A interação entre a enfermagem e o serviço de farmácia hospitalar

Autores

  • Tiago Aparecido Maschio de Lima Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto

DOI:

https://doi.org/10.33233/eb.v16i4.1254

Resumo

A Enfermagem no contexto hospitalar possui dentre suas inúmeras atividades aquelas relacionadas ao medicamento, atuando principalmente na sua administração. Para tal, enfermeiros atuam em parceria com o Serviço de Farmácia Hospitalar, e essa atuação está voltada na prevenção de erros relacionados aos medicamentos e na garantia da segurança dos pacientes.

A Farmácia Hospitalar é definida como uma unidade técnica, administrativa e clí­nica, responsável pelo ciclo de gestão de medicamentos (seleção, aquisição, recebimento, armazenamento, distribuição e sistema de informação relacionada aos medicamentos), ligada hierarquicamente í  gestão hospitalar e aos Serviços Clí­nicos, incluindo Enfermagem e Medicina.

O sistema de distribuição de medicamentos adotados pelos hospitais é dependente do seu porte e dos recursos disponí­veis. No Brasil, o sistema mais adotado é o sistema individualizado, cuja dispensação é realizada por paciente a partir da prescrição medicamentosa hospitalar. Porém, nesse tipo de sistema os medicamentos injetáveis não são dispensados prontos para uso, e seu preparo (diluições ou reconstituições) ficam sob responsabilidade da Enfermagem, aumentando sua carga de trabalho relacionada aos medicamentos e reduzindo o seu tempo disponí­vel para assistência aos pacientes. Isso poderia ser evitado através da implantação do sistema de dose unitária, no qual todos os medicamentos são dispensados pela farmácia prontos para a administração. Esse tipo de sistema é pouco adotado pelos hospitais brasileiros devido ao seu alto custo de implantação e aumento de recursos humanos necessários.

O número reduzido de farmacêuticos nos hospitais é um fator que impacta no desenvolvimento de atividades clí­nicas pela Farmácia Hospitalar, limitando-se a um serviço administrativo mais voltado ao medicamento do que aos pacientes. A Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) recomenda que os hospitais possuam no seu quadro de recursos humanos um farmacêutico para cada 50 leitos para executar atividades administrativas, e para as atividades clí­nicas o número de farmacêuticos clí­nicos deve ser maior dependendo do ní­vel de complexidade do setor clí­nico em questão, por exemplo, emergência, centro de terapia intensiva, unidades clí­nicas, unidades cirúrgicas, entre outros.

A Farmácia Clí­nica nos hospitais de paí­ses desenvolvidos é uma realidade comum, porém no Brasil, sua implantação caminha a passos lentos. A Farmácia Clí­nica é uma área da farmácia voltada í  ciência e prática do uso racional de medicamentos, na qual os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente, de forma a otimizar a farmacoterapia, promover saúde e bem-estar e prevenir doenças.

As atividades de Farmácia Clí­nica contribuem para a melhor terapêutica dos pacientes e na prevenção de erros. Os erros relacionados aos medicamentos, ou seja, qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, acarreta uso inadequado de medicamento, dentre os mais comuns destacam-se:

 

medicamento errado;

omissão de dose ou do medicamento;

dose errada;

frequência de administração errada;

forma farmacêutica errada;

erro de preparo, manipulação ou acondicionamento;

técnica de administração errada;

via de administração errada;

velocidade de administração errada;

horário errado de administração;

paciente errado;

duração do tratamento errada;

monitorização insuficiente do tratamento;

medicamento deteriorado;

falta de adesão do paciente;

e outros tipos.

 

Esses erros estão geralmente associados a diversos fatores como:

 

informação relacionada ao paciente;

informação relacionada ao medicamento;

comunicação relacionada aos medicamentos;

rotulagem, embalagem e nome dos medicamentos;

dispensação armazenamento e padronização dos medicamentos;

aquisição uso e monitoramento de dispositivos para administração dos medicamentos;

fatores ambientais;

educação e competência dos profissionais;

educação do paciente;

gerenciamento de risco e processos de qualidade.

 

O Serviço de Farmácia Clí­nica em parceria com a Enfermagem promove práticas seguras no uso de medicamentos, tais como:

 

introduzir barreiras que minimizem a possibilidade de ocorrência dos erros;

adotar protocolos e padronizar a comunicação sobre os tratamentos;

revisar continuamente a padronização

reduzir o número de alternativas terapêuticas;

centralizar os processos considerados de maior risco de erros;

usar procedimentos de dupla conferência dos medicamentos;

incorporar alertas automáticos nos sistemas informatizados;

monitorar o desempenho das estratégias de prevenção de erros.

 

Enfim, caros leitores, a Enfermagem e o Serviço de Farmácia Hospitalar caminham através dos mesmos objetivos: promover saúde e bem-estar dos nossos pacientes.

Biografia do Autor

Tiago Aparecido Maschio de Lima, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto

Graduado em Farmácia, Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), Especialista em Farmácia Clí­nica e Atenção Farmacêutica, Especialista em Docência no Ensino Superior, Docente na União das Faculdades dos Grandes Lagos (Unilago), Coordenador de pesquisa clí­nica no Centro Integrado de Pesquisa da Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto

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Publicado

2017-10-27