ARTIGO
ORIGINAL
Alteração
do VO2máx e da porcentagem de gordura de
atletas de futebol profissional em função do treinamento de pré-temporada
Alterations in VO2max and body fat percentage in professional
soccer players
Eduardo Hippolyto
Latsch Cherem*, Fernando Petrocelli de Azeredo**, Leonardo Chrysostomo dos
Santos**
*Escola
Municipal Ginásio Medalhista Olímpico Thiago Braz da Silva, **Laboratório de
Fisiologia do Exercício da Universidade Estácio de Sá, LAFIEX, nos campi Nova Iguaçu e Petrópolis II – RJ
Recebido em 3 de novembro de 2016; aceito em 23 de fevereiro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Eduardo Hippolyto Latsch Cherem, Avenida Cesário de Melo, S/N, Santa Cruz,
23595-040 Rio de Janeiro RJ, E-mail: cheremehl@gmail.com; Fernando Petrocelli
de Azeredo: fpetrocelli@uol.com.br; Leonardo Chrysostomo dos Santos: leochrysostomo@terra.com.br
Resumo
Futebol é um esporte
de extrema competitividade, por isso a necessidade de maior condicionamento
físico por parte de seus competidores. Este ponto pode ser observado na
pré-temporada, quando, em pouco tempo, deve haver um aumento do condicionamento
físico e alteração da composição corporal. O objetivo deste estudo foi observar
a alteração do condicionamento aeróbio de atletas profissionais de futebol
durante a pré-temporada de 2007. A amostra limitou-se a 11 homens, atletas de
futebol profissional. Coletaram-se dados de composição corporal e do
condicionamento aeróbio antes e após a pré-temporada, que teve duração de 30
dias. Os resultados estão descritos como média ± desvio padrão. Utilizou-se
teste “t” de Student, aceitando como significativo um p ≤ 0,05. O
condicionamento aeróbio medido pelo VO2máx
não apresentou melhora significativa (52,62 ± 2,28 ml/kg/min, antes e 53,48 ±
3,25 ml/kg/min após a pré-temporada, p = ns) e apesar de não ter havido
diferença na massa corporal total dos atletas, (65,13 ± 3,64 kg, antes e 65,30
± 3,58 kg após a pré-temporada, p = ns) os atletas apresentaram uma discreta,
mas significativa alteração da composição corporal medida pelo percentual de
gordura (10,58 ± 3,62%, antes e 9,50 ± 2,81%) após a pré-temporada, p <
0,05). Conclui-se que o treinamento aplicado na pré-temporada, não foi
suficiente para causar melhora da capacidade aeróbia no grupo como um todo.
Palavras-chave: VO2máx,
porcentagem de gordura, preparação física.
Abstract
Soccer is an extreme competitive sport. Therefore, it is necessary to do
high amounts of physical activities. It can be observed in pre-season, when
athletes need to improve their endurance and change their body composition in a
short period of time. The aim of this study was to observe the alteration of
endurance conditioning of professional soccer players in the 2007 pre-season,
30 days longer. The sample consisted of eleven men, who were professional
soccer players. We collected body composition and aerobic conditioning data
before and after pre-season. The results are shown as mean ± standard
deviation. Student’s “t” test was used, with a p ≤ 0.05 considered as
significant. The aerobic conditioning measured by VO2máx not showed
a significant improvement (52,62 ± 2,28 ml/kg/min, before and 53,48 ± 3,25 28
ml/kg/min after pre-season, p = ns) and,
despite the body weight did not show any alteration (65,13 ± 3,64, before and 65,30 ± 3,58 after
pre-season, p = ns) the body fat percentage have a discrete, but
significantly alteration (10,58 ± 3,62, before and 9,50 ± 2,81 after
pre-season, p < 0,05). It is concluded that the physical training
program in pre-season was not enough to improve the group endurance
conditioning.
Key-words: VO2máx,
body fat percentage, soccer of field.
O futebol é o esporte
mais difundido na maioria dos países, especialmente nos latino-americanos e
europeus [1-3].
A evolução
médica-tecnológica ocorrida nas últimas décadas teve impacto no esporte, com um
importante avanço na preparação física dos atletas e consequente exigência de
máximo desempenho [4].
