Repercussões da capoeira sobre o equilí­brio e coordenação motora de crianças com paralisia cerebral espástica

Autores

  • Flávia Quadros Waissman UFF

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v10i5.1568

Resumo

Introdução: A inserção do esporte como meio de recuperar e integrar socialmente pessoas com deficiências motoras tem sido de grande valia. A atividade esportiva como meio de recuperação motora tem mostrado resultados satisfatórios. Assim, devido a sua atuação sobre o movimento corporal, a capoeira poderá ser útil como forma terapêutica complementar na paralisia cerebral. Objetivo: Elaborou-se este estudo com a finalidade de verificar se a capoeira exerce alguma influência sobre o equilí­brio e a coordenação motora de crianças com paralisia cerebral espástica. Métodos: A amostra foi constituí­da por 15 crianças, voluntárias, com diagnóstico de paralisia cerebral e hemiparesia espástica, em acompanhamento fisioterapêutico, sendo divididas em dois grupos (experimental e controle). O grupo controle realizava apenas fisioterapia, enquanto o experimental também praticava a capoeira. Para avaliar os resultados utilizaram-se os subtestes dois e três, referentes ao equilí­brio estático e dinâmico e coordenação motora, do teste de Proficiência Motora de Bruininks-Oseretsky (TPMBO). Resultados: Estabeleceu-se como ní­vel de significância estatí­stica p < 0,05. A análise estatí­stica intra-grupo, pelo teste de Wilcoxon, evidenciou diferença estatí­stica significativa em ambos os grupos. Encontrou-se para o grupo experimental em relação ao equilí­brio p = 0,012 GE e para coordenação motora p = 0,011, enquanto que o grupo controle mostrava para o equilí­brio p = 0,014 e coordenação motora p = 0,015. Na análise inter-grupo utilizou-se o teste de Mann-Whitney, encontrando-se diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Para o equilí­brio a diferença absoluta foi de 0,002 e a relativa foi de 0,009. Em relação í  coordenação motora a diferença absoluta foi de 0,002 e a relativa de 0,026. Conclusão: Conclui-se que, apesar dos resultados significativos para ambos os grupos quanto í  melhora nas performances equilí­brio e coordenação motora, observou-se melhor desempenho motor para o grupo experimental, demonstrando que a capoeira, através da variabilidade de exercí­cios, melhora a recuperação motora, podendo ter importante papel no processo de reabilitação.

Palavras-chave: sistema motor, paralisia cerebral, capoeira, esporte e recuperação motora.

Biografia do Autor

Flávia Quadros Waissman, UFF

Ft., Programa Stricto Sensu em Neurociências (UFF)

Referências

Mancini MC, Fiúsa PM, Rabelo JM, Magalhães LC, Coelho ZAC, Paixão ML, et al. Comparação do desempenho de atividades funcionais em crianças com desenvolvimento normal e crianças com paralisia cerebral. Arq Neuro-Psiquiatr 2002;60:447-52.

Ferrarezi KC, Quedes JERP. O uso de técnicas para auxiliar a flexibilidade e equilíbrio em adolescentes portadores de paralisia cerebral: o relato de três casos. Acta Sci 2000;22:625-9.

Papazian O, Afonso I. Reabilitación motora de los niños con parálisis cerebral. Revista de Neurología Clínica 2001;2:236-48.

Delgado MV. Método Vojta: diagnóstico y tratamiento precoz de trastornos del desarrollo psicomotor. Pediatria 1994;10:279-81.

Stokes M. Neurologia para fisioterapeutas. In: Hare N, Durham S, Green E. eds. Paralisias cerebrais e distúrbios de aprendizado motor. São Paulo: Premier; 2000. p.255-57.

Scholtes VA, Dallmeijer AJ, Rameckers EA, Verschuren O, Tempelaars E., Hensen M et al. Lower limb strength training in children with cerebral palsy: a randomized controlled trial protocol for functional strength training based on progressive resistance exercise principles. BMC Pediatrics 2008;8(41).

Shumway-cook A, Woollacott MH. Controle motor: teorias e aplicações Práticas. 2a ed. São Paulo: Manole; 2003.

Verschuren O, Ketelaar M, Gorter J W, Helders PJM, Uiterwaal CSPM, Taken T. Exercise training program in children and adolescents with cerebral palsy. Arch Pediatr Adolesc Med 2007;161(11):1075-1081.

Labronici RHDD, Cunha MCB, Oliveira ASB, Gabbai AA. Esporte como um fator de integração do deficiente físico na sociedade. Arq Neuro-Psiquiatr 2000;58:1092-9.

Plasschaert F, Jones K, Forward M. The effect of stimulating weight gain on the energy cost of walking in unimpaired children with cerebral palsy. Arch Phys Med Rehabil 2008;89:2302-8.

Braccialli LMP, Ravazz RMQ. Dança: influência no desenvolvimento da criança com paralisia cerebral. Temas desenvolv 1998;7:22-5.

Lechner HE, Feldhaus S, Gudmundsen L, Hegemann D, Michel D, Zãch GA, et al. The short-term effect of hippotherapy on spasticity in patients with spinal cord injury. Spinal Cord 2003;41:502-5.

Santos LJM, Barros L. O histórico da capoeira: um curto passeio da origem aos tempos modernos. Educación física y Deportes 2004;4:1-7.

Saltzberg JR, Hodzinski JM, Flanders M. Humans adapt the initial posture in learning a whole-body kicking movement. Neuroscience letters 2001;306:73-5.

Faria, CR, Galatti, LR. Métodos de ensino na capoeira: a técnica de desenhos como forma de auxiliar a aprendizagem de crianças e adolescentes no ensino não formal. Movimento e Percepção 2007;8(11):186-99.

Viana HB, Silva HPS. A implantação da capoeira no currículo escolar pela prefeitura Municipal de Campinas. Educación física y Deportes 2005;10:2-7.

Riad J, Haglung-Akerlind Y, Miller F. Power generation in children with spastic hemiplegic cerebral palsy. Gait Posture 2008;27:641-7.

Downloads

Publicado

2017-12-16

Edição

Seção

Artigos originais