Reutilização do detergente enzimático: avaliação do impacto da contaminação microbiana na limpeza de gastroscópios

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33233/eb.v21i5.5124

Palavras-chave:

Segurança do paciente, Endoscópios, Detergentes, Saneantes, Controle de infecção

Resumo

Introdução: A reutilização do detergente enzimático é uma prática utilizada no processamento dos endoscópios gastrointestinais. Objetivo: Avaliar o impacto da contaminação microbiana da solução de detergente enzimático, quando reutilizada, na limpeza de gastroscópios. Métodos: Estudo transversal realizado a partir da análise microbiológica de endoscópios e da solução de detergente enzimático utilizada na limpeza destes equipamentos. As alíquotas coletadas a partir dos aparelhos e da solução enzimática foram homogeneizadas, filtradas em membrana Millipore® 0,45μm e as membranas, sobrepostas em meio de cultura Ágar Tríptico de Soja. Procedeu-se a análise quantitativa e a identificação presuntiva dos microrganismos, por meio de métodos bioquímico-fisiológico. Resultados: Análise da solução enzimática identificou carga microbiana após o primeiro e terceiro uso de 152 UFC/ml e 315 UFC/ml respectivamente. Nos canais do aparelho imerso no terceiro uso do detergente enzimático, a contaminação microbiana aumentou quando comparada àquela após uso clínico. Pseudomonas spp. foi recuperada em todos os canais após imersão na solução enzimática, mesmo naqueles em que não havia sido identificada antes da imersão. Conclusão: Este estudo reforça o risco do reuso do detergente enzimático, uma vez que há possibilidade do aumento da carga microbiana e da contaminação dos dispositivos com microrganismos que anteriormente não haviam sido recuperados.

Biografia do Autor

Maria Letícia de Miranda Mati, UFMG

Pós-graduanda (Doutorado) pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil

Adriana Cristina de Oliveira, UFMG

Coordenadora do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Infecção Relacionada ao Cuidar em Saúde (NEPIRCS/CNPq), Professora Titular do Departamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfermagem da UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil

Referências

Humphries RM, Yang S, Kim S, Muthusamy VR, Russell D, et al. Duodenoscope-related outbreak of a carbapenem-resistant Klebsiella pneumoniae identified using advanced molecular diagnostics. Clin Infect Dis 2017;65:1159-66. doi: 10.1093/cid/cix527

McCafferty CE, Aghajani MJ, Abi-Hanna D, Gosbell IB, Jensen SO. An update on gastrointestinal endoscopy-associated infections and their contributing factors. Ann Clin Microbiol Antimicrob 2018;17:36. doi: 10.1186/s12941-018-0289-2

Muscarella LF. ‘Updated’ guidance for the prevention of transmission of carbapenem-resistant enterobacteriaceae (‘cre’) and other related multidrug-resistant ‘superbugs’ during gastrointestinal endoscopy. [Internet] 2016. [cited 2019 Jul 15]. Available from: http://nascecme.com.br/2014/wp-content/uploads/2017/03/Updated-guidance-for-the-Prevention-of-CRE...pdf

Brasil. Ministério da Saúde. Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº55, de 14 de novembro de 2012. Dispõe sobre os detergentes enzimáticos de uso restrito em estabelecimentos de assistência à saúde com indicação para limpeza de dispositivos médicos e dá outras providencias. Diário Oficial da União. Brasília. 2012. [cited 2019 Mar 18]. Available from: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/3153268/RDC_55_2012.pdf/719da261-765e-4d51-a7c2-62c69262c9b1?version=1.0

World Gastroenterology Organization, World Endoscopy Organization. Desinfecção de Endoscópios – um enfoque sensível aos recursos. Practice Guidelines 2011 [Internet]. [cited 2020 Mar 17]. Available from: http://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/file/guidelines/endoscope-disinfectionportuguese-2011.pdf

Mati MLM, Guimarães NR, Magalhães PP, Farias LM, Oliveira AC. Reutilização do detergente enzimático no processamento de gastroscópios: uma potencial fonte de transmissão de microrganismos. Rev Latino-Am Enfermagem 2019;27:e3211. doi: 10.1590/1518-8345.3101.3211

American Society for Gastrointestinal Endoscopy. Multisociety guideline on reprocessing flexible GI endoscopes and accessories. Gastrointestinal Endoscopy 2021;93(1);11-33. doi: 10.1016/j.gie.2020.09.048

Beleihoff U, Neumann, CS, Rey JF, Biering H, Blum R, Schimidt V, et al. Esge–Esgena Guideline for quality assurance in reprocessing: Microbiological surveillance testing in endoscopy 2007;39:175-81. doi: 10.1055/s-2006-945181

Evangelista SS, Santos SG, Resende MAS, Oliveira AC. Analysis of microbial load on surgical instruments after clinical use and following manual and automated cleaning. Am J Infect Control 2015;43 (5):522-7. doi: 10.1016/j.ajic.2014.12.018

Alfa MJ. Current issues result in a paradigm shift in reprocessing medical and surgical instruments. Am J Infect Control 2016;44(Suppl5):41-45. doi: 10.1016/j.ajic.2016.01.020

Alfa MJ, DeGagne P, Olson N. Worst-case soiling levels for patient-used flexible endoscopes before and after cleaning. Am J Infect Control 1999;27(5):392-401. doi: 10.1016/s0196-6553(99)70004-0

Ren-Pei W, Jun-Hui X, Ke O, Dong W, Xing N, Zhao-Shen L. Correlation between thegrowth of bacterial biofilm in flexible endoscopes and endoscope reprocessing methods. Am J Infect Control 2014;42(11):1203-6. doi: 10.1016/j.ajic.2014.07.029

Neves MS, Silva MG, Vetura GM, et al. Effectiveness of current disinfection procedures against biofilm on contaminated GI endoscopes. Gastrointest Endosc 2016;83(5):944-53. doi: 10.1016/j.gie.2015.09.016

Vickery K, Pajkos A, Cossart, Y. Removal of biofilm from endoscopes: Evaluation of detergent efficiency. Am J Infect Control 2004;32(3):170-6. doi: 10.1016/j.ajic.2003.10.009

Kovaleva J. Infectious complications in gastrointestinal endoscopy and their prevention. Best Pract Res Clin Gastroenterol 2016;30(5):689-704. doi: 10.1016/j.bpg.2016.09.008

Alfa MJ, Singh H, Duerksen DR, Schultz G, Reidy C, DeGagne P, et al. Improper positioning of the elevator lever of duodenoscopes may lead to sequestered bacteria that survive disinfection by automated endoscope reprocessors. Am J Infect Control 2018;46:73-5. doi: 10.1016/j.ajic.2017.07.021

Downloads

Publicado

2022-11-28

Edição

Seção

Artigos originais