Sintomas do assoalho pélvico associados à covid-19 em mulheres jovens: estudo transversal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v24i5.5435

Palavras-chave:

COVID-19, assoalho pélvico, mulheres, distúrbios do assoalho pélvico, SARS-COV 2

Resumo

Introdução: Considerando a relação recíproca entre o assoalho pélvico e o diafragma respiratório, a sobrecarga da musculatura pélvica pela tosse e a dispneia e ação viral sobre a bexiga, podemos hipotetizar relação entre a COVID-19 e as disfunções do assoalho pélvico. Objetivo: Investigar a frequência de sintomas urinários em mulheres que foram afetadas pela COVID e se esses sintomas permaneceram após a melhora da infecção e identificar se houve piora de sintomas já previamente existentes nas participantes. Métodos: 88 mulheres entre 18 e 60 anos, que haviam sido infectadas pela COVID-19 responderam ao questionário digital via Google Forms, que buscava identificar a presença ou não de incontinência urinária de esforço e urgência, urgência urinária, noctúria, e outros sintomas do trato urinário, em 4 momentos estabelecidos (antes da pandemia, durante a pandemia, durante o período em que estava infectado pela COVID-19 e após a COVID-19). Para análise estatística foi realizado teste de Kolmogorov-Smirnov seguido do teste de Wilcoxon, considerando significância de p < 0,05. Resultados: A média de idade das 88 participantes foi de 31,9 anos, e dessas 13(14,8%) referiram sintomas de incontinência urinária de esforço antes da COVID, tendo a frequência aumentada para 22(25%) durante a infecção (p < 0,08) e 23(26,1%) após a COVID (p < 0,06). O sintoma de incontinência urinária de urgência foi relatado por 9(10,2%) das participantes antes da COVID e esse sintoma foi descrito por 19(21,5%) durante e 29(33%) após (p < 0,005). A frequência de sensação de urgência sem perda urinária aumentou de 14(15,9%) participantes antes, para 19(21,6%) durante e 29(33%) após a COVID (p < 0,005). A frequência de noctúria aumentou de 36(40,9%) antes para 50 (56,8%) durante (p < 0,05), reduzindo para 48(54,5%) após a COVID (p = 0,07). A frequência urinária também aumentou e 6,02 para 7,56 (p < 0,05) considerando o antes e após a COVID. Conclusão: Ocorreu aumento na frequência da noctúria durante o período de infecção pela COVID e na sensação de urgência e esvaziamento incompleto no período de infecção pela COVID e após COVID. A piora entre as participantes foi nos sintomas de perdas urinárias aos esforços e na sensação de urgência miccional no período de infecção pela COVID e após COVID.

Biografia do Autor

Bárbara Valente de Oliveira, Mackenzie

Fisioterapeuta formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, Brasil

Lais de Abreu Trevisan, Mackenzie

Fisioterapeuta formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, Brasil

Isabela Sousa Morais, Mackenzie

Discente do curso de fisioterapia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, Brasil

Gisela Rosa Franco Salerno, Mackenzie

Professora do Curso de Fisioterapia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, Brasil

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Publicado

2023-10-26

Edição

Seção

Caderno Uro-ginecologia