Cunha [5] relata que
estudos realizados comprovam que, durante a década de 1970, existia interesse
com a investigação científica no futebol com o intuito de auxiliar a preparação
física dos atletas, determinando os sistemas energéticos que predominavam no
esporte, através de uma análise de movimento realizada durante as partidas de
futebol.
Durante as partidas,
os futebolistas realizam esforços curtos, intensos e decisivos caracterizados
predominantemente por anaeróbios aláticos com uma concentração lática entre 4 a
9 mMol, sendo o metabolismo aeróbio requerido
principalmente nos momentos de recuperação entre esses esforços.
O consumo máximo de
oxigênio (VO2Máx) é a variável fisiológica
que melhor descreve a capacidade dos sistemas cardiovasculares e respiratórios.
É aceito como índice que representa a capacidade máxima de integração do
organismo em captar, transportar e utilizar o oxigênio para os processos
aeróbios de produção de energia durante a contração muscular [6]. Pode ser
expresso em termos absolutos (l/mim) ou relativos à superfície corpórea
(ml/kg/min).
Segundo Garcia et al. [7], os testes físicos auxiliam no conhecimento da
evolução dos jogadores, na seleção de testes para cada posição, no
descobrimento de novos talentos e na reavaliação do trabalho.
Na literatura,
verifica-se que o padrão de VO2Máx de
futebolistas é de aproximadamente 55-60 ml/kg/min. O mesmo resultado foi
encontrado nos futebolistas da seleção sueca, resultados de 56,5 ml/kg/min. Na
equipe do Aberdeen F.C., da Escócia (Campeonato Europeu) foi observado 57,8
ml/kg/min. E para os primeiro, segundo, terceiro e quarto colocados do
campeonato de futebol húngaro, valores de 66,6; 64,3; 63,3 e 58,1 ml/kg/min,
respectivamente [8-10].
Testes estes
aplicados no início da pré-temporada de treinamento permitem uma avaliação
precisa de várias qualidades dos atletas. Sendo assim Rinaldi e Arruda [11]
dizem que a avaliação física dos jogadores de futebol tem se mostrado
importante no sentido de oferecer parâmetros mais exatos para um programa de
treinamento.
A variabilidade dos
valores de VO2 (ml/kg/min) em futebolistas é grande, não somente
pelas características individuais, mas em virtude dos diferentes modelos e
metodologias utilizadas nos treinamentos e, também, pelos diferentes tipos de
ergômetros e protocolos utilizados na avaliação, como bicicleta ou esteira em
testes máximos ou submáximos, e ainda a utilização de medidas diretas ou
indiretas. É sabido que valores de VO2Máx
obtido nos protocolos realizados em bicicleta ergométrica são em média 5% a 20%
inferiores àqueles observados em esteira [12], devendo-se relativizar as
conclusões dos estudos comparativos realizados com diferentes ergômetros e
diferentes protocolos.
Da mesma forma como a
capacidade aeróbia é substancialmente alterada em função de programas vigorosos
de treinamento físico, a composição corporal também o é. No entanto, ao invés
de aumentar o seu valor, quando nos referimos à porcentagem de gordura
corporal, percebemos um decréscimo desta em função do aumento do trabalho
físico, como acontece nos sistemas de preparação atlética, mesmo que de
pré-temporada [13-16]. Não obstante, mesmo com o aumento na taxa de trabalho
físico, também é necessário um controle da ingesta calórica para que se
observem reduções no componente de gordura corporal [8,14].
Hoje o aspecto
científico do treinamento físico está muito desenvolvido. Os profissionais se
especializam cada vez mais utilizando computadores e os mais variados aparelhos
eletrônicos possíveis, para determinar o nível de condicionamento e evolução
dos atletas. Portanto, percebe-se que a preparação física evoluiu de tal
maneira que seria impensável a falta de um profissional especializado em
treinamento físico integrando a comissão técnica de uma equipe.
No futebol dos
últimos tempos, tudo que for considerado como método auxiliar, (Jump system,
Foto Célula, Lactímetro e outros), passa a ser importante e altamente utilizado
no campo de jogo, pois nos detalhes são buscados vários anos que pesquisados
são muito importante para o alto rendimento dos atletas e de toda sua equipe.
O objetivo deste
estudo é comparar a evolução do consumo de oxigênio máximo (VO2Máx)
e da porcentagem de gordura no início e no fim da preparação básica
(pré-temporada), levando em consideração os métodos de treinamento utilizados
nos atletas profissionais da equipe Estácio de Sá durante a fase de
pré-temporada no ano de 2007.
