Envelhecimento e uso de psicotrópicos
DOI:
https://doi.org/10.33233/eb.v17i5.2657Abstract
O envelhecimento humano é um processo universal, complexo e sua progressão é consequência do aumento da longevidade e diminuição das taxas de natalidade [1,2].
A população idosa no Brasil vem crescendo de forma significativa, passando de 9,8% em 2005 para 14,3% em 2015, o que representa um crescimento anual por volta de 1,0% do total da população brasileira (estimada em 204,9 milhões no ano de 2015). Neste mesmo período, a parcela de pessoas de zero a 14 anos no total da população diminuiu de 26,5% para 21% e de 15 a 29 anos, de 27,4% para 23,6%. Neste contexto, o Brasil caminha para se tornar um país de idosos no ano de 2030, considerando estimativas do IBGE para este ano, de que o país contará com predomínio de idosos em relação ao grupo de crianças e adolescentes até 14 anos de idade [2-4].
A complexidade do processo de envelhecimento está pautada no fato que essa transição etária vem acompanhada de alterações biológicas, cognitivas e motoras, além de mudanças sociais, como, por exemplo, o afastamento do indivíduo do mercado de trabalho, além da relação com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis, que muitas vezes levam a incapacidade. As doenças neurodegenerativas e depressão estão entre as mais citadas neste grupo etário e esta última apresenta maior incidência em mulheres, segundo relatos na literatura. Muitos desses indivíduos apresentam problemas emocionais, que não são levados em consideração pela equipe de saúde, continuamente por despreparo, considerando a incipiência das políticas públicas voltadas para o envelhecimento [2,4-6].
Ressalta-se que nessa fase da vida é muito comum o pensamento em torno da morte e o sentimento de incapacidade, impotência devido ao afastamento do trabalho em razão das doenças crônicas, desempenho sexual comprometido, inúmeras perdas durante a vida, dentre outros fatores que, aliados a dificuldade do manejo do processo saúde doença do idoso pelo serviço de saúde, principalmente daquela em idade mais avançada, contribuem para prolongar seu sofrimento, a ponto de motivá-lo a atentar contra a própria vida, a fim de aliviar sua dor e, muitas vezes, diminuir o peso que causa em sua família [1,2,7].
Com base neste cenário, o uso dos psicotrópicos nesta população tornou-se rotineiro, sendo estes os medicamentos mais prescritos entre os idosos. Os antidepressivos lideram o ranking de prescrições, em virtude da maior incidência de episódios depressivos entre estes indivíduos. Os benzodiazepínicos também ocupam locais de destaque em número de prescrições, já que distúrbios do sono é motivo de grande parte das reclamações por esta população. Estes medicamentos atuam no sistema nervoso central e em alguns pacientes proporcionam maior alívio dos desconfortos relatados, como depressão, ansiedade e insônia. Entretanto o uso incorreto e abusivo dessa classe de fármacos, somado às possíveis interações com outros fármacos, tais como anti-hipertensivos, hipoglicemiantes, entre outros, pode trazer riscos potenciais í saúde do idoso, bem como intoxicação e óbito [8-11].
Nesse sentido, é essencial o desenvolvimento de estratégias, programas e ações orientadas í prescrição racional de psicotrópicos aos idosos, considerando que alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas nessa população devem ser relevantes ao planejamento terapêutico. O acompanhamento desses pacientes é essencial e deve ser motivo de grande preocupação por parte dos profissionais da saúde, a fim de promover qualidade de vida e bem-estar para essa população.
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