Eficácia da eletroestimulação no tratamento da incontinência urinária de esforço: uma metanálise
DOI:
https://doi.org/10.33233/fb.v23i1.4725Palavras-chave:
estimulação elétrica; perda urinária; FisioterapiaResumo
Introdução: A eletroestimulação é reconhecida como uma das terapias fundamentais na reeducação esfincteriana e do períneo, ao promover a contração dos músculos e permitir ao paciente tomar consciência de si mesmo. Ela induz a contração dos MAP até o restabelecimento da voluntariedade do comando contrátil e ganho de força muscular, garantindo um bom funcionamento das fibras estriadas do esfíncter uretral externo, proporcionando a continência urinária. Objetivo: Identificar a frequência mais utilizada na eletroestimulação para a recuperação da incontinência urinária de esforço (IUE) em mulheres e homens; verificar a eficácia da eletroestimulação no tratamento da incontinência urinária de esforço. Método: Realizou-se uma busca nas bases de dados US National Library of Medicine (Medline), Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Cochrane Library, Lilacs, Web of Science, Scopus, Cinahl e Sport Discus, com os descritores incontinência urinária, eletroestimulação e estimulação elétrica, por experimentos controlados randomizados (ECR). Foram incluídos estudos com pacientes homens e mulheres de qualquer idade com IUE, que foram submetidos a eletroestimulação, selecionados pela escala Jadad e avaliado o risco de viés pela ferramenta da Colaboração Cochrane. Dos estudos foram extraídos a idade e sexo dos pacientes, n dos grupos, frequência utilizada na eletroestimulação, duração da sessão, quantidade de sessões, duração do tratamento, avaliação da IUE e o resultado da IUE. Foi utilizado para avaliar o nível de evidência da metanálise o sistema GRADE. Foram metanalisados 8 estudos utilizando-se o RevMan 5.3. Resultados: A frequência mais utilizada na eletroestimulação foi de 50 Hz em mulheres e em homens. Foram identificados 172 ECR, dos quais 26 ECR foram revisados e 8 ECR foram metanalisados. Seis ECR eram com mulheres e apresentaram heterogeneidade (I2 = 48%), redução da IUE de -12,08 g, IC 95% de -14,08 - 10,08 g, P < 0,00001. Para homens, 2 ECR que apresentaram heterogeneidade (I2 = 0%), redução da IUE de -151,28 g, IC de -236,64 - 65,92 g, P < 0,0005. Conclusão: A frequência mais utilizada na eletroestimulação para recuperar a continência urinária de mulheres com IUE e homens com IU pós-prostatectomia foi a de 50 Hz e se mostrou eficaz na recuperação da continência. Entretanto, recomenda-se atenção em relação aos resultados obtidos com os homens, devido ao muito baixo nível de evidência encontrado.
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