Treinamento do assoalho pélvico com ou sem eletroterapia no tratamento dos sintomas da hiperatividade do detrusor em mulheres com esclerose múltipla e mielopatia associada ao HTLV-I (HAM/TSP): um ensaio clí­nico randomizado

Autores

  • Dayane Aparecida Moises Caetano Bottini UFMS
  • Peterson Vieira de Assis UFMS
  • Pedro Rippel Salgado UFMS
  • João Américo Domingos UFMS
  • Gustavo Christofoletti UFMS
  • Ana Beatriz Gomes de Souza Pegorare UFMS

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v20i4.2555

Resumo

 

Introdução: A esclerose múltipla (EM) é a mais comum das doenças desmielinizantes, caracterizada pela localização de múltiplas placas de desmielinização na substância branca encefálica e medular. A mielopatia associada ao HTLV-I (HAM/TSP) é uma doença neurodegenerativa progressiva cuja resposta imune é exacerbada. Objetivo: Avaliar o efeito da eletroterapia na musculatura do assoalho pélvico (MAP) sobre os sintomas hiperatividade detrusora em mulheres com EM e HTLV-1. Métodos: Ensaio clí­nico randomizado e controlado com 4 meses de acompanhamento, no qual 20 mulheres em estágio moderado de EM ou HTLV-1 submetidas a um programa de treinamento da MAP associado ou não í  eletroterapia. As variáveis analisadas foram: sintomas de bexiga hiperativa (BH) pelo questionário validado OAB v8, contração perineal pelo esquema PERFECT e í­ndice de qualidade de vida por meio do questionário Qualiveen. Divididas em dois grupos, grupo controle (G2) e grupo tratamento (G1) que foi submetido a um protocolo de treinamento da MAP, realizado duas vezes por semana por 20 sessões e após este perí­odo de tempo todas as mulheres foram reavaliadas. Resultados: Sob-homogeneidade inicial observada nas variáveis pessoais e clí­nicas, o protocolo a que o grupo tratamento (G1) foi submetido resultou na melhora da contração voluntária (p ≤ 0,001), teste de esforço (p ≤ 0,001), reflexo cutâneo-anal (p ≤ 0,001), força de contração (p ≤ 0,001), sustentação (p ≤ 0,001), contrações rápidas (p ≤ 0,001), contrações lentas (p ≤ 0,001) e nos sintomas de bexiga hiperativa (p ≤ 0,001), em relação í  comparação inicial. Os resultados comprovam a eficácia de exercí­cios de fortalecimento da MAP acompanhados por um fisioterapeuta e o uso de correntes eletroterápicas de média frequência para o tratamento da BH na Esclerose Múltipla e na mielopatia associada ao HTLV-1. Conclusão: O protocolo de eletroestimulação mostrou-se benéfico em pacientes com EM e HTLV-1, promovendo melhora da BH e grau de contração perineal.

Palavras-chave: bexiga hiperativa, modalidades de fisioterapia, assoalho pélvico.

Biografia do Autor

Dayane Aparecida Moises Caetano Bottini, UFMS

Ft., Mestranda no Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Peterson Vieira de Assis, UFMS

Médico Urologista do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian HUMAP-UFMS

Pedro Rippel Salgado, UFMS

Médico neurologista do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian HUMAP-UFMS

João Américo Domingos, UFMS

Médico, Docente do Curso de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Gustavo Christofoletti, UFMS

Docente do Curso de Fisioterapia e credenciados ao Programa de Pós-graduação Ciências do Movimento da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Ana Beatriz Gomes de Souza Pegorare, UFMS

Docente do Curso de Fisioterapia e credenciados ao Programa de Pós-graduação Ciências do Movimento da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Referências

Milanlioglu A, Ozdemir PG, Cilingir V, Gülec TÇ, Aydin MN, Tombul T. Coping strategies and mood profiles in patients with multiple sclerosis. Arq Neuropsiquiatr 2014;72(7):490-5. https://dx.doi.org/10.1590/0004-282X20140089

