Diagnóstico e tratamento da incontinência urinária feminina: um incômodo presente em todas as fases da vida da mulher
DOI:
https://doi.org/10.33233/eb.v15i1.93Abstract
A Incontinência Urinária (IU) tem grande impacto na qualidade de vida da mulher, por ser um sintoma que causa desconforto, vergonha, perda da autoconfiança e limitações sociais. Pode aparecer em qualquer fase do ciclo vital da mulher: na infância e adolescência é comum que seja precedida de urgência miccional; no ciclo gravídico-puerperal é decorrente de alterações próprias da reprodução e acima dos 30 anos é mais associada ao esforço [1].
Qualquer queixa de perda urinária é definida como IU pela International Continence Society (ICS), sendo subdividida em três subtipos: de esforço (IUE); de urgência (IUU) e mista (IUM) [2]. É muito importante o aprofundamento de estudos e pesquisas sobre a IU feminina, já que as mulheres acometidas se excluem do meio social na perspectiva de se autoproteger dos incômodos provocados pelas perdas urinárias diárias.
Os fatores de risco relacionados í IU ainda não são bem definidos, sendo os mais citados: idade, raça, índice de massa corporal (IMC), mudança de peso, ocupação, hipertensão, uso de diurético, diabetes, doença neurológica, menopausa, ingestão de café, fumo, tosse frequente, constipação, histerectomia, perineoplastia, atividade física, paridade e tipo de parto [3].
Mesmo com os prejuízos em sua qualidade de vida, a maioria das mulheres com IU reluta em procurar o diagnóstico e tratamento. Nas pacientes com queixa de IU, é recomendado que se especifiquem as circunstâncias, a frequência e a gravidade das perdas, incluindo-se na abordagem: anamnese, exame físico, questionários de qualidade de vida, diário miccional, teste do absorvente e o estudo urodinâmico (EUD) [4].
Muitas mulheres com queixas de IU são encaminhadas para realização de EUD ou urodinâmica, com o propósito de reproduzir os sintomas urinários em condições controladas e mensuráveis, realizando o diagnóstico com dados objetivos, visando: detectar anormalidades e fazer a distinção entre os vários mecanismos fisiopatológicos que causam a IU; identificar fatores para a disfunção urinária; tentar predizer a repercussão dessas alterações sobre o trato urinário, além de confirmar os efeitos do tratamento e interpretar as razões de falha terapêutica [2]. Entretanto, este exame possui algumas peculiaridades que podem interferir no resultado: é um exame invasivo e constrangedor devido í cateterização vesical e retal; dificuldade do paciente de urinar na frente do examinador; infusão vesical de líquido que não é urina, temperatura do líquido infundido, ritmo de infusão acima do fisiológico, posicionamento do paciente e a cateterização vesical, constatando-se também disúria após o exame e possibilidade de infecção do trato urinário.
Quem trabalha em unidade de urodinâmica ouve diversas queixas de mulheres de como a IU afetou sua vida, em especial: não poder passar férias na casa de parentes, não ter mais relações sexuais, não poder praticar esporte e até evitar beber água. Ficam vulneráveis também durante o exame urodinâmico, manifestando sentimentos de vergonha, de desconforto e até de dor.
São necessárias pesquisas mais abrangentes sobre a prevalência e fatores de risco associados í IU, com vistas a obter dados que permitam ações de prevenção de agravos e intervenções de melhoria de qualidade de vida. A IU feminina constitui um amplo campo de investigação para pesquisadores de diferentes áreas profissionais em saúde, nos aspectos de diagnóstico, terapêutica e outras diretrizes e protocolos assistenciais multi e interprofissionais, que contribuam para a melhoria da qualidade de vida das mulheres afetadas.
References
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