A Enfermagem no processo embrionário da Fisioterapia

Autores/as

  • Silvio Jorge Chaim Melhado FAMERP

DOI:

https://doi.org/10.33233/eb.v12i6.3771

Resumen

Hoje a Fisioterapia é amplamente conhecida como um curso de ní­vel superior, sendo seus graduados profissionais liberais e autônomos, porém nem sempre foi assim. Apesar de todo o contexto histórico da antiguidade apontar para práticas de tratamentos utilizando-se de meios fí­sicos, como a água, o calor e a massagem, é na Inglaterra do séc. XIX, em plena revolução industrial, que observamos o processo embrionário desta profissão, antes mesmo das duas Grandes Guerras que impulsionaram a reabilitação [1].

Enfermeiras dos hospitais ingleses começaram a se utilizar da massoterapia no auxí­lio aos enfermos, porém, por diversas razões a prática adotada por essas profissionais foi se tornando independente, pois caracterizava uma nova possibilidade de trabalho para as mulheres. Assim, surgiram escolas de treinamento para ensinar cientificamente a massagem e a eletricidade com finalidades terapêuticas. Com o tempo observou-se a necessidade da inclusão de exercí­cios no tratamento das pessoas com problemas fí­sicos [1].

Em julho de 1894 foi fundada a Society of Trained Masseuses (Sociedade das Massagistas Treinadas) que era um departamento do Instituto de Parteiras e do Clube das Enfermeiras Diplomadas tendo como uma das principais fontes de informação cientí­fica a seção da Sociedade de Massagem do Nursing Notes, publicação especí­fica da enfermagem. Até então havia rejeição í  participação profissional masculina [2].

Nos Estados Unidos, nesta época, a reabilitação ficava a cargo de mulheres treinadas e que tinham a denominação de "ginastas médicas". Com o advento da Primeira Guerra Mundial houve um aumento na demanda por profissionais para reabilitar os soldados lesados ou incapacitados para o mais próximo da normalidade, optando-se por candidatas graduadas em escolas de educação fí­sica ou enfermagem; ou treinadas por um ortopedista. Alguns médicos chegaram a propor que a pessoa ideal para fazer a Fisioterapia deveria ser uma "enfermeira treinada", capaz de aplicar eficazmente uma prescrição médica. Tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos os salários destas profissionais eram menores que aqueles pagos aos enfermeiros militares [1].

A partir das décadas de 20 e 30, nestes paí­ses, assim como na Alemanha, Austrália, Canadá, Suécia e outros, surgem escolas formadoras de profissionais reabilitadores que utilizam exercí­cios e meios fí­sicos sob a designação de cinesioterapeutas ou Fisioterapeutas. Porém o maior impulso viria após a Segunda Guerra [1].

No Brasil as primeiras cidades a contarem com clí­nicas de Fisioterapia foram Rio e São Paulo onde em 1951 foi aberto o primeiro curso pela USP com duração de um ano em perí­odo integral para a formação de técnicos "fisioterapistas" [3]. Em 1963 a Fisioterapia se tornou curso superior, porém com sua atuação subordinada aos médicos. Somente em 1969, quando o presidente Costa e Silva sofre um AVC (hemiplegia com afasia) que, sensibilizados pelo bom atendimento dado pelos fisioterapeutas, a Junta Militar resolve regulamentar a criação da profissão em 13 de outubro de 1969 [4].

A retirada da condição de paramédicos ocorreu em 1984, quando o presidente Figueiredo recebeu atendimento para uma hérnia de disco e, finalmente, em 19/12/1994 a identidade profissional do Fisioterapeuta foi reconhecida no Serviço Público Federal [4], atribuindo-lhe o direito de avaliar, orientar, prescrever e coordenar a Fisioterapia na saúde pública em geral, facultando-lhe, assim como a Enfermagem, a condição de membro de uma equipe multidisciplinar.

Biografía del autor/a

Silvio Jorge Chaim Melhado, FAMERP

Mestre em Ciências da Saúde (FAMERP), São José do Rio Preto, SP

Citas

Oliveira VRC. Reconstruindo a história da fisioterapia no mundo. Revista Estudos Vida e Saúde (São Paulo) 2005;4:509-34.

Barclay J. In good hands: the history of the Chartered Society of Physiotherapy 1894-1994. Oxford: Butterworth-Heinemann; 1994. p.16.

Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP. [citado 2013 Out 18]. Disponível em URL: http://www.fm.usp.br/fofito

Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO. [citado 2013 Out 18]. Disponível em URL: http://www.coffito.org.br

Publicado

2021-10-10