Amostra
A amostra do estudo
foi composta por 11 atletas, do sexo masculino, profissionais de Futebol de
Campo, do time Estácio de Sá Futebol Clube, realizada durante a pré-temporada
do ano de 2007.
Todos os indivíduos
leram e concordaram em assinar um termo de consentimento livre e esclarecido,
de acordo com as Normas para a Realização de Pesquisa em Seres Humanos,
estabelecidas através da Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde de
10/10/1996. É notório que a resolução supracitada segue a declaração de Helsinque
de 1975 [17].
Antropometria
Para obter a
porcentagem de gordura corporal foi realizada a avaliação das dobras cutâneas
pelo protocolo de 3 dobras cutâneas) de Jackson e
Pollock (tríceps, suprailíaca e coxa [18,19].
A massa corporal foi
medida em uma balança com precisão de 0,1 kg (Filizola, São Paulo, Brasil). A
estatura foi medida em um estadiômetro localizado na própria balança, com
precisão de 0,5 cm (adipômetro da marca Lange).
As medidas foram
aferidas antes e após o período de treinamento.
Treinamento
Para prescrição da
zona alvo de treinamento, foi aplicada a fórmula de Karvonen (1957) citada por
Haddad et al. [20], utilizando a equação a
seguir: 220 – idade. Foi utilizado para o limite inferior 80% da FC máxima e
para o limite superior 85% da FC máxima. Materiais utilizados: calculadora,
monitor de frequência cardíaca.
Para determinar o
consumo máximo de oxigênio (VO2Máx) foi
utilizado o Yo-Yo Endurance Test
[21], o que contou com motivação.
Após a coleta das
variáveis percentual de gordura, massa corporal e estatura, frequência cardíaca
e VO2Máx, os atletas foram submetidos a
doze semanas de treinamento. Nas primeiras quatro semanas, o objetivo principal
foi à resistência aeróbia, porém a partir da segunda semana foi acrescido ao
treinamento um aumento de 4% no volume do mesmo. Vale ressaltar que apesar
desse aumento no volume total, nas primeiras 3 semanas
a ênfase foi na resistência aeróbia, nas semanas seguintes, 5% do valor total
foi destinado ao trabalho de resistência anaeróbia.
Nas primeiras
semanas, três dias de cada, os atletas eram submetidos a corridas de 7 km
dentro da frequência cardíaca determinada pelo escore obtido no teste de VO2Máx, o que variou entre 80 a 85%. Após estas
corridas os atletas eram submetidos a um trabalho de força na sala de
musculação do clube (4 séries de 12 a 15 repetições).
Por ser início do
trabalho, o professor optou em não fazer o teste de 1RM, passando então para os
atletas que o aumento da carga seria progressivo conforme a melhora dos mesmos
nesta valência. Em relação ao acréscimo progressivo no volume total de
treinamento, quando as corridas alcançaram 9.780 m, estes acréscimos passaram a
não existir, dando uma ênfase maior ao trabalho anaeróbio.
Análise
estatística
No presente trabalho
foi utilizado o tratamento estatístico descritivo através de média, desvio
padrão e também técnicas de estatística inferencial com o Test t de Student
utilizando o nível de significância de 95% (p < 0.05). Foi utilizada a
curtose para análise da homogeneidade da amostra. Foi utilizado o programa
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 15.0.
Resultados
Os dados descritivos
da idade, peso (kg), estatura (m) e frequência cardíaca máxima estão
representados como a média, desvio padrão (DP) e curtose, na tabela I.
Os atletas apesar de
terem reduzido significativamente suas porcentagens de gordura (antes do
treinamento: 10,58 ± 3,62 para 9,5 ± 2,81, depois da pré-temporada. P <
0,05), isso não foi suficiente para causar impacto no peso total (antes do
treinamento: 65,13 ± 3,64 kg para 65,3 ± 3,58 kg, depois da pré-temporada. P =
ns) (tabela II).
Ainda que se tenha
observado uma melhora no VO2max dos
atletas, esta melhora, assim como para a variável massa corporal total, não foi
significativa (52,62 ± 2,28 e 53,48 ± 3,25 ml/kg/min, para antes e após o
período de treinamento, respectivamente. P = ns) (tabela II).
