma redução na incidência de lesões.
Este estudo apresenta
algumas limitações, como o reduzido número amostral por modalidade e a pesquisa
de apenas quatro modalidades esportivas. Diante dos resultados apontados
sugere-se que além de utilizar os treinamentos padrões de especificidade de
cada modalidade, é necessário buscar outros tipos de métodos, mesmo que os
movimentos específicos não façam parte da prática em si, a fim de melhorar os
resultados do desempenho. Devido à complexidade da análise do movimento humano,
sugerem-se também novos estudos, levando em consideração o tipo de pisada de
cada atleta, fornecendo subsídios para a melhoria do desempenho e redução de
incidência de lesões em praticantes de diversas modalidades esportivas.
Por meio dos
resultados encontrados pode-se concluir que as características específicas da
modalidade esportiva influenciam a pisada do atleta durante a marcha, visto que
os atletas das quatro modalidades apresentaram distintas variações biomecânicas
do movimento. Ressalta-se que os atletas de voleibol revelaram maior força (FA
e FI) e TC e TI em detrimento aos atletas das demais modalidades, achado que
pode estar relacionado às especificidades do treinamento do voleibol, que é
composto por movimentos e fundamentos técnicos que exigem salto e impulsão em
praticamente todos os momentos.