Centro de Parto Normal Intra-hospitalar e a participação de enfermeiros obstetras para aumento de partos normais e humanização do nascimento
DOI:
https://doi.org/10.33233/eb.v11i4.3805Resumen
A partir de 2000 foi se disseminando no Brasil um modelo de assistência obstétrica, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por priorizar a assistência, centrada nas necessidades de cada mulher, resgatando sua autonomia no nascimento. Trata-se dos Centros de Parto Normal (que podem ser intra ou extra-hospitalar), como nos casos das Casas de Parto. Os Centros de Parto Normal (CPN) surgiram com o objetivo de resgatar o direito í privacidade e í dignidade da mulher ao dar í luz num local semelhante ao seu ambiente familiar e também garantir segurança í mãe e seu filho, oferecendo-lhes recursos tecnológicos apropriados em casos de eventual necessidade. Os Centros de Parto Normal intra-hospitalar constituem uma estratégia para reduzir a mortalidade materna e perinatal, oferecendo uma assistência humanizada e de baixo intervencionismo.
Na implantação dos CPN, o Ministério da Saúde se baseou em resultados de estudos internacionais e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) acerca do local e dos profissionais que atendem o trabalho de parto e parto. A confusão que às vezes se instala é que nascimento humanizado corresponde a parto normal, enquanto o que se busca na humanização do nascimento é promover a assistência obstétrica que vise a maternidade segura e prazerosa. O enfermeiro obstetra tem sido reconhecido pelo Ministério da Saúde e outros órgãos não governamentais como o profissional que possui formação holística e procura atuar de forma humanizada no cuidado í parturiente tanto nos centros de parto como nas maternidades. Como enfermeira obstetra e tendo por base a experiência de ensino desde 2004 em Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica, ministrado junto ao Centro de Estudos do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva e Orientação Profissional da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (CEDESCOP/FAMERP) propus e implementei um Centro de Parto Normal (CPN) em um Hospital filantrópico e de ensino em Catanduva – interior de São Paulo.
Este CPN respeita todas as diretrizes emanadas da Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde do Brasil – área da Saúde da Mulher. Toma por base o ideário de humanização do nascimento e a atuação do enfermeiro obstetra na condução do parto ativo. Em sua organização ambiental e programática respeita a individualidade da parturiente, a participação efetiva de familiar como acompanhante e a utilização de métodos não farmacológicos de alívio dos desconfortos e da dor, além de haver um ambiente de espera organizado para familiares e amigos das parturientes.
A organização deste CPN foi fundamentada no ensino em curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica e seus resultados constituem a tese de Doutorado que devo concluir no final de 2012, sob orientação do Prof. Dr. Antonio Hélio Oliani, médico obstetra, e da Prof.a Dr.a Zaida Aurora Sperli Geraldes Soler, obstetriz, enfermeira e livre-docente em Enfermagem Obstétrica.
Principalmente nos últimos dois anos tem sido possível destacar o sucesso do CPN implementado e o reconhecimento da importância da atuação do enfermeiro obstetra na condução do parto ativo – aquele que reconhece a mulher como protagonista e seu parto. Ainda, tem facilitado a interação do enfermeiro obstetra com a equipe obstétrica, verificando-se constante solicitação para ensino de residentes médicos da área de Obstetrícia no que diz respeito ao parto normal, sem distócia. Deste modo, contribui para o aumento de partos normais, nascimentos humanizados e destaca a participação do enfermeiro obstetra no contexto do nascimento humanizado.