É importante
destacarmos que apenas 3 indivíduos apresentaram
reduções no condicionamento aeróbico, ao comparar-se o período pré e
pós-treinamento de pré-temporada. Estes indivíduos estão destacados (em
negrito) no quadro abaixo (quadro 1).
Tabela
I – Variáveis descritivas: idade, peso, estatura
e frequência cardíaca máxima.
MTC = Massa Corporal
Total; FCmáx = Frequência Cardíaca Máxima.
A explicitação destes
dados é importante para que se possa discutir, mais adiante, os efeitos do
treinamento de pré-temporada sobre esta valência física, o condicionamento
cardiorrespiratório, representado pelos escores do teste de VO2máx
utilizado por nós (Yo-Yo Endurance Test).
Tabela
II –
Variáveis experimentais: peso, percentual
de gordura e VO2Máx.
MTC = Massa Corporal
Total; %G = porcentagem de gordura corporal
A porcentagem de
gordura corporal apresentou uma significativa redução ao se comparar os dados
do início da pré-temporada com os valores encontrados ao final da pré-temporada
(de 10,6 ± 3,62% no início, para 9,5 ± 2,81% no final da pré-temporada, p <
0,05), como descrito na tabela III.
Tabela
III
– Valores da porcentagem de gordura antes
e após a pré-temporada.
Os resultados
apresentados neste trabalho demonstraram que não houve melhora nos escores de VO2Máx dos atletas avaliados, uma vez que os
resultados do início, quando comparados ao do final da pré-temporada (52,62 ±
2,28 e 53,48 ± 3,25 ml/kg/min) respectivamente, não demonstraram diferença
significativa (p = 0,29).
Uma possível
explicação para a não melhora do VO2Máx,
pode ser devido ao fato de que, segundo Powers & Howey [22], apesar de os
programas de treinamento de resistência provocarem um aumento no VO2Máx
em cerca de 15%, a faixa de aumento pode ser elevada, 30% - 50%, para aqueles
com valores iniciais bem baixos, mas pode ser baixa, de até 2% - 3% para
aqueles que começaram o treinamento com valores altos. Já que o VO2Máx é a captação máxima de oxigênio que um
indivíduo consegue extrair do ar alveolar e transportar até os tecidos através
do sistema cardiovascular e usar para a produção de energia [14,16,22,23].
Quadro
1 – Variáveis descritivas com resultado final: VO2Máx Inicial, VO2Máx Final.
Apesar de os
resultados não demonstrarem diferença significativa, a faixa de melhora do
grupo se aproximou muito da faixa de melhora esperada para indivíduos já bem
condicionados (1,34%).
Cabe destacar que
três indivíduos apresentaram marcante decréscimo de suas capacidades aeróbias
(-2, 22, 4,49 e 6,46 ml/kg/min) o que, por motivos individuais (individualidade
biológica e/ou lesões na pré-temporada e/ou especificidade da posição) podem
ter mascarado a melhora no VO2Máx.
Essa afirmação parece
ser especialmente interveniente na análise dos resultados, pois ao retirarmos
os escores dos três indivíduos que tiveram uma redução acentuada no
treinamento, observamos outro fenômeno em relação ao treinamento pré-temporada
e melhora do condicionamento físico.
Mas ao retirarmos os
resultados para os indivíduos que tiveram marcante redução do condicionamento,
achamos uma ótima e significativa melhora, se levarmos em conta que os
indivíduos já eram bem treinados, que foi da ordem de 2,56% (1,91 ml/kg/min, p
= 0,03), o que, segundo Powers & Howey é uma melhora esperada para essa
classe de indivíduos (bem treinados) [9,10,16,22].
Outro fato que
suporta a ideia de que o treinamento teria sido eficaz, mas mascarado ao se
analisar todo o grupo para a qualidade física VO2Máx,
incluindo os três indivíduos já mencionados, está na alteração da porcentagem
de gordura corporal entre o início e fim da pré-temporada.
As informações sobre
a densidade corporal podem ser convertidas em porcentagens de gordura corporal,
que podem ser utilizadas no julgamento sobre a condição física de um indivíduo.
