Intervenção fisioterapêutica digital para o tratamento da incontinência urinária feminina: um estudo semiexperimental
DOI:
https://doi.org/10.33233/fb.v24i5.5448Palavras-chave:
incontinência urinária, treinamento dos músculos do assoalho pélvico, fisioterapia digital, telessaúdeResumo
Introdução: A incontinência urinária acomete entre 15-40% das mulheres que vivem em áreas rurais no Brasil, evidenciando a necessidade de acesso a tratamentos adequados para indivíduos em regiões remotas. Objetivo: Avaliar se uma estratégia fisioterapêutica realizada em grupo e por videochamada síncrona pode reduzir a gravidade dos sintomas de incontinência urinária feminina, além de analisar a percepção das mulheres sobre essa modalidade. Métodos: Mulheres com queixa de incontinência urinária e que tinham acesso a recursos digitais foram convidadas a participar deste estudo semiexperimental. Um protocolo de 8 semanas foi conduzido através de videochamadas realizadas uma vez por semana, que incluíam aconselhamento sobre estilo de vida e treinamento dos músculos do assoalho pélvico. As avaliações pré e pós-tratamento foram realizadas exclusivamente por chamada telefônica. Resultados: 48 mulheres foram incluídas no estudo e 40 delas concluíram o protocolo. A idade média das participantes foi de 56,5 anos (± 12,0) e a maioria apresentou sintomas de incontinência urinária mista. Observou-se melhora significativa na qualidade de vida e na gravidade dos sintomas, e a maioria das participantes ficou completamente satisfeita com a intervenção. Além disso, um grande tamanho do efeito foi observado (delta de Glass = 0,83). Conclusão: Os presentes resultados apoiam a abordagem fisioterapêutica digital para o tratamento da incontinência urinária feminina como uma alternativa promissora a ser explorada. A combinação de serviços digitais com a assistência em grupo proporcionou satisfação e resultados clínicos para as participantes, o que pode ser uma estratégia eficaz para o tratamento dessa condição em serviços públicos de saúde.
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