Uma revista de referência para as produções cientí­ficas da Fisioterapia Brasileira

Autores

  • Marco Antônio Guimarães da Silva UFRRJ

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v1i1.605

Resumo

Para não cometer injustiças, não procurarei determinar as pessoas responsáveis pelo aparecimento da Fisioterapia no Brasil. O fato é que a partir dos anos 50 a nossa profissão começa a tomar forma, inicialmente, sob forte influência de um grupo de médicos e com um curso de formação que iria no futuro reclamar um tempo maior. Os anos avançaram e rapidamente nos conscientizamos de que seria preciso reestruturar a grade curricular e criar uma forte organização para vencer os obstáculos impostos por uma série de circunstâncias e pessoas contrárias í  autonomia da nova profissão. Mas a Fisioterapia desde o principio se impunha com muita personalidade. A primeira vitória, em 69, com regulamentação da profissão, seguida pela criação do Conselho Federal e Conselhos Regionais em 1975, acabou por determinar e oferecer os mecanismos de que precisávamos para lutar e conquistar o nosso lugar na sociedade. A partir de então a Fisioterapia conseguiu alcançar uma posição no campo profissional de fazer inveja a qualquer outro paí­s do mundo. Além disso, o desenvolvimento dos inúmeros recursos fisioterapêuticos consagrou a profissão como especialidade indispensável em hospitais, clí­nicas, clubes desportivos, empresas e outras instituições afins.

A formação da massa crí­tica não pode acompanhar, com a mesma velocidade, as conquistas obtidas na área trabalhista que projetaram a fisioterapia brasileira no cenário mundial. Atualmente o paí­s possui um número muití­ssimo grande de cursos de graduação, uma quantidade significativa de cursos de pós-graduação lato sensu e apenas um curso de pós-graduação stricto sensu - ní­vel de mestrado - recomendado pela CAPES. O número de Doutores em diversas áreas vem aumentando consideravelmente nos últimos anos e a fisioterapia brasileira parece inserir-se, ainda que lentamente, nesse contexto, conquistando o seu lugar no universo acadêmico, apesar da grande lacuna ainda existente na área do "Stricto Sensu". O número de fisioterapeutas doutores e doutorandos aumentou nos últimos anos e a continuar assim a profissão poderá ocupar, nos próximos dez anos, uma posição mais confortável no meio cientí­fico. É evidente que os indicadores que consolidam uma profissão no meio acadêmico passam não só pela formação de sua massa crí­tica, mas também por sua produção acadêmica. As publicações, que refletem os resultados das pesquisas realizadas por essa massa crí­tica ocupam lugar especial nesse universo. A organização de simpósios, congressos e as publicações são outros indicativos do avanço de uma profissão no meio cientifico. Há um ví­nculo muito í­ntimo entre a formação da massa crí­tica e as publicações, já que o investigador, produto final dessa formação, passará a produzir pesquisas e, inevitavelmente, publicá-las em periódicos correntes ou apresentá-las nos congressos cientí­ficos.

À medida que os recém Doutores se envolvam com as atividades de docência e investigação no stricto sensu e passem, por forças circunstanciadas í  produção exigida pela CAPES, a ter que publicar, será imperativo que os veí­culos divulgadores destas produções possam atender a esta nova demanda.

Publicar em revistas no exterior significa, de um modo geral, submeter-se a uma espera que pode tardar mais de 18 meses e com a agravante de que, pelas restrições de idioma e de circulação, não se dá oportunidade de que os resultados obtidos pelos trabalhos realizados e publicados atinjam ao real público interessado, o corpo discente, docente e pesquisador da área de fisioterapia do Brasil.

A Revista Fisioterapia Brasil, com um corpo editorial constituí­do por professores Doutores do Brasil e exterior e com um comitê de consultores formado por especialistas de renome nacional e internacional, nasce com a preocupação de participar dessa nova etapa e buscará através de suas publicações ser o elo entre as produções do pesquisador e os colegas que trabalham em atividades clí­nicas.

Outra caracterí­stica que a distingue será a de divulgar em suas edições informações sobre eventos, análises de publicações, resumos de artigos publicados em periódicos internacionais , dissertações e teses defendidas por fisioterapeutas.

Esperamos assim o mais rapidamente possí­vel nos inserir no contexto acadêmico nacional e internacional avançando mais uma etapa na consagração da nossa profissão.

O número zero que agora publicamos reúne artigos de colegas de renomada experiência e reconhecimento, resumos de dissertações de mestrados recomendados pela CAPES e apresentados por fisioterapeutas. A partir do próximo número esperamos iniciar a publicação de artigos originais que traduzam os resultados de pesquisas experimentais realizadas por nossos colegas de profissão. Desejamos, portanto, ser o veí­culo responsável pela inserção desses resultados no núcleo de conhecimentos da comunidade cientí­fica.

Descartes (1596-1650) ao definir o método cientifico como "a arte de bem dispor uma série de diversos pensamentos, seja para descobrir uma verdade que ignoramos, seja para levar para outros uma verdade que conhecemos" parecia, ainda que não intencionalmente, especificar com muita precisão a importância da divulgação cientifica para o pesquisador e para a ciência. A partir dessa idéia a revista Fisioterapia Brasil trabalhará, oferecendo pistas que o investigador necessita para levar adiante a sua pesquisa e, ao mesmo tempo, permitindo que as descobertas e criações deste pesquisador sirvam como trilhas para os que lhe seguem e que estão a descobrir novas verdades cientí­ficas.

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Publicado

2006-10-10