Bromstrom S, Frederiksen JL, Jennum P, Lose G. Motor evoked potentials from the pelvic floor in patients with multiple sclerosis. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2003;74(4):498-500. https://doi.org/10.1136/jnnp.74.4.498

Wang T, Huang W, Zhang Y. Clinical characteristics and urodynamic analysis of urinary dysfunction in multiple sclerosis. Chin Med J (Engl) 2016;129(6):645-50. https://doi.org/10.4103/0366-6999.177970

Rojas JI, Romano M, Patrucco L, Cristiano E. A Systematic review about the epidemiology of primary progressive multiple sclerosis in Latin America and the Caribbean. Mult Scler Relat Disord 2018;24;22:1-7. https://doi.org/10.1016/j.msard.2018.02.024

Hollsberg P. Pathogenesis of chronic progressive myelopathy associated with human T-cell lymphotropic virus type I. Acta Neurol Scand Suppl 1997;169:86-93.

Enose-Akahata Y, Vellucci A, Jacobson S. Role of HTLV-1 Tax and HBZ in the pathogenesis of HAM/TSP. Front Microbiol 2017;8:2563. https://doi.org/10.3389/fmicb.2017.02563

Souza A, Tanajura D, Toledo-Cornell C, Santos S, Carvalho EM. Immunopathogenesis and neurological manifestations associated to HTLV-1 infection. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 2012;45(5):545-52. https://doi.org/10.1590/S0037-86822012000500002

Araujo AQ. Update on Neurological Manifestations of HTLV-1 Infection. Curr Infect Dis Rep 2015;17(2):459. https://doi.org/10.1007/s11908-014-0459-0

Troisgros O, Barnay JL, Darbon-Naghibzadeh F, Olive P, René-Corail P. Retrospective clinic and urodynamic study in the neurogenic bladder dysfunction caused by human T cell lymphotrophic virus type 1 associated myelopathy/tropical spastic paraparesis (HAM/TSP). Neurourol Urodyn 2017;36(2):449-452. https://doi.org/10.1002/nau.22952

Nakamura T, Matsuo T. Human T-lymphotropic virus type I-associated myelopathy. Brain Nerve 2015;67(7):845-58. https://doi.org/10.11477/mf.1416200223

Nardulli R, Losavio E, Ranieri M, Fiore P, Megna G, Bellomo RG et al. Combined antimuscarinics for treatment of neurogenic overactive bladder. Int J Immunopathol Pharmacol 2012;25(1 Suppl):35S-41S.

Pereira CMA, Castiglione M, Kasawara KT. Effects of physiotherapy treatment for urinary incontinence in patient with multiple sclerosis. J Phys Ther Sci 2017;29(7):1259-63. https://doi.org/10.1589/jpts.28.1259

Ferreira AP, Pegorare AB, Salgado PR, Casafus FS, Christofoletti G. impact of a pelvic floor training program among women with multiple sclerosis: a controlled clinical trial. Am J Phys Med Rehabil 2016;95(1):1-8. https://doi.org/10.1097/PHM.0000000000000302

Lúcio A, D´ancona CA, Perissinotto MC, McLean L, Damasceno BP, Moraes Lopes MH. Pelvic floor muscle training with and without electrical stimulation in the treatment of lower urinary tract symptoms in women with multiple sclerosis. J Wound Ostomy Continence Nurs 2016;43(4):414-9. https://doi.org/10.1097/WON.0000000000000223

Olivera CK, Meriwether K, El-Nashar S, Grimes CL, Chen CC, Orejuela F, et al. Nonantimuscarinic treatment for overactive bladder: a systematic review. Am J Obstet Gynecol 2016;215(1):34-57. https://doi.org/10.1016/j.ajog.2016.01.156

Kurtzke JF. Rating neurologic impairment in multiple sclerosis: an expanded disability status scale (EDSS). Neurology 1983;33(11):1444-52. https://doi.org/10.1212/wnl.33.11.1444

