Exercí­cio terapêutico na esclerose lateral amiotrófica: o que esperamos da relação anabolismo vs. catabolismo?

Autores

  • Marco Orsini UFF
  • Mauricio de Sant'Anna Jr Universidade Severino Sombra
  • Marcos RG de Freitas IFRJ
  • Marco Felipe Bouzada Universidade Severino Sombra
  • Manuel Leite Lopes Clinica Sinapse
  • Acary Bulle Oliveira INIFESP

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v19i1.2174

Resumo

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) pode ser definida como uma doença neurológica progressiva, degenerativa e inexorável, cuja gênese ainda é de difí­cil entendimento. Fatores vários contribuem na desprogramação e morte celular precoces. A busca por uma melhor inter-relação, em novos marcadores e associações com tipos celulares e\ou moleculares distintos parece o grande desafio. O delineamento de pesquisas clinicas em (ELA), com informações a respeito de tipo, ação e dose de medicamentos emergem í  medida que novas teorias são apresentadas e somadas ao modelo atual [1,2].

Definitivamente a ELA é uma doença multifatorial. O estresse oxidativo, excitotoxicidade mediada pelo glutamato, efeitos causados pela mutação do superóxido dismutase, agregação anormal proteí­co-especifica, desestruturação de neuro-filamentos intermediários, alteração do transporte axonal anterógrado e retrógrado, ativação microglial, inflamação e transtornos nos fatores de crescimento, têm sido considerados como potenciais agressores aos neurônios motores. Fatores genéticos, influxo excessivo de cálcio intracelular e apoptose também fazem parte desse compreensí­vel mas ainda indecifrável modelo teórico [3].

Baseado no exposto sobre a fisiopatologia da ELA, bem como sobre as manifestações clí­nicas dessa doença, torna-se evidente a necessidade de atuação multidisciplinar, em especial do fisioterapeuta desde o momento do diagnóstico clí­nico, e que será o responsável pela prescrição dos exercí­cios terapêuticos.

Mas o que esperamos da relação anabolismo vs. catabolismo, uma vez que desde a fase inicial da ELA preconiza-se a realização de exercí­cio terapêuticos das mais diversas naturezas (aeróbicos, resistido, respiratórios etc), porém a cadeia de eventos devastadores inerentes í  fisiopatologia da ELA já estão em franca evolução? Respeitando tanto os objetivos terapêuticos como as fases da ELA, a prescrição do fortalecimento muscular e o recondicionamento fí­sico tornam-se componentes do programa de tratamento estabelecido pela da fisioterapia, e diversos estudos são encontrados na literatura, e que sustentam sua prática, porém com resultados controversos [4-6].   

Podemos dividir o gasto energético diário em três componentes: taxa metabólica basal, efeito térmico do alimento e gasto energético associado com a atividade fí­sica. A realização de um exercí­cio fí­sico promove aumento do gasto energético total, tanto aguda, quanto cronicamente. No que tange o efeito agudo, encontra-se bem estabelecido que após o término da atividade, o consumo de oxigênio (VO2) não retorna aos valores de repouso, imediatamente. Essa demanda energética durante o perí­odo de recuperação após o exercí­cio, que é necessária para "quitar a divida metabólica assumida durante a realização da atividade" é definida como excess post-erxercise oxygen consumption ou consumo excessivo de oxigênio após o exercí­cio (EPOC) [7,8]. Em virtude do grande desajuste metabólico que envolve a ELA, e do franco estado catabólico, o questionamento que deve ser feito é, se a intensidade do exercí­cio prescrito não irá gerar um efeito EPOC, que pode vir a ser prejudicial a esse grupo de pacientes? Seria então essa "dí­vida metabólica" mais um trabalho a ser executado por um organismo deveras debilitado e em franco catabolismo? Existem novas possibilidades terapêuticas num arcabouço fisiopatológico ainda em construção, uma delas é a proposta do protocolo Deanna [9] que sugere a suplementação de arginina-alfa-cetoglurarato, complexo B, dentre outras poderiam atenuar a disfunção mitocondrial, excitotoxicidade do glutamato e estresse oxidativo. É fundamental que a prescrição do exercí­cio seja em intensidade submáxima (40 -60% VO2pico, ou 60 – 85% FCmáx ou 10-13 na escala de Borg) tanto pelo aspecto que envolve o efeito EPOC, assim como pelos efeitos diretamente relacionados ao metaborreflexo da musculatura periférica e respiratória. Pautados nesses conceitos não contra indicamos a prescrição do fortalecimento muscular e o recondicionamento fí­sico e portadores de ELA, porém sugerimos que todos esses aspectos sejam contemplados na prescrição.

Biografia do Autor

Marco Orsini, UFF

Programa de Pós-graduação em Neurologia e Neurociências, HUAP, UFF, Programa de Mestrado em Ciências Aplicadas í  Saúde, Universidade Severino Sombra,

Mauricio de Sant'Anna Jr, Universidade Severino Sombra

Programa de Mestrado em Ciências Aplicadas í  Saúde, Universidade Severino Sombra

Marcos RG de Freitas, IFRJ

Instituto Federal do Rio de Janeiro, IFRJ, Curso de Fisioterapia

Marco Felipe Bouzada, Universidade Severino Sombra

Programa de Mestrado em Ciências Aplicadas í  Saúde, Universidade Severino Sombra

Manuel Leite Lopes, Clinica Sinapse

Clinica Sinapse, Rio de Janeiro/RJ

Acary Bulle Oliveira, INIFESP

Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP

Referências

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Publicado

2018-03-17