Vários autores recomendam uma faixa entre 10 e 15%. Evidências epidemiológicas
sugerem uma associação inversa entre a atividade física e o peso corporal, com a
gordura corporal estando, muitas das vezes e como é o caso em atletas, como
conteúdo de massa a ser mantido-reduzido [8,13-15].
Para o percentual de
gordura, tal qual para o VO2Máx, temos uma
adaptação mais rápida nos indivíduos destreinados e com índices iniciais bem
desfavoráveis, em relação a indivíduos previamente treinados e com baixos
conteúdos de gordura corporal. Apesar de se ter uma resposta mais intensa no
primeiro grupo de indivíduos, sua redução irá ocorrer em ambos os grupos,
evidentemente com magnitude também diferente. Logo, a redução da gordura
corporal pode ser utilizada para se observar o impacto de determinado
treinamento físico em um grupo de indivíduos, especialmente quando a ingesta
energética se mantém constante durante o período de treinamento [14,15].
De fato, percebemos
que todos os atletas já apresentavam uma porcentagem de gordura baixa no início
da pré-temporada (10,6 ± 3,62%), mesmo assim, no relativo curto período de
treinamento da pré-temporada, observa-se um positivo e significativo impacto do
treinamento sobre a massa corporal total, com redução de 1,1% na porcentagem de
gordura (de 10,6 ± 3,62% no início, para 9,5 ± 2,81% no final da pré-temporada,
p = 0,04). Se observarmos mais especificamente a melhora, vamos encontrar
índices ainda mais interessantes, se compararmos a porcentagem de melhora total
da gordura, não em relação à massa corporal total, mas sim tendo como
referência o próprio conteúdo de gordura (adotando a porcentagem de gordura
inicial como sendo 100% de gordura que o indivíduo apresenta na pré-temporada),
observamos uma redução de 7,3%.
Os programas de
treinamento planejados para o período de pré-temporada são desenvolvidos com o
intuito maior de provocar positivas adaptações sobre vários componentes que
estão relacionados com o condicionamento físico, melhorando-os e aperfeiçoando
o rendimento desportivo de atletas e equipes. Dentro deste parâmetro,
apresentam-se vários objetivos específicos, dentre eles temos o aumento do VO2Máx e a redução do conteúdo de gordura
corporal, temas abordados neste trabalho [12,24,25].
É importante para a
análise do rendimento do grupo ter em mente que dentro de um grupo temos uma
variedade de expressões biológicas, que irão responder de forma tão diferenciada
quanto possível ao mesmo programa de treinamento, a este fenômeno damos o nome
de individualidade biológica [16,22,24,26].
No presente estudo
observa-se como a interferência biológica pode causar alterações significativas
no resultado de um grupo e que a não discriminação pormenorizada dos escores
individuais podem levar a conclusões imprecisas. O que se observa aqui, quando
levado em conta todo o grupo, foi uma metodologia de trabalho que surtiu efeito
em melhorar o VO2Máx do grupo, mas que foi
capaz de reduzir a porcentagem de gordura total dos indivíduos. No entanto, ao
se excluir possíveis exceções de individualidade biológica (3
em 11), observamos que o treinamento foi adequado para adaptar a qualidade
física em questão (VO2Máx).
Os resultados
demonstraram que o programa de treinamento físico proposto para a pré-temporada
da equipe de futebol profissional Estácio de Sá não surtiu efeito em melhorar o
VO2Máx do grupo como um todo, mas foi
eficaz em alterar a composição corporal, reduzindo a gordura corporal de todo o
grupo e mais, se guardada as particularidades biológicas de três dos 11
indivíduos avaliados, também observaremos que o treinamento surtiu o efeito
esperado sobre o VO2Máx, aumentando a capacidade aeróbia da maior parte
dos indivíduos da equipe.
Isso quer dizer que
ao se analisar e prescrever atividades de condicionamento para atletas deve-se
ter o devido cuidado de avaliar continuamente a adaptação de cada indivíduo do
grupo, para que o planejamento seja readequado para aqueles indivíduos que não
responderem de forma efetiva ao treinamento.
Outros estudos devem
ser feitos, nos quais a utilização de um maior número amostral, bem como o
emprego de uma variada metodologia de treinamento em diferentes períodos da
temporada, associados a diferentes avaliações se fazem
necessários, para a observação de como diferentes metodologias de treinamento
podem interagir com diferentes indivíduos em diferentes fases do planejamento
anual de treinamento.