Bonniaud V, Bryant D, Parratte B, Gallien P, Guyatt G. Qualiveen: a urinary disorder-specific instrument for use in clinical trials in multiple sclerosis. Arch Phys Med Rehabil. 2006;87(12):1661-3. https://doi.org/10.1016/j.apmr.2006.08.345

Acquadro C, Kopp Z, Coyne KS, Corcos J, Tubaro A, Choo MS, Oh SJ. Translating overactive bladder questionnaires in 14 languages. Urology 2006;67(3):536-40. https://doi.org/10.1016/j.urology.2005.09.035

Laycock J, Jerwood D. Pelvic floor muscle assessment: The PERFECT Scheme. Physiotherapy 2001;87(12):631-42. https://doi.org/10.1016/S0031-9406(05)61108-X

Zecca C, Riccitelli GC, Disanto G, Singh A, Digesu GA, Panicari L et al. Urinary incontinence in multiple sclerosis: prevalence, severity and impact on patients quality of life. Eur J Neurol 2016;23(7):1228-34. https://doi.org/10.1111/ene.13010

Rodrigues RF, Silva EB. Intracavitary electrical stimulation as treatment for overactive bladder: systematic review. Fisioter. Mov 2016;29(4):813-20. https://doi.org/10.1590/1980-5918.029.004.ao18

Schreiner L, Santos TG, Souza ABA, Nygaard CC, Silva. Filho IG. Electrical stimulation for urinary incontinence in women: a systematic review. Int Braz J Urol 2013;39(4):454-64. https://doi.org/10.1590/S1677-5538.IBJU.2013.04.02

Greer JA, Smith AL, Arya LA. Pelvic floor muscle training for urgency urinary incontinence in women: a systematic review. Int Urogynecol J 2012;23(6):687-97. https://doi.org/10.1007/s00192-011-1651-5

Berghmans LC, Hendriks HJ, De Bie RA, van Waalwijk van Doorn ES, Bø K, van Kerrebroeck PE. Conservative treatment of urge urinary incontinence in women: a systematic review of randomized clinical trials. BJU Int 2000;85(3):254-63.

Brubaker L. Electrical stimulation in overactive bladder. Urology 2000;55(5A Suppl):17-23;discussion 31-2. https://doi.org/ 10.1016/s0090-4295(99)00488-4

Ferreira APS, de Souza Pegorare ABG, Junior AM, Salgado PR, Medola FO, Christofoletti G. A controlled clinical trial on the effects of exercise on lower urinary tract symptoms in women with multiple sclerosis. Am J Phys Med Rehabil 2019;98(9):777-82. https://doi.org/ 10.1097/PHM.0000000000001189

Shafik A. A study on the continent mechanism of the external urethral sphincter with identification of the “voluntary urinary inhibition reflexâ€. J Urol 1999;162:1967-71. https://doi.org/10.1016/s0022-5347(05)68080-9

López-García K, Mariscal-Tovar S, Serrano-Meneses MA, Castelán F, Martínez-Gómez M, Jiménez-Estrada I. Fiber type composition of pubococcygeus and bulbospongiosus striated muscles is modified by multiparity in the rabbit. Neurourol Urodyn 2017;36(6):1456-63. https://doi.org/ 10.1002/nau.23143

Vermandel A1, De Wachter S, Beyltjens T, D'Hondt D, Jacquemyn Y, Wyndaele JJ. Pelvic floor awareness and the positive effect of verbal instructions in 958 women early postdelivery. Int Urogynecol J Pelvic Floor Dysfunct 2015;26:223-28. https://doi.org/10.1007/s00192-014-2483-x

Andrade RC, Neto JA, Andrade L, Oliveira TS, Santos DN, Oliveira CJ et al. Effects of physiotherapy in the treatment of neurogenic bladder in patients infected with human t-lymphotropic virus 1. Urology 2016;89:33-8. https://doi.org/10.1016/j.urology.2015.09.036

Downloads

Publicado

2019-09-03

Edição

Seção

Caderno Uro-ginecologia