Enfermagem – transformações e formação profissional

Autores/as

  • Soraia Dornelles Schoeller UFSC

DOI:

https://doi.org/10.33233/eb.v11i3.3796

Resumen

Vivemos numa época de transformações sociais cada vez mais intensas e profundas. Nunca foi tão fácil conhecer tantas realidades ao mesmo tempo. Nunca as informações chegaram com tamanha velocidade a inúmeras pessoas simultaneamente. Hoje a realidade palpável e imediata se confunde com a realidade virtual. Os mecanismos de conhecimento, com o advento da internet e sua socialização, se multiplicaram infinitamente e nos colocam em contato constante com novos e diferentes conhecimentos, em todas as disciplinas. Vemos o surgimento de novas áreas de conhecimento em praticamente todos os campos e profissões. Aproximando este raciocí­nio í  enfermagem devemos refletir sobre as consequências disso para a nossa profissão: Quais são? Estamos conseguindo acompanhar estas mudanças? Pensemos na nossa formação e em uma das finalidades de nosso trabalho: o cuidado. A enfermagem tem na sua essência o cuidado terapêutico, a partir do conhecimento profundo do sujeito enfermo, nas dimensões biológica, espiritual, afetiva, econômica, social e cultural [1]. Isso resulta que o conhecimento do outro na sua integralidade é condição para a realização deste cuidado, ou, visto de outro modo: o cuidado de enfermagem não se realiza sem o conhecimento do outro, a partir da ótica do outro e do significado que esta outra pessoa atribui a sua vida em geral e ao problema que está enfrentando em particular. A formação profissional, portanto, deve fornecer ferramentas para que isso aconteça.

Segundo as diretrizes governamentais brasileiras vigentes para o profissional de enfermagem [2], o enfermeiro deve ser generalista, humanista, crí­tico e reflexivo. Para isso, uma de suas competências é "atuar profissionalmente, compreendendo a natureza humana em suas dimensões, em suas expressões e fases evolutivas" [2:2], identificando as necessidades do(s) sujeito(s) cuidado(s).

Mais recentemente, o Conselho Federal de Enfermagem, através da Resolução 383/2011 [2] fixou em 44 as especialidades de enfermagem, acrescendo í quelas já existentes: citando algumas, temos hoje desde enfermagem materno infantil í  aeroespacial, perpassando pela Auditoria e Pesquisa, Cardiologia (Perfusionista e Hemodinâmica), Centro Cirúrgico (Central de Material e Esterilização e Recuperação pós-anestésica), dermatologia (Estomaterapia, Feridas e Ostomias), Diagnóstico por Imagens, Endocrinologia, Farmacologia, Gerenciamento/Gestão, Hematologia e Hemoterapia, Informática em Saúde, Legislação, Ética e Bioética, Nutrição Parenteral e Enteral, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Polí­ticas Publicas, Saúde Complementar, Saúde Indí­gena, Sexologia Humana, Terapias Holí­sticas Complementares, Traumato-Ortopedia, e, offshore e aquaviária.

A questão que coloco aqui para a reflexão é: a formação profissional acompanha estas transformações? Se, e a história da enfermagem reflete as transformações sociais, como a formação profissional as está acompanhando? As grades curriculares conseguem disponibilizar disciplinas de modo a que o egresso seja de fato generalista e humanista e conheçam quais são as possibilidades que o enfermeiro tem no atual mercado de trabalho? As Escolas de Enfermagem proporcionam ao acadêmico experiências compatí­veis com as atuais realidades? Há trocas de experiências entre as escolas para socializar as ações realizadas para a formação profissional?

Esta é uma reflexão urgente e necessária, para que caminhemos cada vez mais na construção de profissionais éticos, humanos e reconhecidos.

Biografía del autor/a

Soraia Dornelles Schoeller, UFSC

Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Doutora em Enfermagem

Citas

Schoeller SD, Leopardi MT, Ramos FR. Cuidado: eixo da vida, desafio da enfermagem. Rev Enferm UFSM 2011;1(1):88-96.

Brasil. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES nº 3, de 7 de novembro de 2001.

Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 388, de 18 de outubro de 2011.

Publicado

2012-06-10